Imagine 5ª Temporada | Capítulo 51: Momentos especiais

 

Em seu apartamento em São Paulo, Yasmin aspira o pó de seu quarto, aproveitando a hora do almoço. Quando termina de limpar o cômodo, pega o celular na mesinha de cabeceira e vê que há duas chamadas perdidas de Victor. Seu estômago se remexe desconfortavelmente, como em todas as ocasiões em que falou com o namorado desde a traição na Itália.

— Oi, Victor — cumprimenta ao retornar a ligação.

— Oi, Yasmin. Como você está?

— Bem, e você?

— Chateado.

— O que houve?

— Eu não vou conseguir ir na formatura do Vinícius.

As pernas de Yasmin fraquejam e ela senta na própria cama.

— Como não?

— Lembra daquela disciplina que eu estava correndo o risco de ficar de exame… Então, fiquei. A prova é semana que vem, não vou conseguir viajar.

— Não acredito.

— Nem eu. Estou tão chateado com isso. Por ter ficado de exame, por perder a formatura do Vinícius, por não conseguir te ver.

O coração de Yasmin dispara.

— Eu precisava te ver pessoalmente — ela fala baixinho.

— Eu também. Estou com tanta saudade.

Os olhos de Yasmin se enchem de lágrimas.

— Eu te amo tanto.

— Você está chorando? — estranha Victor.

— Eu queria você aqui.

— Calma, amor — pede o rapaz. — A gente vai se encontrar no Natal.

— Daqui a um mês — lamenta a jovem.

— O que é um mês para quem está há tanto tempo distante? A gente vai conseguir.

— É, espero que a gente consiga. — Assim que encerra a chamada com o namorado, Yasmin liga para a melhor amiga. — Eu não aguento mais viver com essa mentira! — fala aos prantos. — Tudo o que eu queria era contar logo tudo o que houve para o Victor e ver de uma vez por todas qual vai ser a reação dele.

— Não vai ser boa, Yas — opina Isabela com pesar na voz. Desde que soube da traição da amiga, Isabela evita conversar sozinha com Victor, pois sente que também está mentindo para o rapaz. — Mas pensa pelo lado positivo, você pode aproveitar mais um mês com ele.

— Você acha que ele vai terminar comigo?

— Se ele vai terminar eu não sei, mas que vai ficar chateado por um tempo, com certeza.

— De qualquer forma, eu não consegui aproveitar nada com ele no último mês. Na verdade, só o fato dele estar totalmente focado nas provas finais para não perceber o quanto eu mudei. A cada declaração, a cada palavra de saudade, uma parte de mim morre.

— Calma, Yasmin — pede Isabela, assustada com o drama da amiga. — Vamos manter a calma. Não adianta ficar remoendo e tentando adivinhar a reação dele. O jeito é esperar e arcar com as consequências do que você fez.

— Você ainda não me perdoou, né? — questiona Yasmin para a surpresa de Isabela.

— Como assim? Eu não tenho que perdoar de nada — responde esquivamente. 

— Eu sei que você ficou chateada com o que eu fiz com o Victor e o meu relacionamento. Eu te decepcionei.

Isabela demora para responder, ponderando cada palavra que diz na sequência:

— Eu admito que fiquei bem surpresa. Por mais que você seja meio maluquinha, jamais pensei que você pudesse trair o Victor, ainda mais da forma como foi. Mas assim, você é minha melhor amiga, eu vou ficar ao seu lado mesmo quando eu não concordar com o que você faz. Amigas servem para isso.

— Obrigada, vou precisar do seu apoio quando estivermos em Paris. Vai ser difícil esconder da Marina.

— Realmente. Não sei como o Vinícius consegue. Eu já avisei o Felipe para ele ficar bem atento e não deixar escapar nada.

— Pelo amor de Deus! A Marina não pode ficar sabendo de forma alguma. Ela não esconderia algo assim do irmão. Eles sempre foram muito cúmplices.

— Ainda mais agora que estão morando sozinhos em Boston.

— Exatamente. Já que eu decidi guardar esse segredo para falar pessoalmente com o Victor, não tem como voltar atrás agora. O jeito é esperar o Natal chegar.

— Que presentão — Isabela comenta ironicamente.

O último sábado de novembro em Paris é gélido e chuvoso. O apartamento de Vinícius aparenta ser ainda menor com a quantidade de pessoas ali reunidas para celebrar o vigésimo aniversário dele. 

