Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 40: Meditação reveladora


 

O Sol já se pôs há algum tempo quando Chay, Anelise e Bernardo entram na recepção do retiro com suas bagagens. Bernardo segura firmemente sua mala de mão, parado em frente ao balcão enquanto Chay caminha pelo espaço, observando cada detalhe da recepção. Anelise acompanha com o olhar o atendente colocar o cesto branco de celulares sobre o balcão de madeira.

— Celulares aqui, por favor — solicita o rapaz. Após entregarem seus aparelhos telefônicos, Chay, Anelise e Bernardo recebem um termo de confidencialidade.

— Para que isso? — questiona o cantor.

— Para garantir a privacidade de vocês. Todos os demais presentes no nosso retiro também assinaram, garantindo não divulgar as informações pessoais aqui descobertas nas reuniões coletivas.

— Interessante para você que é famoso, Chay — diz Bernardo assinando.

— O que acontece no retiro, fica no retiro — brinca Anelise.

— Como se muita coisa pudesse acontecer aqui — responde Chay em tom de ironia.



Os olhos de Mel estão fixos na parede ao lado de sua cama, no quarto do retiro. Ela sacode um dos pés impacientemente, conferindo as horas do relógio de segundo a segundo.

 — Se eles não têm relógio nesse lugar, como eu vou saber a hora da primeira atividade? — ela se pergunta vendo seu relógio marcar 21h. A empresária levanta da cama e se aproxima da janela, espiando um enorme gramado iluminado por velas presas em tochas. Nenhuma pessoa circula do lado de fora. 

Quinze minutos depois, Mel se sobressalta com uma batida na porta.

— Graças a Deus! — exclama correndo para abrir. Uma funcionária, vestida totalmente de branco igual ao recepcionista, sorri para ela.

— Vamos para a reunião de recepção?

— Vamos!

Mel segue a funcionária pelo corredor até a saída do alojamento onde algumas hóspedes do retiro estão acomodadas. Elas cruzam o jardim perfumado e pegam um caminho de pedra iluminado, oculto na vista do quarto de Mel, que se encerra em um enorme e resplandecente salão de vidro. Outras mulheres também estão chegando e todas elas se sentam em um grande círculo sobre um tapete que ocupa todo o chão do salão.

Anelise acaricia suavemente sua barriga, os pensamentos tranquilos. Ao seu lado, uma senhora conjectura baixinho com uma jovem o que pode ser o jantar. Elas encerram a conversa abruptamente e Anelise ergue a cabeça, visualizando uma senhora de cabelo e roupas brancas caminhar até o meio do círculo. Seu olhar vai além, parando em uma hóspede sentada do outro lado da sala.

Anelise estreita os olhos e os arregala no instante em que a mulher encontra o seu olhar.

— Mel!? — sussurra.

— Boa noite! — exclama a mulher de cabelos brancos com uma voz terna e firme. — Sejam muito bem-vindas ao Recanto Solar. Esta é a nossa primeira reunião coletiva entre mulheres. Espero que possamos aproveitar muito este primeiro contato.

O coração de Anelise, até então sereno, dispara com a presença da ex-cunhada. Mel sorri e acena para ela, estranhando sua reação de extremo espanto. 

Em um canto da sala, Isabela observa a cena entre a mãe e a tia, também sem entender a postura de Anelise. Ela tenta acenar para a tia, mas Anelise permanece olhando apenas na direção de Mel.



Em um outro espaço de vidro, Felipe está estarrecido com a visão de Chay e Bernardo em sua frente no círculo formado pelos homens. O cantor também se surpreende com a presença do genro e questiona para Bernardo:

— Se o Felipe está aqui é bem provável que a Isabela também esteja.

— A Luiza deve ter chamado eles — observa Bernardo. — Só que ela não comentou nada com a gente.

— O chato é não poder ir até ele.

— Vamos nos concentrar na reunião, por favor — pede um senhor no centro no círculo olhando para Bernardo e Chay. Os dois rapidamente param de falar e se endireitam.



Ao longo de uma hora, Anelise tenta se concentrar no que diz a senhora entre elas, porém seus pensamentos só fluem sobre Mel e Chay no mesmo retiro. No entanto, uma frase da senhora a faz voltar para o presente com bastante velocidade.

