Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 394 [Parte 1]: Isabela conta para Felipe que reencontrou Jonas na faculdade

— Pois é, que azar o nosso — resmunga Isabela encarando Jonas.

— Azar? Eu não acho — ele discorda sorrindo. — Acho que é um sinal.

— Sinal? — ela repete em tom de estranhamento.

— De que nós seremos grandes amigos nesses anos de faculdade.

Isabela gargalha.

— Sem chances.

— Ah, fala sério! — Jonas troca o peso do corpo para a outra perna. — Diz se não é muita coincidência a gente estudar no mesmo campus?

— O que você chama de coincidência, eu chamo de azar.

— Mas e aí, como foi o seu primeiro dia?

Isabela lança um olhar torto na direção dele.

— Jonas, eu não quero ser sua amiga.

— Eu só fiz uma pergunta simples.

— Não interessa, eu não quero conversar sobre nada com você.

— Poxa, Bela, eu só vim aqui bater um papo. E outra, você que estava me olhando.

— Eu olhei porque fiquei surpresa de te encontrar, apenas isso.

— Surpresa por quê? Vai dizer que você não sabia que eu ia estudar aqui?

— Fiquei sabendo dias atrás — conta Isabela. — Eu estava pensando que você fosse fazer engenharia civil, logo que ia estudar na Ilha do Fundão.

— Desde que eu vi que passei na UFRJ e pesquisei sobre o meu campus sabia que a gente ia estudar junto. Você sempre quis fazer jornalismo e eu não esqueci disso.

— Bom pra você.

Jonas sorri.

— Viu como eu me importo com você?

— Qual é o seu problema? — questiona Isabela cruzando os braços. — Volta para a sua turminha, eu já disse que não quero conversar com você.

— Eu ainda não tenho turminha, hoje é só o primeiro dia, lembra? Na verdade, estava apenas esperando o Pedro para a gente ir embora.

— Hã? Eu entendi direito? — questiona Isabela boquiaberta. — O Pedro também está estudando aqui?

— Você não deu uma olhada nos outros cursos deste campus? — Jonas pergunta, divertindo-se cada vez mais com a situação. — Administração também é aqui.

— Não é possível — Isabela sacode a cabeça. — Aturar você até que vai, agora você e o Pedro?

— Ah, pensa pelo lado positivo, é mais um conhecido seu — ele ri. — E como assim “aturar você até que vai”?

— Querendo ou não, eu já gostei de você um dia, agora o Pedro eu nunca fui com a cara.

Jonas abre espaço para um calouro passar e volta a fitar Isabela.

— Gostou de mim um dia? Você dizia que amava, Bela.

— Você também dizia — devolve a garota.

— Mas eu realmente te amava.

Isabela fica encarando-o em silêncio, até que diz:

— Você me traiu, está lembrado?

— Infelizmente, sim.

— Quem ama não trai.

— Eu era imaturo, mas tenho certeza que o que eu sentia por você naquela época era amor. Eu só não estava preparado para ter um relacionamento monogâmico.

— Não interessa, isso é passado.

— Você que começou falando que um dia já gostou de mim.

— Ai, Jonas, cala a boca — pede Isabela irritada. — E para de ficar me chamando de Bela. — Ela olha para Beatriz, que está a alguns metros deles observando a conversa, e chama: — Vamos?

— Vamos — responde a jovem imediatamente. Jonas olha para ela e a analisa dos pés à cabeça, depois olha novamente para Isabela que fala:

— Só mais uma coisa, suas aulas são ali naquela área, né? — Ela aponta para o outro lado do teatro arena.

— Sim — Jonas confirma.

— Ok, só para eu não me esquecer de evitar a qualquer custo essa região do prédio.

Isabela tenta sair caminhando com Beatriz, mas Jonas segura em seu pulso e rapidamente a puxa para perto dele. Com o nariz a poucos centímetros do dela, ele fala:

— Você pode evitar a região do meu curso, mas eu sei onde fica a Escola de Comunicação e não garanto manter a mesma distância de lá.

Isabela o fuzila com o olhar e se solta.

— Babaca. — Ela gira e segue com Beatriz para a saída do prédio.

— Nossa, qual é a sua e daquele garoto? — questiona sua nova colega.

