Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 85: Isabela reencontra Jonas no primeiro dia de aula

O Colégio Otávio Mendes é uma das instituição de ensino mais conhecidas e respeitadas do Rio de Janeiro, é o lugar em que os filhos dos mais conceituados empresários, artistas e milionários estudam. Localizado no centro da cidade, ocupa uma enorme quadra. Na frente há um carrinho de pipoca e algodão doce que fatura bastante com os estudantes.

   Ao lado desse carrinho, duas garotas conversam. Uma delas, morena e pequena, come um saquinho de pipoca enquanto conversa com a outra, uma loira alta.

   — Estou te falando — diz a morena. — Você vai amar esse colégio. Todo mundo tem cara de santinho, mas tem cada segredo. Um pior do que o outro. 

A loira sorri e pergunta:

   — E qual é o seu segredo?

Laís, a morena, gargalha e coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha.

   — Eu sou uma das poucas que não esconde nada. 

   — Aham, sei. 

   — Sério, Maísa!

Maísa ri e pega uma pipoca do saquinho que está nas mão de Laís. Um corolla preto estaciona na frente da entrada e Graziele desce acompanhada por Maria Luíza. As duas entram direto no colégio sem falar com alguns adolescentes que conversam do lado de fora. Laís diz para Maísa:

   — Viu aquelas duas que entraram?

   — Vi.

   — Elas eram da minha sala ano passado e vão ser esse ano também. A ruiva é a Graziele, legal, mas reservada. A outra, morena, é a Malu. É completamente maluca e muito divertida. 

Maísa ri.

   — Como eu vou ser da sua sala, elas serão as minhas colegas de turma.

   — Exatamente. 

Um outro carro para em seguida e Thiago desce. Ele coloca sua mochila em um ombro e se dirige até um grupo de garotos que conversam sob uma árvore do outro lado da rua.

   — Aquele ali é o Thiago — informa Laís. — Também vai ser da nossa sala. Ele é daqueles que é amigos de todo mundo, mas não é amigo de ninguém. 

   — Entendi — responde Maísa comendo mais uma pipoca. Instantes depois Jonas desce do carro de seus pais e entra no colégio sem olhar para ninguém.

   — Quem era aquele que acabou de entrar? — pergunta Maísa impressionada com o jeito de Jonas.

   — Pode ir tirando os olhos — diz Laís rapidamente.

   — Por quê? — questiona Maísa desapontada. — Ele tem namorada?

   — O motivo que eu vou te dar para ficar longe dele tem a ver com isso.

Maísa fica confusa.

   — Como assim?

   — Ano passado ele namorava com a Isabela...

   — Isabela Fronckowiak? — interrompe Maísa.

   — É — confirma Laís. — Eles namoravam e tal. Todo mundo falava que ele traía ela, mas ninguém via nada. Um certo dia, no final das aulas, correu a notícia de que eles tinham terminado, que ele tinha terminado com ela. Depois me contaram que ela foi parar no hospital com um corte no braço. Só pode ter alguma ligação.

Maísa absorve as informações dadas por Laís e fala perplexa:

   — Esse garoto é problema.

   — Problema é aquele ali do outro lado da rua — ela diz se referindo a Thiago —, o Jonas é um enorme problema. 

Thiago conversa com os seus amigos enquanto manda uma mensagem para Graziele: "Já chegou?" Instantes depois recebe a resposta: "Estou aqui no pátio principal". Ele olha para os demais enquanto guarda o celular no bolso e diz:

   — A gente se vê na sala, pessoal. 

   — Peraí, Thiago. A gente quer saber uma coisa — pergunta um garoto.

   — Que coisa?

   — É verdade que você e a Graziele estão ficando?

Thiago ri e atravessa a rua correndo. Ele passa por Laís, Maísa e grupos de jovens e entra no colégio. O interior é bem amplo: um grande pátio no meio com uma escada na lateral esquerda que leva ao segundo e terceiro andar onde ficam as salas de aula, laboratórios, auditório e outras acomodações. Na extremidade oposta a entrada fica o caminho que leva ao ginásio poliesportivo, as quadras (de tênis, vôlei de areia e futebol) e as piscinas. Thiago avista Graziele e Malu sentadas em um banco azul e caminha até elas. 

   — E aí?

As duas olham para ele.

   — Oi — responde Graziele.

   — E esse cara de sono, moleque? — zoa Malu.

   — Tá melhor do que a sua — rebate Thiago sentando ao lado de Graziele.

