Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Penúltimo Capítulo: Chay e Mel se reencontram

No final da tarde de sábado, Marina e Victor retornam ao hotel em que estão hospedados em Boston.

— E aí, como foi? — pergunta Lua sentada em uma mesinha perto da sacada.

— Incrível, mãe! — Marina exclama com empolgação. — Sério, foi muito legal.

— E o que você achou? — a produtora musical olha para o filho.

— Foi muito divertido — responde Victor. — Caiu a ficha de que nós fomos aceitos no MIT e vamos estudar lá, sabe? Andar pelo campus, conversar com as pessoas, conhecer o funcionamento da instituição foi muito gostoso, mãe.

— Ai, que bom que vocês gostaram.

— Mal vejo a hora do semestre começar — diz Marina se jogando na cama. — Estou tão animada!

No Rio de Janeiro, Isabela faz uma pesquisa para uma disciplina de seu curso sentada no sofá da sala principal de sua casa. A campainha toca e Vera vai atender.

— Oi, meus amores! — sorri Caio, o personal stylist de Mel ao chegar na sala.

— Oi, Caio — responde Isabela surpresa com sua chegada.

Eles ouvem um ruído da escada e Mel surge.

— Olá! — Ela desce os degraus rapidamente e abraça Caio.

— Tem algum evento pela frente? — questiona Isabela com curiosidade.

— Pela frentíssima — ri Caio e Mel explica:

— Hoje a noite vai ter a festa de aniversário da Magda.

— Quem é Magda? — a garota franze a testa, pois não se recorda de ninguém com esse nome.

— Ela é produtora de eventos, uma amiga da época de Rebeldes.

— Ah sim!

— E essa aqui resolveu de última hora que quer ir à festa — fala Caio —, aí sobra para mim a missão de montar um look para ela.

— O que seria de mim sem você? — ri Mel abraçando o amigo e personal. — Quer vir comigo, filha?

— Para festa?

— Sim.

— Ai, não, não estou no clima.

— Tem certeza?

— Sim — responde a garota.

— Ok. — Mel pega na mão de Caio e começa a subir as escadas. — Vamos lá dar um jeito no meu visual. — Os dois riem.

Ao som de funk Yasmin arruma uma mala para passar o final de semana em Santos com seus amigos. Quando termina, sai de seu quarto e bate na porta do quarto de Iago.

— Oi — sorri após ele autorizar sua entrada. — Vim te ajudar a organizar suas coisas para o final de semana.

Iago sorri.

— Eu já falei que não vou, Yasmin.

— Vai, sim! — ela fala indo até a cama dele. — Vai ser divertido, Iago.

— Mas eu nem convivo com os seus amigos. O que eu vou fazer lá?

— Eu não vou deixar você passar a Páscoa sozinho.

— Tudo bem, Yasmin.

— Tudo bem não, a gente comprou ovos para comer juntos e tudo mais, mas surgiu essa viagem de última hora e eu não vou deixar você sozinho.

— Mas eu não quero ir — ri Iago.

— Vamos, por favor — pede Yasmin se jogando ao lado dele. — Vai só eu, a Camis e o João. O apartamento dela fica perto da praia. Vai ser uma delícia.

— Você não vai me deixar em paz, né?

— Não — ri a loirinha e aperta o braço dele. — Vamos, por favorzinho.

— A gente volta quando mesmo?

— Amanhã de noite, nós não vamos perder aula, Iago. — Ela levanta e abre o guarda-roupa dele. — O que você quer levar?

— Eu não gosto que mexam nas minhas coisas, Yas.

— Só vou parar se você mesmo vier arrumar sua mala — responde a loirinha. Ela pega uma camisa com a estampa do Batman. — Gostei dessa, você vai levar.

Iago pula da cama e segura no braço dela.

— Ok, você venceu. Eu vou com vocês.

— Uhu! — vibra Yasmin rindo. — Você tem uma hora para arrumar tudo. A Camila vai passar aqui com o João para buscar a gente. — Ela manda um beijo para Iago e sai do quarto.

Iago alcança algumas peças de roupa no armário e resmunga:

— Até eu me formar ela já vai ter me deixado louco.

Horas depois Mel desce as escadas de sua mansão usando um vestido preto longo com decote profundo, segurando uma bolsa clutch de mesma cor.

— Uau! — exclama Isabela que continua na sala de estar.

— Gostou? — indaga a empresária dando uma voltinha.

