Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 26: Victor e Marina saem para se divertir e causam

Equilibrando dois sacos de papel nos braços, Isabela é recebida por Sandra na mansão de Sophia e Micael, que estão em viagem para Curitiba. 

— Como você está, Sandrinha? 

— Estou bem e a senhorita?

— Também. Vim fazer companhia para o único sobrevivente desta casa — ela sorri. — Onde está o Felipe?

— Está lá em cima, acho que no escritório do Micael.

Isabela franze a testa.

— No escritório? Ok, valeu, Sandrinha. — Ela segue em direção às escadas. — Olha quem chegou! — exclama girando a maçaneta do escritório do próprio sogro.

— Oi, amor. — Felipe está atrás da mesa de Micael com várias pastas ao seu redor.

— O que você está fazendo? — pergunta Isabela deixando os sacos de papel sobre uma poltrona.

— Corrigindo provas do sétimo ano.

— A essa hora?

— É quando eu tenho tempo.

Isabela assente e aponta para a poltrona, dizendo:

— Eu vim da casa da Laís, passei naquele podrão que você gosta e trouxe lanches para gente jantar.

Felipe ergue a cabeça das provas.

— Você vai jantar lanche?

Isabela ri.

— Se você janta lanche com frequência e está vivo, acho que eu consigo por um dia.

— Olha, vou ser bem sincero, estou vivo, mas a qualidade do vivo…

Sua namorada se aproxima da mesa.

— Não tem nada que eu possa fazer para te ajudar?

— Corrigir no meu lugar — brinca Felipe.

— Deus me livre, sou de humanas.

— É conteúdo de sétimo ano, Isabela.

— Pior ainda, faz muito tempo que eu passei dessa fase — ela responde e eles gargalham.

— Mais uns trinta minutos e eu termino aqui.

— Ok. Vou lá para o seu quarto assistir TV.

Isabela pega os lanches e sai do escritório. Felipe respira fundo e volta a corrigir as provas.

Em São Paulo, Yasmin está sentada no chão de seu quarto, no apartamento que divide com Iago, rodeada de revistas, catálogos e portfólios. Em um caderninho, faz anotações conforme vai analisando o conteúdo do que a cerca.

— Yas? — chama Iago abrindo a porta, após dar duas batidinhas.

— Oi. — A loirinha olha para ele.

— Eu fiz uma macarronada para o jantar, você vai comer por agora ou quer que eu guarde na geladeira?

— Pode guardar, amigo — responde Yasmin. — Vou demorar ainda aqui. Estou estudando as últimas coleções da Martha.

— Ok. Bom estudo.

— Obrigada. — Iago fecha a porta e Yasmin continua escrevendo em seu caderno. Ela se desconcentra quando escuta notificações vindas de seu celular e estica o braço para alcançar o aparelho sobre a escrivaninha. Após abaixar a janela de notificações, lê o início das mensagens enviadas por Victor, porém devolve o celular para onde estava sem respondê-lo.

Chay está parado na varanda da mansão de Mel, segurando uma garrafa de vinho francês, que ganhou de Vinícius na última ida do rapaz ao Brasil. A porta principal é aberta e ele prende o ar ao ver Mel, que abre um sorriso acolhedor ao encará-lo.

— Boa noite!

— Oi, Mel.

— Entra! — Ela dá espaço para ele, que adentra no hall da mansão. Os dois caminham até a sala de estar. 

— Trouxe para acompanhar o jantar — Chay fala entregando o vinho para Mel —, espero que harmonize. 

Mel ri ao ler o rótulo do vinho.

— Estou com três garrafas dessa aqui em casa, o Vinícius sempre me traz também.

Chay sorri e senta no sofá. Mel se retira da sala, deixando-o sozinho. O cantor analisa a decoração, que está bem diferente da última vez que ele esteve ali, o que o deixa levemente desconfortável. Ele se perde, observando de longe as fotos na estante. Quando Mel retorna, ele se assusta e se endireita. 

— Está tudo bem? — pergunta Mel sentando no sofá ao lado dele.

— Está. Eu… eu só queria saber o porquê disso tudo.

— Tudo?

— O convite para o jantar. Saímos de brigados, para vamos conviver normalmente e meses depois você me convida para jantar na sua casa do nada?

Mel assente.

— Não foi bem do nada. Eu te chamei para jantar, porque quero conversar com você sobre um assunto.

— Tem a ver com as crianças? — preocupa-se Chay.

