Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 12: Chay tem revelação sobre Mel

Mel está sentada no tapete da sala principal da cobertura de Luíza e Daniel brincando com os sobrinhos, Nícolas e Miguel. Suas risadas quase a impede de ouvir quando seu celular toca.

— Oi, Chay — responde ao atender. — Tudo bem?

— Oi! Dependo de você para ficar tudo bem.

Mel franze a testa, rindo.

— Como assim?

— Lembra que eu usei seu escritório para trabalhar durante aquele período envolvendo as crianças?

— Lembro — responde Mel sentindo o coração apertar ao recordar do sequestro de Isabela, Yasmin e Jonas.

— Então, eu não estou achando algumas anotações minhas, acredito que tenha ficado por lá.

— Acho que não — diz Mel. — A Vera organiza regularmente meu escritório.

— Por isso mesmo, acho que ela guardou minhas anotações junto com as suas coisas na estante antes de eu deixar a mansão.

A empresária assente.

— Entendi.

— Queria saber se eu posso dar uma passada lá para procurar minhas coisas.

Mel sente-se ligeiramente desconfortável com a ideia do ex-marido vasculhando um espaço tão íntimo seu como o escritório, porém responde:

— Pode ir.

Quando a tarde de quinta-feira cai em Paris, Vinícius despede-se de Marina para ir ao estágio no restaurante-escola.

— Tem certeza que não quer fazer alguma coisa quando eu voltar? — indaga parado no batente da porta.

— Estou cansada da viagem e você, com certeza, vai voltar cansado do estágio — responde a jovem diante dele.

— Ok. — O rapaz dá um beijo nela. — Tchau. Qualquer coisa me manda mensagem.

— Pode deixar. Bom trabalho! — Eles trocam um sorriso e Vinícius sai.

Marina vira-se para trás e observa o apartamento vazio. Os instrumentos musicais de Vinícius espalhados pela sala desperta sua atenção e ela caminha até o piano próximo a janela. A garota desliza os dedos suavemente pelas teclas, tentando lembrar alguns ensinamentos que o namorado já lhe deu. Como nada vem à sua cabeça, ela toca duas teclas aleatórias. Nos minutos seguintes, começa a explorar o instrumento, tocando conforme sua intuição. Marina empolga-se e demora para reparar que batem na porta do apartamento. Ela levanta rapidamente e corre para atender.

— Oi — diz em português no instante em que se pergunta se deveria ter cumprimentado o senhorzinho à porta em inglês. Antes mesmo da resposta dele descarta a ideia.

O homem, que aparenta ter por volta dos setenta anos, encara Marina com os olhos duros e sua voz sai ríspida. Ele fala rapidamente em francês, deixando Marina confusa. No entanto, sua expressão faz com que ela tenha certeza de que não se trata de palavras agradáveis. Em um determinado momento, o senhorzinho aponta para o piano e então a estudante do MIT, indaga:

— O senhor está incomodado com o barulho do piano? — O senhorzinho continua falando energeticamente sem prestar atenção no que ela diz. A jovem volta a repetir a pergunta, agora em inglês, na tentativa de estabelecer um diálogo, porém nada faz com que o senhor se cale. Quando ele gesticula na direção do piano mais uma vez, Marina tem a confirmação de que o instrumento é o motivo da reclamação. — Ok, vou parar de tocar — diz em inglês. — Eu vou parar — repete fazendo mímicas. — Desculpa — pede em inglês, tendo certeza que pelo menos isso o senhorzinho entenderá. — Desculpa, desculpa — insiste enquanto fecha lentamente a porta na cara dele.

A irmã gêmea de Victor fica parada com o ouvido pregado na porta até ouvir passos que indicam que o senhorzinho foi embora.

— Meu Deus, que loucura.  — Ela olha para o piano e diz: — Agora eu entendo por que o Vinícius diz que quase nunca toca você.

Felipe aguarda Isabela deitado na cama dela. Quando a porta se abre e a garota entra, ele exclama:

— Nossa, até que enfim!

— Por que você subiu? — indaga Isabela caminhando até a cama.

— Porque eu não estava aguentando ver aquela ceninha.

A morena estreita os olhos.

— Aquela ceninha? Eu só estava conversando com o Jonas por chamada de vídeo, Felipe.

— Você tem noção do que acabou de dizer? “Eu só estava conversando com o Jonas por chamada de vídeo”.

— Qual é o problema?

— Estamos falando do Jonas, Isabela.

Os ombros da garota caem.

— Ainda isso? Pensei que já tivéssemos virado essa página.

— Eu nunca vou conseguir virar essa página.

— Estou percebendo.

— Eu nunca vou entender essa amizade que se formou entre vocês.

— Não posso fazer nada com relação a isso — devolve Isabela amargamente. — Não é a primeira vez que a gente conversa sobre isso, amor.

— Eu sei, mas não faz sentido para mim.

Isabela cruza os braços.

— O que não faz sentido para você?

— Que você tenha conseguido esquecer tudo o que o Jonas já te fez.

— Meu Deus, aquilo foi no ensino médio!

— Não faz tanto tempo assim.

— As pessoas mudam, Felipe.

O rapaz aponta para ela com as duas mãos.

— Estou vendo.

Isabela bufa.

— Pelo amor de Deus! O Jonas vem se tornado meu amigo, sim, quer você queira ou não. Não tente me controlar, Felipe.

— Não estou tentando te controlar.

— Não é o que parece. — Ela passa a mão pelo cabelo. — Eu quero ficar sozinha.

— A gente não vai assistir filme?

— Você acha mesmo que tem clima para isso?

Felipe assente e levanta da cama.

— Ok. A gente se vê amanhã. — Ele sai do quarto e Isabela esconde o rosto sob o travesseiro.

No corredor, Felipe cruza com Chay.

— E aí, cara? — cumprimenta o cantor sorridente.

— Oi, Chay — responde o universitário com desânimo.

— Aconteceu alguma coisa?

Felipe dá de ombros.

— Eu e a Isabela nos desentendemos, nada demais.

— Quer conversar?

— Não — responde Felipe dando um leve sorriso.

— Tudo certo, precisando estamos aí — ri Chay. Felipe passa por dele e desce as escadas.

Chay encaminha-se até o escritório de Mel. Assim que entra, vai em direção a uma grande estante de madeira. Seus olhos percorrem o móvel por cima, tentando identificar as folhas de suas anotações, porém tudo o que vê é uma infinidade de livros, cadernos, pastas e caixas organizadoras. O cantor se agacha e passa a olhar o conteúdo das caixas. Tudo o que encontra são documentos antigos da MelPhia e croquis feitos por Mel.

Ele alcança uma das pastas pretas que há na prateleira de cima e ao abrir surpreende-se ao encontrar várias folhas sulfites escritas à mão. Imediatamente, reconhece a letra da ex-esposa. Por instinto, lê o que está escrito nas duas primeiras linhas e estreita os olhos. Algo desperta em sua mente e ele se questiona se é errado estar lendo o conteúdo da pasta.

— Se eu não contar para ninguém, não vai ter problema — sussurra para si. Ele levanta, caminha até uma poltrona com a pasta e começa a ler atentamente os poemas escritos no papel. Seus olhos correm pelo papel com velocidade e seu coração bate igualmente rápido conforme vai absorvendo o que está escrito ali.

Minutos depois, Chay abaixa os papéis e dá um leve sorriso.

— Não estou acreditando nisso.

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