Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 9: Marina desabafa com Yasmin e Sophia


Marina surge logo atrás de Victor e também abraça Yasmin.
— É tão bom te ver de novo — fala dando um beijo na bochecha da cunhada.
— Também é bom te ver — responde Yasmin sorrindo. Ao contrário do namorado, que ela reencontrou nas férias do meio de ano, a última vez que viu Marina foi no revéillon.
— Oi, Sophia. — Os gêmeos cumprimentam a empresária com abraços e sorrisos e juntos os quatro seguem para o estacionamento do aeroporto internacional de Boston.
— Vocês vieram de carro? — indaga Yasmin abraçada em Victor, que leva o carrinho com as bagagens dela.
— Sim, eu peguei emprestado de um amigo meu — diz o rapaz.
— Você tem carteira? — Sophia lança um olhar questionador na direção dele, lembrando das vezes em que Victor pegou o carro dos pais escondido quando ainda era menor de idade.
— Tenho — ele sorri de leve imaginando o que está passando pela cabeça da sogra. — Estou autorizado a dirigir tanto aqui quanto no Brasil. Eu e a Marina.
— Acho bom — responde a empresária rindo.
Marina e Victor ajudam Sophia a guardar as malas no bagageiro enquanto Yasmin se acomoda no banco de trás. No caminho para o hotel, Victor comenta:
— Acho que vocês vão gostar do hotel, é um dos melhores de Boston.
— Cinco estrelas — acrescenta Marina ao lado dele. — Escolhi os melhores quartos também.
— Tenho certeza que vamos gostar — diz Sophia fazendo carinho no joelho da filha.
No hotel, Sophia e Yasmin fazem check-in e vão para o elevador.
— Estou indo para o meu quarto — fala Sophia. — Vocês ficam com a Yasmin?
— Claro — respondem Marina e Victor. Sophia se vira para a filha e diz:
— Depois que eles forem embora, me manda uma mensagem que eu vou ficar com você.
— Não vai precisar — fala Victor. — Eu trouxe as minhas coisas — ele aponta para a própria mochila nas costas —, posso dormir aqui.
— Não vai te atrapalhar? — se preocupa Yasmin.
— Amanhã é domingo.
— Eu sei, mas você não tem um grupo de estudos domingo de manhã?
— Tenho, mas são uns dez minutos de carro daqui até o lugar que a gente se reúne.
Yasmin olha intensamente para Victor tentando ver se ele está dizendo isso apenas para tranquilizá-la ou se é verdade. Por fim, ela assente.
— Ok.
O elevador chega ao andar dos quartos de Sophia e Yasmin e a empresária despede-se dos jovens. Victor leva as malas da namorada e Marina e Yasmin caminham abraçadas até o quarto da loira.
— Uau, que lindo — impressiona-se Yasmin ao passar pela porta.
O quarto é dividido em dois espaço. No primeiro deles há uma mesa arredondada para refeições, uma mesinha de centro entre um sofá e uma poltrona vinho, uma estante com televisão e ao canto uma escrivaninha com abajur dourado. Ao lado há uma passagem para a outra parte do quarto, onde fica a cama com dossel preto, mesinhas de cabeceira da mesma cor e poltronas dispersas ao lado de uma das janelas retangulares. Yasmin abre a porta de correr que fica na parede oposta à da janela e se depara com um banheiro revestido em mármore com uma grande banheira de hidromassagem.
— Você caprichou mesmo na escolha do quarto, Marina — comenta a garota retornando para a sala de estar. A morena está inclinada diante da estante, conferindo o que há no frigobar.
— O quê? — indaga endireitando-se com as mãos cheias de bombons suíços.
— O quarto é maravilhoso — diz Yasmin indo até o sofá, onde Victor descansa. Ela senta ao lado do namorado, que passa um braço ao redor de seus ombros.
— É mesmo. — Marina concorda, sentando na poltrona. Ela estica o braço e Victor pega um bombom. — Não quer? — pergunta para Yasmin.
— Não, obrigada.
Victor e Marina trocam um olhar e ela volta a encarar a namorada do irmão ao questionar:
— E aí, como foi passar por tudo aquilo?


