Imagine 5ª Temporada | Capítulo 45: Confronto
Mel continua parada na entrada do corredor, olhando fixamente para a filha.
— Mãe? — pressiona Isabela arqueando as sobrancelhas. — Quem a senhora pensou que fosse?
Mel dá de ombros de forma displicente.
— Você, ué. Quem mais seria? O meu outro amor está em Paris.
— É que não pareceu isso — observa Isabela com desconfiança.
— Ai, filha, eu estou com sono — justifica-se Mel, coçando um dos olhos. — Está tudo bem com você?
— Está — responde Isabela ainda olhando com estranheza para Mel.
— Então eu vou subir, ok? — Ela passa por Isabela e afaga sua cabeça. — Boa noite, meu amorzinho.
Mel sobe as escadas e Isabela a acompanha com o olhar.
— Eu, hein — sussurra para si e também segue para o andar de cima segundos depois.
Na manhã seguinte, Jonas falta às suas aulas da manhã para acompanhar Maísa até a Assembleia. Durante todo o percurso, ela tenta se acalmar, passando as mãos pela calça e massageando os próprios dedos. Ao seu lado, no banco do motorista, Jonas aperta o volante com força, também tentando controlar os próprios sentimentos.
Após estacionarem o carro, eles entram no prédio e se dirigem ao gabinete de Everaldo.
— Eu prefiro falar com ele sozinha — diz Maísa parando em frente ao gabinete.
— Tem certeza? — pergunta Jonas com um nó na garganta.
— Tenho.
— Ok, eu vou te esperar aqui fora então.
— Tá bem.
Jonas segura na mão dela com força e fixa seu olhar no rosto dela.
— Fica calma, ok? Qualquer coisa eu estou aqui fora.
— Obrigada. — Embora sua voz se mantenha firme, os olhos de Maísa estão inquietos.
Assim que é anunciada pela secretária, Maísa entra na sala do deputado estadual.
— Maísa. — Everaldo abre um largo sorriso quando a jovem passa pela porta. Ele fecha a pasta que está sobre a mesa diante de si e gesticula para a cadeira à sua frente. — Fique à vontade. — Maísa se senta, apreensiva. — Eu já imaginava que você viria antes do seu horário de estágio.
A namorada de Jonas se espanta.
— Imaginava?
Everaldo inclina a cabeça levemente para o lado, dando um sorriso.
— Eu sei de tudo o que acontece dentro do meu gabinete.
Uma onda de alívio inunda Maísa momentaneamente, porém o sorriso no rosto de Everaldo faz com que ela volte a ficar em estado de alerta.
— O senhor sabe o que o Rogério fez comigo? — questiona para confirmar seus palpites.
Everaldo assente com tranquilidade.
— Ele me contou o que aconteceu entre vocês.
— Ele te contou? — rebate Maísa mais uma vez surpresa. Ao cogitar que Everaldo já soubesse do ocorrido, Maísa pensou que o fato tivesse sido relatado pela secretária que estava no gabinete no dia anterior.
— Contou — responde o deputado estadual.
Maísa espera que ele continue falando, mas quando Everaldo não prossegue, ela logo emenda:
— E o que o senhor fez com ele?
— Nada, é claro. Ele é um dos meus melhores assessores.
— Mas ele me assediou! — As palavras deixam a boca de Maísa com um gosto amargo, provocando um embrulho em seu estômago.
— Maísa — Everaldo pronuncia o nome dela com delicadeza. — Tudo é uma questão de interpretação. — Maísa continua olhando para ele inexpressiva. — Eu tenho certeza que o Rogério não agiu por maldade. Se ele tentou se aproximar de você foi porque acreditava que você iria corresponder. Em algum momento você deve ter dado a entender para ele que estava intere…
— Ele me assediou! — repete Maísa saindo do estado de torpor que ficou ao ouvir a justificativa de Everaldo. — Eu nunca demonstrei nenhum interesse naquele homem. E nada, nada, Everaldo, daria o direito dele fazer o que fez comigo.
— Calma, Maísa — pede Everaldo sem alterar seu tom de voz sereno. — Todo mundo aqui só quer o seu bem.
— Será mesmo? — retorque Maísa. — O senhor está defendendo aquele homem. Eu jamais esperaria isso do senhor — ela fala sacudindo a cabeça. — O senhor era amigo do meu pai — completa com os olhos se enchendo de lágrimas.
