Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 393: Isabela é surpreendida em seu primeiro dia na UFRJ


Os olhos de Marina estão cravados em Lua e o seu rosto demonstra toda a surpresa a qual ela foi pega com a resposta de sua mãe.
— Por que eu não posso ir para Paris com o Vinícius?
Lua a encara com a mesma intensidade.
— A pergunta é, por que você quer ir para Paris com ele?
Marina olha para Arthur, ainda mais confusa, e volta a fitar Lua.
— Não é óbvio? — questiona. — Eu quero conhecer a cidade e o lugar onde ele vai morar.
— Você pode fazer isso em outro momento, tem que ser agora?
— Por que não agora, mãe?
— Porque nós temos que organizar tudo para você e o Victor irem para os Estados Unidos, Marina — responde Lua. — Me surpreende você nos fazer esse pedido. Pensei que você estivesse preocupada com o seu futuro, não com o do Vinícius.
— Uma coisa não impede a outra — retruca Marina. — Está tudo certo para a minha ida aos Estados Unidos. Eu passar uma semana ou duas com o Vinícius em Paris não vai atrapalhar nada. Nós só temos que estar lá para o final de semana de apresentação do campus em abril!
— Tem toda a documentação para a gente acertar, Marina. Passagens, hospedagens, tudo.
— Mas duas semanas não vão fazer diferença! — Marina está tão alterada que não se dá conta de que esbraveja em inglês.
— Ei — interrompe Arthur —, calma.
— Pai, não é possível que o senhor concorde com isso — diz a adolescente voltando a falar português. Arthur analisa demoradamente Lua antes de olhar para a filha.
— Fica calma — pede novamente. — Vai para o seu quarto e tenta esfriar a cabeça.
— Eu quero entender os motivos para a mãe não querer que eu vá.
— Sua mãe tem razão por um lado — pontua Arthur —, nós temos mesmo que resolver muitas coisas antes de vocês partirem para a semana de apresentação.
O queixo de Marina despenca e ela sacode a cabeça.
— Vocês não podem estar falando sério.
— A gente ainda não vai te dar nenhuma resposta, ok? Vai para o seu quarto e relaxa, depois nós voltamos a conversar sobre isso.
— Mas, pai, eu…
— É uma ordem — corta Arthur com a voz mais firme. Marina se cala, no entanto o olhar que lança na direção dele é o suficiente para expressar toda a sua indignação. Ela sobe as escadas rapidamente e do térreo seus pais ouvem a porta de seu quarto bater. — O que deu em você? — indaga o cantor ao ficar sozinho com a esposa.
Lua suspira e senta em uma poltrona próxima a ela.
— Eu não quero que ela faça essa viagem.
— Percebi, mas por quê? — ele questiona. — Nós realmente temos muitas coisas para resolver, mas duas semanas com a Marina longe não vão interferir muito nisso.
— Não acho que a Marina ir para Paris e olhar de perto a nova vida do Vinícius vá fazer bem para ela.
— Não estou entendendo.
— Eu não quero que ela se envolva ainda mais com toda essa história de mudança de países. Ela vai sofrer muito quando as coisas não saírem do jeito que eles estão esperando.
— Deixa eu ver se entendi — fala Arthur com a mão no queixo. — Você não quer que ela vá, porque conhecendo a casa, o bairro, o ambiente novo do Vinícius ela vai sofrer mais quando eles terminarem futuramente?
— Não é bem isso, mas é quase — Lua responde. — Você viu o quanto a Marina ficou abalada quando se deu conta de que ela e o Vinícius não vão passar os próximos anos na mesma cidade. Eu temo que ela vá para Paris com ele, porque tenho certeza que lá eles vão fazer planos juntos e caso isso não ocorra ela vai sofrer ainda mais, entende? Eu prefiro que ela foque na situação dela nos Estados Unidos do que fique imaginando um futuro com o Vinícius em Paris.
— Mas você já está prevendo que a relação deles vai dar errado com essa mudança — constata Arthur. — Não tem como você saber o que vai acontecer, amor.
— Arthur — diz Lua como quisesse acordá-lo para a realidade. — A Marina vai estudar no MIT, que todo mundo sabe o quanto é puxado, e o Vinícius vai fazer um curso na Ferrandi que é uma das escolas de gastronomia mais famosas do mundo, e de quebra vai ter que aprender francês rapidinho. Não vai ser fácil eles terem tempo para se dedicar ao relacionamento deles.
— Eu sei, mas impedir a menina de viajar é cruel — ele opina com a voz baixa.
— Eu só não quero que ela sofra ainda mais no futuro. Sei que pode parecer loucura, mas eu não estou sentindo que vão vir coisas boas do futuro deles juntos. Parece que o meu coração está me dizendo que a Marina ainda vai sofrer muito por causa do Vinícius.
— Ele jamais causaria nenhuma dor a ela.
— Intencionalmente é claro que não — Lua concorda. — O Vinícius é um menino de ouro. Só que nós dois já vivemos o suficiente para saber que às vezes uma pessoa é capaz de causar sofrimento em outra mesmo desejando felicidade dela.
Arthur senta pensativo no sofá e não fala mais nada. Nem ele nem Lua desconfiam que Victor está na sala de jogos ao lado. O loiro afasta o ouvido da porta e caminha até a mesa de sinuca, onde se apoia reflexivo.


