Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 20: Famílias reúnem-se para celebrar o Natal


Na segunda-feira seguinte, Mel acorda um pouco mais cedo para tomar café da manhã com Reinaldo em uma panificadora próxima à sede da MelPhia.
— Bom dia, Mel — ele fala ao se encontrar com ela.
— Bom dia. — A empresária dá um abraço nele e ele se senta ao seu lado na mesa. Após fazerem os pedidos, ela diz: — Eu já não sei mais o que fazer, Reinaldo.
— Ai, Mel, é uma situação delicada — opina ele.
— O que você faria no meu lugar? — quer saber Mel.
Reinaldo pensa por um instante e responde:
— Eu conversaria com o Chay.
— Como? Eu não consigo nem olhar na cara dele sem sentir raiva.
— Controla a sua raiva e vá falar com ele. A sua preocupação é sobre passar as ceias de final de ano com ele, certo? 
— Sim — Mel responde aflita. — Eu sei que posso evitá-lo a ponto da gente nem se falar, porque vão estar todas as famílias, vai estar bem agitado, mas eu tenho medo de ficar um clima estranho, sabe? E eu penso sempre no Vinícius e na Isabela. Eu não quero que fique uma situação chata para eles. Quando nós nos divorciamos, prezamos muito em manter a amizade justamente pensando nas crianças.
— Que não são mais crianças — lembra Reinaldo.
— Mas para nós sempre serão.
— É aí que está, Mel — ele fala com cortesia —, por mais natural que seja, você precisa parar de enxergar o Vinícius e a Isabela como crianças, porque eles já são dois adultos. A Isabela faz faculdade em uma Universidade totalmente distante da realidade que ela cresceu, o Vinícius mora em outro país completamente sozinho, eles são muito capazes de lidar com essa situação envolvendo você e o Chay. E pelo o que você me contou — Reinaldo continua —, eles reagiram relativamente bem a tudo isso, não?
— Mais ou menos. Eles ficaram chateados com o Chay.
— Aceitável, você não acha? — indaga o empresário. — Eles tomaram as suas dores.
— Mas eu não quero que eles tomem as minhas dores contra o pai deles.
Reinaldo sorri e pega na mão dela.
— Muito bonito da sua parte, apesar de tudo, tentar defender o Chay para os dois. Mas agora já está feito, né? Se eles ficaram chateados, não há nada que você possa fazer para mudar isso. Você precisa pensar o que vai fazer a partir de agora.
Mel puxa sua mão para passá-la no rosto.
— É justamente isso que eu não sei.
— Faz o que o seu coração está te dizendo.
— Matar o Chay?
Reinaldo gargalha.
— Ele deve estar te dizendo outra coisa.
— Eu não sei. Isso é muito confuso para mim.
— Você tem toda essa semana para decidir.
— Eu passei semanas e não consegui fazer nada, o que farei em cinco dias? — indaga Mel angustiada.
— Aí é com você, Mel — ri Reinaldo.
— O intuito deste encontro é você me dar uma luz.
— Eu já disse, conversa com ele. Se você não consegue seguir o meu conselho, aí já não é comigo — ele sorri com delicadeza.
— Você é um péssimo conselheiro — brinca Mel e Reinaldo arqueia as sobrancelhas.
— Você que é uma péssima ouvinte. — Eles gargalham.


Com um saco pardo nas mãos, Vinícius entra no apartamento do pai. O cantor ainda está com os cabelos despenteados e pijama.
— Quando você disse que queria tomar café comigo — fala indo com Vinícius para a cozinha —, eu pensei que seria mais tarde. Caiu da cama?
— Meu organismo ainda não se acostumou com a mudança de fuso horário. Em Paris já são duas da tarde — justifica, consultando seu relógio de pulso. Ele ergue o braço para exibir o saco pardo para o pai. — Trouxe pães fresquinhos.
— Que delícia — diz Chay abrindo a geladeira. — Então — fala quando eles estão sentados na bancada comendo —, a que devo a sua presença tão cedo?
— Não posso vir desjejuar com o meu pai?
— Desjejuar — repete Chay e eles riem. — Claro que pode, mas eu sei que você veio com um propósito além deste, percebi no instante que você passou pela porta.
Vinícius toma um gole de café com leite e assente.
