Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 14: Mel é surpreendida por Chay

A cervejada de uma das atléticas da UFRJ ocorre em uma chácara não muito distante da área urbana do Rio de Janeiro. Próximos à entrada, Isabela e Jonas conversam. A jovem, que usa uma camisa de seu curso e um short preto, segura sua caneca com cerveja em uma das mãos. Ela beberica a bebida e abre um sorriso ao ver Maísa passar pela portaria junto com Daniela e Laís. Quando a loira adentra na festa, Isabela ergue a mão para cumprimentá-las, porém o trio passa por ela e Jonas sem olhar em suas direções.

— Ué, será que elas não viram a gente? — questiona a morena para Jonas. O rapaz dá um sorriso seco, ainda com os olhos pregados na namorada, que caminha até um grupo de amigas. 

— Elas fingiram que não viram. 

Isabela toma mais um gole de cerveja e questiona:

— Por quê?

— Ah, a gente ainda está sem se falar direito, né?

— Sério?

— Uhum.

— Meu Deus! Tudo isso por um simples desentendimento?

Jonas dá de ombros.

— Nós dois somos orgulhos.

— Orgulho nunca leva a lugar nenhum. Mas pelo menos é por isso.

O rapaz franze a testa.

— Como assim?

— Sei lá, por um momento eu pensei que a Maísa tivesse ficado com ciúmes por ver nós dois conversando.

Jonas ri.

— A Maísa sabe que não precisa ter ciúmes de você.

— Pensei que o Felipe também soubesse — resmunga a jovem antes de tomar mais um gole de cerveja.

— Como assim? — ele volta a perguntar.

— Lembra que a gente estava conversando anteontem por vídeo?

Jonas segura uma gargalhada e indaga:

— O Felipe ficou com ciúmes disso?

— Ele não aprova a nossa aproximação.

— Pensei que você não precisasse de aprovação dele.

— Eu não preciso — responde Isabela. — Mas ele é meu namorado, né? Não quero ficar brigada com ele por um motivo besta.

— E vocês estão brigados?

— A gente está se falando, mas ele está distante.

— Entendi. Quem diria que um dia o Felipe ia se sentir ameaçado por mim, hein? — brinca o namorado de Maísa.

— Cala a boca, Jonas.

— Vem calar — provoca o rapaz antes de soltar uma gargalhada.

— Idiota — ri Isabela.

— É a primeira vez que eu venho ao seu apartamento novo — comenta Mel caminhando pela espaçosa sala de estar do apartamento de Chay.

— Seja bem-vinda — sorri o cantor. 

— É bem maior do que o outro, né?

— Ah, com certeza! Esse tem um quarto para cada uma das crianças, quarto de hóspedes e claro, meu estúdio.

— Sério que você montou um estúdio aqui? — Mel olha para ele com animação.

— Você não sabia? — indaga o cantor tão entusiasmado quanto ela.

— Não. 

— Depois do jantar eu te mostro então.

Mel sorri e se senta em uma cadeira próximo à sacada.

— Você cozinhou ou comprou algo pronto?

— Me conhecendo como você me conhece, o que você acha?

— Que você comprou algo pronto.

— Nossa, já tive mais moral com você. hein — ele responde como se tivesse sido ofendido e Mel ri.

— Eu estava brincando. Mas então, o que você preparou?

— Macarrão ao molho funghi, o que acha?

— Adoro — sorri a empresária. — Vamos jantar?

— Está com fome, Dona Mel? 

— Me conhecendo como você me conhece, o que você acha? — ela o imita e os dois gargalham.

— E aí — diz Chay minutos depois quando eles já se encontram na sala de jantar —, quais são os planos para o final do ano?

Mel dá de ombros enquanto saboreia um vinho escolhido pelo cantor.

— Eu quero viajar, mas depende dos planos das crianças. Quero passar um tempo com eles também.

— O Vinícius vem pro Brasil, né?

— Claro! Essa é a única certeza que eu tenho — ri Mel.

