Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 33: O beijo diante da fonte

 

Com os olhos marejados, Vinícius despede-se dos amigos no gramado.

— Não dá para você vir só duas vezes por ano — comenta Graziele abraçando ele.

— Juro que tentarei visitar vocês mais vezes — promete Vinícius.

— E você também, mocinha — a ruiva olha para Marina, que sorri abraçada em Isabela.

— Eu sinto muita falta de vocês lá em Boston, sabiam?

— Mas é claro — responde Felipe. — Deve ser muito difícil ficar muito longe da gente.

— Ele facilita a nossa partida, né? — brinca Vinícius e eles gargalham. O casal fica mais alguns momentos conversando com os amigos até entrar no carro de Lua.

— O Victor vai voltar como para o Rio? — indaga o rapaz saindo da vaga.

— Alguém vai dar uma carona para ele. Você está bem para dirigir, amor? — questiona Marina passando a mão pelo cabelo dele.

— Estou um pouco cansado, mas nada que vá fazer a gente bater — ele ri.

— Qualquer coisa a gente dá uma revesada.

— Ok.

Marina apoia a cabeça no banco e fala:

— Foi muito gostoso hoje.

— Foi mesmo. Eu estava com muita saudade da minha família. Você viu o tamanho da barriga da Anelise?

— Nem está tão grande assim, Vinícius.

— Para mim já está enorme — ele ri.

— A priminha está a caminho.

— A primeira! — Vinícius aperta o volante com empolgação. — Estou muito ansioso.

— Estou vendo — sorri Marina. 

Acomodados em uma das camas do quarto, Yasmin e Victor conversam sob um lençol.

— Você vai me levar para o aeroporto? — ele indaga acariciando as costas nuas dela.

— Eu?

— O Vinícius e a Marina vão voltar mais cedo com o carro da minha mãe e eu vim com eles, né? Preciso de uma carona.

— E por que tem que ser eu? — ri Yasmin.

— Porque assim a gente ganha mais um tempinho juntos.

A jovem sorri e respira fundo, sentindo o cheiro agradável da pele dele.

— Despedidas em aeroportos são tão dolorosas.

— O local é só um detalhe.

— Eu sei que você está me convencendo só para ganhar carona, Victor Aguiar.

— Amo o quanto você me conhece — ele gargalha. — Mas você gostou da surpresa?

— O que você acha? — ela responde com outra pergunta e aperta ainda mais os braços ao redor de seu abdômen. 

— Eu acho que sim. Você poderia me surpreender assim nos próximos meses… só queria deixar no ar.

Yasmin ri.

— Se tudo der certo nos próximos meses estarei em Milão, meu querido.

— Verdade! — exclama Victor. Ele se mexe na cama e senta com as costas apoiadas na cabeceira. — Me conta mais sobre esse intercâmbio.

O sorriso de Yasmin aumenta e ainda com a cabeça apoiada no ombro dele, ela explica seus planos para o restante do ano.

Quando o Sol nasce no horizonte da chácara, Chay desperta no sofá. Ao tentar mover a cabeça sente um forte incômodo no pescoço. Ele massageia a região com uma das mãos, se levantando, e olha em direção à cama, surpreendendo-se por encontrá-la vazia. O cantor caminha ainda descalço até o banheiro. Ao parar diante do espelho visualiza um cabelo bagunçado e o moletom que dormiu amassado. Abrindo a primeira gaveta do armário sob a pia encontra uma escova de dentes e uma pasta. Enquanto escova os dentes, fecha os olhos ainda com muito sono.

— Eu usei essa escova.

O cantor abre os olhos rapidamente e enxerga pelo reflexo do espelho Mel de braços cruzados e um sorriso brincalhão. Ele se vira de frente para ela com o creme dental na boca.

— Quê? — balbucia.

— Eu usei essa escova quando acordei — explica a empresária. Chay termina de escovar os dentes e volta a encará-la, enxugando o rosto com uma toalha.

— Não é a primeira vez que a gente compartilha escova de dente e também não vai ser a última.

Ainda usando seu vestido de festa junina, Mel descruza os braços gargalhando.

— Larga de ser abusado.

— Não custa nada tentar, né? — ele responde sorrindo. — Mas e você, vai ficar com essa roupa até quando?

Mel estica a saia de seu vestido, respondendo:

— Até quando a Dona Yasmin e o Seu Victor resolverem sair do quarto.

— Eles ainda estão dormindo?

— Todo mundo está — ela conta. — Por isso que eu voltei para o quarto, não tinha ninguém para conversar.

— E aí você resolveu vir me acordar para encher o saco?

— Exatamente! Mas você já estava de pé mesmo.

— Poupei o seu trabalho. 

— Exato. 

— E a gente vai ficar conversando aqui no banheiro?

— Ah, não sei, o que você acha? — ela brinca e sai do cômodo. — Já que eu não estou mais sozinha, vamos lá para fora?

— Você estava com medo de ficar sozinha lá fora, Mel?

— É muito problemático?

Chay ri.

— Não, só não combina com você.

— Pois é, com o tempo algumas coisas mudam — ela diz com a voz mais séria.

— Vem, vamos andar um pouco. — Chay pega na mão dela e a guia até o gramado. Eles caminham lentamente até a fonte onde na noite anterior os peixinhos de plástico repousavam. Agora a maioria está espalhada do lado de fora. 

Chay coloca as mãos nos bolsos do moletom e fica contemplando a água, sentindo o Sol aquecer suas costas, afastando o frio do vento matinal.

— Eu moraria fácil em um lugar como este — comenta.

— É, combina um pouco com você — concorda Mel cruzando os braços. 