— 24 horas de silêncio? — questiona Isabela no canto, próximo a uma das portas do salão. Anelise não sabe se fica mais surpresa com a presença da sobrinha ou com a informação de que terá que ficar 24 horas sem falar, sendo que tudo o que deseja neste momento é gritar para o irmão que Mel está no retiro.

— Serve para aumentar a conexão com o eu interno, os pensamentos e anseios. É importantíssimo para esta desintoxicação com o agito urbano — responde a senhora tranquilamente. 

O queixo de Isabela fica paralisado e ela olha para sua mãe, que dá de ombros. Luiza, a poucos metros de Mel, sorri com a expressão da sobrinha, ainda intrigada com a visível perplexidade de Anelise.



Ao fim da primeira reunião coletiva, Felipe fica em pé e segue na direção de Chay disposto a quebrar as 24 horas de silêncio logo nos primeiros minutos. No entanto, uma mão firme segura o seu ombro direito.

— Venha comigo, vou te guiar até o seu quarto.

— Não, eu preci…

— Silencie-se — pede o funcionário colocando uma mão no peito de Felipe. — Deixe apenas que a sua voz interna fale.

— Eu não…

— É importante. — O rapaz pega no pulso de Felipe e o arrasta para fora do salão. Indignado, Felipe olha por sobre o ombro e vê Chay e Bernardo sendo guiados para a outra saída.



— Por que você não me falou que a Mel viria? — As palavras escorregam da boca de Anelise velozmente assim que ela e Luiza se cruzam na saída do salão. Mel e Isabela seguem na direção oposta, dando tchau para elas.

— Eu achei que tinha comentado, mas pelo…

— Vocês precisam controlar o impulso — diz a mulher que as orienta até a saída. — A palavra falada é tentadora, mas não é mais forte do que a voz interna de vocês. E é esta voz que vocês precisam ouvir neste momento.

Anelise lança um olhar intenso para Luiza, tentando transmitir tudo o que sabe, porém o máximo que consegue é deixar a psicóloga ainda mais confusa.



Depois de degustar o jantar em seu quarto, Felipe abre silenciosamente a porta e espia o corredor. Ele se coloca para fora do cômodo, focado em seu plano de ir até a área destinada às mulheres e, de alguma forma, descobrir qual é o quarto de Isabela para contar que Chay está no retiro. O corredor está totalmente silencioso e o único som que ele ouve é dos grilos no jardim que rodeia os quartos. Felipe caminha até a porta principal, quando é abordado pelo mesmo funcionário que o tirou do salão.

— Está tudo bem? — pergunta o rapaz solicito. — Responda apenas se algo estiver lhe incomodando no seu quarto.

Como não pensou em nenhuma desculpa caso fosse flagrado, Felipe não consegue elaborar nenhuma frase coerente, apenas gagueja palavras soltas. O funcionário sorri para ele e coloca uma das mãos em suas costas, o guiando para o corredor novamente.

— A primeira noite é difícil, depois você vai entender o propósito que te trouxe aqui.

Resignado com o fracasso de seu plano, Felipe retorna em silêncio para o próprio quarto.



Um sorriso entusiasmado surge no rosto de Isabela quando ela abre as persianas de madeira de seu quarto e se depara com o jardim iluminado pelo Sol na manhã seguinte.

— Apesar de tudo, esse lugar é tão acolhedor! — Ela troca seu pijama por um vestido longo floral e prende o cabelo em um rabo de cavalo antes de sair de seu quarto. Na entrada do bloco, encontra uma moça que aparenta ser um pouco mais velha do que ela. Lembrando-se das 24 horas em silêncio, ela coloca as duas mãos sobre a barriga e dá duas batidinhas.

A funcionária sorri levemente e assente.

— Vou te acompanhar até o refeitório coletivo. 

As duas saem, cruzam o jardim perfumado de orquídeas, passam pela sala de vidro onde foi realizada a primeira reunião coletiva na noite anterior e seguem por um caminho de pedras. Isabela acompanha os passos lentos da funcionária, controlando-se em alguns momentos para não acelerar sua caminhada. Ela tenta absorver o máximo de informações sobre a propriedade do retiro e suas acomodações.