Já passam das três horas da manhã quando Vinícius desperta, em Paris. Ele senta na cama, movendo-se devagar para não despertar Marina, e fica olhando para a namorada. Como ela dormiu de cabelo solto, diversos fios encobrem seu rosto, mas ainda assim é possível para Vinícius enxergar a linha de seus lábios e um de seus olhos. O olhar do cozinheiro desliza pelo rosto de Marina até a mala dela que está ao lado da cama e seu coração se contrai por um segundo. A angústia pela partida iminente de Marina o incomoda, porém ele não consegue encontrar uma maneira de suavizar o sentimento. Por essa razão, levanta da cama e caminha descalço até a sala, sem se importar com o chão gelado. 

Sentado no sofá, com apenas a luz de um abajur acesa, Vinícius fica contemplativo, pensando em como seu relacionamento com Marina tem lhe despertado sentimentos dúbios. Por momentos, ele chega a ficar irritado com a distância, não só física, que parece se instaurar cada vez mais entre eles. Por outros, tudo o que sente é um grande vazio de saudade daquela que, apesar de todas as recentes dificuldades, continua sendo para ele a mulher de sua vida.

— Está tudo bem?

O rapaz se sobressalta e olha para o corredor. Marina está apoiada na parede com o rosto amassado de sono e os olhos pregados nele.

— Perdi o sono — responde.

A estudante do MIT assente e caminha até o sofá ao dizer:

— Eu também. — Vinícius acolhe Marina em seus braços e ela começa a acariciar a barriga dele por cima da camiseta. — Por mim poderia continuar noite para sempre.

— Ué — Vinícius franze a testa —, pensei que você gostasse do dia.

— Eu amo, mas quando amanhecer significará que eu terei que me arrumar e ir para o aeroporto. — Ela afunda o rosto na camiseta dele e suspira: — Eu não quero ir embora.

O coração de Vinícius fica ainda mais apertado.

— Eu também não quero que você vá.

— Eu poderia “perder” o voo, você não acha? — A jovem dá um leve sorriso ao fazer o sinal de aspas com as mãos.

— Você tem aula segunda-feira.

Marina resmunga e deita a cabeça no ombro dele.

— Obrigada pelo balde de água fria. 

Vinícius ri.

— Não é balde de água fria, meu amor.

— Parece até que você quer que eu vá embora — ela dramatiza.

— Com certeza — ironiza Vinícius, mas fica sério ao dizer: — Tudo o que eu queria era você todos os dias aqui comigo.

Marina fica em silêncio, imaginando como seria morar com Vinícius em Paris. Um leve sorriso desabrocha em seu rosto e ela fita os olhos dele ao dizer:

— Eu iria adorar morar com você.

— Quem sabe um dia a gente concretize essa ideia, independente do lugar. 

Marina sorri e dá um beijo lento e apaixonado nele.

— Eu te amo, Vinícius. Espero que você nunca se esqueça.

— É só eu olhar para você que eu me lembro disso.

— Nossa, está estampado na minha cara desse jeito? — ri Marina.

— Não, boba. Eu quis dizer que a gente não consegue esconder o que sente um do outro.

— Isso pode ser tão bom quanto ruim.

— Definitivamente, mas prefiro olhar de maneira positiva. — Eles sorriem. 

Marina entrelaça seus dedos nos de Vinícius e diz:

— Vamos voltar para o quarto.

— Continuo sem sono, amor.

— Eu falei para a gente voltar para o quarto, não para a gente voltar a dormir. 

Vinícius ri e levanta junto com ela do sofá.

— Boa noite, gente linda! — exclama Luciana ao se aproximar de Jonas, Isabela, Pedro e Daniela. — Vocês voltaram a namorar quando? — questiona olhando para Pedro e Daniela, que estão abraçados.

— A gente não voltou a namorar — responde Daniela.

— Não é o que parece — ri a morena. — E vocês? — ela direciona seu olhar para Jonas e Isabela.

— Nós definitivamente não voltamos a namorar — ri Jonas e Luciana lança um olhar de descrença para ele.

— Jura?

— Ué, não foi isso que você perguntou? — ele sorri.

— Queria saber como vocês estão.

— Não foi isso que pareceu — responde o rapaz analisando o comportamento da amiga. — O que você está bebendo?

— Catuaba.

— Me dá um gole — ele pede erguendo a mão.

— Está quente já — diz Luciana entregando a caneca para ele. Jonas bebe e faz um careta.