Isabela, Vinícius e Felipe estão acomodados em um dos sofás da sala de estar da mansão de Mel defronte a Jonas e Maísa. Os violões e o cajón que eles tocavam anteriormente estão largados sobre o tapete e Nina os fareja com curiosidade.
— A gente veio ver como você está — diz Maísa e a maneira extremamente formal com que ela fala faz Vinícius duvidar se esse é o real motivo da visita.
— Estou melhorando — responde Isabela e em seguida olha para Jonas.
— Como vocês conseguiram entrar? — indaga Vinícius. — Ninguém interfonou.
— Eu já tinha autorizado a entrada deles — Felipe conta.
Os cinco se calam e a sala mergulha em um silêncio incômodo. Com os olhos fixos nas mãos de Isabela, Jonas diz quase em um sussurro:
— Eu não estava conseguindo ficar em casa.
— Não? — espanta-se a morena, pois a casa de sua mãe é o único lugar que ela se sente confortável desde que saiu do hospital.
— Estou inquieto. Não consigo dormir, não sinto fome. Estou sempre em alerta como se…
— Ainda estivesse no cativeiro — completa Isabela sabendo exatamente a sensação que ele descreve. — Eu também sinto isso, mas estou tentando me distrair.
— Eu não consigo me distrair — responde Jonas e a angústia fica evidente em sua voz. — A todo o momento eu lembro daquela arma na minha mão e daquele cara ensanguentado, caído no chão.
Vinícius, Felipe e Maísa observam silenciosamente. Isabela se anima ao dizer:
— Ele não vai morrer!
— Como você pode ter certeza? — rebate Jonas.
— Eu visitei a Beatriz e…
— Você voltou naquele lugar?
— Foi difícil, mas eu senti que precisava. — Ela se aproxima dele e pega em sua mão. Felipe contrai o maxilar. — Jonas, o Bruno está fora de perigo.
O suspiro de alívio que Maísa solta é alto suficiente para chamar a atenção de Felipe e Vinícius, porém Isabela e Jonas continuam se olhando intensamente.
— Você tem certeza? — questiona o rapaz com a voz trêmula.
— Tenho, a Beatriz me disse.
— Então eu não vou responder pela morte de alguém?
— Não. Ao contrário daquilo que você me disse na ambulância, você não é um assassino, Jonas.
Lágrimas se formam nos olhos do acadêmico de economia e Isabela o abraça com força, chorando junto com ele. A troca de sentimentos entre os dois é tão profunda que deixa Felipe, Vinícius e Maísa sem saber como agir.
Isabela se afasta e enxuga as lágrimas do rosto de Jonas, dizendo:
— A gente vai conseguir lidar com o que aconteceu.
Felipe pigarreia para atrair os olhares dos dois e fala:
— Eu queria te agradecer pelo o que você fez, Jonas.
— Não quero agradecimentos por ter quase tirado a vida de alguém — responde o rapaz ainda muito amargurado consigo mesmo.
Vinícius percebe que Felipe está grato por Jonas, mas não o suficiente para compreender o comentário rude dele, por isso intervém:
— Ao invés de pensar que você quase tirou a vida de alguém, por que você não pensa que salvou a vida da Yasmin e da Isabela?
— Eu não consigo.
— Mas foi o que você fez. E assim como o Felipe, eu queria te dizer obrigado.
Jonas assente e procura a mão de Maísa, que aperta seus dedos.
— Você volta para a faculdade quando? — questiona Isabela.
— Semana que vem. E você?
— Ainda não sei. Não quero conversar com ninguém de fora sobre isso, sabe? E ainda tem o fato do Bruno ser irmão da Bia.
— Ninguém sabe dessa ligação — informa Felipe. — A polícia tomou todo cuidado para não expor a família da Beatriz.
— Menos mal. Ainda assim eu estou com medo de voltar.
— Vocês vão conseguir — fala Maísa. — Vocês não estão sozinhos.


— Foi horrível — conta Yasmin para Victor e Marina. — Os piores dias da minha vida, sem dúvida.
— Foi pior do que aquilo na fazenda? — questiona Marina.
— Sim. Eu pensei que não fosse passar por uma situação tão assustadora quanto aquela, mas com certeza foi pior. Nós três amarrados naquele quarto, toda hora eles entravam armados, fazendo ameaças… Ai, gente, eu não gosto nem de lembrar.
— Não precisa — diz Victor abraçando ela com mais força. — Já passou, você está em segurança agora.
— Eu sei, mas foi muito traumatizante. Não estou conseguindo ficar sozinha — ela fala escondendo o rosto entre as mãos. Victor e Marina se olham novamente e ela encolhe os ombros sem saber o que dizer.
— Você não vai ficar sozinha — responde Victor.
— Só que eu não posso continuar desse jeito. Eu moro sozinha com o Iago em São Paulo. Vim para cá porque não estava conseguindo ficar nem no Rio, que dirá voltar para São Paulo.
— Não queira voltar de repente para a sua rotina, amor, isso ainda vai levar um tempo.
— Exatamente — concorda Marina. — Aproveita esses dias aqui em Boston com a gente. Você nunca veio aqui, né?
— Não — responde Yasmin.
— Pois é, a cidade é muito bacana, tenho certeza que você vai se distrair bastante.


Para dar liberdade para Isabela conversar com Jonas e Maísa, Chay e Mel foram para a cozinha. A empresária está sentada em uma banqueta vendo o ex-marido preparar um chá.
— Você notou o quanto o Jonas está abatido fisicamente também? — ela comenta.
— Notei — responde Chay. — Me falaram que ele está todo perturbado por ter atirado no sequestrador.
— Ele vai precisar de muita ajuda psicológica para voltar ao normal, né?
— Sim. A Isabela e Yasmin também.
— Eu estava pensando sobre isso. A Luíza comentou que na clínica dela tem uma psicóloga especialista em trauma. A gente pode marcar umas sessões para a Isabela.
— Acho uma ótima ideia.
— Ok. Vou falar com a Luíza — responde Mel e Chay pontua:
— Está sendo um período difícil, Mel, mas a Isabela vai conseguir passar por isso.


Marina confere as horas em seu celular e diz:
— Eu tenho que ir, preciso começar a responder uma lista de exercícios para entregar segunda.
— Quer que eu leve você na KDC? — indaga Victor.
— O que é KDC? — Yasmin pergunta com curiosidade e Marina dá um leve sorriso.
— Minha irmandade. Kappa Delta Chi. — Ela olha para o irmão. — Não precisa. Me empresta a chave do carro, eu passo aqui amanhã de manhã e te entrego.
— Você vai acordar cedo só para me entregar a chave?
— Eu vou tomar café da manhã com a Yas. — Ela pisca para a cunhada. — Enquanto o Victor vai para o grupo de estudos, vou levar você e a Sophia no meu café favorito.
— Tá bom — sorri Yasmin.
— Toma aqui. — Victor entrega a chave do carro para a irmã. Marina despede-se do casal e sai do quarto do hotel.
Ao ficar sozinha com o namorado, Yasmin se volta completamente para ele e com um leve sorriso, diz:
— Obrigada por me aceitar na sua cidade.
Victor ri.
— Não tem por que agradecer, você sempre será bem vinda aqui. E outra, se você não viesse até a mim, eu iria até você.
— O Felipe me contou que você quis ir para o Rio assim que soube o que estava acontecendo.
— Sim, mas a Marina não deixou.
— Ainda bem, isso só iria deixar as coisas ainda mais tumultuadas.
— Foi o que me disseram.
— Pois é, e agora eu estou aqui com você.
Victor concorda e dá um sorriso radiante.
— Está.
Também sorrindo, Yasmin leva uma mão até o rosto de Victor, sem acreditar que está na presença dele.
— Em vários momentos no cativeiro eu pensei em você. Fiquei com medo de nunca mais te ver.
— Só que agora você está aqui na minha frente.
Yasmin abraça Victor com força.
— Eu te amo tanto.
— Eu também te amo muito. — Eles se encaram por alguns segundos e se beijam em seguida pela primeira vez desde que Victor esteve no Brasil. O casal fica vários minutos trocando beijos e carícias, até que ela diz:
— Eu vou tomar um banho, quero dormir.
— Tudo bem. Quer que eu prepare a banheira para você?
— Não precisa — responde Yasmin levantando —, só procura na minha mala aquele pijama azul turquesa.
— Ok.
Yasmin vai para o suntuoso banheiro enquanto Victor se agacha diante da mala dela.