— Não, não. Vamos apenas jantar, depois a gente conversa, pode ser?

— Ok, vou controlar minha curiosidade.

Mel sorri e levanta.

— Vem, vamos comer. — Os dois se encaminham para a sala de jantar.

Victor sai do banheiro de seu quarto e começa a se vestir com as roupas que deixou sobre a cama. Quando está vestido, seca o cabelo com o auxílio de uma toalha e olha seu celular, percebendo que Yasmin visualizou sua mensagem e não responde. Ele começa a digitar: “Estou indo…”, porém é interrompido por uma ligação de sua irmã gêmea.

— Estamos aqui na frente — diz Marina.

— Ok. Só vou pegar meu casaco, calçar um tênis e estou saindo.

— Beleza. — Eles desligam, Victor apaga a mensagem que ia enviar para Yasmin e bloqueia a tela de seu celular. Em minutos termina de se aprontar e sai da fraternidade que mora, encontrando com Marina e mais três amigos, que estão em um carro.

— Vamos? — pergunta um de seus amigos.

— Vamos! — Victor responde.

Enquanto come o lanche trazido por Isabela, Felipe desabafa:

— Estou me sentindo tão sobrecarregado.

— Eu sei. — Diante do olhar surpreso dele, Isabela esclarece: — Eu te conheço, né amor? 

— Pois é. Eu não sei mais o que fazer.

— Tenho duas soluções para você.

— Diga.

— Começa a fazer análise e volta para a acadêmia.

Felipe olha para o próprio abdômen.

— Você acha que eu estou precisando?

Isabela sorri.

— Fisicamente você está ótimo, mas se exercitar vai te ajudar a se acalmar. E o psicólogo vai te ajudar a cuidar da sua saúde mental também. É normal a gente se sentir sobrecarregado um dia ou outro, porque a vida é assim, às vezes tudo acontece de uma vez mesmo. Mas se sentir assim sempre não é saudável.

— Eu sei. É que é estágio, provas, iniciação científica, atlética. É muita coisa na minha cabeça.

— Você já cogitou sair da atlética?

— Você está louca? É a única coisa que eu faço sem ter relação profissional.

— Mas também exige uma certa dedicação de você.

— Não, mas eu não quero sair por enquanto.

— Tudo bem. Mas tenta fazer isso que eu te disse, acho que vai melhorar.

— Sim. Obrigado, meu amor. Mesmo com todo o meu estresse e nervosismo você continua do meu lado.

— Eu também tenho os meus dias difíceis e você me apoia. Está tudo certo.

Felipe pega seu copo de refrigerante e ergue na altura dos olhos.

— Um brinde ao casal universitário mais surtado e cansado do Rio de Janeiro.

— O mais surtado eu acho que é exagero, tem gente pior — ri Isabela, pegando seu copo —, mas um brinde a nós. 

Reunidos próximos ao bar da casa noturna em que estão, Marina, Victor e seus amigos erguem copinhos com tequila.

— Um brinde ao final da semana de testes! — exclama Marina.

— Vencemos! — comemora Victor. Eles riem, brincam e entornam a bebida.

— Vamos perder a linha hoje? — pergunta uma das amigas de Marina.

— A gente merece, né? — ri a morena. 

Acomodados em um sofá, Mel e Chay tomam o vinho dado por Vinícius, após o jantar. 

— Você já não acha que chegou o momento de me contar a razão por trás deste jantar? — questiona o cantor.

Mel respira fundo, deixa sua taça sobre uma mesinha à frente e diz:

— Ok, vamos lá. Eu vou ser direta e reta. Eu quero gravar com você aquela música que eu escrevi.

Chay quase deixa a taça de vinho cair.

— Como é?

Em Paris já são dez horas da manhã de sábado quando Vinícius aproveita um workshop realizado na escola de gastronomia que estuda. Ele e mais cinco amigos dividem duas bancadas para realizarem um menu completo com base nos conceitos teóricos que foram apresentados no início da manhã. O rapaz sente seu celular vibrar no bolso de sua calça jeans e tenta ignorar, porém como os chamados são repetitivos, ele se afasta da bancada para conferir quem está ligando para ele. 

— Chamada de vídeo da Marina? — estranha e recusa a ligação. Ele digita para a namorada: “Estou em um curso, não posso atender agora” e recebe instantaneamente: “Você nunca tem tempo para mim… que novidade”. 