O carro de Arthur para na frente do colégio. Ele se vira para trás para encarar Victor e Marina no banco de trás. Os gêmeos erguem os olhares dos celulares para visualizarem o pai.

   — Chegamos! — fala Arthur. Victor olha para o lado, encarando pela primeira vez a fachada do colégio. Arthur fala novamente, chamando a sua atenção: — Se cuidem, viu? — Ele olha diretamente para Victor. — Espero que você se comporte esse ano. Espero não ser chamado para nenhuma conversa com o diretor por sua causa, entendeu?

Victor revira os olhos de leve.

   — Entendeu? — insiste Arthur.

   — Entendi — responde Victor. 

   — Tenham um bom dia.

Marina e Victor descem do carro. Os dois começam a caminhar para a entrada do colégio e algumas cabeças se viram em sua direção. Laís e Maísa são umas das pessoas que olham para eles.

   — Esses nem eu sei quem são — fala Laís. 

   — Se você não sabe, eu vou saber? 

Victor e Marina entram no colégio e começam a observar as coisas ao redor. 

   — Saudades Estados Unidos — comenta Marina. 

   — Será que ninguém chegou ainda? — pergunta Victor ignorando o comentário dela.

   — Você não está vendo as pessoas ao seu redor? — Marina finge não ter entendido o que ele quis dizer.

   — Eu tô falando... — ele começa, mas percebe o sorriso dela e diz: — Vai se ferrar!

   — Como a gente faz pra saber que sala a gente caiu?

   — Eu não caí em lugar nenhum — fala Victor rindo. Marina lança um olhar cortante pra ele.

   — Como você é engraçado — ironiza.

   — Aprendi com você — rebate Victor rindo. Ele olha mais a frente e vê Graziele, Malu e Thiago conversando. — Olha quem está ali!

Marina olha na direção do olhar do irmão.

   — Vamos até eles.

Os dois caminham até o trio.

   — Oi, gente — fala Victor.

   — Oi — cumprimenta Marina. 

   — E aí, povo? — diz Thiago.

Graziele sorri e Malu pergunta:

   — O que acharam do nosso colégio? 

   — Até agora nada — responde Victor com sinceridade.

   — A gente quer saber onde fica a nossa sala — conta Marina. Graziele levanta, perguntando:

   — Querem que eu mostre pra vocês onde fica? Eu quero mesmo pegar o meu fone que tá na minha mochila. 

   — Queremos. 

   — Vamos lá.

Graziele caminha em direção a uma das escadas seguida por Marina e Victor. Eles sobem os lances de degraus e chegam ao segundo andar. Há um longo corredor com as seis salas de aula e no final um pátio com a lanchonete e a escada que leva ao terceiro andar. Eles caminham até a quinta sala e entram.

   — É aqui que a gente vai estudar. 

   — Eu reparei que não tem muitas crianças aqui, né? — comenta Marina.

   — Nem vai ter — responde Graziele. — É só pra ensino médio.

   — Nossa, os nossos pais não falaram nada.

   — Ainda bem — comemora Victor. — Criança correndo e gritando na hora do intervalo não dá. 

Ele caminha até o fundo da sala e coloca sua mochila sobre uma carteira. 

   — Eles podiam abaixar a temperatura do ar — comenta Marina.

   — Depois de um tempo essa sala fica mais gelada que o polo Norte — comenta a ruiva abrindo a sua mochila. Victor deixa seu material na sala e sai. Marina e Graziele ficam conversando sobre o colégio e nem notam sua ausência. O loiro caminha pelo resto corredor do segundo andar, observando a estrutura do prédio e os estudantes. Uma garota em específico chama a sua atenção. "De onde eu conheço ela?" ele pensa. A garota de cabelos pretos olha na direção dele e dá um leve sorriso. Victor continua andando e sobe as escadas para o terceiro andar.

Yasmin e Felipe descem do carro de Micael. Ele está usando um óculos de sol escuro e Yasmin um boné preto que tampa os seus olhos. 

   — Ânimo, irmãzinha — diz Felipe sorrindo.

   — Já quero voltar para a minha cama.

Felipe passa um braço em torno dos ombros de Yasmin.

   — Não te anima nem ver o seu boyfriend? 

   — Não — responde Yasmin com mau-humor.

   — Ah tá, porque eu acho que ele não veio. 

   — Como assim? — Yasmin pergunta surpresa. Chega até a erguer um pouco o boné para enxergar mais a frente.

   — Olha para a sua direita — diz Felipe. — A Marina está ali conversando com o pessoal, mas o Victor não.