— Nós temos uma relação complicada.

— Percebi. Não consegui ouvir nada do que vocês estavam falando, mas deu para reparar que ele te deixou bem estressada.

— Sim — responde Isabela ainda emburrada por ter encontrado com Jonas mais cedo do que imaginava e queria.

— Vocês eram amigos? — pergunta Beatriz ainda tentando entender o sorriso atrevido de Jonas e a irritação de Isabela.

— Nós já fomos namorados — conta Isabela finalmente.

— Ah! E ele quer voltar com você?

— Não, ele já está namorando outra pessoa. — As duas encontram as três portas que compõem a entrada e saída da universidade.

— Menos mal então, né?

— O problema é que ele gosta de ficar me provocando.

— Deu para perceber — responde Beatriz descendo as escadas com Isabela.

— Você ficou me esperando e se atrasou ainda mais, né? — Isabela se dá conta. — Desculpa.

— Tudo bem, eu tentei te interromper para me despedir, mas aí vi que já tinha perdido o metrô mesmo e resolvi te esperar. Confesso que estava divertido ver vocês dois.

— Ai, para.

— Desculpa — ri Beatriz. — É que estava na cara que ele estava querendo te atiçar e você estava caindo.

— Pois é, ele sabe que eu sempre caio nas provocações dele e usa isso a seu favor — diz Isabela enviando uma mensagem para Evaldo. — Sabe o que eu pensei agora, eu posso te deixar em casa, assim você não vai se atrasar muito para buscar sua irmã na escola. Onde você mora?

— Na Cidade de Deus — conta Beatriz. — Você veio de carro? Se não for caminho não precisa, eu não quero te atrapalhar.

— Não é tão longe, fica uns quinze minutos da minha casa.

— Onde você mora?

— Na Barra da Tijuca.

— Uau, você é rica mesmo — ri Beatriz olhando ao redor. — Onde você estacionou seu carro? Aliás, você já tem idade para dirigir? — questiona olhando para o rosto quase infantil de Isabela.

— Na verdade, o meu motorista é que vai vir buscar a gente.

— Como é? — indaga Beatriz atônita. — Você tem um motorista particular?

— Tenho — conta Isabela dando um sorriso envergonhado.

— Caramba! O que os seus pais fazem? Não, deixa eu adivinhar. Políticos?

Isabela ri e lembra de Maísa.

— Não.

— Famosos? — ela pergunta em tom de brincadeira, mas quando Isabela desvia o olhar seu queixo cai. — Meu Deus, você é filha de famosos?

— Sou.

— Os dois, seu pai e sua mãe?

— Sim.

— Nossa senhora! Quem são? Espera, me fala seu nome completo para ver se eu adivinho.

A irmã de Vinícius dá um sorriso acanhado, respira fundo e diz:

— Isabela Fronckowiak Rocha.

— Rocha eu não sei — responde Beatriz —, mas Fronckowiak… Você é filha da Mel Fronckowiak, a estilista famosona?

— Sou — sorri Isabela.

— Meu Deus! Mas espera aí — diz a garota estreitando os olhos —, eu li um tempo atrás que a Mel se separou daquele cantor famosão… Qual era mesmo o nome dele?

— Chay Suede.

— Isso! Então você é filha de um relacionamento anterior da Mel?

— Não — Isabela gargalha. — O meu pai é o Chay.

— Mas seu sobrenome paterno não é Rocha?

— Sim, o Suede dele é nome artístico — explica e Beatriz assente.

— Agora faz sentido. Nossa senhora, estou passada! Mas se você é filha deles, por que está estudando aqui?

— A UFRJ é uma das melhores universidades do país.

— Eu sei, mas filho de famoso não estuda em universidade federal. Você não viu a filha da Xuxa que foi estudar nos Estados Unidos?

Agora é Marina e Victor que vêm a cabeça de Isabela.

— Eu vi — responde. — É difícil de explicar. Eu sempre estudei em colégios de gente parecida comigo, digo no sentido financeiro, mas eu sei que nós somos uma minoria no país. A realidade da grande maioria é outra e eu me sentia alienada muitas vezes, sabe? Então resolvi cursar aqui para conhecer novas perspectivas.

— Uau, isso diz muito sobre quem você é — observa Beatriz.

