Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 21: Famílias viajam para Bahia


Todas as saídas de praia de Anelise estão jogadas em cima da cama. A jornalista experimenta cada uma delas para decidir quais vai colocar em sua mala. Na sétima vez que para em frente ao espelho de corpo inteiro que há na porta de seu guarda-roupa, fixa seu olhar na própria barriga. Ela repousa uma das mãos sobre o abdômen e desliza os dedos suavemente por dentro da saída de praia. 
Bernardo entra no quarto com uma garrafa de água na mão e passando a mão na testa, diz:
— Caramba, está muito quente. — Ele deixa a garrafinha em uma cômoda, informando: — Aluguei o nosso carro já, agora só falta… está tudo bem, Ane?
Anelise olha para ele e diz baixinho:
— Mais um ano se passou e eu não engravidei.
— Eu sei.
— Há dois anos nós decidimos que gostaríamos de ter um filho e até agora nada.
— Eu sei, amor. O importante é que todos os exames possíveis foram feitos e nós não temos nenhum impedimento para engravidar.
— E mesmo assim eu não engravido! — ela exclama frustrada, virando as costas para o espelho. — Eu quero começar algum tratamento para engravidar ano que vem, Bernardo.
— Você tem certeza, Ane? Pode ser um pouco desgastante.
— Mais desgastante do que esperar dois anos?
O médico assente e se aproxima dela.
— Tudo bem. Vamos fazer do jeito que você quiser.
— O que você acha?
— Eu acho que você pode estar certa. — Ele dá um leve sorriso. — Vamos tentar o que for possível para trazer o nosso bebê.
Anelise sorri e beija o esposo.


Uma enorme mala está aberta no meio do quarto de Graziele, que dobra várias peças em sua cama com a ajuda de sua melhor amiga.
— Sabe, eu estou cada vez mais com vontade de ir para Trancoso com vocês — conta Malu.
— Você não pode mesmo fugir do combinado com o Samuel?
— Ah, ele vai ficar chateado, né? Nós passamos o Natal com a minha família, o Ano Novo vai ser com a dele.
— Mas o Natal todo mundo passou no Rio, agora estaremos na Bahia, longe de você.
— Mas ele também ficou longe da família no Natal, a mãe e a avó passaram na serra com outros parentes.
— E é lá que vocês vão passar o Ano Novo?
— Sim, em Petrópolis.
— Nossa, amiga, você vai passar a virada de ano na serra?
— Ou era isso ou era ir para Dubai pra ficar com a parte Hamid da família.
— Como assim? O Samuel cogitou ir para Dubai e passar o réveillon com a família do pai babaca?
— Não, foi só uma piada — explica Malu rindo. — O Samuel não pisa em Dubai desde que era criança.
— Mas assim, tirando o fato de que o pai dele é um completo babaca, deve ser maneiro ter família em Dubai. Ele não se dá bem com os avós? — pergunta a ruiva. — Vocês poderiam ir em uma época sem o Elias.
— Os avós do Samuel não o aceitam muito bem, porque eles não engoliram até hoje o casamento do Elias com a Ruth e o fato do filho não ter voltado para Dubai.
— Mas o Elias construiu um império aqui no Brasil, eles queriam que ele voltasse?
— Eles não queriam nem que o Elias saísse de Dubai, para começo de conversa. E depois ele deixou de ser muçulmano, rompeu com os valores da família, uma saga. Só depois dele quase morrer que os pais fizeram as pazes com ele.
— Caramba! — exclama Graziele. — Que família a do Samuel, hein?
— Pois é. Quando eu estiver em Petrópolis tendo que aturar a Ruth, pensarei que poderia estar em Dubai com o Elias para me sentir menos pior — ri Malu.
— A Ruth ainda é desconfiada com você?
— Sei lá o que passa na cabeça daquela mulher. O importante é que ela me trata bem, pelo menos.
— Ai, amiga, sentirei sua falta em Trancoso.
— Só de pensar que vocês vão pisar na Bahia sem mim, me parte o coração. Lembra do nosso cruzeiro de viagem de formatura?
— Como esquecer? Primeira vez que eu fui para Bahia, se bem que dessa vez a gente não vai nem passar por Salvador.
— Vocês vão direto para Trancoso? — indaga a morena e Graziele gargalha.
— Claro que não. Vou te contar a tour. Uma hora e meia de avião até Porto Seguro e depois mais uma hora e meia de carro até chegar em Trancoso, com direito a balsa e tudo.
— E vocês contrataram motoristas?
— Não — ri a ruiva. — O Thiago e o Felipe que vão dirigir.
— O Thiago e o Felipe? — se diverte Malu.
— Sim, nem eu, nem a Isa e a Yas tiramos a CNH ainda e a Marina, o Vinícius e o Victor não dirigem no dia a dia como os meninos, então ninguém votou neles — conta Graziele. 
— Vocês fizeram uma votação para decidir quem vai dirigir?
— É claro — ri Graziele.
— Nossa, eu ia ganhar fácil. Dirijo melhor que o Felipe e o Thiago juntos.
— Convencida. — Elas continuam conversando e arrumando a mala de Graziele.