   — Isso não prova que ele não veio — ela diz abaixando a aba do boné novamente.

   — É verdade — concorda Felipe segurando um riso. — Talvez ele tenha feito amizade com alguma garota por aí.

Yasmin revira os olhos, mas ninguém vê o movimento por causa do boné.

   — Vamos lá conversar com eles. 

   — Primeiro vou deixar a minha mochila na sala. 

   — Leva a minha? — pergunta Felipe soltando ela.

   — Você não tem mão? — Yasmin dá um leve sorriso e vai em direção a escada. O seu campo de visão se estende apenas aos degraus devido ao boné. Ela começa a subir e depois de uns quatro degraus esbarra em alguém e sua mochila cai no chão com um baque surdo, assim como a  mochila da outra pessoa.

   — Merda! — ela reclama se agachando na escada. 

   — Desculpa — pede uma voz masculina gaguejando. Yasmin tira o boné com rapidez e encara o garoto a sua frente. Eles se olham e ela percebe a surpresa no rosto dele. — Você é...? — ele pergunta baixinho.

   — Yasmin Abrahão Borges — diz a loira pegando a mochila e levantando em seguida. O garoto pega a sua mochila também e levanta.

   — Desculpa — pede novamente desviando o olhar dos olhos duros dela. 

   — Presta a atenção por onde anda da próxima vez. — Yasmin joga o cabelo para um lado e volta a colocar o boné preto. Ela sobe rapidamente os degraus restantes e entra no longo corredor do segundo andar. 

   — Qual será a minha sala? — diz se aproximando da primeira. As duas salas são do 1º ano, a terceira e a quarta são do 2º e as últimas pertencem ao 3º ano. Yasmin olha a lista que está pregada na porta da quinta sala e vê o seu nome. Entra e percebe que tem uma mochila no seu lugar favorito.

   — Quem foi o idiota que colocou a mochila no meu lugar? — pergunta para si mesma. Ela caminha até o fundo e olha para a última carteira da primeira fileira. — Esse ano você não será minha. — Em seguida larga sua mochila na carteira da frente e sai da sala. Está caminhando tranquilamente quando sente um braço rodear sua cintura.

   — Está se escondendo de quem usando esse boné? — pergunta Victor tirando o acessório da cabeça dela.

   — Do mundo — responde Yasmin arrumando o cabelo. Victor coloca o boné em sua cabeça com a aba virada para trás.

   — Fica muito melhor em mim.

   — É seu.

   — Obrigada pelo presente — agradece Victor sorrindo enquanto guia Yasmin até a escada que leva ao térreo. 

   — Não, realmente é seu. Eu peguei de você na fazenda — ela explica.

   — Olha que esperta! Eu nem senti falta.

   — Você tem vários.

Eles descem as escadas e se aproximam do grupo em que estão Marina, Felipe, Graziele, Malu e Thiago. 

   — Oi, gente — cumprimenta Yasmin. Todos respondem e ela se senta ao lado de Malu. Victor permanece em pé na frente deles ao lado de Felipe. 

   — Pensei que você tivesse faltado — comenta Felipe com Victor.

   — E perder o primeiro dia? Jamais! — fala Victor rindo. — Não poderia perder a arrumação das garotas para o primeiro dia. 

   — Não deixa a Yasmin ouvir isso. 

Eles riem.

Do lado de fora, Chay se despede de Isabela e Vinícius. 

   — Façam bastantes amiguinhos, ok? — ele brinca. 

   — Pode deixar, papai — Vinícius entra na brincadeira dele. Isabela abre a porta do carro, dizendo:

   — Dois palhaços!

   — Cala a boca, palhacinha — diz Vinícius saindo atrás dela. Os dois entram no colégio ao lado de Laís e Maísa.

   — Essa é a Isabela, né? — pergunta Maísa baixinho.

   — Essa mesma — confirma Laís.

   — Ela é bonita pessoalmente. Eu só tinha a visto em fotos.

Laís sorri.

   — Eu estou tão acostumada a conviver com ela, com a Yasmin, que as vezes até esqueço que elas são meio famosas.

   — Olha o Vinícius! Que fofo.

   — Fala baixo, Maísa! E pode ir se acostumando, porque eles vão ser da nossa sala. Esse ano os filhos da Lua e do Arthur também vão estudar com a gente. Eu reconheci o sobrenome na lista que está na porta.

   — Eu nunca vi os dois.