— Realmente tem outra coisa sobre a qual eu quero conversar com o senhor.
— Diga.
Vinícius respira fundo e conta:
— Eu sei o que aconteceu entre você e a minha mãe.
Chay assente lentamente, pensando o que responder.
— Ok.
— Pai, o que o senhor fez foi muito errado — acusa Vinícius mais energético.
— Eu sei, eu sei — admite Chay. — Deus, como eu me arrependo — fala passando as mãos no rosto. — Se eu soubesse a merda que ia virar, jamais teria gravado música alguma.
— Para começo de conversa, o senhor não deveria ter lido letra alguma, né? Isso é invasão de privacidade, pai. Você não pensou que a minha mãe poderia ficar brava?
— Eu pensei que ela fosse gostar de ver a música gravada.
Vinícius solta um suspiro e balança a cabeça. Ele toma mais um gole de café com leite antes de dizer:
— Nem parece que você conhece a minha mãe há décadas.
— Eu acho que agi por impulso, pelos meus sentimentos, não sei — fala Chay se mexendo na banqueta, inquieto.
Vinícius olha demoradamente para o pai, reparando em cada detalhe de seu rosto que demonstra cansaço, tristeza e arrependimento. Alguns fios grisalhos começam a se destacar em seu cabelo e barba. Depois de um período em silêncio, o estudante de gastronomia repete a pergunta que fez a Mel:
— Do que se tratava a música?
Chay empurra a banqueta para trás e levanta.
— Eu não quero falar sobre isso. — Ele deixa seu prato dentro da pia e Vinícius conta:
— Foi exatamente isso que a minha mãe disse quando eu fiz essa pergunta a ela.
— Eu vou respeitar a vontade dela.
— A vontade que o senhor sequer consultou para gravar a composição? — retorque Vinícius com aspereza.
Chay ergue os olhos do prato que lavava e encara o filho.
— Eu não gosto que você fale nesse tom de voz comigo.
— Desculpa — pede Vinícius desviando o olhar. Ele termina de beber seu café e diz: — Mas é justificável que eu e a Isabela fiquemos chateados com essa história também.
— A Isabela está chateada comigo?
— Um pouco.
— Isso explica o fato dela não responder as minhas mensagens com a mesma frequência. — Vinícius não fala nada, pois não sabia que a irmã tem evitado o pai. — Para ser sincero — prossegue Chay —, eu preferia que vocês não se envolvessem nisso.
— É impossível, são nossos pais e o que o senhor fez afetou diretamente a mãe.
— Dá para parar de me lembrar disso? — questiona Chay elevando a voz.
— E o fato de eu não mencionar isso é o suficiente para você esquecer o que fez? — confronta Vinícius com a mesma ousadia que antes.
— Não, Vinícius, não é — responde Chay fechando a torneira e deixando o prato no escorredor. Ele sai da cozinha e Vinícius permanece onde está por alguns segundos. Em seguida, o cozinheiro lava a própria louça e vai atrás do pai, que está sentado em uma cadeira de balanço na sacada.
— Eu já vou indo — informa parando ao lado de Chay.
— Não vai embora assim — pede Chay. — Nós nunca nos tratamos daquela forma, Vinícius.
— O senhor nunca tinha violado a privacidade da minha mãe.
Chay assente.
— Ok — responde ao perceber que o filho não pretende abaixar a guarda. — E o que você acha que eu devo fazer agora?
— O senhor está me pedindo um conselho? Um pouco tarde para isso, não?
— A merda já foi feita, Vinícius. Eu estou te pedindo uma ajuda para consertar o que eu fiz, você pode me ajudar?
Vinícius considera por um momento.
— Eu acho que o senhor deve esperar um contato da minha mãe.
Chay ri.
— Ela me evita de todas as formas possíveis, você acha que ela vai me contatar?
— Quando ela se sentir preparada para conversar com você, sim. Minha mãe não está confortável com esse clima entre vocês — conta Vinícius —, mas ela não consegue passar por cima dos sentimentos dela e falar com o senhor.
— Ela te disse isso? — pergunta Chay.
— Eu percebi — responde o jovem.
— Ok, então eu vou seguir o seu conselho. Mas, por favor, não fica bravo comigo.
— Uma hora vai passar, pai — responde Vinícius. — Ao contrário de vocês, eu fiquei sabendo de toda essa situação há pouquíssimo tempo. Aliás, acho que é isso que todos nós precisamos, tempo.