Na mansão de Mel, Isabela e Felipe também se preparam para ir dormir. Ele escova os dentes e ela passa uma pomada nos hematomas em suas pernas, rosto e pulsos.
— Os roxos estão melhorando — comenta quando Felipe sai do banheiro.
— Daqui a pouco não vai ter mais nenhuma mancha.
— Graças a Deus. — Felipe tira sua bermuda jeans, ficando apenas com uma samba-canção e ela diz: — Fiquei surpresa por você ter autorizado a entrada do Jonas no condomínio, ainda mais sem contar para ninguém.
— Quando a Maísa veio falar comigo achei que poderia ser uma boa ideia. E eu também queria agradecer pessoalmente o Jonas, embora ele não tenha aceitado muito bem — lembra revirando os olhos.
— O Jonas está se sentindo muito culpado por ter atirado no Bruno.
— Mas foi em legítima defesa.
— Sim, mas o Bruno poderia ter morrido. Não é fácil lidar com a responsabilidade pela morte de alguém, mesmo que tenha sido legítima defesa. Eu entendo o que o Jonas está passando.
— Faz sentido.
— Pensei que ele sabendo que o Bruno não corre mais riscos fosse se sentir melhor. — Ela levanta e vai até seu closet guardar a pomada. Quando retorna, ouve Felipe dizer:
— É tão estranho você chamar esse cara pelo nome.
— Eu só consigo pensar que ele é irmão da Beatriz. — Isabela deita em sua cama e puxa a coberta até a cintura. Felipe apaga as luzes do quarto, deixando-o apenas iluminado pelos abajures ao lado da cama.
— Você por acaso sente empatia por ele, Isa? — questiona deitando ao lado dela.
— Claro que não. Eu quase morri nas mãos dele e de seus comparsas.
— Entendi.
— Só que eu sofro pensando na família da Beatriz, é claro. Ela é uma das minhas melhores amigas.
— E mesmo assim ela não comentou com você da existência do irmão.
— Eles achavam que o Bruno estava morto, para que retomar um assunto tão doloroso?
Felipe dá de ombros.
— Sei lá.
Isabela se vira de lado para encarar diretamente o namorado.
— Você não está pensando que a Beatriz está envolvida no sequestro também, está?
— Como assim “também”? Quem mais cogitou isso?
— Meu Deus, você cogitou realmente o envolvimento dela — conclui Isabela incrédula.
— Quem foi a pessoa, Isa? — insiste o rapaz.
— A Marina. O Vinícius comentou comigo que ela levantou uma suspeita contra a Beatriz. Ela eu nem me surpreendo tanto porque ela mora lá nos Estados Unidos e mal conhece a Bia, agora você, amor?
— Eu não disse que acho que a sua amiga está envolvida nisso — se defende Felipe. — Foi só uma ideia que passou pela minha cabeça.
— Espero que ela tenha ido embora — retorque Isabela. — Eu confio na Bia. A família dela já está sofrendo o suficiente, eles não precisam ficar sabendo que a minha própria família desconfia deles.
— Ok, não precisa ficar nervosa por causa disso — fala Felipe acariciando a coxa dela sob os cobertores.
Isabela suspira e apoia a cabeça no ombro dele.
— Estou cansada dessa história toda. Só queria que todo mundo esquecesse disso, inclusive eu.