— Realmente — concorda ao devolver a caneca para a dona.

— E cadê os namorados de vocês? 

— Não sei — respondem Isabela e Jonas juntos.

— Ué, problemas no paraíso?

Isabela apenas dá de ombros enquanto Jonas responde:

— Não está fácil para ninguém.

Luciana chega mais perto de Jonas e diz acariciando as costas dele:

— Se você ficar solteiro de novo…

— Nem termina — interrompe Pedro rindo.

Jonas passa um braço pela cintura de Luciana, aproximando ainda mais seus corpos e fala:

— Deixa ela continuar, fiquei interessado.

Luciana ri, olhando para a boca dele, e Isabela exclama:

— Jonas!?

— Estou só brincando — ri o acadêmico de economia e Daniela comenta:

— Já vi essa brincadeira várias vezes.

Com sua caneca cheia de cerveja, Maísa passa por vários grupos de universitários que dançam ao som de funk.

— Licença — pede ao passar por algumas meninas que rebolam juntas. — Licença. — Uma das meninas esbarra no braço de Maísa e ela quase derrama cerveja na própria roupa. A jovem revira os olhos e é nesse instante que algo não muito distante desperta sua atenção.

— Que cara é essa? — questiona Laís quando a prima se junta a ela.

— O Jonas é impressionante, cara.

Laís analisa a expressão de raiva da prima e conclui que o comentário não é algo positivo.

— O que foi? 

— Ele estava agarradinho com a Luciana.

— Ué, pensei que você não sentisse ciúmes dele.

— Geralmente não, né? Mas precisa ficar grudado na Luciana, logo a Luciana? Ainda mais na situação em que a gente está.

Laís dá de ombros.

— É complicado. Por que você não vai falar com ele?

— Ah, claro, já estou lá — ironiza Maísa e toma um gole de sua bebida. — Que ódio.

Após jantarem juntos, Chay e Mel tomam mais uma taça de vinho na sacada do apartamento dele.

— A vista é linda daqui — comenta Mel observando a cidade do Rio de Janeiro.

— Foi uma das razões que me fizeram comprar esse apartamento.

— E qual foi a razão para o convite de hoje? — questiona Mel sem rodeios.

— Oi?

— Por que você me chamou para jantar?

Chay desvia levemente o olhar, demonstrando um súbito nervosismo.

— Eu quero te mostrar uma coisa — diz voltando a encarar Mel.

— Que coisa?

O cantor apoia sua taça em uma mesa no canto da sacada, onde repousa a garrafa do vinho que eles tomam.

— Vem comigo — pede para Mel.

Os dois percorrem o apartamento dele até o estúdio musical, que fica na última porta de um longo corredor.

— Uau, que estrutura, hein! — comenta a estilista olhando ao redor. 

O estúdio é dividido em duas partes, uma reservada à gravação e outra para edição, ambas montadas com equipamentos de última geração. Mel senta em um sofá próximo à mesa de som. Chay aparenta estar cada vez mais nervoso e se acomoda em uma cadeira diante da mesa. Ele mexe em um notebook, entrando em várias pastas.

— Eu quero que você ouça uma coisa.

— Tudo isso para eu ouvir sua música nova? — ri Mel.

— Não é bem isso. — Chay olha diretamente para ela e pede: — Escuta até o final, ok?

— Estou começando a ficar assustada — sorri Mel diante do comportamento dele.

Chay dá play e uma melodia começa a ecoar pelo estúdio. Logo nos primeiros acordes da música, Mel franze a testa. Sua mente gira rapidamente e a confusão e o espanto varrem qualquer pensamento. Nos segundos seguintes, Chay começa a cantar na gravação e o queixo de Mel despenca. 

— Para — pede sussurrando e sacudindo a cabeça. — Para essa música.

Chay continua olhando para ela inexpressivo. Mel salta do sofá e bate com uma das mãos na mesa de som.

— Para essa música — exige com a voz firme. Com dedos trêmulos, Chay interrompe a canção e volta a olhar para a ex-esposa. Mel o encara com os olhos vermelhos e após alguns segundos de silêncio, questiona: — Que p*rra é essa, Chay?

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