Com os dedos ágeis e ao mesmo tempo delicados, Felipe toca o piano da casa de sua avó distraidamente. O som se propaga por todo térreo e primeiro andar. Os raios de Sol entram pela janela, atravessando a fina cortina branca, que esvoaça suavemente. Felipe fecha os olhos, concentrando-se em cada nota que toca. 
A calmaria do ambiente é quebrada quando Yasmin desce as escadas de braços dados com Branca.
— A senhora vai arrasar no cruzeiro, vó! — fala a jovem com entusiasmo.
— Com as roupas que você separou para mim, vou mesmo — ri Branca.
— Eu não faço moda à toa.
Felipe para de tocar e olha para as duas.
— Vou sentir falta da senhora nas festas de final de ano — comenta.
— Eu também — responde Branca sentando em uma poltrona. — Mas estarei sentindo saudade em um lindo cruzeiro, tomando muito Sol.
Os três riem.
— As avós da Isa e do Victor vão também, né?
— Sim, vai o grupo inteiro.
— Amo que são três gerações de amizades — observa Felipe e eles sorriem.
— Vocês têm que manter a tradição com os filhos de vocês — diz Branca e Yasmin faz o sinal da cruz.
— Deus me livre filhos, vó.
— Você não quer ser mãe, querida?
— Nunca parei para pensar nisso — admite Yasmin —, mas acho que não.
— A humanidade agradece — brinca Felipe rindo.
No momento em que Yasmin vai responder, seu celular toca em sua coxa. Felipe recebe uma notificação no mesmo instante. Eles leem o e-mail e sorriem.
— O que foi? — pergunta Branca com curiosidade.
— Recebemos nosso amigo oculto — conta Felipe.
— Nosso amigo oculto da onça — corrige Yasmin. — Eu amei quem eu tirei! 
— Eu também — Felipe começa a rir.
— Quem será que me tirou?
— O que será que a gente vai ganhar? Mal posso esperar pelas zoeiras — anima-se Felipe.


Mesmo no andar de cima, é possível ouvir as músicas natalinas que tocam no térreo da mansão de Henrique e Larissa, na véspera de Natal. No entanto, em seu quarto, Graziele ignora o som escolhido pelos pais e dança e canta o clássico All I Want for Christmas Is You de Mariah Carey enquanto termina de se arrumar. Ela prende as mechas da frente de seu cabelo com o auxílio de duas presilhas, uma verde e outra vermelha. Por causa da música, quase não ouve as batidas na porta.
— Pode entrar — grita acima da Mariah Carey. Ela permanece na frente do espelho, arrumando o cabelo, e por pouco não deixa cair uma das presilhas ao ver quem passa pela porta.
— Oi — diz Thiago timidamente.
Graziele se vira com rapidez e seu olhar se encontra com o do rapaz. Desde a festa de Jaqueline eles não estiveram sozinhos e ela fica sem saber como agir.
— Oi, Thiago — responde, tentando dar um sorriso confiante. Ele observa a roupa dela, uma calça pantacourt verde musgo e uma blusa cropped branca, e comenta:
— Você está linda.
O sorriso de Graziele aumenta.
— Obrigada. — Eles ficam em silêncio no instante que a música acaba. Antes que outra comece a tocar, Graziele alcança seu celular e fecha a playlist. — O pessoal já chegou? — indaga para Thiago.
— Por enquanto só eu e os meus pais.
— Ah, sim. Eu gostei de todos terem aceitado passar a ceia aqui em casa.
— Eu também, mais aconchegante e confortável. Eu… — ele tira uma caixinha preta do bolso —, eu trouxe isso para você.
O coração de Graziele dispara ao ver a caixa mesmo sem saber o que tem dentro.
— Pra mim? Não é o presente de amigo oculto antecipado, é?
Thiago ri.
— Não, eu não te tirei. É um presente que eu quis te dar mesmo.
Tentando controlar o tremor de suas mãos, Graziele pega a caixinha.
— Posso abrir?
— Claro, é seu.
A ruiva abre a caixinha e fica encantada com o que encontra.
— Que linda, Thiago! — Ela segura entre os dedos uma pulseira em ouro branco com pequenas pedras de esmeralda. 