— Caramba, estou muito animada! — Yasmin retira seu grande óculos de Sol ao entrar no jatinho de seu pai dois dias antes da virada do ano. No interior da aeronave já estão Graziele, Thiago, Isabela e Vinícius. Ela e Felipe se acomodam em suas poltronas e a loirinha logo se serve de champanhe. 
— Como você consegue beber a essa hora? — questiona Isabela, que está do outro lado do corredor. — São oito da manhã, Yas.
— Eu já estou em ritmo de festa! — sorri a loirinha e recebe uma travesseirada de Thiago, que está atrás dela. 
— Eu quero dormir.
— Ninguém vai dormir no meu jatinho — responde Yasmin e Felipe lembra:
— O jatinho também é meu e eu quero dormir.
— Quem foi que ficou enchendo o saco do pai para ele liberar o jatinho para a gente? Ah é, fui eu. Logo, eu tenho mais autoridade nessa viagem.
— A sua autoridade não poderia fazer o Victor e a Marina chegarem no horário? — indaga Graziele.
— Eles estão a...
— Chegamos! — exclama Victor tão animado quanto a namorada ao entrar no jatinho. Atrás dele vem Marina, com óculos ainda maiores do que o de Yasmin e um boné.
Quando ela vai passar pelo assento de Felipe para chegar até Vinícius, o rapaz segura em seu pulso e diz:
— Não sei se te contaram, mas esse voo é particular, ninguém vai te reconhecer e pedir foto com a filha do Arthur e da Lua, não. Para quê todo esse disfarce?
— Não é disfarce — responde Marina. — É que meu cabelo está parecendo um ninho de passarinho e estou cheia de olheiras. 
— Nem vem culpar o fuso que vocês já estão há três semanas aqui no Rio — fala Yasmin no assento do outro lado do corredor.
— Culpo você que fez a gente madrugar para estar aqui às oito. — Marina caminha com sua bagagem de mão até a poltrona em frente a de Vinícius.
— Oi, meu amor — cumprimenta o rapaz dando um selinho nela. — Animada para Bahia?
— Estarei quando chegarmos — ri Marina.
— Partiu Trancoso! — grita Yasmin quando minutos depois a porta do jatinho é fechada.