Marina acorda na manhã de domingo e toma um banho quente antes de descer para o térreo do casarão de sua irmandade usando uma segunda pele preta e jeans.
— Caiu da cama? — pergunta uma de suas colegas estranhando o fato dela estar acordada às oito horas.
— Milagres acontecem — ri Marina caminhando até o hall de entrada. — Na verdade eu vou tomar café com a minha cunhada e a mãe dela.
— Ah, sim. Minhas melhoras para ela — deseja a garota sabendo do sequestro de Yasmin. Marina sorri.
— Obrigada. Até mais tarde. — Ela sai do casarão e caminha até o carro do amigo de Victor. Ao assumir o volante, olha para o céu, estreitando os olhos. — Vai chover. Deve ser porque eu acordei cedo — brinca consigo mesma e liga o motor.
Poucos minutos depois, Marina chega ao hotel onde Sophia e Yasmin estão hospedadas. Logo na recepção ela se encontra com o irmão.
— Sem arranhões nem multas — diz entregando a chave do carro para ele.
— Gosto assim — ri Victor.
Marina dá um leve sorriso e olha ao redor.
— Cadê a Yasmin e a Sophia?
— Estão se aprontando. Já já elas estão aí. Eu já vou indo, ok?
— Ok.
— Eu combinei com a Yas da gente almoçar todo mundo junto no restaurante do hotel, tudo bem por você?
— Claro.
— Beleza. Tchau!
— Tchau. — Marina caminha até um sofá próximo e fica ali sentada esperando Yasmin e Sophia descerem. Não demora muito e as duas se juntam a ela.
— Bom dia — desejam sorridentes.
— Bom dia — responde a morena. — Preparadas para conhecer o melhor café do estado de Massachusetts?
— Você é garota propaganda deles? — brinca Sophia. Yasmin sorri com o questionamento de sua mãe e se recorda das campanhas que fez para a MelPhia. No segundo seguinte, surge em sua mente o rosto da mulher que a sequestrou no momento em que ela viu o outdoor com sua foto. Seu sorriso fraqueja de imediato e ela se esforça para se concentrar nas palavras de Marina no presente:
— Ok, pode não ser o melhor do estado, mas é o único que eu ganho donuts de graça.
— Uau, os donos devem gostar muito de você — comenta Sophia.
— O dono é um senhorzinho que adora o Brasil, então foi só eu falar português que ele se encantou comigo — conta Marina e elas riem. — Vamos? Fica a algumas quadras daqui.
— Não é muito longe, né? — pergunta Yasmin, pois ainda não se sente confiante para andar muito.
— Não, relaxa. — As três saem do hotel e vão caminhando pela calçada da movimentada avenida. Marina aproveita a oportunidade e apresenta alguns locais para mãe e filha. — Esse aqui é um restaurante chiquérrimo, o Victor adora jantar aqui, mas a gente precisa pedir um dinheiro extra para os nossos pais, porque realmente é muito caro — ri.
— Como vocês lidam com a questão financeira? — indaga Sophia com curiosidade.
— Até que a gente se vira bem. Nossos pais mandam uma espécie de pensão para cada um e a gente compra o que precisa. No começo foi bem difícil — lembra Marina sorrindo. — Pagar contas, ir ao mercado, à farmácia, era tudo muito complicado sem ter alguém por perto para orientar. E a primeira vez que a gente precisou ir ao hospital? — Ela começa a gargalhar.
— Como foi? — Yasmin pergunta.
— Horrível. Eu estou rindo agora, porque no dia eu só sabia chorar. Quem adoeceu primeiro foi o Victor. Era só uma gripe, mas ele estava com tanta febre… Juro por Deus que pensei que ele fosse morrer. Dramática, né?
— Demais — ri Sophia. — Mas é compreensível. Como o tempo passa, não? Lembro de quando a Lua e o Arthur se mudaram para Nova York com vocês ainda bebês. Agora estão os dois morando aqui em Boston sozinhos.
Marina assente.
— É, os filhotes saem do ninho.
— Difícil é aceitar isso — diz Sophia abraçando Yasmin. Elas viram em uma esquina e logo Marina avisa:
— Chegamos.
Yasmin observa a fachada de tijolinhos e a pequena porta de vidro.
— Está começando a garoar — Sophia nota. — Vamos entrar logo.
Ao entrarem no café, são acolhidas pelo agradável aroma de bebida quente e biscoitos de canela. Marina vai diretamente até uma mesa ao lado da janela que possui adesivos com o nome do estabelecimento.
— É a minha mesa — sorri quando Yasmin e Sophia se acomodam nas cadeiras vazias.
— Você costuma vir bastante aqui? — pergunta Yasmin.
— Demais! Quando eu não estou no MIT ou na KDC, estou aqui estudando.
— Parecer ser um ambiente bem legal para estudar — analisa Sophia observando a calmaria do café. Há apenas uma outra mesa ocupada além da delas.
— Sim, geralmente é bem vazio. As pessoas não dão muito crédito para ele, tem outros cafés mais descolados pela região. Mas o dono é um fofo e tudo é muito gostoso.
— Você está falando tanto do dono que eu vou querer conhecê-lo — ri a estilista.
— Vai ter que ficar para uma próxima, domingo ele vai para a igreja de manhã.
— Meu Deus, você sabe até a rotina dele — espanta-se Yasmin rindo.
— Vocês não estão acreditando que nós somos amigos, né? — gargalha Marina. Ela estica o braço e uma garçonete se aproxima para recolher seus pedidos.


