Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 32: Chay se espanta com comportamento de Mel

Ao final da quadrilha, os pares se espalham pelo gramado rindo e comentando sobre o momento. Yasmin segura no pulso de Victor e o arrasta para o interior do casarão. 

— O que você quer? — ela pergunta confuso. A garota olha por sobre o ombro, seguindo em direção ao corredor.

— Não é óbvio? — Victor sorri e entra no quarto que Yasmin divide com Mel. A loirinha tranca a porta e olha para o namorado. — Como eu senti sua falta. — Ela se lança contra o corpo dele e Victor a pega no colo, beijando seus lábios. O casal permanece unido no centro do cômodo por longos minutos, até Victor deitar lentamente Yasmin sobre a cama. Seus corpos se enlaçam como se fossem um só em movimentos tão sincronizados que parecem ter sido ensaiados previamente. 

Victor abre o zíper do vestido de caipira de Yasmin e retira a peça.

— Se eu soubesse que você viria — ela diz — teria escolhido uma lingerie mais bonita.

— Você sabe que eu não me importo com isso — ele responde beijando a barriga dela. — Para que uma lingerie diferente se a gente vai tirá-la de qualquer jeito? 

Yasmin sorri e desabotoa a camisa xadrez que ele usa. Os dois voltam a se beijar e Victor sussurra no ouvido dela:

— Você não sabe o quanto eu idealizei esse momento.

— Eu estou aqui — diz Yasmin mordendo o lóbulo da orelha dele. — Eu vou estar sempre aqui.

— A gente já vai indo — fala Luiza dando um abraço em Mel.

— Mas já?

— Meus pimpolhos já passaram do horário de dormir.

— Está parecendo a Anelise — fala Mel — que já se escafedeu. 

Luiza dá de ombros.

— O que a gente pode fazer se somos jovens adultos com filhos pequenos? Ainda não chegamos na terceira idade como você, que já pode curtir a noite com os filhos crescidos. 

Mel gargalha.

— Vai se ferrar. Mas falando sério, vocês precisam aparecer mais vezes lá em casa — diz a empresária. — Eu sinto falta dos meus pequenos. — Ela olha para Daniel, que segura na mão de Nícolas enquanto acolhe Miguel em seu colo. O caçula dorme com a cabeça apoiada no ombro do pai.

— Vamos visitá-la mais vezes — promete o arquiteto. 

— E não esqueçam de mim também — fala Chay, parando ao lado de Mel.

— Mas para visitar o apartamento do Chay vocês precisam marcar horário — fala Mel.

— Como assim? — pergunta Luiza sorrindo.

— É que tem outra criança que frequenta bastante aquele lugar. Antenor, filho da Julinha. 

Luiza cai na gargalhada, lembrando da namorada que Chay teve antes de Mel.

— Eu não sei se quero os meus filhos convivendo com o filho daquela mulher — diz entre risos. — Vai que ele herdou a personalidade forte da mãe dele? Eu bem lembro do que ela aprontava com vocês.

— Isso é passado — ri Chay.

— Agora eles são amiguinhos — comenta Mel fazendo uma careta. 

— Estou percebendo — responde Luiza entrando na brincadeira.

Nícolas puxa o braço do pai e quando Daniel olha para ele, diz:

— Estou com sono.

— Nós já vamos, meu amor. — Ele se volta para Luiza, chamando: — Vamos, Lu?

— Vamos. Fiquem aí com as provocações de vocês — fala para Mel e Chay. Eles se despedem e Daniel e Luiza seguem até o carro da família com os filhos.

— Vem, vamos ali comer um arroz carreteiro — chama Mel, indo em direção à barraquinha, onde Larissa e Henrique estão. Os quatro se reúnem e conversam enquanto comem.

— Estou pensando em ir embora também — fala Chay jogando seu pratinho de papel vazio no lixo.

— Ah, não! — Mel diz de prontidão. — Fica mais um pouco — pede.

— Já está tarde.

— Tem um quarto para você — comenta Larissa. 

— Com um sofá e cama — acrescenta Henrique.

— Agora a figura já mudou um pouco — ri Chay. — Não sabia que tinha um cantinho para mim.

— A nossa família sabe receber os amigos — fala Henrique e todos riem.

— Então você vai ficar? — indaga Mel.

— Já que você insiste, eu fico — ele sorri para ela. Larissa observa os dois com uma colherada de arroz carreteiro na boca. Ela olha para Henrique, que sorri levemente, e percebe que ele está pensando o mesmo que ela.