— Eu sempre achei que verde combina com laranja. — Ele olha para o cabelo dela, desce o olhar para a calça e completa: — Pelo visto você também.
— Sim. Você coloca em mim? 
— Claro.
O rapaz fecha a pulseira ao redor do pulso dela.
— Nossa, é muito linda. E eu não tenho nada para te dar — ela ri.
— Então você não me tirou — deduz Thiago.
— Não foi dessa vez. 
Os dois sorriem. Thiago abaixa o olhar e Graziele percebe que ele parece estar criando coragem para dizer algo. Ela aproveita que ele não a está encarando para admirar um pouco mais a sua produção para a ceia de Natal. Thiago usa botas pretas, calças jeans da mesma cor e uma camiseta de botão com estampa floral amarela.
— Eu queria — ele olha novamente para ela e Graziele rapidamente desvia o olhar de volta para o seu rosto — te dizer que eu pensei muito sobre a nossa conversa na festa da Jaqueline.
— E aí? — indaga a ruiva com o coração disparado sob o cropped.
— A sensação que eu tenho é que não importa o tempo que passe, não importa o que a gente viva, com quem a gente se relacione, a gente sempre vai continuar se amando.
Graziele assente.
— É exatamente o que eu sinto. O amor nunca acabou, ele só esteve reprimido.
— É. Eu não quero mais me culpar pelos meus erros  e ficar remoendo o passado.
Com a boca seca, a acadêmica de Medicina Veterinária pergunta:
— O que você quer dizer com isso?
Thiago pega em uma das mãos dela e fitando intensamente seus olhos, responde:
— Eu quero tentar mais uma vez.
— Thiago — sussurra Graziele. — Você tem certeza?
— Eu gastei uma nota e levei um tempão para escolher um presente que você gostasse e combinasse com você. Se isso não for paixão, eu sinceramente não sei o que pode ser.
Graziele ri e o abraça com força. Ele envolve a cintura dela com os braços e busca a sua boca. O casal dá um beijo intenso, com sabor de saudade e desejo. A garota sorri na sequência e diz:
— Esse é o melhor presente de Natal que eu poderia ganhar.
— Te amo — se declara Thiago e eles sorriem e se beijam mais uma vez.
— Vem, vamos descer — chama Graziele pegando na mão dele. — Minha mãe vai morrer quando souber dessa novidade.
Thiago ri e segue com Graziele até o térreo. Quando eles chegam à sala de estar, se deparam com Larissa, Henrique, Fernanda e Mateus espalhados pelos sofás na companhia de Mel, Isabela e Vinícius.
— Nós temos uma novidade para vocês — informa a ruiva com um enorme sorriso no rosto. Os sete analisam as expressões de felicidade dos dois, as mãos unidas e não precisam das palavras de Graziele para saber do que se trata. Ainda assim, a ruiva conta: — Nós voltamos.
— Meu Deus, que maravilhoso! — exclama Fernanda.
— E olhem o que eu ganhei de presente. — Ela exibe a pulseira e Isabela comenta:
— Uau, que sofisticado. 
— O melhor presente mesmo foi eu quem ganhei — se derrete Thiago dando um beijo na bochecha de Graziele.
A campainha toca e Henrique levanta para atender, dizendo:
— Fico feliz que vocês se acertaram. São lindos juntos. — Ele vai até a porta e recebe Chay, Anelise e Bernardo.
— Boa noite! — cumprimenta o cantor se aproximando do grupo. Todos se cumprimentam e os recém chegados deixam seus presentes ao pé da enorme árvore de Natal, montada em um canto da sala de estar.
— Vocês contribuíram bastante para o desmatamento de alguma floresta, hein? — comenta Bernardo olhando para a árvore que vai até o teto.
— Não é verdadeira — esclarece Henrique e Anelise responde:
— Pior ainda, tudo plástico que vai poluir o meio ambiente depois.
— Desde quando vocês viraram ambientalistas? — ri Chay sentando em uma poltrona ao lado do sofá em que Mel está com os filhos.
— Sempre nos preocupamos com o meio ambiente — diz Bernardo.
— Vocês são formados por universidade federal, né? — pergunta Mateus e o casal confirma. — É por isso, são tudo esquerdistas petralhas. 
Todos caem na gargalhada.
