Imagine 5ª Temporada | Capítulo 47: Desconfiança impensável

— Mamãe! — Nicolas grita, tirando o foco de Mel e Felipe, que foram questionados por Isabela. O garotinho pula de sua cadeira e corre em direção aos pais, que cruzam a porta da cozinha. 

— Que saudade, meu amorzinho! — exclama Luiza pegando o filho mais velho no colo. Rapidamente, Mel se levanta e tira Miguel de sua cadeirinha. Ela caminha com o sobrinho no colo até o casal recém-chegado de Paris, declarando definitivamente o fim da conversa com Isabela. A jovem não se importa com a esquiva, pois está mais concentrada na animação dos primos. Ela e Felipe ficam em pé no mesmo instante e seguem até o restante da família. Felipe sorri para Luiza e Daniel e continua caminhando até adentrar na cozinha. O rapaz tira o celular do bolso e liga para um dos contatos mais recentes.

— A Isabela está desconfiada de que tem alguma coisa acontecendo.

— Quê? — questiona Jonas do outro lado da ligação.

— Ela está estranhando o seu comportamento, disse que tem certeza que você está escondendo alguma coisa da Maisa.

— É só impressão da Isabela, Felipe — responde Jonas. — Não fica dando importância para isso.

— E se ela descobrir alguma coisa?

— Ela só vai descobrir se você abrir a boca. Aliás, eu vi um storie dela de um almoço em família. Por um acaso você está me ligando da casa dela?

— Eu estou longe dela.

— Se eu soubesse que você é burro a esse ponto não teria te envolvido nisso — resmunga Jonas.

— É simples resolver isso, você pode se virar sozinho com o Pedro.

— Não, eu preciso de você.

— O que você disse? — pergunta Felipe. O divertimento com a confissão de Jonas afasta por um momento de sua mente as desconfianças de Isabela.

— Você ouviu. Agora é melhor a gente desligar. E para de surtar por qualquer coisa. Deixa a Isabela desconfiar do que ela quiser, não tem como ela descobrir a verdade.

— Até porque a verdade é tão absurda que nem na imaginação a Isabela chegaria perto.

— É bom que ela não se mete nisso.

— O que você está fazendo aqui sozinho? 

Ao ouvir a voz da namorada, Felipe rapidamente abaixa o celular, mesmo instante em que Jonas encerra a ligação.

— Estava falando com um colega da faculdade — responde Felipe, atrapalhado.

— Em pleno sábado? — Isabela estreita os olhos, parando em frente ao namorado.

— É, ele queria ajuda para preencher a tabela de frequência do estágio.

— Entendi. — Ela ergue os braços, rodeando os ombros dele. — Aquela minha pergunta sobre você e minha mãe estarem escondendo algo era brincadeira, ok? — Felipe assente e recebe um beijo dela. — Afinal, eu não tenho motivos para desconfiar de você, né?

Felipe resiste a vontade de desviar o olhar e responde fitando o rosto de Isabela:

— Nenhum.

Enquanto o Sol se prepara para se pôr em Veneza, Yasmin e seu grupo de amigos degustam vinhos em uma gôndola atracada em frente a um restaurante.

— Apesar de muito nova, acho que eu já tomei sustos para uma vida inteira — comenta ela.

— Não sei o que é pior, um sequestro ou uma bala perdida — reflete João para o choque dos italianos.

— Bala perdida? — repete Fabrizio.

— Você já foi sequestrada? — questiona Luca.

Yasmin dá um sorriso entristecido e assente.

— Já. No meu aniversário do ano passado, inclusive. Fiquei em cativeiro e tudo. Até hoje eu tenho medo de andar sozinha à noite na rua, embora eu tenha sido sequestrada com uma amiga e um conhecido.

— E foi nessa ocasião que você foi baleada? — pergunta Paolo.

— Não. O tiro foi anos antes. — Ela conta a história oficialmente divulgada de que um bandido invadiu a fazenda de Chay para roubá-los, dissimulando o fato de que a pessoa em questão era o pai de Daniel e que ele não tinha interesse financeiro, e sim em buscar vingança contra o próprio filho. — Na hora que a gente tentou fugir, eu fui atingida por um dos tiros. A bala atravessou meu abdômen. Precisei até de transfusão de sangue.

— E o mais bizarro é que a doadora foi a cunhada dela que até então ela odiava — comenta Camila.

— Odiar é um verbo muito forte — ri Yasmin.

— Caramba, você já passou por tanta coisa — surpreende-se Matteo. Ele pega na mão dela e acaricia seus dedos com delicadeza. — Admiro a sua força.

— Por isso que a gente tem que comemorar muito mais um aniversário seu — sorri Luca. Ele ergue a própria taça. — Um brinde à nossa brasileira favorita.

— Ei! — exclama Camila.

— Opa — ri Luca —, um brinde à nossa brasileira loira favorita. — Eles gargalham e unem suas taças. 

Quando já é noite o grupo retorna para a residência onde estão hospedados. Todos sorridentes e soltos de vinho. Yasmin caminha abraçada em João e Luca, os três sincronizando os passos entre gargalhadas. Mais à frente, Matteo brinca com Camila, Fabrizio e Paolo.

— Olha só o que temos aqui! — exclama Camila em português quando eles viram a esquina da rua estreita onde fica a casa.

Yasmin ergue a cabeça com o grito da amiga, curiosa por ela ter falado em português. O efeito do vinho embaça a sua visão, mas ainda assim ela reconhece de imediato a figura que está postada em frente à casa.

— Não é possível! — Ela solta João e Luca e corre pela rua de pedra até se chocar contra o corpo de seu melhor amigo em um abraço instantâneo e apertado.

— Eu tinha que aproveitar o fato de você estar no mesmo continente que eu — sorri Vinícius.

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