— Você está com frio? — ele pergunta olhando para ela.

— Um pouquinho.

— Pobrezinha — Chay sorri e passa um braço pelos ombros dela. Mel se aconchega no peito dele e permanece olhando para a fonte. — Você conseguiria morar aqui?

— Eu estava com medo de sair da casa sozinha, o que você acha?

Chay sorri e une suas mãos, encaixando Mel em seu abraço.

— Eu acho que você está muito medrosa.

— Eu não consigo enxergar qualquer sítio ou fazenda da mesma forma depois de tudo o que aconteceu na fazenda do seu pai.

— Na nossa fazenda — corrige Chay. — E realmente, aquilo não foi fácil.

— Ninguém é mais o mesmo depois daquilo. O Daniel, a Yasmin, o Vinícius, todo mundo de certa forma saiu marcado daquele dia.

— Sim. Mas passou, Mel — ele abaixa levemente a cabeça para falar mais perto do rosto dela. — O que importa é que todo mundo está bem agora. 

Mel assente e esconde o rosto no moletom dele, inspirando profundamente. Chay leva uma das mãos até o cabelo dela e faz um carinho em sua nuca. 

— A gente já passou por tanta coisa, né? — ela fala olhando diretamente nos olhos dele.

— Muita coisa, mais do que muita gente vai viver em uma vida inteira. E apesar de terem muitas coisas difíceis pelo caminho, eu não me arrependo de nada.

— Eu faria tudo de novo. — No instante seguinte, Mel se vira completamente de frente para Chay enquanto ele rodeia a cintura dela com os braços. Eles se olham intensamente e sob a luz da manhã se beijam. 

Chay sente as mãos de Mel em suas costas durante todo o afeto e a brisa que antes o incomodava parece se tornar mais quente. Mel tem a sensação de que assim como neste gramado, só há eles dois em todo mundo. A troca de carinho dura minutos que eles não conseguiriam definir quantos se precisassem. Chay afasta seus lábios lentamente dos de Mel e solta um suspiro.

— Não sei se consigo passar por isso de novo.

Mel, que tinha borboletas no estômago, sente cada uma delas evaporarem instantaneamente com a fala dele.

— Como?

Antes que Chay possa responder, eles escutam risos vindos do interior do casarão e se afastam rapidamente. Mel ainda olha com confusão para Chay quando Malu e Samuel passam pela porta. Os jovens param ao visualizar os dois.

— O que vocês estão fazendo aqui a esta hora? — estranha Malu.

— Somos quase idosos — responde Chay com um sorriso no rosto. — Acordar com os galos já faz parte da nossa rotina.

Mel força os músculos de sua bochecha para sorrir como ele e agradece por Isabela não estar acompanhando os amigos, pois a filha identificaria que algo aconteceu entre eles.

— Eu e o Victor estamos indo — fala Samuel.

— Mas por que tão cedo? — indaga Chay. — É rápido do Rio para Porto Alegre.

— É que eu vou passar um pouco da tarde com a minha mãe e a minha avó, senão elas reclamam — sorri o jovem.

— Estão certas — diz Mel cruzando os braços na frente do corpo mais uma vez, sentindo falta do calor que lhe preenchia minutos antes.

Eles se despedem de Samuel, que se afasta com Malu. Imediatamente, Mel olha para o pai de seus filhos.

— Chay?

— É melhor a gente entrar — ele diz caminhando para dentro do casarão.

— O que houve? — Mel questiona seguindo ele. 

— Aqui não é o melhor lugar nem a hora para a gente conversar sobre isso — ele responde olhando para ela.

— Como assim?

— Depois, Mel. Depois. — Chay entra no casarão. Mel vai atrás dele e se surpreende ao encontrar Victor e Yasmin parados no centro da sala de estar aos beijos. Com a repentina entrada de Chay e Mel, o casal se afasta.

— Finalmente vocês liberaram o quarto para a Mel — comenta Chay sorrindo.

— Nossa, Mel, desculpa! — exclama Yasmin levando uma das mãos à testa. — Eu esqueci completamente que você estava dividindo o quarto comigo.

— Pois é. Vou tomar um banho. — A cantora olha de relance para Chay e se encaminha para o corredor.

— E eu vou fazer um café. — Chay sai da sala, deixando Victor e Yasmin sozinhos novamente.

— Você não vai mesmo me acompanhar até o aeroporto? — pergunta o rapaz.

— É melhor não. Eu teria que ficar sozinha na casa dos meus pais esperando o horário do meu voo, é melhor eu ficar por aqui.

Victor assente, soltando um suspiro.

— Ok, então eu vou indo.

— Obrigada pela surpresa.

— De nada — ele sorri. Victor beija Yasmin e eles ficam abraçados por alguns minutos.

— A gente se vê quando eu voltar de Milão.

— Você poderia ir me buscar em Boston para o Natal.

— Você acha que eu já tenho a minha própria grife de sucesso para poder gastar assim?

— Eu sei que você é uma estagiária muito bem paga.

— Não a esse ponto — gargalha Yasmin. — Mas eu vou te buscar.

— Promete?

— Prometo. — Eles dão mais um beijo e escutam a buzina do carro de Samuel.

— É a minha deixa — ri Victor. Yasmin o acompanha até o lado de fora do casarão, onde Malu está parada olhando para o carro do namorado.

— Bora, cara! — chama Samuel. Victor beija Yasmin mais uma vez, despede-se de Malu e entra no carro de Samuel com sua pequena bagagem.

— Ai como é difícil ver ele partindo — fala Yasmin deitando a cabeça no ombro de Malu.

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