— Nós seremos formados por uma universidade federal também — observa Isabela.
— E ainda não são esquerdistas? Estão cursando errado esse negócio aí — brinca Mateus.
— Mas eles são filhos de artistas — analisa Fernanda —, nasceram de esquerda já.
Eles voltam a gargalhar.
— É assustador pensar que pautas ambientais viraram sinônimo de esquerda ou algo do gênero, né? — comenta Anelise ficando séria.
— Não que isso seja ruim — completa Bernardo.
— Não, ruim não é, mas a luta pelo meio ambiente deveria ser tanto da esquerda quanto da direita.
— Isso é.
— Passar a ceia de Natal falando de política, eu amo os meus amigos — ri Chay e olha na direção de Mel. Com sua taça na mão, a empresária levanta discretamente de seu lugar e caminha até uma poltrona do outro lado da sala, onde se acomoda.
A campainha toca novamente e desta vez quem chega é a Daniel e Luiza com os filhos. Com a ajuda do pai, Miguel caminha até o centro da sala enquanto Nicolas passa correndo por eles e se joga nos braços do primo, Vinícius.
— Como ele está grandinho — comenta Larissa sorrindo para o caçula do casal.
Aos poucos, todos os convidados da ceia de Natal vão chegando e se acomodando pela espaçosa sala de estar. Vários grupinhos vão se formando e o burburinho crescendo cada vez mais. 
Perto de uma janela, Graziele conversa com Malu e Samuel.
— Primeiro amigo oculto nosso que você participa, né Samuel?
— Sim — responde o jovem.
— A sua família não estranhou você passar a ceia de Natal longe?
— Ah, um pouco — ele admite. — Ainda mais por eu morar fora e tals, mas eu prometi que o Ano Novo eu vou passar com eles. E a Malu vai comigo — acrescenta olhando para a namorada.
— Ainda estou analisando essa proposta — ri a morena.
Não muito distante deles, Yasmin questiona para Isabela:
— E o seu pai e a sua mãe, qual vai ser?
— Eles ainda não conversaram.
— Meu Deus, que novela! — exclama a loirinha.
— Pois é. Mas a gente não pode fazer nada.
— Você e o Vini voltaram a falar com ele?
— A gente nunca parou de falar com ele — responde Isabela na defensiva.
— Você entendeu o que eu quis dizer.
Um pouco antes da meia noite, Henrique pega uma taça vazia e dá batidinhas no cristal com uma colher para chamar a atenção de todos.
— Vamos começar o nosso amigo oculto da onça? — chama e cada um dos convidados pega o presente que comprou debaixo da árvore.
— Quem vai começar? — pergunta Yasmin.
— O dono da casa — responde Micael e Henrique olha para a esposa.
— A dona.
— Ui! — exclama Lua e eles riem.
Larissa para no centro da sala, segurando uma sacola com o presente que comprou para o seu amigo oculto.
— Bom, por onde começar? — ela diz sorrindo. — O meu amigo oculto eu conheço há anos.
— Quase todo mundo aqui se conhece há anos — observa Nathália. Samuel sussurra no ouvido de Malu:
— Eu não sou todo mundo. — Sua namorada ri e volta a prestar a atenção em Larissa, que continua:
— O meu amigo oculto é uma pessoa muito palhaça.
— É o Chay — aponta Micael rindo.
— Poderia ser, mas não é, porque é você mesmo.
O cantor arqueia as sobrancelhas, rindo.
— Eu? Mas eu sou um cara super sério — provoca ficando em pé. Eles se abraçam e Larissa entrega o presente.
— Abre, abre, abre — cantarola os demais. Micael rasga a sacola e começa a rir. Ele exibe uma palheta branca para todos.
— Já que você é músico — justifica Larissa se acomodando ao lado da filha.
— Obrigada, Lari, é realmente uma coisa que eu não tenho e estava precisando — ironiza o cantor e eles riem. — Ok, vamos para o meu agora. — Ele deixa o seu presente com Sophia e pega um pequeno embrulho. — Eu admito que tive que pesquisar um pouco para comprar o presente do meu amigo. Durante essa busca, eu descobri coisas que não sabia sobre ele. Eu acho que ele é uma pessoa avoada.
— Vinícius — dizem Graziele e Isabela ao mesmo tempo e o rapaz franze a testa.