Quando elas passam por uma sala mediana também de paredes de vidros, porém resguardada por cortinas de linho, Isabela interrompe sua caminhada com o olhar fixo na porta da frente. Um grupo de homens e mulheres entram ordenadamente no espaço e Isabela tenta ir até lá, no entanto sua acompanhante segura em seu pulso.

— Primeiro o café da manhã — informa a moça — depois você vai poder escolher as atividades diárias que deseja. A meditação — ela indica a sala — é uma delas.

Isabela olha para o espaço por alguns segundos, depois retoma sua caminhada até o refeitório. Gotículas de suor já se acumulam em sua testa quando ela chega até o local e é orientada pela funcionária:

— Fique à vontade para escolher o que quer comer dentre as nossas opções. Sente-se onde se sentir confortável e em paz. Boa refeição. — A funcionária vira as costas e Isabela observa a mesa de alimentos. 

Diversas frutas cítricas e adocicadas estão dispostas ao longo da mesa, assim como pães integrais, torradas, geleias, queijos, presuntos, sucos, iogurtes e mais uma infinidade de alimentos que Isabela nem chega a observar. Ela serve uma fatia de melancia, pães de queijo, torrada com geleia de morango e suco de laranja em sua bandeja dourada. Em seguida, analisa as mesas do refeitório, tentando definir onde se sentará. 

A jovem não precisa pensar muito, pois quando identifica as costas de seu namorado, sentado na última mesa do espaço, se dirige até lá. 

— Bom dia — sussurra tão baixo que até Felipe, que está bem ao seu lado, tem dificuldade de ouvir.

— Bom dia, amor — ele responde no mesmo tom de voz.

— Dormiu bem? 

— Na medida do possível. Preciso te contar uma coisa.

— Eu também — sussurra Isabela. — Quando eu estava vindo para cá, tive a sensação de ver o meu pai entrando na sala de meditação. Será que já é a abstinência de celular?

Felipe ri baixinho.

— Seu pai está aqui, Isa.

Isabela derruba o pão de queijo em sua tigela.

— Sério? 

— Sim, ele estava junto com o Bernardo ontem na reunião coletiva.

A jovem demora alguns minutos para processar a informação.

— Será que eu conto para a minha mãe ou deixo ela descobrir sozinha? — ela se pergunta, encarando os olhos escuros de Felipe.



Assim como todos os espaços coletivos, a sala de meditação tem duas portas, cada uma em uma extremidade. Mel adentra pela porta de trás, ofegante. 

— Eu me perdi — sussurra para a funcionária que está logo adiante. A mulher apenas assente e entrega um tapete fino para a cantora e empresária. Mel se senta na última fileira, entre um senhor e uma adolescente. Segundos depois, o instrutor de meditação entra pela porta da frente e se posiciona em um tapete diante da turma.

— Bom dia a todos e todas. Eu sou o Marcelo e vou guiar a meditação de vocês nesta manhã. Primeiramente, peço para que vocês tentem se sentar da maneira mais confortável e desperta possível. Pode cruzar os tornozelos diante do tronco ou colocar os pés sobre as coxas, na posição de lótus. O que for possível e confortável para vocês. 

Na primeira fileira, Chay endireita as costas e cruza as pernas, deixando as mãos sobre as coxas com as palmas viradas para cima, como o instrutor orienta na sequência. 

— Vamos todos fechar os olhos e respirar profundamente por três vezes.

No fundo da sala, Mel fecha os olhos e deixa que seus pulmões sejam inundados com o ar fresco do recanto. Nos primeiros minutos, ela foca apenas nas frases do instrutor, concentrando-se na entrada e saída de ar pelas suas narinas. Depois, um leve incômodo na lombar começa a desconcentrá-la. “Meu Deus, eu me achava ativa, não consigo ficar uns minutos sentada reta assim” pensa. Ela abre apenas um dos olhos e espia disfarçadamente ao redor. O senhor e a adolescente ao seu lado estão com os rostos serenos e as posturas eretas. “Até o velhinho está pleno e eu aqui” nota Mel. Ela inclina levemente a cabeça ao reparar em um homem de cabelos despenteados e levemente grisalhos na primeira fileira. Uma senhora e um rapaz formam uma barreira visual entre Mel e o homem, porém algo na postura dele e na curva de seus ombros faz o coração dela disparar. 