   — Nem eu — concorda Laís. Elas entram e vão para o segundo andar. Isabela e Vinícius caminham até os amigos.

   — Bom dia, amores — cumprimenta Isabela sorridente.

   — Bom dia — todos respondem em um uníssono. Felipe passa um braço em torno do ombro de Isabela e beija a sua bochecha.

   — Faz tempo que vocês chegaram? — pergunta Vinícius olhando para Marina.

   — Um tempinho — ela responde. Isabela olha para os lados, procurando um rosto em específico, mas não encontra nada. Ela pergunta no ouvido de Felipe:

   — Você já viu o Jonas?

   — Não e nem quero — ele responde seriamente. Isabela dá um beijo em seu ombro e diz:

   — Eu só quero acertar as contas.

Felipe não diz nada e continua olhando para os demais. O sinal toca e eles se olham.

   — Por que, senhor? Por quê? — reclama Yasmin abaixando a cabeça. Graziele, Thiago e Malu levantam do banco.

   — Você não falou que a Mayara ia começar a estudar aqui? — pergunta a ruiva no ouvido da amiga.

   — Eu também não estou entendendo a ausência dela — diz Malu confusa. Thiago pega no pulso de Graziele.

   — Vamos?

   — Vamos — ela responde passando o braço pela cintura dele. Os dois caminham abraçados para a escada. Marina vai até Vinícius e dá um beijo nele.

   — Agora sim o dia começou bem — ele diz dando selinhos nela. Marina ri e pega na mão dele. Victor segura nos braços de Yasmin e puxa ela do banco.

   — Vem, garota!

   — Não! — choraminga Yasmin. Ela abraça Victor e dá um beijo no pescoço dele. — Você tá com um cheiro bom.

   — Eu tenho um cheiro bom.

Eles riem e se beijam.  

   — Vamos logo! — ela diz puxando ele em direção as escadas. O grupo vai para o segundo andar junto com os demais alunos. 

O professor entra na sala do 3º ano A e os alunos caminham em direção aos seus lugares. Victor senta na carteira atrás de Yasmin e ela se vira de boca aberta.

   — Então é você!

   — O homem da sua vida? Sim, sou eu. — Ele ri.

   — Você pegou o meu lugar.

   — Quando eu cheguei não tinha nenhuma mochila aqui e você nem tinha chegado.

   — Mas eu sempre sentei nessa carteira.

   — É bom mudar.

   — Ah, amor, troca comigo! — ela pede.

   — Agora eu sou amor, né?

Yasmin ri.

   — Por favor, Victor! 

   — Na próxima aula.

   — Eu quero agora.

   — Larga de ser mimada.

   — Victor — ela choraminga. Victor solta um suspiro e levanta pegando a sua mochila.

   — Vai, antes que eu me arrependa.

Yasmin sorri, pega a sua mochila e levanta. Eles trocam de lugar e ela diz para ele:

   — É por isso que eu te amo. 

O professor pigarreia, chamando a atenção da turma, e diz:

   — Bom dia, pessoal! Eu sou o professor Marcelo, vou dar aula pra de vocês de...

A porta se abre e ele se interrompe. Todos olham para a aluna que entrou e os olhos de Maria Luíza se iluminam.

   — Desculpa — pede Mayara fechando a porta. 

   — Tudo bem, no primeiro dia passa — ele sorri para ela. — Pode se sentar.

Mayara caminha por uma fileira até uma carteira vazia no meio ao lado da de Thiago e na frente de um garoto pequeno. Ao observar Mayara, Yasmin reconhece o garoto que está sentado na carteira de trás dela.

   — O atrapalhadinho da escada — sussurra para si. Malu olha para Mayara que pisca para ela.

O professor volta a falar:

   — Como eu ia dizendo, sou o Marcelo professor de...

A porta abre mais uma vez e um aluno entra.

   — Foi mal. Me perdi no caminho. 

Isabela, que estava colocando o celular no silencioso, ergue a cabeça ao ouvir a voz dele e se recorda das vezes que essa mesma voz disse declarações em seus ouvidos e da vez que essa voz tirou o ar de seus pulmões ao terminar um relacionamento com ela.

   — Como se você não conhecesse o colégio, né Jonas? — fala o professor. Jonas ri e lança um olhar para a sala. Isabela nota que os olhos dele se estreitam ao passar por ela. Felipe cerra os dentes na carteira ao lado de Isabela e lança um olhar cortante na direção de Jonas. O garoto passa por algumas carteiras e se senta em uma carteira na fileira da parede.

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