— Eu?
— Não é o Vini — responde Micael. — É uma pessoa que realmente gosta de estar nas nuvens, no ar.
Malu ri e olha para o namorado.
— Ah, é o Samuel.
— Isso mesmo — sorri o cantor antes de ser abraçado por Samuel. O jovem abre o presente e sorri.
— Realmente combina comigo.
— Já dá para pilotar — brinca Micael.
Samuel mostra para os outros o avião de brinquedo que ganhou e todos caem na gargalhada. 
— O meu amigo oculto — começa o rapaz segundos depois — na verdade é uma amiga oculta.
— Sou eu — antecipa-se Sophia e Mel brinca:
— Só tem você de mulher, né? — Eles riem e Samuel continua:
— Eu não tenho muito contato com ela, mas vejo as coisas que saem a seu respeito uma vez ou outra na internet.
— Continua podendo ser eu — ri Sophia.
— Não é você, Sophia — diz Samuel —, mas é outra loira.
Todos olham automaticamente para Lua, que sorri e levanta. No meio do caminho até Samuel, ela para repentinamente.
— Sou eu, né?
— É sim — ri o jovem. Eles se abraçam e Lua abre o presente, que é um chaveiro dos Estados Unidos. — Uma lembrança para quando você sentir saudade — sorri Samuel.
— Até que é fofo — ri Lua antes de guardar o chaveiro no bolso e pegar o presente que comprou. — Vamos lá. Eu amo a pessoa que eu tirei.
— Também te amo — diz Arthur e todos riem.
— Não é você — descarta Lua. — É uma mulher, uma jovem mulher.
— Minha mãe me tirou? — indaga Marina e Lua sacode a cabeça.
— Não, filha. É outra jovem mulher que eu amo, mas vocês têm algumas coisas em comum além da faixa etária. As duas são morenas…
— Não sou eu — diz Yasmin e Victor indaga:
— E você acha que a sua sogra te ama?
— Cala a boca.
— Realmente não é a Yasmin, nem a Grazi — diz Lua.
— Só pode ser eu — diz Malu — ou a Isabela.
— Hello? — cantarola Anelise. — Eu sou uma jovem mulher morena ainda, ok? — Eles riem.
— Não é você Ane, assim como também não é a Malu.
— Então sou eu! — deduz Isabela sorrindo e Lua confirma com a cabeça.
A namorada de Felipe levanta e abraça com força Lua.
— Obrigada — diz recebendo o presente. — É maleável — comenta antes de rasgar o papel de presente. Todos caem na gargalhada ao ver o que é.
— Um jornal para a futura jornalista — diz Lua.
— Pelo menos é uma edição de hoje — ri Isabela. — O presente do meu amigo oculto não é relacionado à profissão dele, e sim a uma característica física.
— Vish Maria, lá vem — comenta Marina.
— Eu fiquei muito feliz quando li quem tinha tirado, porque é uma pessoa muito, muito especial para mim.
— Agora sou eu, Micael — fala Chay.
— Não, pai, mas é outro homem que eu amo muito.
— Agora ficou fácil — diz Victor — é óbvio que sou eu. — Todos riem.
— Eu disse que eu amo a pessoa, Victor — retruca Isabela rindo. — Enfim, eu conheço essa pessoa a minha vida inteira. Nós crescemos juntos e eu não me vejo sem ela na minha vida. É o meu irmãozinho!
Vinícius abre um grande sorriso e se aproxima de Isabela. Eles se abraçam e ela entrega o presente para ele.
— Não acredito — ri o rapaz lendo a embalagem de um creme de cabelo. — Para cachos macios e definidos. — Eles caem na gargalhada e Vinícius completa: — Vou experimentar e depois te digo se funciona.
— Combinado — Isabela responde e volta para o seu acento. Vinícius ri antes de começar o seu discurso.
— Até agora eu acho que eu fui a pessoa que mais levou a sério o conceito de amigo da onça, então espero que o meu amigo oculto embarque realmente na brincadeira. — Eles sorriem. — Eu conheço essa pessoa desde pequeno, mas só nos últimos anos que nós fomos realmente nos aproximar.
— Quem que é? — se pergunta Yasmin analisando as pessoas da sala.