— Demais! A senhora está linda.

— Obrigada. — Mel sorri. — Tem certeza de que não quer me fazer companhia?

— Tenho, mãe, ainda nem terminei a minha pesquisa — ela aponta para o notebook em seu colo.

— Ok. Boa sorte aí!

— Obrigada. Boa festa para a senhora.

— Assim espero. É minha primeira aparição pública desde que fiquei solteira — observa Mel.

— Ah, uma hora isso iria acontecer, né?

— Sim. Enfim — Mel respira fundo —, vou indo. Até mais tarde, meu amor. Beijos!

— Beijos, mãe! — Depois que Mel sai para o aniversário de sua velha amiga, Isabela permanece sentada no sofá por mais trinta minutos. — Ai, não aguento mais! — exclama largando o notebook ao seu lado no sofá. Ela passa a mão no cabelo e o prende em um coque com o elástico que estava em seu pulso. Em seguida levanta, vai até a cozinha, onde bebe um copo de água e pega uma maçã. Quando retorna para a sala, pega seu celular e liga para Chay.

— Oi, pai! Tudo bem?

— Oi, Isa. Tudo ótimo e você?

— Mais ou menos.

— O que foi?

— Estou fritando o meu cérebro fazendo uma pesquisa para um trabalho da faculdade.

Chay ri.

— A faculdade começou mesmo, hein?

— Começou. Só que eu decidi dar uma pausa agora para jantar, queria saber se o senhor me acompanha.

— No jantar?

— É, pai — sorri Isabela.

— Não vai dar, meu amor, estou a caminho de um aniversário.

Isabela franze levemente a testa.

— Aniversário? — repete.

— Sim, de uma amiga de longa data. A gente pode deixar esse jantar para outro dia?

— Claro. Eu conheço essa amiga?

— Não sei, o nome dela é Magda.

— Ah — solta Isabela. — Não, não conheço — completa. — Fica para uma próxima o nosso jantar então. Boa festa!

— Obrigado, filha.

— Beijos, tchau.

— Beijos, te amo. Tchau!

Isabela encerra a ligação e olha para Nina, sua cadelinha que está deitada no sofá.

— Aniversário da Magda, hein — ela balança a cabeça rindo. Segundos depois coloca o celular no ouvido mais uma vez. — Vem jantar comigo, não aceito “não” como resposta.

Minutos depois a campainha toca e Isabela pula do sofá, correndo para atender.

— Que bom que você veio — diz jogando os braços ao redor dos ombros largos de Felipe.

— Depois de um pedido sutil daqueles — ri o rapaz antes de beijar os lábios dela. — Sua boca está doce — comenta lambendo o lábio inferior dela, que ri.

— Estava comendo maçã agora há pouco. — Ela passa a mão no cabelo e informa: — Estou sozinha em casa.

Felipe abre um sorriso malicioso.

— Se você tivesse falado isso na ligação tinha chegado na metade do tempo.

Isabela gargalha e puxa o namorado para dentro da mansão.

— Interesseiro.

Uma música eletrônica ecoa do carro de Camila, que está parado em frente ao prédio de Yasmin. O portão do prédio é aberto e a loirinha e Iago saem com pequenas malas.

— Hey, losers! — exclama a morena apertando a buzina.

— Para com isso — ri Yasmin batendo na lataria do veículo enquanto Iago espera o porta-malas abrir completamente para colocar sua bagagem. Após guardarem seus pertences, os dois entram no banco de trás. — Preparados para o melhor final de semana da vida de vocês?

— Menos, né Camila — ri João no banco do passageiro.

— Você fala isso porque nunca foi para Santos ao meu lado, bebê — ri a garota.

— Ah, pronto — diz Yasmin.

Camila confere se a rua está vazia e sai com o carro.

— Fiquei feliz que você se juntou a gente, Iago — fala olhando para o garoto pelo retrovisor.

— A Yasmin me convenceu — ele conta com sinceridade.

— Não ia deixar ele passar a Páscoa sozinho, né?

— Sensatíssima — ri João. — Pena que a gente vai hoje e já volta amanhã.

— Não subestime vinte e quatro horas, João — fala Yasmin.

— Ui, senti confiança! — exclama o rapaz e eles riem.

Na comemoração do aniversário da produtora de eventos Magda, Mel conversa com Sophia enquanto toma um drink. Ela abre um sorriso que mistura alegria e espanto ao ver um rosto conhecido entre um grupo de convidados próximos.