A claridade da manhã estende-se pelo quarto de Jonas através da porta da sacada. De olhos fechados, Maísa se remexe na cama e estica o braço para acariciar o namorado. Sua mão encontra apenas o travesseiro e ela abre os olhos instantaneamente, deparando-se com o restante da cama vazia. A loira senta e tira os fios de cabelo do rosto, olhando para os lados. Ela vê uma sombra na sacada e joga as cobertas para um lado.
— Faz tempo que você acordou? — pergunta abraçando Jonas por trás. O rapaz está apoiado no guarda corpo de vidro observando o quintal do casarão.
— Uns trinta minutos — responde colocando as mãos por cima das de Maísa.
— Dormiu melhor essa noite? — Ela passa a mão no cabelo dele, que assente.
— Não tem como dormir mal do seu lado.
Jonas vira de frente para Maísa e dá um beijo na ponta do nariz dela.
— Essa noite eu vou dormir em casa, tá?
— É? — Ele se esforça para controlar a expressão de desânimo, mas Maísa percebe sua tristeza e com o coração apertado, responde:
— Eu preciso me organizar para voltar para a faculdade, estou perdendo muita coisa importante.
— Tudo bem. — Ele coloca as mãos no pescoço dela e faz carinho com os polegares. — Obrigado por ter ficado ao meu lado.
— Você não precisa me agradecer por isso. — Maísa dá um selinho nele. — Eu te amo.
— Eu também — responde Jonas descendo as mãos até as costas dela. O casal se abraça profundamente e permanece assim por alguns minutos.
— Vamos tomar café? — chama Maísa se afastando.
— Vamos.
— Deixa só eu escovar os dentes. — Ela se dirige ao banheiro. Um tempo depois, os dois descem de pijama e vão até a sala de jantar.
— Bom dia — desejam a Heitor e Diana, que já estão sentados à mesa. Os pais de Jonas respondem sorrindo e ela pergunta:
— Como você está, filho?
— Melhorando — diz Jonas pegando uma cesta com torradas.
— A senhora me passa o queijo, por favor — pede Maísa e Diana alcança o recipiente com o laticínio.
— Foi boa a visita à Isabela ontem? — indaga Heitor tomando um gole de café.
— Foi — Jonas responde. — Ela está melhorando também.
— Graças a Deus.
— Sabe o que ela contou para a gente? — comenta o rapaz enquanto passa geleia em sua torrada. — O sequestrador que eu… ele está fora de perigo.
— Como ela sabe disso?
— A amiga dela é irmã dele, lembra?
— Ah, é — responde Heitor com a voz arrastada. — Por mim ele poderia ter morrido.
Maísa, que fatiava o queijo para colocar em um pão, ergue os olhos para o sogro. Jonas exclama:
— Pai!?
— O quê? Esse cara poderia ter matado você, meu filho.
— E se ele tivesse morrido eu seria um assassino neste momento.
— Matar bandido não deveria contar como assassinato.
Maísa arregala os olhos com assombro e diz:
— Mesmo cometendo os crimes que ele cometeu, aquele homem continua sendo um ser humano.
— Eu sei, minha filha, mas para mim ele vale menos do que um animal. Se tivesse morrido não ia fazer falta nenhuma no mundo.
— Ele tem uma família que está sofrendo tanto quanto a gente com tudo o que aconteceu.
— Eu não tenho culpa disso — Heitor dá de ombros mastigando uma garfada de mamão. — Agora o meu filho vai passar por todo o estresse de um julgamento e aquele vagabundo continua vivo.
— Se ele tivesse morrido seria muito pior para o Jonas — retorque Maísa, começando a perder a paciência.
— Pelo menos valeria a pena. Agora o Jonas vai passar por tudo isso para aquele vagabundo ficar preso por pouco tempo e logo estar aí fazendo merda de novo. Eu conversei com a nossa advogada, o Jonas será julgado, sabia?
— Sim, eu sou acadêmica de direito — responde Maísa secamente. — Mas o processo é mais por burocracia do que qualquer coisa, nada vai acontecer com o Jonas.
A sala de jantar fica silenciosa. Maísa força um pedaço de pão com queijo garganta abaixo e enquanto mastiga olha para Diana, que está com o rosto levemente avermelhado.
— O que vocês vão querer de almoço? — pergunta Heitor em tom cordial.
— Qualquer coisa — responde Jonas friamente. Seu pai sorri com leveza e pergunta:
— Vocês vão ficar emburrados por causa de uma opinião boba?
— Para o senhor eu matar uma pessoa é apenas “uma opinião boba”? — questiona o rapaz. — O seu filho se tornar um assassino é fazer justiça?
— Eu jamais quis que você se tornasse um assassino, Jonas. Longe disso, meu filho. Se eu pudesse, eu mesmo mataria aquele vagabundo.
— Ainda bem que o senhor não pode — Maísa retorque sem olhar para Heitor.
— Eu quase perdi o Jonas por causa daquele delinquente. Minha filha, você não sabe a dor que eu senti imaginando que o pior poderia acontecer. Você não concorda comigo, porque não era o seu filho que estava naquela situação.
Maísa ergue a cabeça e crava o olhar no sogro.
— Não justifique sua opinião cruel com sentimento paternal. E outra, eu passei a semana inteira longe da minha casa, da minha mãe, sem ir para a faculdade, estive tão preocupada com o Jonas quanto qualquer um aqui nesta mesa. Não queira minimizar os meus sentimentos pelo seu filho.
— Não foi isso o que eu quis dizer.
— Mas foi isso o que deu a entender. — A garota empurra a cadeira e levanta. — Estou indo embora — diz para Jonas e fita Diana na sequência. — Licença.
Maísa sai do cômodo apressadamente e Jonas fica em pé.
— Por que o senhor tinha que dizer tudo isso? — acusa o pai e vai atrás da namorada.