O carro dirigido por Luiza é o primeiro a estacionar na garagem da pousada que foi reservada exclusivamente para as famílias passarem o Réveillon. 
— Chegamos — ela sorri. Daniel desce do carro e tira Miguel da cadeirinha enquanto Nícolas pula do veículo e Luiza refaz seu rabo de cavalo ainda do lado de dentro. Ela pega sua bolsa e demais pertences e também desce. A família ainda está ao redor do carro quando um dos funcionários chega para recebê-los. Após cumprimentá-los, ele pergunta:
— Qual é o nome de vocês?
— Daniel e Luiza — informa o arquiteto.
O rapaz confere em seu tablet e diz:
— Vocês estão na casa, certo?
— Sim — responde Luiza.
— Podem me acompanhar. Já estamos vindo buscar as malas de vocês.
— Vem, filho — Luiza chama Nícolas, que já estava explorando as plantas do estacionamento. Daniel carrega Miguel enquanto Luiza caminha ao lado de Nícolas.
Eles vão observando a pousada, que tem estilo praiano, com muitas plantas e um extenso gramado. Após caminharem alguns minutos pela paisagem, contornam um sobrado e chegam à piscina.
— Aqui é o centro da pousada — diz o funcionário. — Ali — ele aponta para a sua direita —, fica o restaurante. Esses sobrados são os outros quartos — fala indicando as quatro construções ao redor da piscina. Todas elas têm dois andares e uma varanda panorâmica com mesa e cadeiras de madeira e uma rede. — Ali, é a casa de vocês.
Luiza segue a direção que ele olha e enxerga atrás de coqueiros uma casa. Eles andam até lá e ela percebe que assim como os sobrados, a casa também possui uma varanda com os mesmos elementos de decoração. 
— Uma rede! — exclama Nícolas deitando no pano.
— Cuidado — alerta Luiza antes de passar pela porta de madeira. 
O interior da casa é bem iluminado e ventilado. Ela observa a sala com piso de cimento polido amarelo e móveis de madeira rústica. Daniel senta Miguel em um dos sofás e junto com a esposa, passa pelo espaço integrado, onde há uma mesa de jantar e passagem para a cozinha, e chega ao corredor dos quartos.
— Todos são suítes, vocês podem escolher à vontade — fala o funcionário.
— Privilégio de sermos os primeiros — ele sorri.
— Qualquer coisa é só chamar algum de nós. Com licença. — O rapaz deixa a casa.
Luiza entra em um dos quartos e se espanta com o espaço para guardar as roupas, pois são várias prateleiras de madeira sem porta. Ela caminha até a grande janela e contempla a visão de um jardim. 
— Esse lugar é tão charmoso — diz para Daniel.
— Sim. Estou adorando tudo e mal chegamos. — Ele se joga na cama. — Nossa, que macia.
Luiza deita ao seu lado e passa a mão pelo lençol de linho.
— Que delícia. — Ela se estica para beijar o marido, mas Daniel logo levanta e diz:
— Vamos ver o quarto dos meninos.
Luiza fica largada na cama por mais uns minutos até ir atrás dele. Ela o encontra no quarto ao lado, observando a vista.
— Daqui dá para ver o estacionamento — ele conta — e eu acho que tem um carro parado ao lado do nosso.
— Então alguém chegou — conclui Luiza. Ela sai do quarto, passa pela sala e pega Miguel no colo antes de deixar a casa e caminhar até a área central da pousada. — Olha quem chegou! — sorri para Bernardo e Anelise.
— Oi! — eles cumprimentam sorridentes. Anelise também está com o cabelo preso e usa um chapéu. 
— Pensei que ele fosse estar dormindo — comenta Bernardo fazendo um carinho na bochecha de Miguel.
— Bê — identifica o garotinho de um ano e alguns meses.
— É o titio, filho — confirma Luiza. — Ele veio atentíssimo a estrada toda — comenta para o casal de amigos.
— E que estrada, hein? — fala Anelise. — Por vários momentos eu pensei que o Maps estava levando a gente para o fim do mundo.
— Se o fim do mundo for desse jeito, eu vou amar — diz Bernardo olhando ao redor, encantado com a decoração simples, colorida e sofisticada. 
— Onde vocês vão ficar? — pergunta Luiza.
— Naquela suíte ali — Anelise aponta para o lado. — Embaixo da gente é o Chay. Vocês ficaram com a casa, né?
— Sim, a gente, a Mel, a Sophia e o Micael e a Nath e o Lucas.
— O Chay e a Mel ainda não estão se falando? — pergunta Bernardo repentinamente e as irmãs do ex-casal reviram os olhos ao mesmo tempo.
— Nem quero falar sobre isso — diz Anelise. — Não aguento mais o Chay me pedindo conselho sobre o que fazer. Ele acha que só porque eu sou assessora da MelPhia eu entendo o que está se passando na cabeça da Mel.
— E a Mel que acha que porque eu sou psicóloga eu tenho todas as respostas para ela? — retorque Luiza.
O celular de Anelise começa a tocar, interrompendo as reclamações delas.
— Oi, Isa — ela atende.
— Oi, tia. Eu vi os seus stories, vocês já chegaram na pousada, né? — pergunta Isabela sentada no banco do passageiro do carro que eles alugaram com as pernas para a fora. No banco de trás, Marina dorme tranquilamente com a cabeça apoiada na janela. 
— Sim, faz alguns minutos que a gente chegou na pousada — responde Anelise.
— Nós estamos parados em um restaurante na beira da rodovia — conta Isabela, observando Felipe e Vinícius a alguns metros, apoiados em um balcão. — No Maps está indicando que a gente tem que deixar a rodovia e pegar uma estradinha de terra na lateral, é isso mesmo? — ela questiona em tom de estranhamento.
Anelise ri.
— É isso mesmo — confirma. — E pode confiar no Maps, vocês vão passar por uns lugares ainda que parece que não vão levar a lugar algum, mas é isso mesmo.
— Ah tá, pensei que tivesse colocado o endereço errado.
— Está certinho. Qualquer coisa me liga de novo.
— Tá bem. — Elas se despedem e desligam. Isabela salta do carro no instante em que outro veículo para atrás do deles. Yasmin desce e se aproxima da amiga, perguntando:
— Por que vocês pararam?
— Pensamos que estávamos perdidos.
— É só seguir o GPS.
— É. O Felipe e o Vinícius foram comprar coisas pra gente beber.
— Nós compramos lá atrás em um posto de gasolina. Está tudo bem, né? Nós já vamos seguir então.
— Espera a gente.
— Beleza. — Minutos depois, os dois carros deixam o restaurante e entram na estradinha de terra.