— É claro que você estaria aqui — fala olhando por cima do ombro de Sophia. A loira vira e se depara com Chay.

— Só assim para a gente se encontrar, hein? — comenta o cantor parando ao lado das amigas. — Aliás, vocês estão lindas.

— Obrigada — responde Sophia. — Você também está muito bem apessoado.

— Bem apessoado — ri Chay. — Cadê seu digníssimo esposo?

— Está em casa, não estava se sentindo bem.

— Ele está doente?

Sophia dá de ombros.

— Não, é só a idade mesmo. — Eles riem. — Vou pegar mais suco, vocês querem alguma bebida?

— Meu copo ainda está cheio — diz Mel e Chay concorda.

— O meu também.

— Já volto. — Sophia afasta-se, deixando Chay e Mel sozinhos.

— E aí, como foi passar um tempo com o Vinícius em Paris? — questiona a estilista.

— Incrível. Voltei com as energias renovadas.

— Estou com tantas saudades do meu benzinho.

— Ele também está com muita saudades de você.

— Nem fala isso — pede Mel. — Todo dia quando eu ligo para ele meu coração fica apertado. Vai levar um bom tempo até eu me acostumar com essa ideia dele morar em outro continente.

— Daqui a alguns meses ele está aqui de férias — lembra Chay.

— Mal vejo a hora.

Chay beberica seu drink sem desviar o olhar de Mel.

— E como anda a vida?

— Tranquila — ela responde com simplicidade.

— Fiquei sabendo que você está solteira — comenta o cantor com os olhos sorridentes.

Mel ri e toma um gole de seu drink.

— Isabela já está bem jornalista, compartilhando as notícias por aí.

— Não foi a Isabela quem me contou.

— Então quem foi?

— Nosso outro filho. — Os dois riem.

— E quem será que contou para ele? Quando eu comentei sobre esse assunto ele já estava sabendo.

— Os ventos devem ter levado até a França — ri Chay.

— Deve ter sido — sorri Mel. — É verdade, eu e o Reinaldo não estamos mais namorando.

— Como você está se sentindo?

— Bem. Não foi uma decisão repentina.

— Bem vinda ao time dos solteiros mais uma vez — fala Chay batendo com seu copo no de Mel.

— Obrigada — ela responde sorrindo.

Duas horas depois de ter deixado o condomínio que Yasmin e Iago moram, Camila estaciona na garagem do prédio em que fica a cobertura de sua família em Santos. Ela, João, Yasmin e Iago descem e pegam suas malas no bagageiro.

— Faz um bom tempo que eu não venho aqui — diz a garota entrando no elevador com os amigos. Eles vão diretamente para o último andar, uma suntuosa cobertura.

— Já quero usufruir dessa piscina! — exclama João correndo até uma porta de vidro que separa a sala de estar da área externa da cobertura, onde tem uma piscina.

— Amanhã a gente almoça lá fora — Camila promete.

— Por que não jantamos lá?

— Porque vamos para a baladinha — é Yasmin quem responde.

— Balada? — repete Iago surpreso.

— Balada — confirma Yasmin sorrindo para ele.

— A gente acabou de chegar.

— Mas se não formos hoje, não vamos mais — comenta Camila. — Eu pedi para a moça que cuida da cobertura comprar comida para gente — conta a jovem se aproximando de João —, vamos ver se ela lembrou. — Os dois desaparecem no corredor e Yasmin olha para Iago, que fala:

— Eu não quero ir para balada, Yas.

— Por que não? — ela pergunta com a voz suave.

— Porque eu não gosto de balada.

— Mas você nem sabe o tipo de balada que a gente vai.

— É que eu não gosto de nenhuma — ele sorri.

— Vamos, Iago. Você vai querer ficar aqui sozinho?

O garoto olha ao redor, analisando a cobertura. Eles ouvem risadas de Camila e João ao fundo, mas tirando isso o imóvel está completamente silencioso e escuro.

— Acho que eu vou com vocês — responde Iago baixinho e Yasmin o abraça.

— Assim que se fala!

— Mas nós somos menores de idade, o lugar que a gente vai autoriza a nossa entrada?

Yasmin abre um sorriso travesso e segura no pulso dele, arrastando-o pelo corredor.

— Camila! João! — chama olhando ao redor. — Onde vocês estão?