— Você parece muito com o Edson — comenta Everaldo. — Justiceira. Inflamável. Seu pai era tão tranquilo no dia a dia, mas quando ele entrava no plenário, virava outra pessoa. E como amigo do seu pai que eu era, te dou um conselho, minha filha. É melhor você tomar cuidado senão pode ter o mesmo fim do seu pai.
A boca de Maísa seca e o ar parece desaparecer de seus pulmões.
— O que você quer dizer com isso? — questiona com as lágrimas congeladas no olhar.
Everaldo dá de ombros com despreocupação. Ele organiza alguns papéis que estão sobre sua mesa sob o olhar intenso de Maísa.
— Ser assim — fala guardando uma papelada na primeira gaveta de sua mesa — pode mexer com a cabeça e tirar ela do sério. É fácil fazer uma besteira.
— Não foi isso que você quis dizer — rebate Maísa de imediato, tomada por um impulso violento.
O deputado dá um sorriso de canto de boca e pergunta:
— Você quer que eu assuma que foram membros do partido que mataram o seu pai e simularam o suicídio? — Maísa solta um ruído seco e incompreensível e o sorriso de Everaldo aumenta. — Eu sei que você anda pesquisando coisas e perguntando para as pessoas da Assembleia sobre como estava a relação do seu pai com o partido antes dele se matar. Não foi difícil deduzir a teoria que você montou na sua cabeça como negação da realidade. Mais um conselho, minha filha — ele acrescenta olhando intensamente com ela —, não mexe no passado.
Com força, Maísa empurra a cadeira e sai correndo do gabinete. No corredor, ela se choca com Jonas, que segura firmemente em seus braços.
— O que houve? — ele pergunta assustado.
— Vamos embora daqui. Vamos embora daqui — repete, atordoada.
Na principal suíte da mansão de Mel, Chay se veste enquanto Mel enrola na cama para levantar.
— Por pouco a Isabela não descobre a gente ontem — conta a empresária.
Chay ri.
— Imagina!
— Ai, credo, não gosto nem de brincar com uma coisa dessas.
— Você acha que se eles descobrirem antes da gente contar vai ser algo ruim?
— Eu acho! — diz Mel com convicção. — Eles vão se sentir de certa forma manipulados, enganados.
— Eu acho que eles vão ficar tão felizes de verem a gente juntos que não vão nem ligar para isso — opina Chay, passando a camisa pela cabeça.
— Eu não quero arriscar — responde Mel. — A gente precisa contar a verdade para eles o quanto antes. Pelo menos eles precisam saber que nós voltamos.
Horas depois, Isabela e Felipe almoçam juntos e seguem para o campus em que ela estuda. Felipe aproveita que não tem nem estágio, nem aula no período da tarde para ficar fazendo companhia para a namorada enquanto a aula dela não se inicia.
— Eu achei bem estranha a reação da minha mãe ontem — comenta a jovem sentada em um banco em um dos corredores.
— Mas ela não tem o costume de te chamar de amor? — observa Felipe.
— Tem — responde Isabela —, mas ela não desconfiava que eu ia passar em casa.
— Acho que você está viajando, Isa — opina o rapaz. — Como a Mel mesmo disse, a outra pessoa que ela poderia chamar dessa forma está em Paris.
— E se a minha mãe estiver com alguém? — supõe Isabela repentinamente.
— Namorando? — surpreende-se Felipe.
— Sim.
— Claro que não. Por que ela não contaria?
Isabela é rápida na resposta:
— Eu não reagi bem no último relacionamento dela.
— Mas isso foi há anos. Ela sabe que você amadureceu.
— Você está querendo dizer que eu era imatura?
— Sim, foi exatamente isso que eu disse — ri Felipe.
— Você já era apaixonado por mim naquela época, ok?
— Sim, era imaturo igual a você — brinca o acadêmico de Matemática e Isabela sorri.
— Enfim, acho que você está certo. Não tem mais por que a minha mãe esconder um relacionamento da gente. Só se ela estivesse conhecendo a pessoa agora, mas nesse caso ela não levaria alguém assim para casa com o Nícolas e o Miguel lá, muito menos chamaria de amor.
— Viu, só? Agora que você é madura enxerga os fatos com clareza.
— Cala a boca, Felipe. — Eles gargalham.
Isabela olha ao redor e o seu sorriso reduz gradativamente ao ver quem se aproxima do ponto onde eles estão no corredor. Ela se levanta ao perceber que Jonas sequer olha para os lados e provavelmente não irá vê-los ali.
— Oi — fala se colocando no caminho dele. — Que cara é essa?