Encolhida em um sofá com estrutura de madeira, Maísa contempla a forte chuva que cai no resort que sua família escolheu para passar a virada de ano, em Denpasar, capital de Bali, na Indonésia.
— Vou ter que jantar no quarto — diz Laís saindo do banheiro. — Não quero me molhar indo até um dos restaurantes.
— Tem um caminho coberto — informa Maísa ainda com os olhos pregados na escuridão do jardim. 
— Hum. — Laís se joga em sua cama e liga a televisão. — Vou pedir meu jantar no quarto mesmo assim, já estou até de pijama.
— Acho que eu e o Jonas também — fala Maísa fechando as cortinas antes de olhar para a prima. — Posso mandar uma mensagem para ele falando para quando ele sair do banho vir para cá? Assim jantamos todos aqui no seu quarto.
— Pode — responde Laís zapeando os canais, embora não entenda nada do idioma indonésio.
— Que droga de chuva — reclama Maísa após digitar a mensagem para o namorado.
— Calma, essa é a só a nossa primeira noite em Bali, ainda temos muitos dias para aproveitar.
— É, mas isso quebra um pouco o clima, já basta eu ainda estar estranhando muito o fuso.
— É muito bizarro. Nós saímos do Brasil terça-feira de noite e chegamos aqui quinta-feira na hora do almoço, sendo que viajamos vinte e sete horas “só” — ela faz as aspas com os dedos.
— A gente perdeu meio dia por causa do fuso horário.
— É estranho, né? Eu estou vendo os stories da Isa e eles estão indo para a Bahia e lá é dia ainda.
— Nós vamos virar o ano bem antes deles — percebe Maísa e sorri. — Que loucura.
— A gente vai virar o ano e só onze horas depois é que eles vão virar também. — Elas riem.
— O Jonas está vindo — diz Maísa depois de ler a resposta do namorado.
— Ai, que romântico esse jantar — brinca Laís e elas gargalham.