— Sinta o ar preencher os pulmões a cada respiração — diz o instrutor abrindo os próprios olhos. Mel rapidamente fecha o olho e passa o restante da sessão tentando acalmar seus batimentos cardíacos.

Ao fim da meditação, Chay alonga o pescoço e se levanta. Ele dobra o tapete e, assim como os demais, o entrega para um funcionário que os guarda em prateleiras junto à parede. Antes de sair, o cantor olha para o restante da sala pela primeira vez desde que se sentou para meditar. Sua boca seca imediatamente quando ele vê a nuca de uma mulher que entrega o próprio tapete para uma das funcionárias no fundo da sala. Sua vista escurece e em sua mente diversas sensações começam a explodir uma atrás da outra. O cheiro levemente cítrico, a maciez de cetim, o calor que se espalha em quem toca. 

Chay arregala os olhos, tentando focar novamente a visão no fundo da sala, porém agora enxerga apenas uma adolescente entregando o tapete. Ele sai ainda transtornado da sala, em choque com a intensidade de seus pensamentos após a meditação. O cantor só para quando chega em seu quarto, diante da escrivaninha com um papel e lápis na mão.


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Comentários

  1. TA TODO MUNDO FAZENDO VOTO DE 24H DE SILÊNCIO MAS EU NÃO, EU VOU GRITAR!!! O QUE FOI ISSO AQUI? TO RINDO DA REAÇÃO DELES DESCOBRINDO QUE ESTÃO NO MESMO LUGAR KKKKKK

    AMIGA, COMO QUE MEU SHIPP VULGO CHAMEL VAI SE RESOLVER, SE NÃO PODE FALAR?

    TO CHORANDO RENTA
    PQ VC ME ENCHE DE ESPERANÇA
    DPS VC ME ARRANCA ELA ASSIM?

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  2. " Uma senhora e um rapaz formam uma barreira visual entre Mel e o homem, porém algo na postura dele e na curva de seus ombros faz o coração dela disparar. "
    ELA CONHECE O MACHO DELA ATÉ DE LONGE

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  3. "Ele sai ainda transtornado da sala, em choque com a intensidade de seus pensamentos após a meditação. O cantor só para quando chega em seu quarto, diante da escrivaninha com um papel e lápis na mão."

    E nasce uma música nova espie só! Ou um bilhete para a amada

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  4. Bora postando o 41, que não dá nem pra teorizar até mês q vem com esse capítulo

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  5. Não dá mesmo ,estou morrendo de curiosidade, como o meu Chamel vai se resolver assim ? Posta por favor

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  6. Só um pedido...por favor não nos mate de curiosidade. Posta maaais!!!!! Esse retiro.... 🤔 kkkkk

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  7. Oh sofrimento meu Deus, faz logo reencontro deles pelo amor de Deus,

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  8. Renaaaaaata, me ajuda a te ajudar vei.
    AVISA ELES QUE PRA BEIJAR NÃO PRECISA CONVERSAR, assim não quebram o silêncio
    RENATA FAZ ALGUMA COISA

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  9. Eu ri que Mel sacou que tá veia, num aguenta nem ficar com a coluna reta
    ELA CONHECE ELE PELA POSTURA E ELE CONHECE ELA PELA NUCA, PQ ELE JA BEIJOU MUITO AQUELA NUCA

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    1. Realmente a idade chegou para todos né hehehe Uma química é uma química...

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  10. — Como se muita coisa pudesse acontecer aqui — responde Chay em tom de ironia.

    Meu amigo, eu tô aqui mandando energias positivas pra ver se seu relacionamento q não é relacionamento engata. Eu queria um hotzinho tbm ( se vc quiser, eu escrevo Renata! Em nome de Jesus)

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    1. Nara eu tbm queria muito ,só que a Renata não está nos ajudando muito ,fica só colocando idéias e água na boca da gente.
      Esperar 1 mês e difícil viu .Podia rolar aquela maratona por favor.

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    2. Capítulo 41 saiu antes de um mês kkkkkk Juro que estou tentando postar com mais frequência mas está difíciiiil

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