Marina, Isabela e Felipe conversam sentados no sofá, Vinícius e Yasmin cochicham no balcão que separa a cozinha da sala, Sophia, Micael e Arthur se espremem na sacada enquanto Mel, Chay e Lua organizam os aperitivos na mesa ao redor do bolo de aniversário.

Chay e Mel fizeram questão de irem em voos separados para Paris e só se encontraram horas antes do jantar de aniversário do primogênito. Lua está distraída organizando macarons ao redor do bolo e não percebe a troca de olhares e sinais entre os amigos. Mel assente discretamente e Chay se afasta.

O cantor pega sua taça de vinho na mesinha de centro e bate suavemente no vidro com uma colher, atraindo a atenção de todos. Marina, Isabela e Felipe erguem as cabeças, Vinícius e Yasmin se voltam para o centro da sala, Sophia, Micael e Arthur retornam para o interior do apartamento e Mel e Lua se viram para Chay.

— Eu queria aproveitar que todos estão reunidos aqui nesta noite especial e compartilhar uma notícia com vocês — fala o cantor.

— A gente já sabe que a Elisa nasceu — brinca Micael.

— Não é isso, bobão. Mas, é uma questão familiar também.

Isabela franze levemente a testa e olha para a mãe, que está sorrindo levemente ao lado de Lua.

— Fala logo, Chay — pede Marina com curiosidade.

— Antes, eu queria ressaltar para vocês, meus filhos — ele alterna o olhar entre Isabela e Vinícius —, que nós pensamos em falar primeiramente com vocês, mas achamos que esse momento aqui é muito especial para esse anúncio.

— Nós quem? — questiona Isabela.

— Que anúncio? — pergunta Vinícius.

Chay olha por sobre o ombro e Mel dá um passo em sua direção. Ela para ao lado do cantor e entrelaça seus dedos nos dele, dizendo:

— Nós voltamos.

A sala é inundada por exclamações de surpresa e animação.

— Não acredito! — diz Isabela ficando em pé. — Como isso aconteceu?

— Lembra do retiro que a gente foi com a Luiza? — fala Mel e o queixo de Isabela despenca.

— Vocês estão juntos desde aquela época!?

— Já se passaram quase três meses daqueles dias bizarros — constata Felipe.

— Por que vocês não contaram antes? — questiona Sophia.

— A gente queria ter certeza da volta — diz Mel.

— E agora vocês têm certeza? — indaga Vinícius. 

Chay e Mel trocam um olhar e respondem juntos:

— Absoluta.

— Totalmente.

Ainda há bolo do aniversário de Vinícius na geladeira dois dias depois, quando ele e Marina terminam de se arrumar para a cerimônia de formatura dele. Ao contrário da noite do aniversário, agora o apartamento encontra-se apenas com o casal, pois todos os outros convidados da formatura estão hospedados em hotéis na região. O rapaz alinha o terno no próprio corpo diante do espelho enquanto Marina contempla o início da noite pela janela, já pronta em seu longo vestido preto de costas nuas e mangas compridas. Ela está tão perdida nos próprios pensamentos que se assusta quando Vinícius a abraça por trás.

— Você está tão pensativa — sussurra o rapaz no ouvido dela. Marina coloca as mãos em cima das do namorado, por cima de seu vestido.

— Estava lembrando da primeira vez que eu fui embora de Paris, depois de conhecer o seu apartamento — ela conta, a memória ainda fresca em sua mente:

— Bom dia — falou Vinícius sentado na cama. 

— Bom dia — respondeu a garota pegando as peças de roupa que deixara sobre uma cadeira no dia anterior. Ela começou a se vestir e evitou o olhar do namorado. Quando já estava vestida com uma calça jeans de lavagem clara e uma segunda pele bege, ajoelhou-se diante de sua mala e guardou alguns itens de maquiagem em sua necessáire enquanto ouvia Vinícius sair do quarto e se trancar no banheiro. 

Marina respirou fundo e levantou, passando as mãos em sua calça jeans. Depois de calçar sapatilhas, caminhou até a janela e ficou observando a região. Como o prédio do apartamento de Vinícius fica na esquina de uma rua tranquila e uma avenida movimentada, Marina reconheceu na diferença entre as vias a oscilação de seus sentimentos. Ela continuou parada na janela quando Vinícius voltou para o quarto e trocou de roupa. O rapaz aproximou-se dela e deslizou as mãos suavemente por sua cintura, chamando:

— Vamos tomar café?