Logo que chegam à pousada, os jovens vão para os seus quartos, espalhados em sobrados ao redor da piscina. Vinícius e Marina ficam na mesma construção que Isabela e Felipe assim como Yasmin, Victor, Graziele e Thiago, permanecendo a divisão feita nos carros. Vinícius sobe as escadas carregando seu mochilão e a mala de mão de Marina enquanto ela puxa a própria mala.
— Que lugar mais delicinha — diz o rapaz deixando as malas em um canto do quarto. Ele olha ao redor e fica admirado com a simplicidade e acolhimento do ambiente. 
Marina larga sua mala perto das outras e vai até a janela. Do local, consegue enxergar parte da piscina e também a janela do sobrado ao lado. De repente, Yasmin surge na outra janela e elas riem uma para a outra.
— Opa, se o Vinícius quiser trocar de roupa com a janela aberta, eu agradeço — brinca a loirinha e o rapaz para ao lado da namorada no outro sobrado.
— Digo o mesmo — responde rindo.
Ainda sorrindo, Marina sai da janela e vai até o banheiro. Ela abre as gavetas e encontra sabonetes, cremes para a mão, rosto e corpo e o que mais deseja, um pente de cabelo. Ela tira o boné que foi lhe dado por Brian, ainda quando morava em Nova York, e deixa sobre a pia. 
No andar de baixo, Felipe se joga na cama e coloca as mãos atrás da cabeça.
— Uma pousada só pra gente no meio desse paraíso. Parece um sonho.
Isabela, que está sentada em um sofazinho perto da porta, admira a visão do namorado deitado na cama e concorda:
— Realmente, parece um sonho.
Felipe interpreta o olhar dela e ri. Ele dá tapinhas na cama e diz:
— Vem cá.
Isabela caminha até ele e deita ao seu lado. O rapaz passa uma perna por cima das dela e beija suavemente seus lábios.
— Eu sou muito grato por te ter como minha namorada nesses três anos. 
— E que venham mais três, depois mais três…
— Mais três de novo — completa Felipe e eles riem. Isabela dá um selinho nele e diz:
— Eu amo viver cada experiência ao seu lado. Desde o nosso cotidiano, nossos almoços no RU da UFRJ, até viagens como esta.
— Te amo — se declara Felipe antes de beijar Isabela mais uma vez.
Se o casal estivesse na janela, veria Graziele abraçar Thiago na suíte ao lado.
— Nem acredito que vamos passar o ano novo juntos — confessa a ruiva.
— Nós sempre estivemos no mesmo lugar — Thiago responde dando um leve sorriso.
— Você entendeu o que eu quis dizer.
— É claro que eu entendi. — Ele aperta ainda mais o corpo dela contra o seu. — Parece que não importa o quão junto a gente fique, não é o suficiente para matar a saudade que eu estou de você.
— Ah é? Então significa que eu posso ficar agarradinha em você o quanto eu quiser que você não vai enjoar?
Thiago ri e beija o ombro dela.
— Eu vou amar ter você grudada em mim.
— Bom saber. Muito bom saber. — Ela sorri e o beija. — Amo você — sussurra entre o beijo.


No dia seguinte, quase todos já chegaram à pousada, exceto Larissa, Henrique, Sophia e Micael. Nícolas brinca com a tia materna de esconde-esconde e corre pela área comum da propriedade. 
— Vinte — fala Mel e descobre o rosto. Ela gira e observa os jardins e a piscina, onde os filhos e seus amigos nadam. A empresária observa o interior da casa em que está acomodada, mas decide explorar o lado de fora. Ela rodeia os sobrados até chegar no restaurante. Para sua surpresa, não é Nícolas quem encontra no espaço, e sim Chay.
Como estão sozinhos, os dois sentem a necessidade de falar algo, porém não encontram palavras.
— Você viu o Nícolas? — pergunta Mel após alguns instantes de silêncio constrangedor.
— Eu o vi entrando no quarto da Fernanda e do Mateus — conta Chay e Mel sorri ao pensar no sobrinho.
— Trapaceador, a gente tinha combinado de não entrar nos quartos. — Chay dá um leve sorri e quando vê que ela vai se afastar, chama ela. — O que foi? — pergunta a estilista.
— Será que a gente pode se resolver antes da virada do ano? — propõe Chay. — Não quero começar um novo ano com angústias do ano anterior.
Mel assente.
— Ok. À tarde a gente conversa, pode ser?
— Sim. Onde?
— Sei lá, a gente pode caminhar até a praia — sugere Mel.
— Tá bem. — Eles ficam se encarando, até que ela diz:
— Enfim, vou atrás do Nícolas.