— Aqui — eles ouvem a voz de Camila vindo de um corredor a direita. Depois de caminharem mais um pouco chegam à cozinha da cobertura, que é tão grande quanto a sala de estar.

— Você trouxe aquelas coisas, né? — Yasmin pergunta para João, que está sentado em um balcão.

— Que coisas?

— Aquelas — Yasmin enfatiza arqueando as sobrancelhas.

— Ah sim! — O rapaz ri. — Claro que trouxe, né? Você acha que eu sou amador?

— Que coisas? — Iago indaga olhando para os dois.

Camila aproxima-se dele com duas garrafas de cerveja nas mãos.

— Identidade falsa — responde e estica um dos braços em sua direção. — Quer?

— Não, obrigado — ele nega e olha para Yasmin. — Identidade falsa?

— Não tomo cerveja, amiga — Yasmin também recusa a oferta de Camila. — Como você acha que a gente vai entrar na casa noturna? — indaga para Iago.

— Ai, gente, e se descobrirem que é falsa?

João gargalha.

— Isso não vai acontecer. Minhas falsificações são muito boas.

Yasmin vê que Iago continua receoso e pede:

— Relaxa, vai dar tudo certo. Vamos nos aprontar, gente?

— Vamos! — responde Camila entornando sua cerveja. — Vou levar vocês para seus quartos.

— Tem quarto para todos nós? — pergunta João seguindo a amiga pela infinidade de corredores.

— Tem. Eu vou ficar no quarto dos meus pais, a Yasmin vai ficar no meu e tem um quarto de hóspedes para cada um de vocês — fala gesticulando para os rapazes. — Todos suítes, é claro — ri chegando na sala. Eles pegam suas malas e seguem a dona do apartamento até os quartos no andar de cima.

No hall do hotel em que estão hospedados, Marina conversa com Brian por meio de uma chamada de vídeo.

— Estou cansada de tanto que andei — fala sorrindo —, mas estou muito feliz também.

— Que bom ter você de volta ao nosso país — comemora o americano.

— Oficialmente não estou de volta ainda — corrige Marina. — Daqui a alguns meses você vai poder falar isso.

— Vou ficar esperando esse momento — ele ri.

— Agora eu quero saber de você — fala Marina aprumando-se no sofá. — Já preparou as coisas para a mudança?

— Ainda não, estou pensando somente no prom mesmo.

— Ai, queria muito ir no baile de formatura de vocês!

— Por que você não vem?

— Não sei se os meus pais deixariam, mas eu posso tentar.

— Faz um esforço para vir, por favor. Quero você como minha companheira, imagina?

— Nossa, você vai deixar de convidar uma menina do colégio para me convidar?

— Claro, a líder de torcida mais linda que o colégio já teve. Sem contar que o colégio todo vai surtar quando a gente chegar juntos no prom.

— Era o que iria acontecer se eu não tivesse me mudado de país — analisa Marina.

— É verdade. Falando sério, você vai vir?

— Vou tentar, vou falar com os meus pais.

— Ok, não vou convidar ninguém então.

A morena ri.

— Brian, e se eu não conseguir ir?

— Aí eu convido alguém. Meninas querendo ir comigo não faltam.

— Nossa senhora, que autoconfiança! — exclama a garota entre risos.

— Mas é verdade — ri Brian. — Ainda mais depois que souberam que eu vou atuar no mesmo time que o Tom Brady atuou na faculdade.

— Me conta melhor sobre isso! — pede Marina entusiasmada. — Michigan fica tão longe daqui.

— É, são umas treze horas de carro. É longinho daqui de New York também. Mas tem um ótimo programa para atletas!

— Eu tenho certeza que logo menos você vai ser o quarterback de lá também.

— É tudo o que eu mais quero, venho construindo uma bagagem legal para isso. Quero um dia jogar na NFL.

— Eu tenho certeza que você vai conseguir isso. E eu com certeza vou estar lá para te aplaudir. Sabe o que eu pensei agora, se a gente tivesse junto poderíamos ser o Tom Brady e a Gisele Bündchen da nossa geração.

— Meu Deus, que viagem — ri Brian.

— É verdade, um quarterback de sucesso casado com uma brasileira. Acho que vou terminar com o Vinícius para a gente colocar essa ideia em prática.

— Mas quem falou que eu quero voltar com você? — pergunta Brian entre risos.

— Ai, ridículo, cancela o prom então!

— Cancelado. — Os dois riem e continuam se provocando entre a conversa.