Mesmo com o vento frio do início da madrugada, os jovens dançam um arrasta pé no gramado. Thiago e Graziele interrompem a dança para que ele possa ir ao banheiro. A ruiva caminha distraidamente até a barraca de cachorro-quente e enquanto come, observa os casais que dançam juntinhos. Seu olhar se estreita ao ver Luciana de rosto colado com um rapaz tatuado. Com o cachorro-quente nas mãos, Graziele caminha até o casal.

— Douglas — chama parando ao lado dele. Ele se afasta levemente de Luciana para encarar a namorada de seu amigo.

— Oi, Grazi.

— Será que a gente pode conversar um pouquinho?

Douglas olha de Graziele para Luciana e volta a fitar a ruiva, perguntando:

— Agora?

— Agora.

Ele assente e diz para Luciana:

— Já volto.

— Ok — responde a jovem estranhando o comportamento de Graziele e como Douglas mudou seu comportamento diante da presença dela.

— O que foi? — questiona o rapaz ao se afastar com Graziele.

— O que está rolando entre você e a Luciana?

Douglas ri.

— É sério isso?

— É.

Ele passa a mão pelo cabelo, respirando fundo.

— Ela me parece uma pessoa legal.

— Vocês já ficaram? — questiona Graziele.

— Ainda não. Por quê?

— Você quer ficar com ela?

— O que é isso? Um interrogatório?

A garota dá de ombros.

— É só uma pergunta.

— Como eu disse, ela é uma mina legal. Por que não?

— Admito que não sei se quero que você fique com ela.

— Você não tem que querer nada, ruivinha — ri Douglas. — E outra, você e o Thiago estão juntos de novo, lembra?

Graziele desvia o olhar.

— Não é isso que você está pensando, Douglas.

— Ciúmes?

— Exatamente. É uma coisa de amigo só. Eu conheço a Luciana há anos e nunca fui muito com a cara dela. Não me sentiria confortável vendo vocês juntos.

— Relaxa, ruiva. É só uma festa. Meu coração continua sendo só seu.

Graziele olha para ele assustada, mas vê que seus olhos sorriem divertidamente e constata que ele só está brincando.

— Você me mata com as suas piadas, sabia?

— Sim, a graça é essa — ele responde gargalhando.

Sentada em uma das poucas mesas ainda ocupadas, Mel se espreguiça e entorna seu quentão.

— Acho que vou me retirar. Estou cansada.

— Eu vou te acompanhar — responde Chay. — Para mim já deu por hoje.

— Vamos nos despedir dos meninos — fala a empresária ficando em pé. Os dois vão até Vinícius e Marina, que dançam de olhos fechados.

— Viemos dar tchau. — Chay cutuca o filho, que o encara.

— Já vão dormir?

— Está muito frio aqui fora — Mel fala entrelaçando os braços diante do corpo.

— Se vocês dançarem esquenta — Marina comenta.

— Estou muito cansada para isso. — A empresária envolve os ombros do filho em um abraço apertado. — Boa viagem, meu anjo. Não fica tanto tempo sem visitar a gente.

— Pode deixar, mãe. Foi muito bom matar um pouquinho da saudade da senhora.

— Tchau, garoto! — Chay também abraça o filho enquanto Mel se despede de Marina.

— Aproveita bastante o restante das suas férias com ele.

— Com certeza eu vou aproveitar — sorri Marina.

— Boa viagem, Marina — Chay dá um abraço na nora. — Se cuidem.

— Sim, senhor — ri a jovem. — Vocês também.

— Olha o abuso! — ri o cantor.

— Cadê o Victor? — pergunta Mel e os outros três olham ao redor.

— Faz um tempinho que eu não o vejo — diz Vinícius.

— Deve estar em algum lugar com a Yasmin — supõe Marina.

— Então deixem nossos abraços para ele.

— Pode deixar. — Chay e Mel dão mais um abraço no filho e na nora antes de irem para o casarão.

Mel caminha na frente de Chay e desfaz lentamente as tranças de seu cabelo. Chay tira seu chapéu e passa as mãos nos seus fios levemente grisalhos. Eles caminham em silêncio até Mel parar em frente ao quarto que divide com Yasmin.

— Eu fico por aqui.

— E eu sigo para lá — Chay aponta para o final do corredor, onde Henrique indicou que fica seu quarto. — Obrigado pela noite.

— Agradeça ao Thiago — ri Mel.

— Não foi ele quem dançou comigo e me fez rir boa parte do tempo.