Em uma cidade turística no interior do Ceará, Jaqueline, Gabriel, Luciana, Pedro, Amanda e Talita aproveitam o Sol quente para ficar na praia. Sob um guarda-sol, eles conversam sobre os outros amigos.
— O Jonas está em Bali com a família da Maísa — comenta Jaqueline.
— Quem diria que ele iria entrar mesmo para a família? — Pedro brinca. — Lembro da gente no ensino médico e eu atiçando ele para ficar com outras minas para provar que não estava apaixonado pela Maísa.
— Outras minas vulgo Isabela — recorda Luciana.
— É, mas eu não sabia que era ela.
— Aí a Maísa foi lá e beijou o Samuel.
— Nossa, verdade! — exclama Jaqueline rindo. — Tinha esquecido disso.
— Falando em Samuel — diz Talita —, onde ele está?
— Em Petrópolis com a família — responde a loira e Luciana acrescenta:
— E com a Maria Luiza. Esse sim é um casal que ninguém esperava que desse realmente certo.
— Lembro da Malu me usando para fazer ciúmes nele — ri Gabriel.
— E nessa época a gente nem sonhava que estaria juntos mais uma vez — diz Jaqueline beijando o braço do namorado.
— Eu sonhava todos os dias em voltar com você — exagera Gabriel e todos eles riem.
— Para — pede Pedro rindo —, vocês estão me dando gatilho.
— Ué? — ri Jaqueline e ele explica:
— Queria a minha musa aqui.
— Relaxa, Pedro — responde Luciana. — Nós vamos passar um mês aqui em Jericoacoara, daqui umas semanas a Dani chega para fazer companhia para a gente.
— E o Jonas e a Maísa também — completa Jaqueline. — Vai faltar só o Sam.
— Enquanto a Daniela não chega — fala Amanda —, você pode curtir comigo. — Ela provoca, deslizando a ponta dos pés na perna dele, que se afasta.
— Sai pra lá — ele ri. — Quase que eu perco a Daniela por causa daquele beijo que a gente deu no cruzeiro da formatura.
— Você ia perder a Daniela porque era babaca, não por causa do beijo — corrige Jaqueline.
— Mas eu dei o beijo, porque era babaca.
— Nossa! — Amanda exclama. — Cospe no prato que comeu.
— Ai, Amandinha, você sabe que eu te amo. — O rapaz dá um braço dela e sai rolando pela areia, fazendo os outros gargalharem.
— Filho da p*ta — xinga Amanda se soltando e levantando.


Com os pés descalços e usando apenas uma bermuda, Thiago caminha até seu quarto com Graziele na pousada e encontra a ruiva deitada na rede, conversando por chamada de vídeo com alguém.
— Eu também espero que o próximo seja mais tranquilo, principalmente na faculdade.
— Vai ser sim — responde uma voz bem familiar para ele. Thiago entra no quarto e abre sua mala, em busca de seus chinelos de dedo. Seus pensamentos estão tão concentrados na conversa de Graziele do lado de fora do quarto, que ele não enxerga que o par está diante de seus olhos. — Apesar desses óculos que você está usando sejam lindos — continua a voz —, gostaria de ver seus olhos.
Graziele ri.
— Desculpa. Aqui o Sol é tão forte que eu nem notei que estava com os óculos do Thiago.
— Ah, são do Thiago?
O acadêmico de medicina apura os ouvidos para ouvir a resposta de Graziele.
— Sim, são — responde a jovem e ele nota que a voz dela deu uma leve hesitada.
— Então vocês estão de boa?
Graziele leva mais tempo do que o necessário para responder.
— Estamos. Nós… voltamos.
— Sério? Nossa. Caramba. Parabéns.
A ruiva sorri e Thiago não precisa olhar em seu rosto para saber que é um sorriso forçado.
— Pois é. Ainda não é nada concreto — ela acrescenta. — Porém, a gente resolveu curtir as férias juntos.
— Você me parece muito feliz.
Mais uma vez Graziele demora para responder.
— Estou. É… eu vou ter que desligar. O pessoal está na piscina e já já a Yasmin vem atrás de mim. Ela é praticamente uma inspetora das boas férias.
Thiago acompanha eles se despedirem e ouve os passos de Graziele se aproximarem. Rapidamente, ele volta a sua busca pelos chinelos. No instante em que se concentra, visualiza eles sobre uma camiseta vermelha.
— Está tudo bem? — pergunta Graziele ao entrar no quarto.
— Sim. — Thiago levanta e mostra os chinelos para ela. — Só estava procurando isso. Não tem como andar descalço lá fora.
— Realmente — concorda a garota alcançando um tubo de protetor solar sobre a mesinha de cabeceira. Thiago joga os chinelos no chão e tenta adotar um tom descontraído ao perguntar:
— E o Douglas, como está?
— Bem. — Graziele não olha em seu rosto e continua passando o protetor solar em suas pernas.
— Parece que ele ficou surpreso quando você contou que nós estamos juntos de novo.
Graziele ergue a cabeça e sorri para ele.
— Você estava ouvindo a nossa conversa, Thiago?
Apesar do aparente ar de brincadeira, o rapaz sente que ela não gostou do comentário. Ele dá de ombros, respondendo:
— Ah, não tinha como não ouvir, né?
— Hum. — Graziele deixa o protetor no lugar onde estava e levanta da cama. — Ele reagiu normal. — Sem falar mais nada, dá um selinho rápido em Thiago e sai do quarto.
O rapaz para no batente da porta e observa a ruiva se aproximar de onde Yasmin e Isabela estão na piscina. 
— Será que ela se arrependeu? — sussurra para si.