Graças à identidade falsa feita por João, Yasmin e Iago conseguem entrar na casa noturna com ele e Camila. Os quatro dançam juntos em um camarote e bebem drinks. Em determinado momento, uma dupla sertaneja sobe no palco. João passa um braço ao redor da cintura de Camila e eles começam a dançar juntos. Yasmin observa os dois, sorri e procura por Iago. O garoto está sentado em um pufe, tomando caipirinha.

— Dança comigo? — pede parando na frente dele.

— Quê? — Iago olha para ela.

— Dança comigo?

— Eu não sei dançar, Yasmin.

— Eu te ensino.

— Não, Yas, aí já é demais para mim. Não vou dançar não.

— Posso dançar com você? — Os dois se espantam e olham para o lado. Um rapaz moreno sorri para Yasmin.

— Oi?

— Estava te vendo de longe, queria saber se você não quer dançar comigo.

Yasmin analisa ele por alguns segundos e assente.

— Tá bom. — A loirinha pega na mão dele e eles se juntam aos outros casais que dançam no camarote.

— Qual é o seu nome? — pergunta o moreno.

— Yasmin e o seu?

— Júlio. Você não é paulista, né?

— Não, sou carioca.

Júlio sorri.

— Percebi pelo seu sotaque. Você está morando aqui ou está de passagem?

— Estou morando aqui, vim pra estudar.

— Ah que legal! O que você estuda?

— Moda.

Júlio desce o olhar pelo corpo dela.

— Está fazendo a lição de casa certinho.

Eles sorriem e Yasmin afasta levemente o rosto quando Júlio aproxima-se.

— Você é daqui mesmo?

— Sou — ele responde. — Como eu falei, estava te observando. Você é muito linda.

— Obrigada. — A loirinha desvia mais uma vez da investida de Júlio de beijá-la. — Eu tenho namorado — conta.

— Aquele garotinho ali? — Júlio aponta com o queixo para a direção em que Iago está. Yasmin não gosta do tom de voz que ele usa ao se referir ao seu colega de apartamento e franze a testa.

— Não, não é ele — responde em um tom de voz mais ríspido.

— E cadê o seu namorado?

— Ele está no Rio de Janeiro — diz já sem nenhuma vontade de continuar dançando ou conversando com Júlio. O rapaz olha com desconfiança para ela e sorri ao questionar:

— Será que esse namorado existe mesmo?

Yasmin estreita os olhos.

— Como é que é?

— Ele não precisa ficar sabendo — fala Júlio antes de tentar beijá-la pela terceira vez. Yasmin segura em seus braços com firmeza e dá um passo para trás, fazendo com que as mãos dele deixem sua cintura. Ela olha com intensidade para ele e diz pausadamente:

— Eu não quero. Independentemente do fato de eu ter namorado ou não, eu não quero ficar com você. Para de ser inconveniente, desse jeito você não vai conseguir pegar ninguém. Ridículo. — Ela dá meia volta e se aproxima de Iago novamente.

— Está tudo bem? — pergunta o garoto que não estava prestando atenção nela.

— Nossa, como tem cara babaca nesse mundo — resmunga Yasmin. — Me dá isso aqui — ela toma o copo da mão dele e entorna o resto de caipirinha que tinha ali.

— E aí, seus gostosos! — exclama Camila minutos depois abraçando Yasmin por trás. — Cansaram?

— Estou recuperando minhas energias — responde Yasmin e Iago concorda com a cabeça. — Cadê o João?

— Foi lá para pista tentar conversar com uma menina que ele viu daqui de cima — conta Camila no momento em que um DJ torna-se a atração principal.

— Uma menina? — estranha Yasmin. — Pensei que o João fosse gay.

— Você também!? Pensei que fosse só eu — ri Camila parando ao lado da amiga. — Pois é, pelo visto ele curte meninas. Agora se é só meninas já não sei — acrescenta gargalhando.

— Enfim, já que o João desceu e o Iago não quer dançar, vamos curtir nós duas?

— Mas é claro! — sorri Camila. As duas garotas começam a dançar o funk que toca na casa noturna e Iago fica apenas observando.

Mel está parada em frente à casa de eventos em que ocorreu a festa de aniversário de sua amiga. Há uma intensa movimentação de veículos dos convidados que vão embora. Ela está distraída olhando para um casal que se despede de Magda e não nota quando um carro preto para em sua frente.