Com um donut de morango nas mãos, Sophia pergunta para Marina:
— Você disse que vive na faculdade, na irmandade ou aqui, vocês não têm vida social, não? — Yasmin e Marina nem se olham, mas começam a rir juntas. — O que foi?
— O que eles mais têm aqui é vida social, mãe — responde Yasmin.
— A gente estuda demais, mas a gente se diverte tanto quanto — responde Marina segurando sua xícara de café. — Não é querer puxar saco, mas poucos acadêmicos sabem dar festas iguais às dos acadêmicos do MIT.
— Os nerds sabem como fazer — brinca Yasmin.
— Inclusive vai ter uma festa de uma fraternidade lá da faculdade no próximo final de semana. Está todo mundo animadão para ir, mas eu não vou.
— Por quê? — questiona Sophia.
— Eu embarco para Ann Arbor no sábado de manhã.
— Onde fica isso? — Yasmin franze a testa.
— Fica em Michigan, dá umas duas horas de voo até lá.
— O que você vai fazer nessa cidade? — pergunta Sophia com curiosidade, ao contrário de Yasmin que desde que ouviu o nome do estado americano sabe exatamente o motivo da viagem da amiga.
— Vou visitar o Brian — responde Marina. — Mais especificamente estou indo ver um jogo do time de futebol americano da UM. É a primeira partida do Brian como quarterback titular.
— Sério? Pensei que ele já jogava desde que entrou na faculdade — diz Yasmin.
— Não, ele era reserva. Agora que ele conseguiu se tornar titular. Estou muito orgulhosa! — sorri Marina.
— Percebe-se.
— Pois é, por isso que eu vou fazer esse esforço e ir vê-lo jogar. Só que eu volto domingo de manhã mesmo, então não vou poder aproveitar muito.
— Tomara que eles ganhem, né? — torce Sophia. — Aí a sua viagem será recompensada.
— Ah, de qualquer forma valerá a pena. Estar ao lado do Brian nesse passo importante da carreira dele como jogador é melhor do que qualquer resultado. Mas é óbvio que eu estou torcendo pela vitória deles — ri a jovem erguendo a xícara até a boca.
Yasmin visualiza em seu dedo anelar direito um pequeno anel com uma representação da pedra da ressurreição de Harry Potter. O anel, idêntico ao que viu no dedo de Vinícius há dois dias, faz ela se lembrar do pedido do amigo.
— Eu tenho uma coisa para te entregar — fala pegando sua bolsa.
— Que coisa?
— Isso aqui. — Yasmin retira o cardigan marrom de Vinícius da bolsa e estica para Marina por cima da mesa.
— Meu Deus. — A morena sorri com espanto.
— Nem preciso dizer quem foi que mandou, né?
— Vinícius.
— Ele disse que é para você se lembrar dele.
Ainda sorrindo, Marina responde:
— Está bem.
A reação dela não foi a que Yasmin esperava e o lampejo de tristeza que passou por seus olhos no instante em que ela tocou na peça de roupa deixa a loirinha intrigada.
— Como vocês estão? — questiona sem rodeios.
Marina toma um longo gole de café antes de responder.
— Não sei exatamente.
— Isso não me parece bom — opina Sophia.
— Parece que eu e o Vinícius estamos cada vez mais distantes — conta Marina olhando para o próprio donut e Yasmin pergunta:
— Por que você acha isso?
— A gente não está se falando com tanta frequência, nem por mensagem de texto. E quando a gente se fala é superficial, sabe? Não sei, às vezes eu sinto que a nossa conexão está enfraquecendo.
— Ai, credo, não diz isso.
— É verdade — Marina encolhe os ombros. — Durante todo essa situação que vocês passaram a gente se falou muito pouco. A maioria das informações que eu e o Victor recebemos veio pelo Felipe. — Ela abaixa o tom de voz ao dizer: — Nem sobre os sonhos ele se abriu por inteiro comigo.
— Sonhos? — Yasmin estreita os olhos e Marina conclui que ela não está sabendo dos sonhos que Vinícius teve relacionados ao sequestro.
— O Vinícius sonhou com o que estava acontecendo com vocês — conta para a perplexidade da outra garota.
— Não!
— Sim. Na noite em que vocês foram sequestradas ele sonhou que dançava com você e que você era puxada dele, depois ele ouvia os seus gritos e os da Isabela.
— Meu Deus — sussurra Yasmin. — Eu não fazia ideia disso.
— E não parou por aí.
— Teve mais?
— Sim, só que esse não foi o Vinícius que me contou.
— Como você ficou sabendo? — pergunta Sophia.
— O Felipe comentou comigo achando que eu já sabia. Eu me fiz de desentendida e ele acabou contando tudo.
— Como foi o outro sonho? — Yasmin quer saber e Marina narra o sonho em que Vinícius corria pelas ruas de uma comunidade. A loirinha empalidece quando ouve a respeito dos três disparos e os gritos. — Caramba, eu não consigo acreditar que isso aconteceu.
— E sabe para quem o Vinícius ligou para desabafar?
— Para quem?
— Para a Graziele. Ele sequer me contou sobre esse segundo sonho, gente. Justo eu, que conversei tanto com ele sobre essa questão. Vocês entendem onde eu estou querendo chegar? A sensação que eu tenho é que eu e o Vinícius estamos perdendo a nossa ligação.
— Calma, Marina — pede Sophia pegando na mão dela. A garota olha para baixo, segurando o choro. — Você já pensou em conversar com o Vinícius sobre essa sensação que você está tendo?
— Já, mas ao mesmo tempo não sei se tenho mais liberdade com ele para isso, sabe?
— Como não, Mari? — Yasmin franze a testa. — É o Vinícius, seu namorado, seu amigo.
— Para você ver o quanto nós estamos distantes. Eu não me sinto confortável para conversar com o Vinícius sobre um assunto tão profundo.
— Mas só conversando para vocês se acertarem — diz Sophia. — É difícil, mas é fundamental, pensa nisso.


Jonas encontra Maísa em quarto. A garota recolhe seus pertences e enfia de qualquer jeito em uma mochila.
— Amor — ele chama se aproximando dela. — Não vai embora assim.
Maísa para e encara Jonas com os olhos vermelhos.
— Eu sabia que o seu pai tinha opiniões… controversas. Só que isso agora há pouco foi a gota d’água, Jonas.
— Foi pesado mesmo.
— Pesado? Foi… desculpa, eu estou nervosa.
— Não fica assim, não vale a pena. Tenta ignorar o que o meu pai diz, é o que eu costumo fazer.
— Desde que eu comecei a frequentar a sua casa eu ignoro, Jonas. Acontece que eu estou cansada de ouvir os comentários do seu pai calada.
— Tudo bem, tudo bem. Só não vai embora desse jeito.
— Não tem mais clima para eu ficar aqui. Eu quero ir para casa. Desculpa.
— Ok. — Ele chega ainda mais perto e acaricia o rosto dela. — Me desculpa por isso.
— Você não tem culpa de ter um pai babaca. — Eles dão um leve sorriso e Maísa mordisca o lábio dele. — Essa semana minha mãe vai para São Paulo para um congresso e vai aproveitar para fazer um curso, então se você quiser passar uns dias lá em casa comigo, estarei sozinha.
— Não vou te deixar sozinha naquele casarão nem a pau — sorri Jonas.
No térreo, Diana larga o guardanapo com força sobre a mesa.
— Por que você tinha que falar essas coisas, Heitor?
— Foi só a minha opinião.
— Você sabe como a Maísa é. Evita falar esse tipo de coisa na presença dela.
— Ela nunca teve esse tipo de reação — se defende Heitor.
— É porque você não percebe, mas ela revira os olhos, comenta alguma coisa com o Jonas.
— Ai, Diana, eu estou em casa. Não vou ficar medindo as minhas palavras por causa de uma alienadazinha de universidade federal também.
— O seu filho também estuda em uma universidade federal.
— Ele que não me venha querer meter direitos humanos em todos os assuntos. Com bandido não tem que ter esse papo de direitos humanos, não. Pronto, acabou — gesticula impacientemente.
— Não interessa o que você acha ou não. Enquanto o Jonas estiver se recuperando você não pode estressá-lo como fez agora.
— Diana…
— É só isso, Heitor. — Ela lança um olhar cortante para o esposo e levanta.