Mel joga o cabelo e abre um sorriso.

— Ai, eu sei que modifico a vida de quem eu cruzo.

— Boba. Boa noite, Mel.

— Boa noite, Chay! — Eles dão um abraço e Mel gira a maçaneta da porta de seu quarto, porém a porta não abre. — Ué.

Chay, que já tinha dado alguns passos no corredor, para e olha para ela.

— O que foi?

— Está trancado. — Ela força a maçaneta mais algumas vezes, mas não obtém nenhuma resposta. — E agora?

— Acho que a gente achou onde o Victor está — Chay dá um leve sorriso e Mel arregala os olhos, se afastando da porta.

— Meu Deus! E eu aqui atrapalhando os dois — sussurra para Chay, que ri.

— Vem, vamos lá para o meu quarto. — Mel não responde. — O Henrique disse que tinha um sofá, lembra? Você pode dormir nele.

A empresária dá uma gargalhada irônica.

— Como você é engraçado. — Ela passa por ele e caminha até o último quarto, que está vazio. Os dois entram e Mel se joga na cama. — Nossa, que delícia. 

Chay olha rapidamente para as pernas dela, que ficam bastante visíveis quando ela se deita e em seguida fita o sofá. Ele se surpreende com o que está repousado sobre o móvel.

— Olha como o Felipe é bagunceiro. Como o violão dele veio parar aqui? — questiona pegando o instrumento. Mel sorri e senta na cama.

— Vamos tocar alguma coisa.

— Você não estava com sono? — ele indaga sentando no sofá com o violão nos braços.

— Eu disse que estava cansada, não com sono.

— Sendo assim — ele desliza os dedos pelas cordas. — O que você quer ouvir?

Mel engatinha na cama até parar diante de Chay no pé da cama.

— E quem falou que eu quero ouvir? Eu quero cantar.

— É assim que eu gosto — sorri Chay. — Vamos começar com a nossa?

— Quais delas? — pergunta Mel lançando um olhar intenso na direção dele. Chay sente suas bochechas arderem e desvia o olhar para o violão.

— Eu estava falando da nossa música como cantores.

— Eu também — Mel ri, porém sua risada não parece muito sincera para Chay. — Esqueceu da nossa época rebelde?

— Jamais — ele sorri.

— Mas eu quero começar com Recomeço.

— Começar com Recomeço — ele brinca. Com os dedos ágeis, Chay toca os primeiros acordes da música e o quarto entra em uma nuvem rítmica. Mel fecha os olhos e o ouve cantar os versos escritos por ela.

— Não vou mais tentar esconder, dessa vez prefiro dizer olhando nos olhos, abrindo o meu mundo para você. Tudo o que eu não falei.

Chay olha para Mel e a observa cantar.

— Sinto falta de ouvir a sua voz — ela entra na canção. — Sinto medo de não sermos mais nós, não dá pra esquecer tudo o que a gente viveu. 

— Quero ter mais uma chance para acertar — eles cantam juntos. — Quero te mostrar quem sou. Agora. Não vou mais deixar você partir. Nada vai tirar você de mim. Não vou mais deixar você partir. Às vezes tudo recomeça quando chega o fim.

— Impossível ficar lon…

— É melhor a gente parar — interrompe Mel e Chay, que estava de olhos fechados, a encara.

— Está tudo bem?

— Sim, eu só estou com sono.

— Você mesma disse que estava cansada, e não com sono — ele lembra.

— Mas agora fiquei com sono. — Mel pula da cama e segue para o banheiro. Chay permanece imóvel no sofá com o violão no colo. Minutos depois, Mel sai do banheiro com o rosto lavado.

— Você vai dormir com esse vestido? — ele pergunta.

— Sim, todas as minhas coisas estão no quarto com a Yasmin.

— Eu devo ter alguma camiseta que você pode usar.

— Não precisa.

— Tem certeza?

— Tenho. — Mel se cobre com o cobertor. — Apaga a luz, por favor.

— Está tudo bem? — Chay volta a perguntar.

— Sim — ela responde sem fitá-lo. 

Chay deixa o violão encostado na parede e levanta para apagar a luz. Ele se deita no sofá e fica observando o corpo estático de Mel sob o cobertor. Lentamente fecha os olhos e a voz de melódica de Mel invade sua mente. Entre os trechos da música que eles cantavam, surgem as gargalhadas que ela deu durante a noite. Com as memórias dela em sua mente, o cantor lentamente adormece. 

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