Vinícius acha ainda mais esquisito o comportamento de Marina e sai da cozinha em que está. Como é sábado e a escola está aberta somente para o workshop, não cruza com ninguém pelo caminho até o banheiro. No espaço, liga para Marina por vídeo.

— O que foi? — pergunta irritado assim que ela atende, porém estreita os olhos para ter certeza do que está enxergando. Marina se afasta do celular e começa a rebolar cantarolando uma música em inglês que Vinícius desconhece. — Marina, o que foi? — questiona.

A jovem parece não ouvi-lo e começa a retirar as próprias peças de roupa, jogando para o lado seu casaco. 

— Marina, você está bem? — pergunta Vinícius, agora mais curioso do que bravo. Marina passa a falar frases eróticas em inglês enquanto se despe e Vinícius ri. — Isso é uma pegadinha de primeiro de abril?

Quando Marina está prestes a tirar seu sutiã, a porta do banheiro é aberta e Martin, um dos melhores amigos de Vinícius, entra. Rapidamente, o filho mais velho de Chay e Mel encerra a chamada de vídeo com Marina.

— O que foi? — pergunta Martin observando o rosto vermelho e o sorriso de Vinícius.

— Uma loucura da Marina — Vinícius dá de ombros.

— Desculpa atrapalhar aí, mas é que o seu molho está pronto e a gente precisa dele para finalizar o prato. Você precisa provar.

— Ah claro, vamos lá. — No caminho de volta para cozinha, Vinícius pergunta mais uma vez se Marina está bem e diz para ela não ligar mais para ele, porque ele não poderá atender. 

— Como assim você não encontrou o tecido que eu te pedi? — questiona Martha para Yasmin. Parada no centro do escritório da estilista, Yasmin gagueja ao responder:

— A responsável disse que a coloração não tinha ficado pronta ainda.

— Como não? Eu falei pessoalmente com ela pelo telefone e ela me confirmou. Você é incapaz de buscar um tecido, Yasmin?

— Eu fui buscar, mas não estava pronto — justifica a loirinha.

— Eu sabia que você era só nome.

— Como?

— Vi o seu portfólio e por um momento pensei que você fosse algo além de um sobrenome. Pelo visto eu estava enganada.

— Eu tenho muito além do meu sobrenome para apresentar — rebate Yasmin.

— Não é o que parece. — Martha a analisa duramente. — Pode se retirar.

— Mas, Martha…

— Se retire.

— Eu não sou apenas um nome! — grita Yasmin.

A universitária desperta em sua cama, desorientada. Ela senta na cama e espia através da janela o céu noturno de São Paulo. Depois de prender o cabelo em um coque, Yasmin sai de seu quarto e se dirige até a cozinha, onde bebe um copo d’água de uma vez. Ao retornar para o quarto, busca tranquilizar seus pensamentos após o pesadelo envolvendo sua chefe. Ela pega seu celular e fica assistindo stories das pessoas que segue no Instagram.

Yasmin volta a se sentar repentinamente ao ver um vídeo de Marina dançando com Victor e duas amigas na casa noturna.

— Onde é que o Victor está? — se questiona e então lembra que não respondeu às mensagens dele horas antes. Ela abre a conversa e lê novamente o que Victor lhe mandou: “Acabei de chegar do MIT, acabaram os testes. Estou tão aliviado!!”. A garota deduz qual é o motivo que fez Victor e Marina irem para a casa noturna, porém não consegue reprimir o ciúmes ao imaginá-lo se divertindo e bebendo com as amigas de Marina. Tomada por esse sentimento, envia para o namorado: “Está tão aliviado que resolveu sair para comemorar sem nem comentar comigo, né?”. Yasmin larga o celular na cabeceira e deita novamente. Somente depois de uma hora, quando o dia já está amanhecendo, é que ela consegue retomar o sono, porém volta a ter pesadelos. Desta vez, com Victor dançando e beijando uma das amigas de Marina.

— Eu desisto — resmunga acordando. Ela confere as horas em seu celular e diz para si mesma: — Acordada às seis horas de um sábado, é isso que a sua vida se tornou, Yasmin.

Assim que abre os olhos, em seu quarto na fraternidade, Victor sente sua cabeça latejar. 

— Por que eu fui beber tanta tequila? — se questiona. Ele vira na cama e procura pelo celular entre o cobertor. A primeira coisa que faz ao pegar o aparelho é ler a mensagem de Yasmin. Victor dá uma risada seca e deixa o celular de lado. — Era só o que me faltava.

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