Durante a tarde, Vinícius procura por sua mãe pela casa na companhia de Nina.
— Até que enfim achei a senhora — fala entrando no escritório dela.
Mel, que organizava alguns papéis referentes à MelPhia, olha para ele e sorri.
— O que foi?
— A senhora está podendo conversar? — indaga o rapaz observando os papéis.
— Com você eu sempre posso — ri a empresária.
— Vem, Nina — chama o garoto antes de fechar a porta atrás de si. A cadelinha de Isabela caminha pelo escritório varejando alguns livros.
— O que você quer conversar? Tem a ver com a Marina? — questiona Mel. Minutos antes, a morena estava lendo uma mensagem de Sophia em que ela comentava sobre as angústia da estudante do MIT.
— Não — o rapaz não entende a ligação que sua mãe faz. — Por que seria sobre ela?
— Sei lá, impressão de mãe — ela desconversa.
— Sua impressão está errada dessa vez — ri Vinícius. — O que eu queria conversar com você é sobre a sua viagem para Paris.
Mel arqueia as sobrancelhas com espanto.
— Como você ficou sabendo?
— O Arthur comentou com a Marina, que comentou comigo.
— Nossa, quando todo mundo morava aqui no Rio não tinha tanto diz que me disse — ela comenta se referindo também à conversa de Sophia com Marina.
— É. De qualquer forma, eu fiquei sabendo que a senhora iria viajar para Paris agora no final do mês.
— Eu não ia mais, cancelei por causa da Isabela.
— Não tinha por que a senhora ir, mãe.
— Eu estou preocupada com você, Vinícius.
— Não tem motivo para preocupações.
— Então por que você ligou para a Isabela aquela vez dizendo que não estava aguentando mais?
— Aquilo foi em um momento de máximo estresse — responde o cozinheiro. — Não quero ver vocês preocupados comigo aqui no Rio. Eu estou bem.
— Tem certeza? Não é muita coisa para você lidar? Eu fico pensando em você estudando, estagiando, cuidando de uma casa, você só tem dezoito anos, filho.
— Quase dezenove — sorri Vinícius. — Eu sei que sou muito novo, mas eu estou aprendendo a me virar sozinho. Faz dois anos que eu me mudei, o pior já passou.
Mel assente.
— Tudo bem, vou acreditar em você. Mas qualquer coisa, Vinícius, por menor que seja, me liga. Não fica guardando tudo para si, senão uma hora ou outra você vai explodir como aconteceu aquela vez.
— Eu sei, estou experimentando isso de desabafar não importa o que seja — ele sorri. — Só que eu quero que vocês me deem um voto de confiança também. Está tudo bem, eu garanto.
Mel sorri e estica o braço para acariciar as mãos dele.
— Eu te amo muito.
— Eu também amo muito a senhora — responde Vinícius. Ele olha para a mesa apinhada de papéis e questiona: — Como a senhora não se perde no meio de tudo isso?
— É uma bagunça organizada — ri Mel.
— É tudo da empresa?
— A maioria, sim. Aqueles ali que são do seu pai — fala apontando para uma pilha de sulfites em uma das extremidades da mesa. — Ele está usando o meu escritório para trabalhar também. Acho que ele está compondo algumas coisas, inclusive.
Vinícius sente o impulso de bisbilhotar as anotações de seu pai, mas se controla pois sabe que é algo extremamente pessoal.
— A Verinha continua tentando arrumar as coisas por aqui? — pergunta para afastar a ideia de sua cabeça.
— Às vezes ela vem aqui e guarda tudo nas estantes, aí eu fico louca tentando encontrar o que eu preciso — gargalha Mel.
— Sinto falta das suas risadas — diz Vinícius.
— Eu sinto falta de você todo. — Mel sorri, levanta de sua poltrona e contorna a mesa para abraçar o filho. — Não vou deixar você voltar para Paris.
O rapaz ri e retribui o abraço apertado de sua mãe.


Cerca de um mês e meio depois, Vinícius pedala durante a tarde pelas ruas de Paris de volta ao prédio onde mora. Ele deixa a bicicleta em um quartinho no térreo e sobe para o andar de seu apartamento. Seu coração salta quando ele chega ao último degrau, pois ouve o som das teclas de seu piano.
Como seus dedos estão trêmulos, Vinícius enfrenta certa dificuldade em encaixar a chave na fechadura. Quando finalmente consegue, gira a maçaneta e seu queixo despenca com o que ele encontra.
— Surpresa! — exclamam Mel, Chay, Isabela, Yasmin, Felipe, Graziele, Thiago, Malu e Samuel.
— O que é isso? — questiona incrédulo.
— Surpresa de aniversário — sorri Mel caminhando até o filho. Vinícius abraça a mãe com os olhos ainda pregados nos outros.
— Mas ainda faltam duas semanas para o meu aniversário — ele responde confuso.
— A gente resolveu aproveitar o feriadão de Proclamação da República para te visitar — conta Chay sentado na frente do piano.
Conforme vai cumprimentando cada um deles, a surpresa de Vinícius vai diminuindo e ele passa a acreditar que seus pais e amigos estão realmente em sua casa.
— Nunca pensei que fosse ver vocês todos aqui — fala observando os recém-chegados espalhados por todos os cantos da pequena sala de estar. — Mas como vocês entraram?
— Esqueceu quem comprou este apartamento? — indaga Chay sorrindo. — Nada mais justo do que eu ter uma cópia da chave, né?
— Caramba! Meu Deus, eu não acredito que vocês estão aqui — fala sorridente. — É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia ganhar.