Sexta, sábado e domingo passam rapidamente. Segunda-feira chega e traz consigo o início das aulas em boa parte das universidades do país. Já pronta para ir para a faculdade, Isabela toma um gole de café encostada em um balcão da cozinha. Minutos antes ela se despediu de Mel, que partiu para o trabalho após elas terem tomado café da manhã juntas. A garota reforça a cafeína em seu corpo com medo de ficar com sono em algum momento do primeiro dia da semana de recepção dos calouros, já que dormiu pouquíssimas horas durante a madrugada, pois estava ansiosa para o início do ano letivo. Ela está tão absorta em suas idealizações que não percebe Vinícius entrando na cozinha com os cachos amassados e os olhos inchados de sono. Ele usa um pijama que ganhou de Chay em seu aniversário de quinze anos que ainda lhe serve e caminha de chinelos até a geladeira, onde se serve com um copo de água.
— Está tudo bem? — pergunta fitando Isabela.
— Meu Deus! — exclama a garota levando uma mão ao peito. — Você quer me matar do coração?
— Foi mal — sorri Vinícius esvaziando o copo.
— Por que você está acordado?
— Eu tive um pesadelo. — Diante do olhar assustado da irmã, ele trata de explicar: — Eu sonhei que acordava em um ônibus espacial vagando sozinho pelo espaço. Foi angustiante.
Isabela solta um suspiro de alívio.
— Ah tá.
— Você está linda — ele comenta ao olhar para a calça jeans e a batinha que ela usa.
— Obrigada. Estou nervosa também — conta a jovem.
— Isso eu percebi na hora que entrei — ri Vinícius. Ele pousa uma mão no ombro da irmã e fala com a voz suave: — Fica tranquila, vai dar tudo certo.
— Estou com medo. É a primeira vez que eu vou encarar um ambiente novo completamente sozinha. Desde o pré eu estou junto com vocês e agora eu não conheço ninguém. Sem contar que é uma universidade pública, vai ter gente de todo o tipo e de todo o jeito, e se eu não me encaixar? E como será que as pessoas vão reagir quando souberem que eu sou filha de famosos?
— Nossa, calma — pede Vinícius. — Primeiro que ninguém conhece ninguém, então todo mundo vai querer se aproximar de todo mundo e fazer amizade. E você mesma disse que queria cursar em uma universidade pública para sair da bolha que a gente sempre viveu. Chegou a hora, Isa.
A garota entorna o resto de café e deixa a xícara sobre o balcão.
— Sabe o que eu acho? Seria menos difícil se o meu curso fosse na Cidade Universitária igual o resto do pessoal.
— Mas não é, você vai estudar no campus… Qual é o nome mesmo?
— Praia Vermelha.
— Pois é, você vai estudar no campus da Praia Vermelha e será maravilhoso do mesmo jeito.
— Assim espero — torce Isabela.