— Quer carona, gatinha?

Mel se sobressalta e olha para o automóvel. Ela se inclina levemente para enxergar o motorista pela janela do passageiro e sorri levemente.

— Minha mãe me ensinou a não pegar carona com desconhecidos.

— Se você quiser eu posso me tornar um conhecido rapidinho — responde Chay controlando uma gargalhada.

— Fica para uma próxima.

O cantor se estica e abre a porta do passageiro para ela.

— Falando sério, entra aí, eu te deixo em casa.

Mel olha para os lados e responde:

— Obrigada, mas eu vou voltar com a Sophia. Ela foi buscar o carro.

— Tem certeza?

— Tenho, não tem necessidade de você desviar do seu caminho, eu e ela estamos indo para o mesmo lugar.

— Está certo. Foi bom te reencontrar, Mel.

A empresária sorri.

— Foi bom te reencontrar também, Chay. Até mais! — Ela bate a porta do carro dele.

— Até mais! — Chay continua fitando ela por mais um segundo antes de acelerar o carro. Mel observa o carro se afastar imóvel.

Isabela e Felipe conversam deitados na cama dela. As luzes do cômodo estão apagadas e Nina dorme tranquilamente em sua caminha ao lado da porta.

— Como será que foi o encontro dos meus pais? — ela se pergunta com a cabeça apoiada no peito dele.

— Você acha que as coisas mudaram agora que a sua mãe está solteira de novo? — indaga Felipe enquanto acaricia levemente as costas dela.

— Não sei, eu acho que não, mas queria ter estado lá para ter certeza.

— Lá vai você torcer para os seus pais se reconciliarem — ri o jovem.

— Sabe que não? — responde Isabela. — Eu aceitei faz tempo o divórcio deles, estava até me acostumando com o Reinaldo na família. Foi uma surpresa para mim o término deles. Se bem que eles passavam mais dias longe do que juntos.

— Está sentindo falta do seu padrasto? — Felipe provoca e Isabela ri.

— Não é para tanto, mas o Reinaldo é um cara muito legal. Uma pena ele e a minha mãe não terem dado certo.

— Uau! Quem te viu, quem te vê, hein Isabela?

— O nome disse é maturidade — responde a garota sorrindo. — Enfim, vamos dormir, porque eu estou com sono — fala aconchegando-se ainda mais no corpo do namorado, que beija seu cabelo e deseja:

— Boa noite.

— Boa noite. Te amo!

— Também te amo.

— Felipe — chama Isabela. — Felipe, acorda. — Ela está parada ao lado da cama, cutucando o namorado. Três meses se passaram e o mês de julho começa quente e abafado no Rio de Janeiro.

— Que horas são? — pergunta Felipe sonolento.

— Hora de acordar — responde Isabela abrindo as cortinas. — Nós temos que ir para o aeroporto.

— Não posso dormir mais nem quinze minutinhos?

— Não pode. — Ela puxa as cobertas de cima dele e segura em seu braço musculoso, puxando-o para fora da cama. — Vem, levanta.

Felipe ri e fica em pé.

— Tão pequena, mas tão mandona.

Nos minutos seguintes, Yasmin também desperta, porém permanece deitada. Ela corre os olhos ao redor, reparando em cada detalhe do cômodo como se não acreditasse onde está. Uma movimentação ao seu lado faz com que ela desperce de seus pensamentos.

— Bom dia. — A voz de Victor sai rouca e abafada pelas cobertas.

— Bom dia — sorri Yasmin. Ela dá um selinho demorado nele e passa a mão por seu abdômen nu. — É tão bom acordar do seu lado.

— Concordo — ele responde trazendo o corpo dela para perto do seu. — Por mim você não voltava mais para São Paulo.

— Até parece — ri a loirinha. — Mas calma, eu tenho quase um mês de férias ainda, temos muito tempo pela frente para aproveitar.

— Assim como aproveitamos essa noite toda? — ele pergunta mordiscando o queixo dela.

— Exatamente — sorri Yasmin. Eles se beijam e ela pula da cama. — Agora vamos nos apressar que hoje o dia promete. Estou indo tomar banho — fala caminhando em direção ao banheiro — se você quiser vir comigo para a gente economizar tempo.

Victor sorri com o olhar pervertido dela.

Minutos depois, o casal desce as escadas e se juntam a Lua, Arthur e Marina na sala de jantar.