— Você acha?

— Eu acho.

— E o que você acha que eu sou?

— Uma pessoa legal — sorri a garota. — Mas agora eu quero saber tudo — gargalha em seguida. — Eu não sou uma pessoa ligada no mundo das celebridades, mas agora que estou tendo a oportunidade de conhecer a filha de duas quero saber como é. Você conhece os famosos?

— Depende de quem você está falando — ri Isabela.

— Deixa pensar… Anitta?

— Não conheço pessoalmente.

— Hum… Juliana Paes?

— Ela mora no mesmo condomínio que eu — conta Isabela e Beatriz arregala os olhos.

— Você está brincando!

— É sério, mas eu não a vejo com muita frequência.

— Estou passada! Posso perguntar mais gente? — indaga ficando repentinamente mais retraída. — Eu não quero parecer louca, mas é que isso tudo é muito bizarro para mim.

— Tudo bem, pode perguntar — responde Isabela lendo a resposta de Evaldo. — Meu motorista está quase chegando — informa em seguida. — Vai, quem mais você quer saber?

— Rodrigo Santoro.

— Minha mãe conhece ele, mas eu não — diz Isabela.

— Micael Borges?

— É sério?

— Meu pai é fã dele — conta Beatriz.

— O Micael é meu sogro — conta Isabela sorrindo para a perplexidade de Beatriz.

— Não.

— Sim!

— Caramba, não é possível!

— Beatriz, você não sabe mesmo sobre o mundo dos famosos, né? — indaga achando graça do momento. A conversa faz com que ela se esqueça do encontro com Jonas. — Já ouviu falar da banda Rebeldes? — pergunta e então resume: — Os meus pais eram os integrantes junto com o Micael, a Sophia, o Arthur e a Lua. A banda acabou meses antes de eu nascer e cada um foi seguir seu caminho. O meu pai, o Micael, o Arthur e a Lua seguiram no ramo da música, a minha mãe e a Sophia criaram a MelPhia. Então é claro que eu conheço o Micael — ri na sequência.

— É muita informação para eu processar em pouco tempo — ri Beatriz. — Seus pais eram parceiros de banda e hoje em dia você namora o filho dele?

— Ih, você não sabe nem da metade — fala Isabela sorrindo. O carro dirigido por Evaldo para diante delas e ela chama: — Vem, no caminho eu te conto tudo.

Em São Paulo, Yasmin guarda seu material em sua bolsa ao término da aula. Camila, sua colega que senta em sua frente, vira-se para trás e pergunta:

— Onde você vai almoçar?

— Em casa, em que outro lugar eu almoçaria? — ri a loirinha.

— No shopping com a gente — João é quem responde, parando ao lado delas com a mochila nas costas.

— Naquele que tem aqui perto?

— Sim — diz Camila. — Você saberia se estivesse participando da conversa lá no grupo.

Rindo, Yasmin alcança seu celular e vê que há várias mensagens no grupo recém-criado dos três.

— Foi mal, é que eu eu estava ocupada participando da aula. Vocês deveriam experimentar isso, sabe?

— Cala a boca — ri Camila. — Vamos logo! — Os três saem da sala e caminham diretamente para o estacionamento, onde entram no carro dela. — Coloca o cinto, meu anjo — fala olhando para João pelo retrovisor interno.

— O shopping é a cinco minutos daqui.

— Cinco minutos é tempo suficiente para baterem no meu carro, você ser arremessado para fora e morrer.

— Meu Deus, que dramática — fala João afivelando o cinto de segurança.

— Ficou com medo, né? — provoca Yasmin olhando para trás.

— Melhor prevenir — responde João e eles riem. Camila liga o carro e eles saem da faculdade.

Como mora nas redondezas, o veículo de Camila entra na rua do condomínio de Yasmin e a loirinha enxerga Iago caminhando para casa.

— Para ao lado daquele menino rapidão — pede para a colega. — Iago — chama Yasmin quando Camila iguala a velocidade do carro com a do garoto.

— Ah, oi, Yasmin — responde Iago após se recuperar do susto.

— Nós estamos indo almoçar no shopping, quer vir com a gente?

— Hum… fica para uma próxima. — Ele olha para João, que o avalia discretamente com o vidro abaixado.