Ulisses, o motorista que Yasmin tanto insistiu para que Micael contratasse, trabalha exclusivamente para Felipe agora que a loirinha mudou-se para São Paulo. Ele leva o garoto e Malu para a Ilha do Fundão, onde fica localizada a Cidade Universitária da federal carioca. Depois de quarenta e cinco minutos de trajeto e muitos assuntos, eles chegam ao campus.
— Caramba, é muito longe — comenta Malu e Felipe lamenta-se:
— Só de pensar que teremos que fazer essa viagem todos os dias já me dá preguiça.
Pouco tempo depois, Ulisses para em frente ao Instituto de Matemática e Felipe abre a porta do carro.
— Boa sorte — deseja Malu.
— Obrigado, pra você também. — O rapaz entra no bloco e segue as indicações pregadas em cartazes nas paredes. Não demora muito e ele chega a um auditório repleto de outros calouros. O que o mais surpreende é a diversidade das pessoas, pois está acostumado a conviver com gente bastante semelhante a ele. Ele sorri ao observar a variedade de etnias, idades e estilos.
Malu segue no carro e depois de enviar mensagens otimistas para Graziele e Samuel, que também vão começar na faculdade neste dia, passa a reparar no lado de fora. Ela fica espantada com a imensidão do campus e que mesmo estando dentro da universidade parece que está transitando pelas ruas da cidade.
— Não é a toa que se chama Cidade Universitária — sussurra para si mesma. Cerca de dez minutos depois, Ulisses a deixa em frente ao Instituto de Biologia.


Marina dorme tranquilamente, porém seu corpo desperta com a sensação de não estar sozinho no quarto. Ela ergue a cabeça a tempo de ver a porta se fechar. Um pedaço de papel no pé de sua cama chama a sua atenção e ela o pinça com os dedos do pé. Quando desdobra o papel reconhece de imediato a letra arrastada de seu pai.
— Eu e sua mãe conversamos no final de semana — lê — e decidimos que você poderá ir para Paris com o Vinícius quarta-feira. Quando você acordar a gente provavelmente já foi para o trabalho, por isso deixo esse bilhete. Beijos, Arthur. — Ela sorri e comenta: — Poderia ter mandado uma mensagem, né pai? — Em seguida toma consciência da mensagem do bilhete e pula na cama, vibrando: — Eu vou para Paris!


Do outro lado do campus da Ilha do Fundão, Laís, Lorenzo e Mayara são deixados pelo pai da primeira.
— Boa aula para vocês! — sorri Tales.
— Obrigado — respondem os três.
— Tchau, gente — fala Laís. — Até mais tarde, me contem como foi.
— Tchau! — respondem Lorenzo e Mayara. Eles dois atravessam a avenida enquanto Laís encaminha-se para o interior da Faculdade de Letras. Tanto a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo quanto a Escola de Belas Artes ficam no mesmo complexo, por isso Mayara e Lorenzo vão juntos para as suas recepções.