O olhar de Jonas passa por Isabela, Felipe no banco e volta a se concentrar em Isabela.
— Aconteceu uma coisa muito bizarra. Para dizer o mínimo.
Da parede, Felipe pergunta:
— Tem a ver com o lance de ontem da Maísa?
Jonas olha com espanto para Felipe.
— Você contou para ele? — questiona encarando Isabela, que encolhe os ombros inofensivamente.
— Era segredo?
Jonas solta um suspiro e senta no banco no lugar que anteriormente Isabela ocupava. Ele passa a mão no rosto e deixa a mochila no chão, presa entre as pernas.
— Hoje de manhã eu fui na Assembleia com a Maísa para ela contar para o deputado amigo do pai dela o que aconteceu ontem.
— O que aconteceu ontem? — indaga Isabela sentando ao lado do amigo e ex-namorado.
Entre Isabela e Felipe, Jonas narra:
— A Maísa foi — ele engole em seco — assediada.
— O quê?! — exclamam Isabela e Felipe.
— Um assessor do deputado encurralou ela na copa e passou a mão pelo corpo dela e chamou ela para… Ai, que ódio! — ele fecha os punhos com força.
Com os olhos arregalados, Isabela pergunta:
— E o que o deputado disse quando a Maísa contou para ele?
— Adivinha?
É Felipe quem responde:
— Eu não acredito que ele ficou do lado do cara.
Jonas assente e Isabela cobre a boca com as mãos. Felipe balança a cabeça com indignação.
— Que nojo! — exclama cuspindo as palavras com ódio.
— E não para por aí — continua Jonas —, ele disse para a Maísa não mexer no passado.
Isabela, que sabe das desconfianças ao redor da morte de Edson, estreita os olhos.
— Como?
Jonas confirma com a cabeça e troca um olhar significativo com ela.
— Ele deixou claro para Maísa que sabe das investidas dela em tentar descobrir algo sobre a morte do pai dela.
Felipe acompanha a conversa em silêncio enquanto Isabela fica de queixo caído.
— Não acredito!
— Ele aconselhou a Maísa a tomar cuidado para não ter o mesmo fim do Edson — conta Jonas.
— Isso é praticamente uma ameaça, Jonas! — indigna-se Isabela com o fluxo de pensamentos a mil. — Será que tem fundamento essa ideia da Maísa de que não foi suicídio?
Felipe arqueia as sobrancelhas, espantado com a informação. Ao seu lado, Jonas morde o lábio inferior.
— O ódio que eu estou sentindo não cabe em mim.
— Imagino — fala Felipe.
— Calma — pede Isabela do outro lado. — Ficar assim não vai ajudar.
— Além do cara ficar do lado do assediador, ele ameaçou ela, Isa — rebate seu namorado.
— Eu sei, é horrível demais! Só que não adianta deixar o ódio falar mais alto.
— Adiantaria um pouco quebrar a cara daquele filho da puta — diz Jonas com os dentes cerrados.
Depois das aulas da tarde, Yasmin, João e Camila seguem para o apartamento que dividem em Milão na companhia de Luca. Eles se acomodam no sofá da sala para juntos escolherem o apartamento que irão alugar em Veneza para passarem o final de semana.
— Vocês vão amar a cidade — prevê Luca, sentado no sofá com o notebook de Yasmin no colo. Ao lado dele, a loirinha, Camila e João se espremem para visualizar a tela do aparelho.
— Você já foi para lá muitas vezes? — pergunta João.
— Algumas, eu adoro Veneza.
— A cidade em que os carros são gôndolas — comenta Yasmin e Camila solta um suspiro.
— Ai, estou louca para andar pelos canais de gôndola.
— Abraçadinha com o Fabrizio — provoca João e Yasmin torce o nariz.
— Vocês que não fiquem de casalzinho o tempo inteiro — orienta. — Estamos indo para comemorar o meu aniversário. Eu quero muita curtição coletiva!
— Uhul! — vibra Luca. — Veneza que nos aguarde.
Yasmin sorri para o amigo e completa:
— Estamos indo com tudo, Veneza.
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Melanie até que saiu bem né? Pensei ela ia falar na hora e chorar, Isabela ficou com pulga atrás da orelha.
ResponderExcluirEu falei esse segredo não durava um mês! AF
Yasmin em Veneza vem mais babados ou tranquilidade por aí?
E a mel ,se saiu muito bem ,kkkkk,podia colocar uma maratona né Re.kkkk e aquela noite dos dois hein.
ResponderExcluirAmei o capítulo.