— Todo mundo tomando café da manhã junto no domingo — comenta o cantor. — Que milagre!

— É para comemorar mesmo — diz Lua.

— O que a minha presença não faz, não é mesmo? — brinca Yasmin e todos riem.

— O que a chegada de uma pessoa importante não faz? — corrige Marina enquanto passa geleia em uma torrada.

— Como você está se sentindo? — pergunta Victor e sua irmã abre um sorriso radiante.

— Incrivelmente feliz. E ansiosa, é claro.

— Ansiosa? — surpreende-se Lua.

— Sim, afinal de contas já faz mais de três meses que eu não vejo o meu namorado pessoalmente.

— Falta pouco bem pouco para essa saudade acabar — responde Arthur e Marina vibra.

— Mal vejo a hora de abraçar o Vinícius de novo.

Depois de tomar banho para despertar, Thiago deita em sua cama novamente e liga para Graziele.

— Quem é vivo sempre aparece! — exclama a jovem ao atender.

— Nem vem — ri Thiago. — Não se passaram nem duas semanas que a gente se falou pela última vez.

— Eu sei, só estou brincando com você. E aí, a que devo a honra dessa ligação tão cedo em um domingo?

— Nenhuma razão especial, só queria saber como você está mesmo.

— Estou bem. Acordei cedo para estudar para uma prova que tenho amanhã.

— Nossa, que bosta.

— Sim, final de semestre tem isso.

— Pelo menos está acabando.

— Graças a Deus! — grita Graziele e os dois riem. — Estou contando os dias para o semestre acabar e eu embarcar para o Rio.

— Quando você chega?

— Dia dezoito.

— Nossa, ainda faltam duas semanas.

— Mais longe já esteve. Esse tem sido o meu mantra — ri a ruiva.

— Hoje o Vinícius está voltando para o Brasil, sabia?

— Sim, vi um storie dele no Instagram embarcando.

— É a primeira vez que todo mundo vai se reunir desde que a Yasmin se mudou para São Paulo em fevereiro. Quer dizer, todo mundo não, porque você não vai estar com a gente.

— É verdade. Caramba, ao mesmo tempo que parece que faz um tempão que todo mundo foi se mudando, passou tão rápido. Já estamos em julho!

— Sim, eu já fiz dezoito anos!

— Ai, nem me fala, sábado retrasado tudo o que eu queria era estar aí no Rio comemorando seu aniversário com você.

— Tudo bem, a gente comemora quando você chegar. Teremos mais uma coisa para comemorar também.

— Que coisa? — indaga a garota com curiosidade.

— Fez um ano que tudo aquilo aconteceu — diz Thiago com seriedade. Em um lapso de segundo Graziele recorda-se de todo o horror que vivenciou quando Thiago deu entrada no hospital em coma alcoólico. A voz dele do outro lado da ligação faz com que ela retorne ao presente com a mesma rapidez com que se distraiu. — Também está fazendo um ano que eu estou limpo — conta o rapaz.

Graziele demora um tempo para processar o que ele fala. Assim como já se passou um ano da tragédia que marcou o aniversário de dezessete anos dele, Graziele se dá conta que se passou um ano que descobriu que Thiago mentiu para si sobre ter parado de fumar e que também faz um ano que os dois não estão mais juntos como casal de namorados. Ela opta por se concentrar no fato de que ele está sem consumir álcool e cigarro nesse período e sorri.

— É verdade. Fico feliz por você.

— É uma luta diária, mas eu estou vencendo.

— Saiba que eu sempre vou estar lutando com você.

— Obrigado. Por isso vamos comemorar com muito refrigerante e suco quando você voltar — fala Thiago com a voz mais animada e Graziele ri.

Vinícius desembarca no Rio de Janeiro e é recebido por Isabela, Felipe e Mel.

— Meu Deus como é bom poder te abraçar de novo — emociona-se Mel.

— Estou tão feliz por estar de volta, mãe.

— Você não imagina o quanto eu senti sua falta.

— Nem a senhora imagina o quanto eu sofri longe de vocês. — Os dois choram e se abraçam novamente. Isabela bastante comovida, diz:

— Nem acredito que esse momento finalmente chegou.

— Je suis de retour — fala Vinícius em francês.

— Ui, segura ele que agora ele é poliglota — brinca Felipe.

— O que você disse? — pergunta Isabela. Com um sorriso de orelha a orelha, Vinícius traduz:

— Estou de volta.

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