— Tem certeza? — insiste Yasmin.

— Tenho.

Camila estica-se para ficar com o rosto ao lado do de Yasmin e fala para ele:

— Quando você sair nesse horário e quiser esperar a Yasmin, eu dou carona para vocês.

— Depois das dez o Sol faz mal — comenta João.

— Ok, obrigado — agradece Iago dando um leve sorriso.

— Tchau! — despede-se Camila e João acena do banco de trás.

— Até mais tarde — fala Yasmin e depois da resposta de Iago fecha a janela novamente. Camila acelera e eles seguem para o shopping.

— Depois das dez o Sol faz mal — a motorista imita a voz de João. — Você pareceu meu dermatologista falando.

Yasmin gargalha e João responde:

— Ué, mas é verdade. — Eles continuam se provocando até descerem no shopping.

— Eu bem que estava precisando comprar uma — fala Camila cobiçando uma bolsa através da vitrine.

— Você está precisando comer — diz João colocando as mãos na cintura dela e a guiando para o restaurante italiano que Yasmin escolheu. Os três se acomodam em uma mesa e fazem seus pedidos.

— Então — fala Yasmin —, quando nós vamos fazer o trabalho de Introdução ao Design de Moda?

— Duas semanas de aula e já temos trabalho dessa matéria — comenta João. — Acho isso um absurdo.

— Pensei que você estivesse lá para estudar — brinca a loirinha.

— Cala a boca — ele bate com o guardanapo na coxa dela.

— Nós podemos nos reunir amanhã à tarde, o que vocês acham? — Camila sugere.

— Por mim pode ser — responde Yasmin e João assente com a cabeça.

— Onde?

— Pode ser lá em casa — diz Yasmin e o rapaz leva as mãos ao rosto.

— Não! Seremos sua primeira visita?

— Tecnicamente, o Victor e a Beth foram minha primeira visita.

— Tecnicamente, o seu namorado e a mãe do seu amigo não contam.

— Então vocês serão.

— Olha que honra — ri Camila. A loirinha sorri e olha para os dois sem acreditar que eles se conhecem há duas semanas apenas. Seu celular começa a tocar sobre a mesa e ela visualiza a imagem de Isabela.

— Já volto — diz levantando-se da mesa.

— Não demora, senão eu vou comer meu prato e o seu — ameaça João.

— Experimenta fazer isso para ver o que te acontece.

— Ela é perigosa ela — brinca Camila. Yasmin deixa os dois gargalhando e caminha para um espaço mais reservado do restaurante onde se senta em uma poltrona.

— Oi, amiga — sorri ao atender a chamada de vídeo de Isabela.

— Oi, Yas — responde a morena. — Onde você está?

— No shopping, eu vim almoçar com os meus colegas.

— A Camila e o João?

— Você já decorou os nomes deles?

— Claro, tive que memorizar os nomes dos meus substitutos.

Yasmin ri.

— Ninguém vai substituir você.

— Acho bom. Preciso te contar uma coisa — fala Isabela ficando mais séria.

— Ih, não gosto desse tom de voz.

— É, não é algo legal.

— O que foi? Você não gostou da faculdade?

— Tirando o fato de que parece que eu estou estudando em um museu, eu gostei de tudo.

— Museu? — Yasmin franze a testa.

— Digita “palácio universitário” no Google e você vai entender do que eu estou falando. Mas, enfim, o que eu quero te contar tem a ver sim com o meu primeiro dia de aula.

— Pode falar, estou preparada — sorri a loirinha.

— Eu encontrei o Jonas. Ele vai estudar no mesmo campus que eu.

— Como assim? — questiona Yasmin. — Você não disse que todo mundo ia estudar na Ilha do Fundão e você seria a única na Praia Vermelha?

— Eu fiquei sabendo naquela pool party da Laís que o Jonas também estudaria na Praia Vermelha.

— Por que você não me contou logo que soube?

— Sabe quando você não quer pronunciar as palavras na tentativa de que as coisas não pareçam reais? Foi isso.

— E como foi? — quer saber Yasmin.

— Horrível, como poderia ter sido? Sério, amiga, eu não acredito que eu vou ter que aturar ele pelos próximos quatro anos — lamenta-se Isabela.