Marina virou de frente para ele e apoiou as mãos em seus ombros, olhando intensamente para o seu rosto. Vinícius deu um leve sorriso, admirando os olhos castanhos dela. A garota passou a ponta de seu nariz pelo rosto dele até suas bocas se encontrarem em um beijo lento. Vinícius apertou o corpo dela contra a janela e Marina segurou em sua camisa com mais força. Os beijos foram ficando mais intensos e o rapaz escorregou as mãos para dentro da segunda pele que ela usava, deixando Marina arrepiada com o toque de suas mãos frias. Ela mordiscou o pescoço e clavícula dele e apoiou as mãos no cós de sua calça. 

Entre o beijo, a garota foi guiando Vinícius até a cama, onde o jogou contra os lençóis. O garoto sorriu e passou a mão no cabelo, vendo Marina subir na cama e ficar sobre si com os joelhos apoiados ao lado de seu quadril. Com a boca, ela levantou a camisa dele até a altura de seus ombros. Vinícius retirou a peça enquanto recebia beijos no abdômen. Ele deixou as mãos dentro da blusa dela novamente e aos poucos foi tirando a peça também.

O casal voltou a se beijar e Vinícius segurou com firmeza no quadril de Marina ao inverter as posições. A respiração da jovem ficou mais irregular conforme a boca de Vinícius foi descendo por seu corpo em beijos lentos. O rapaz tirou a calça jeans dela e ao jogar a peça no chão aproveitou para pegar na mesinha de cabeceira um pacote de preservativo. Marina segurou em seu braço e o trouxe para perto de si, beijando seu pescoço e arranhando suas costas. 

Cada parte do corpo de Vinícius vibrava de desejo pelo corpo de Marina. A jovem entrelaçou suas pernas nas dele enquanto sua mão envolvia os cachos de seu cabelo. 

— Eu nunca vou deixar de te querer — sussurrou entre suspiros. Vinícius respondeu com um beijo acalorado e segurou em suas mãos.

— Você é a mulher da minha vida — declarou contemplando os olhos de Marina. Os dois se encararam por longos segundos e se beijaram com volúpia.

— Eu estava com tanto medo de te perder — confessa Marina. — Tinha medo da gente se afastar ao ponto de não nos reconhecermos mais.

— Apesar de todas as mudanças, eu ainda reconheço em você a pessoa pela qual eu me apaixonei no ensino médio.

Marina vira, de modo a ficar com o nariz a poucos metros do de Vinícius.

— Eu realmente acredito que nunca vou deixar de te amar.

— Eu também. — Vinícius dá um beijo suave nos lábios dela para não borrar o batom vermelho que ela usa. — Pensando nisso, eu queria te mostrar uma coisa.

— Espero que não seja o seu corpo nu, porque isso eu pretendo ver apenas depois da formatura — ri Marina.

— É outra coisa que eu pretendia te mostrar somente depois da formatura — fala Vinícius caminhando até a cabeceira de sua cama —, mas como disse o meu pai no meu aniversário, “esse momento aqui é muito especial”.

Marina ri e observa o namorado tirar um envelope de dentro da primeira gaveta. 

— O que é isso? — pergunta quando Vinícius coloca o envelope em suas mãos.

— Abre.

— Aqui não cabe uma aliança de noivado, né? — brinca a jovem.

— Nós já somos casados, lembra? — responde o rapaz fazendo referência ao casamento na praia que eles fizeram simbolicamente anos antes, ainda no Brasil.

— É uma passagem para Boston — Marina lê o conteúdo do envelope. — Com o seu nome. Na mesma data em que eu vou voltar para lá. — Ela ergue os olhos e enxerga o rosto sereno e sorridente de Vinícius.

— Eu vou voltar com você — conta o rapaz. — Ainda não é definitivo, é claro — acrescenta rapidamente —, ainda preciso resolver minhas coisas aqui em Paris. Só que eu vou para Boston com você para a gente escolher o nosso cantinho. 

— A gente vai mesmo colocar esse plano em prática? — pergunta Marina com os olhos marejados.

— Eu estou muito disposto. E você, aceita morar comigo? 

— É tudo o que eu mais quero — responde Marina antes de beijar Vinícius, sem se importar em borrar seu batom vermelho.

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