Após o almoço, a maioria dos hóspedes da pousada se refugiam no ar-condicionado de seus quartos. Mel deixa a sua suíte e cruza com Daniel na sala de estar. Ele e o filho mais velho montam um quebra-cabeça na companhia de Anelise.
— Eu vou dar uma saidinha, quando eu voltar quero esse quebra-cabeça pronto — brinca Mel.
— Sim, senhora — responde Daniel sorrindo.
A empresária deixa a casa e se encontra com Chay na piscina.
— Vamos?
— Vamos. — O cantor coloca seus óculos escuros e eles caminham lado a lado para a saída da pousada. — Você sabe chegar na praia?
— É só seguir as plaquinhas — Mel aponta para uma placa na lateral da estradinha de terra.
— Ah, sim.
— E então, o que você queria conversar? — ela pergunta sem rodeios.
— Sobre a nossa situação, é claro. Você mal olha na minha cara.
— Desculpa, não queria te deixar incomodado.
— A questão não é essa. É que eu só queria entender como você está se sentindo.
Mel ri.
— Eu também queria. Está uma confusão na minha cabeça, Chay.
— Se você quiser compartilhar comigo, pode ser que a gente chegue em uma solução.
— Por que eu compartilharia minhas angústias com você? — questiona Mel olhando diretamente para ele pela primeira vez durante o percurso. 
— Porque eu sou responsável pelo o que você está sentindo. E porque, pelo menos há um tempo atrás, a gente pensava bem junto.
— Há um tempo atrás você me respeitava.
— Eu nunca deixei de te respeitar.
— Não? — Mel arqueia as sobrancelhas. — Pois é exatamente assim que eu me sinto, desrespeitada. Como artista, compositora e, principalmente, como pessoa.
Chay caminha ao lado dela em silêncio por alguns minutos.
— Tudo o que eu queria era voltar no tempo — diz por fim.