— Eu estou realmente triste por você. Que azar!

— Foi o que eu disse para ele.

— Você já contou para o Felipe?

— Não, a gente não se fala desde que ele foi para um trote na casa de um veterano dele, que no caso foi antes de eu encontrar o Jonas. Por quê?

— Porque ele não vai gostar nada disso — palpita Yasmin.

— Eu e ele temos isso em comum. Vou ver se ele passa aqui em casa à tarde — fala Isabela. — Eu acabei de chegar. Fui deixar uma menina que eu conheci em casa. Ela mora na Cidade de Deus, você acredita? — conta.

— Nossa, sério?

— Sim. Foi legal conhecer uma pessoa tão diferente da gente, mas eu fiquei um pouco assustada quando a gente chegou lá.

— Por quê? Tinham caras armados?

Isabela começa a rir.

— Claro que não — responde. — Não viaja.

— Ué, com certeza tem muitos caras armados por lá.

— Sim, mas eles não ficam parados na porta de escolas de crianças ao meio dia, né? Pelo menos não em um dia normal — acrescenta ao refletir mais sobre a questão. — Enfim, eu fiquei assustada porque é uma realidade completamente diferente da nossa. Aliás, ela não fazia ideia de quem eu era, sabia? Foi divertido.

— Sério? Desde o começo eu senti as pessoas me olhando diferente lá na faculdade.

— Comigo não foi assim — diz Isabela. — Ninguém reconheceu quem eu sou, pelo menos eu não reparei.

— E você contou para essa garota?

— Sim, ela ficou em choque, mas ela não é muito ligada nessas coisas de famosos, então não foi ligando as coisas logo de cara. Para você ter uma noção, ela nem sabia quem eram os integrantes dos Rebeldes. Ela me perguntou se eu conhecia o seu pai — conta rindo.

— Não acredito! — exclama Yasmin gargalhando.

— Sim, e começou a perguntar se eu conhecia outros famosos.

— Gente, que garota louca.

— Ela é uma pessoa normal, né? É natural que tenha essa curiosidade. Por isso que foi divertido. Eu gostei dela justamente por ela não conhecer direito os nossos pais, sabe? Ela sabe que eles são famosos e só. Não tinha nenhuma expectativa sobre a Isabela Fronckowiak, porque ela não conhecia a Isabela Fronckowiak antes de me conhecer realmente.

— Disso eu sinto falta — Yasmin admite. — Todo mundo que eu conheci até agora lá na faculdade ou reconhece o meu rosto assim que me vê ou já sabe quem eu sou quando eu digo meu nome e sobrenome. Você tinha que ver, logo que eu conheci esses meus colegas que estão comigo aqui, eu disse que ia falar com o meu irmão e na hora a Camila falou “o Felipe?” Eu sinto que todo mundo sabe da minha vida, só que ao menos tempo eles não me conhecem de verdade.

— Isso é muito bizarro — comenta Isabela. — Os nossos pais são personalidades da mídia, não a gente. Quer dizer, você começou a ser quando se tornou garota propaganda da MelPhia.

— Ai, para com isso! — ri Yasmin. — Mas enfim, estou doida para te reencontrar.

— Tudo certo para quarta-feira, né?

— Sim, eu embarco logo depois da faculdade.

— E aí nós faremos a despedida do Vinícius à tarde e ele vai para Paris de noite. Eu te contei que a Marina vai com ele?

— Não, mas a própria Marina me contou.

— Ah é, eu ainda esqueço que vocês também são amigas agora — ri Isabela.

Yasmin vê João e Camila acenando insistentemente para ela e apontando para a mesa.

— O meu prato chegou — diz para Isabela. — A gente se fala mais tarde?

— Sim, vou tentar falar com o Felipe, ver como foi o primeiro dia dele.

— Tá, depois pede para ele contar lá no nosso grupo com o pessoal, assim eu fico sabendo também.

— Tá bom.

Elas se despedem e Yasmin retorna para a mesa com seus novos colegas.

— Não tocou no meu prato — comenta sentando ao lado de João. — Muito bem, assim que eu gosto. — Eles riem e começam a almoçar.