Com a ponta do nariz pregado na janela, Isabela respira fundo observando a entrada Palácio Universitário, como também é conhecido o campus da Praia Vermelha. O prédio, construído em 1852, retrata o tipo de arquitetura da época do Brasil Império com fachada imponente e pesados portões de ferro.
— Você vai se sair bem — fala Evaldo sentindo o nervosismo dela. Isabela olha para ele e sorri com gratidão.
— Obrigada. — Ela pega sua bolsa e abre a porta do carro. — Eu te aviso quando acabar.
— Tranquilo.
Isabela desce do veículo e passa pelos portões junto com mais um grupo de estudantes que também chegam para o primeiro dia de aula. Ela olha em seu celular o mapa que foi disponibilizado no site da instituição e não tem dificuldades em encontrar a área pertencente à Escola de Comunicação. O interior do prédio é tão antigo quanto o lado de fora, preservando elementos como os azulejos em losangos preto e branco no chão e as portas de madeira com vidro na parte superior. Ela chega a uma grande sala de aula e se senta logo nas primeiras carteiras. Analisando o espaço consegue facilmente eliminar as cadeiras e imaginar senhoras bailando com seus vestidos cheios e pesados do século XIX.
Horas depois, Isabela está caminhando por um dos corredores, este com bancos de madeira nos espaços entre as portas, acompanhada por Beatriz, outra caloura de jornalismo.
— Eu fiquei impressionada quando eles falaram que isso aqui era um hospício construído na época de Dom Pedro II — fala Beatriz.
— Eu também, bizarro, né? A sensação que eu tenho é que a gente está estudando em um casarão dos séculos passados.
— Eu também! Fico imaginando isso aqui à noite, deve ser assustador.
— Demais — concorda Isabela sentindo os pelos da nuca eriçarem-se.
— A gente está falando tanto do prédio que esquecemos de falar sobre a gente — ri a garota de cabelos cacheados até o meio das costas.
— É verdade. De onde você vem? — Beatriz responde o nome de um colégio estadual do qual Isabela nunca ouviu falar. — Eu estudei no Otávio Mendes, conhece? — pergunta quando Beatriz pergunta sobre ela.
— Quem não conhece? Caramba, só gente podre de rica estuda lá — comenta a garota analisando Isabela.
— É, mais ou menos isso — responde Isabela desviando o olhar. Elas viram em um corredor exatamente igual ao que acabaram de sair e continuam caminhando.
— Então você é podre de rica? — Beatriz indaga com curiosidade.
— Ah, os meus pais são — diz a irmã de Vinícius cada vez mais desconfortável com o rumo da conversa.
— Isso é coisa que gente rica diz — observa Beatriz e elas sorriem. Para o alívio de Isabela, a garota não questiona mais nada sobre sua vida e sim começa a contar sobre o quanto foi difícil chegar no horário pela manhã. — Você acredita que eu perdi o ônibus lá do meu bairro?
— Sério?
— Sim, por pouco eu não perdi o metrô por causa disso.
Isabela franze a testa.
— Você pegou ônibus e metrô para chegar aqui?
— Sim, quase duas horas de viagem — conta Beatriz dando um leve sorriso. — Mas vai valer a pena esse sacrifício — seu tom de voz soa mais como uma esperança do que uma convicção. — Espera aí — diz repentinamente, pegando no pulso de Isabela —, nós já não passamos por aqui?
Isabela observa ao redor.
— Não sei, estou achando tudo igual. Estou apenas te acompanhando, pensei que você soubesse o caminho para a saída — sorri.
— Vish, Maria! — exclama Beatriz. — Estamos perdidas então, menina.
— Eu vou olhar no mapa, só um instante — diz Isabela tirando o celular da bolsa. Beatriz fica espantada com o modelo de última geração, mas não fala nada. — Pelo o que eu estou entendendo, nós estamos entrando ainda mais no prédio ao invés de sair — ri.
— Ai, credo! Então vamos logo achar a saída, eu tenho que buscar minha irmã na escola ainda.
— É por aqui — indica Isabela pegando um outro corredor. Elas caminham alguns metros e se deparam com um espaço a céu aberto entre os corredores que interligam os blocos.
— Um teatro arena — fala Beatriz identificando o local que está repleto de alunos conversando alto. Isabela volta a conferir o mapa em seu celular e não gosta nenhum pouco da região do prédio em que foi parar.
Ao erguer a cabeça, um rosto destaca-se entre a multidão de estudantes. Como se sentisse que está sendo observado, o rapaz olha em sua direção e Isabela paralisa. Beatriz continua olhando para cada detalhe do espaço e não nota a reação dela, muito menos o jovem que se aproxima com um sorriso sedutor no rosto.
— Sabia que ia te encontrar aqui, mas não imaginei que fosse ser logo no primeiro dia — fala Jonas parando diante de Isabela.


Comentários

  1. Aaahh louca pra ver marinicius em Paris! Estranhei a Beatriz não saber quem são os pais da Isabela kkkkkkkjkk
    Não acredito que Isabela ja encontrou o Embuste do Jonas

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    1. Falta bem pouco para o Vinícius e a Marina irem para Paris <3 Pois é, a Beatriz não é tão curiosa quanto a própria Isabela rsrsrs O que será que vai dar esses dois juntos no mesmo campus?

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  2. Assim que eu li o título imaginei que seria o Jonas. Já que a Lua comentou que o Vinícius causaria algum tipo de dor na Mariana, tô louca para ver isso, seria algo inesperado, sendo intencional ou não como citado

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    1. Acertou de cara! A Lua cheia dos sentimentos... vamos ver se ela vai estar certa ou não.

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  3. Continuaaaaaaaaaa, quero Chamel de volta!

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  4. Nossa, a Gente Passa Um Tempinho Sem Vim Por Aqui e Quando Vem Muita Coisa Tem Mudado, A Única Coisa Que Não Mudou Foram As Esperanças De Chamel Voltarem ❤ Sinto Que Não Esta Longe.

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