Pouco depois do pôr do Sol, os jovens começam a se arrumar para uma badalada festa pré réveillon que ocorrerá na praia mais próxima da pousada. Já vestido com uma calça caqui e uma camiseta branca, Vinícius aguarda Marina terminar de se maquiar deitado na cama deles, tocando seu ukulelê. Ele começa a cantar uma música francesa e no banheiro, Marina sorri enquanto passa um delineador em seus olhos. Após reproduzir o gatinho no outro olho, ela vai até a porta do banheiro e se apoia no batente de madeira.
— A coisa que eu mais sinto falta em Boston é da sua voz — fala quando Vinícius para de cantar. O rapaz sorri e diz:
— Você sabe que eu posso te ligar sempre que você quiser.
— Não é a mesma coisa do que ouvir ao vivo.
— Isso é. 
— Então acho bom você cantar bastante durante a viagem — ri Marina.
— Não era para eu te beijar bastante durante a viagem?
— Os dois, você pode me beijar enquanto canta. — Eles gargalham. Marina ouve ruídos da escada e fala, retornando ao banheiro: — Acho que tem alguém subindo.
Segundos depois, o casal ouve batidas na porta. Vinícius levanta e abre a porta.
— Oi, Isa.
— Você precisa ver isso! — fala a morena entrando no quarto.
— O que houve? — pergunta Marina saindo mais uma vez do banheiro.
— Estava eu no Instagram quando vi essas fotos. — Ela entrega o celular para o irmão, que leva uma mão à boca imediatamente.
— Meu Deus!
— O que é? — Marina se aproxima rapidamente do namorado. — Caramba! Isso é recente?
— Sim, é de hoje — conta Isabela tomando o celular da mão de Vinícius. Ela lê a legenda que acompanha as fotos: — O ex-casal Mel Fronckowiak e Chay Suede foram vistos nesta tarde aproveitando uma praia da Bahia em clima de bastante intimidade. Será que é ano novo, mas amor antigo?
— Eu nem fiquei sabendo que eles saíram hoje — comenta Vinícius.
— Nem eu, passei a tarde dormindo.
— Eu estou passada — diz Marina. — Eles não estavam brigados por causa da bendita música, gente?
— Estavam — Vinícius confirma —, mas pelo visto fizeram as pazes. — Ele pega o celular da irmã e vê novamente o pai e a mãe rindo no mar.


Comentários

  1. Aiiii não faz isso com a gente, quero logo esse desfecho por favor, quero a volta do meu Chamel

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  2. Quando vai postar a continuação por favor, é Ano novo né bem que poderia postar mais capítulos

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  3. Mas como a volta de Chamel e claro

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  4. Gente,será que Grazi se arrependeu? Curiosíssima pras novidades que essa viagem vai trazer

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  5. PRIMEIRAMENTE FELIZ ANO NOVOOOO
    EU TO BASTANTE EMOCIONADA COM MEU OTP TEIMOSO VOLTANDO, AMIGA SE TU QUISER POSTAR O PRÓXIMO CAPÍTULO PARA EU ENTENDER PQ EM UM MINUTO ESTÃO CONVERSANDO SUPER FRIOS E 15 SEGUNDOS DEPOIS TEM FOTOCA RINDO NO MAR, EU AGRADEÇO!

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  6. O auge que o capítulo é na minha terra Bahia, eu tô me sentindo

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  7. " tudo que eu queria era voltar no tempo "
    Toma aí seu TBT na praia, amado, mas por favor faz tudo certinho dessa vez tá?

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  8. Renata, pode postar o próximo viu ?

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  9. Sabia que Trancoso tem praia de nudismo? Pode ser útil a informação Kkkkkkk

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  10. " — Estavam — Vinícius confirma —, mas pelo visto fizeram as pazes. — Ele pega o celular da irmã e vê novamente o pai e a mãe rindo no mar."
    Mas tá rindo de quê? Eu quero saber, não se corta cenas ChaMel, porra

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  11. Todo santo dia eu entro nesse blog achando que o capítulo 22 tá aqui

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    1. Eu tbm enquanto isso pra não ficar no tédio ,estou relendo a 3 temporada ,mas pelo jeito vou acabar e nada de postar o capítulo 22

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    2. Eu não aguento mais abrir esse blog e não ter o 22, 23,24 aqui ainda

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    3. Eu não aguento mais abrir esse blog e não ter o 22, 23,24 aqui ainda

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  12. Eu já escrevi minha própria cena do comeback de ChaMel, tamanha minha ansiedade.

    Pelo amor de deus, não me tomba, Renata

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  13. Aí gente, li o imagine todo de novo que nostalgia boa 🥰

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  14. TD dia eu venho aqui pra dá uma olhadinha e vê se já tem novo capítulo,por favor Rê ,cólica a continuação ,a volta avassaladora do meu Chamel por favor.

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