No Rio, Isabela manda mensagem para Felipe, que logo responde dizendo que já está retornando para o condomínio e que vai direto para a mansão de Mel. Ela deixa o celular no sofá e sobe para o seu quarto, onde toma um banho e troca de roupa. Assim que escuta a campainha tocar, deixa o cômodo e desce as escadas.

— Ai-meu-Deus — fala pausadamente ao encontrar Felipe na sala de estar. O moreno está todo sujo de tinta e farinha de trigo, mas é sua cabeça que chama mais a atenção de Isabela. Felipe sorri e passa a mão em seu cabelo raspado.

— Gostou do meu novo visual?

— Por que você fez isso? — Isabela responde com outra pergunta.

— Quando a gente chegou na casa do meu veterano, eles perguntaram quem queria raspar, como um rito de passagem. Eu quis — conta sorridente.

— Nossa senhora.

— Você não gostou?

Isabela hesita antes de responder.

— Você está parecendo aqueles bandidos de filme.

— Ah, eu lembro da Yasmin comentando que bandido de filme é sempre bonito e sexy. Então eu estou bem, né?

— Vai do gosto de cada um.

— E o seu gosto?

— Eu vou continuar te amando, isso é o que importa — responde Isabela e eles sorriem um para o outro.

— Meu Deus! — Eles viram e enxergam Vinícius. — O que você fez?

— Entrei pra faculdade — sorri Felipe.

— Cara, você conseguiu ficar ainda mais feio.

— Nem dá para ver direito o resultado, estou todo sujo.

— Aliás — fala Isabela —, acho melhor você tomar banho antes da gente almoçar. Tem roupa sua limpa lá no meu closet.

— Sim, senhora.

Felipe toma banho e se encaminha para a sala de jantar para almoçar com Isabela e Vinícius.

— E aí, está nervoso? — pergunta o rapaz mastigando um pedaço de bife.

— Com o quê? — questiona Vinícius.

— Com a viagem, né cara, a mudança toda.

— Eu estou nervosa por ele — Isabela responde e Felipe ri.

— Você fica nervosa por todo mundo, amor.

— Eu estou apreensivo — admite Vinícius —, mas empolgado também. Estou louco para conhecer o apartamento em que eu vou morar.

— Posso imaginar — responde Felipe.

— Vai ser uma mudança de vida e tanto — reflete Vinícius. — Mal posso esperar para testar meu francês na prática.

— Você já está conseguindo falar?

— Ah, eu tenho feito algumas aulas online com um professor nativo, mas eu só vou saber se está dando resultado quando pisar em Paris daqui a dois dias.

— Nossa, falta tão pouco — analisa Isabela e estica a mão para pegar no braço do irmão por sobre a mesa. — Eu vou sentir muita a sua falta, Vini. Você não tem noção.

— Eu não vou sair da sua vida.

— Mas vamos ser francos, não vai ser fácil a gente se ver como vai ser com a Yas.

— Isso é verdade — concorda Felipe. — A Yasmin vai vir para a sua despedida e logo depois já vai voltar para São Paulo. Não vai ter como você fazer uma coisa dessas assim tão fácil.

— Eu sei, mas eu sempre vou estar presente — responde Vinícius. — E ai de vocês se esquecerem de mim só porque eu vou estar do outro lado do oceano.

— Como se fosse possível esquecer de você — ri Isabela. Eles terminam de comer e vão para a sala de estar.

— Vou terminar de guardar minhas coisas — fala Vinícius subindo as escadas.

— Tá bom — responde Isabela enquanto Felipe senta em um sofá com Nina nos braços. Isabela olha para o namorado, observando o novo corte de cabelo dele, e se recorda do encontro com Jonas pela manhã. — Amor?

— Hum? — Felipe olha para ela e se espanta com sua expressão séria. — O que foi?

— Eu tenho que te contar uma coisa.

— O quê?

Isabela respira fundo e apoia seu corpo em uma poltrona.

— Hoje eu reencontrei uma pessoa lá na faculdade.

— Ah é? Quem? Pensei que todo mundo da federal tivesse lá no mesmo campus que eu.

— Não, têm duas pessoas que vão estudar no meu campus.

— Quem? — insiste Felipe com curiosidade.

— O Jonas e o Pedro.

Felipe estreita os olhos.

— Como? Você vai estudar junto com o Jonas?

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