Comentários

  1. Aaaah finalmente estou desde a última atualização vindo aqui olhar se saiu capítulo novo...
    Adorei ver meu Yasvi juntos, é so isso que tenho para comentar, espera espera, tem mais uma coisita: estou pensando aqui com meus botões ( nossa, que frase de velha) que esse aniversário do Vini vai trazer umas surpresinhas muito fofas pra gente.....

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  2. Assim eu não queria falar nada sobre isso, mas acho a combinação = Volta de ChaMel + Paris simplesmente perfect....
    É só uma dica, Rê! Se tu quiser acatar, melhor ainda

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  3. " Vinícius sente o impulso de bisbilhotar as anotações de seu pai, mas se controla pois sabe que é algo extremamente pessoal." NÃO VOU MENTIR, ATÉ EU FIQUEI COM VONTADE DE PEGAR ESSES PAPÉIS.
    Voces pensaram no que eu pensei ?

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  4. Tem como não amar esse imagine? 😍
    Eu acho,mas assim, só acho kkkkkk que Paris seria um ótimo cenário pra uma "recaída" ChaMel...

    Ana 😘

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  5. Ai,o Vini é um fofo né!
    Posta logoo!!!

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  6. Eu vou infelizmente quero ver o Vinícius e a Marina separados, acho que isto está para acontecer não? Hahaha Aguardando ansiosamente para a volta do Chay e da Mel. Não demora a postar, por favor

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  7. continua logooo, por favor

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  8. Okay, finalmente irei comentar minhas opiniões, como o prometido, já que o plot está no fim.
    Começando pelos 3 sequestrados:
    Yas- Gente, dadinha da Yas. Se tem uma personagem que eu gosto é a Yas, e odiei ver ela sofrer tanto. Não quero fazer a tia chata (Até pq tenho 16 anos kkkk), mas eu sabia que ia dar merda com ela indo pra rua deserta pra falar no celular. Só não sabia que ia dar uma merda tão grande assim... Enfim, meu coração apertou com o desespero dela, e o estresse pós traumático que ela tem é algo tão delicado e triste de se retratar que eu to louca pra ver o que tu vai fazer.
    Isa- Gente, to chocada com a Isa. Ela foi tão inteligente e esperta na situação que eu to pasma! Ela me lembrou tanto a Mel, quando ela foi sequestrada lá na temp 3.... sério, amei. Quando ela viu a sacola e perguntou se eles tavam na Cidade de Deus, eu quis matar-la kkk, mas tadinha, ela não tem culpa.
    Jonas- Mano, eu to sem chão pro personagem foda que o Jonas tá se tornando. Assim, ele não é um anjo, mas é um ser humano TÃO melhor que lá no começo da 4 que eu me emociono real com a evolução dele. Ele foi tão parceiro das duas nesse rolê todo... sério, achei muito bom. A cena que ele acalma a Yas e fala que ela é forte é simplesmente INCRÍVEL! Amei como ele tentou proteger as duas o máximo que conseguiu, assim como elas protegeram ele. O estresse pós traumático dele me dá uma sensação de que ele vai ser uma pessoa ainda melhor. Eu sei que é meio ruim eu achar isso, por ele estar sofrendo, mas fica claro que isso realmente vai ajudar. Ainda mais por ele ter se mostrado muito diferente do embuste bolsominion do pai dele.
    Falando desse otário, que tal a gente enaltecer a Maísa? Oaky, bora lá:
    MANO, QUE MULHER! Eu já ia com a cara da Maísa de uns tempos pra cá, mas agora eu adoro ela real. Agora eu vejo que o meu ex-ranço por ela era bem machista e close errado, mas já passou kkkk. Enfim, eu to com um bom pressentimento sobre a Maísa e o Jonas nessa temp,então não me decepcione kkkkkk.
    Uma curiosidade que eu acho engraçado é que ele faz economia e ela faz direito, e eu to em dúvida entre esses dois cursos kkkkkk.
    Agora Vini e Marina:
    PERA PERA PERA PERA, bem João Cleber.
    Só deixar em pasmém: O sonho do Vini, que ele tá dançando no salão com a Yas e fala dos olhos dela.... PQP EU MORRI REAL AAAAA. Sério, odeio que meu otp não é casal...
    Enfim, voltando: Vini e Marina
    Cara, eu to sentindo uma bad vibes com esses dois. Tipo, o fato do Vini nem pensar nela com todo esse rolê é meio preocupante. Assim, não é obrigatório ele falar com ela sempre, ainda mais com o que ele tava passando pelo sequestro da irmã e da alma gêmea( kkk oaky,parei), mas é meio estranho. Sinceramente, eu não me importo deles se separarem, mas é tão trsite saber que tudo o que eles já passaram pode acabar... enfim, estou atenta com esse casal.
    Bom, Grazi e Thiago: Você já sabe a minha opinião: eu gosto deles, mas acho melhor continuarem separados por algum tempo. Nada mais a acrescentar.
    Malu e Samuel: Olha, eu não aguento mais esperar pra eles voltarem pra história. Tá, eu sei que o plot não foca neles, mas eu to com tanta saudade do meu casal kkkkkk. Enfim, fico esperando né? Fazer o que?
    Também queria a exploração do brotp dela com a Yas, não aguento mais esperar esse desenvolvimento.
    Chay e Mel: Se liga na equação: Chay+Mel+Paris= reconciliação. Espero que tenha ficado claro.
    Bj 💚

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  9. não vai postar mais não?

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