— Eu tenho uma admiração e um respeito muito grande por essa pessoa e ela é muito especial, porque graças a ela que eu tenho na minha vida uma outra pessoa especial. — Vinícius fica aguardando que alguém adivinhe, mas todos permanecem calados. — Está na cara, gente.
— Eu ainda não sei — ri Lucas.
— É o Arthur — diz Isabela rindo. — É a pessoa especial responsável por outra pessoa especial estar na vida dele, a Marina.
— Acertou! — exclama Vinícius sorrindo e Arthur levanta.
— Estou curioso para saber.
— Cuidado na hora de abrir, o presente é frágil. — Arthur olha com desconfiança para o genro e abre o embrulho, deparando-se com uma folha de sulfite em branco. — Como você é um grande cantor e compositor, uma folha para você escrever suas músicas — explica Vinícius e todos caem na gargalhada.
— Meu Deus, que sacada genial — ri Chay.
— Muito engraçadinho — Arthur diz para Vinícius. — Uma semana sem ver a Marina.
Todos riem e Marina cochicha com Felipe:
— Como se ele conseguisse controlar isso. — Os dois riem e olham para Arthur quando ele começa a falar:
— Eu conheço essa pessoa há muitos anos e tenho um profundo carinho por ela. Nós não nos vemos com tanta frequência devido aos nossos trabalhos, mas sempre que nos encontramos é diversão na certa. É uma pessoa doce, gentil e muito paciente. É a Fernanda!
A empresária sorri e levanta, dando um abraço no amigo. Ela desembrulha o presente e se depara com uma caixinha retangular.
— Olha, elaborado — comenta e Arthur ri. Quando abre a caixa, Fernanda cai na gargalhada. — Não acredito.
— Você não é dona de uma livraria, um marca página para você — sorri o cantor.
— E depois fala do Vinícius — ri Fernanda antes de guardar o seu presente. — Eu fiquei extremamente feliz quando vi quem eu tirei.
— Sou eu — prontifica-se Nathália.
— Poderia ser, mas não é — ri a empresária. — A pessoa que eu tirei é simplesmente o meu parceiro, o pai do meu filho, o amor da minha vida, o Mateus.
— Que lindos! — exclama Larissa batendo palmas junto com os outros enquanto Mateus caminha até a esposa e dá um selinho nela.
— Obrigado, meu amor.
— O que será que é o presente?
— Essa semana o Mateus estava reclamando de dor nas costas, então eu resolvi o problema — fala Fernanda e o seu marido ri, exibindo para os amigos uma cartela de remédio para dor muscular.
— Deve ser o peso de ter uma esposa tão engraçada — ele brinca e recebe um afago de Fernanda no cabelo. A empresária se senta novamente e acompanha o marido dizer: — Eu também fiquei muito feliz quando vi quem tinha tirado, porque é uma pessoa muito presente na minha vida.
— É o Thiago — chuta Yasmin e o empresária nega.
— Não. É uma das minhas sócias.
— A Fernanda acabou de sair — observa Mel —, então só pode ser a Nathália ou a Larissa.
— Vou dar uma dica bem simples que vocês vão adivinhar de cara. A minha amiga oculta é uma das pessoas mais meigas que eu já conheci.
— Larissa! — falam todos ao mesmo tempo e Nathália indaga:
— Ei, e eu não sou meiga?
— Não — ri Malu.
— Deve ser por isso que você nasceu assim — rebate sua mãe rindo. Larissa abraça Mateus e abre o presente.
— Um cupcake — sorri.
— Para combinar com a sua personalidade — explica o pai de Thiago.
— Ah, foi fofinho — opina Isabela.
— Pelo menos o meu eu posso comer — ri Larissa dando uma mordida no doce.
— A Larissa já revelou o dela — fala Anelise —, quem será agora?
— Vai o outro dono da casa — sugere Daniel e Henrique fica em pé.
— Bom, a minha amiga oculta é uma pessoa que eu gosto muito. Acho que vocês não sabem — ele olha para os jovens —, mas antes de conhecer a Larissa e me apaixonar por toda a eternidade — Larissa sorri —, eu já gostei da minha amiga oculta.
Os jovens ficam confusos e se entreolham enquanto Chay busca imediatamente Mel com o olhar. A empresária começa a rir e fica em pé.
— Sou eu, né?
— Claro — ri Henrique e Isabela arregala os olhos:
— Caramba, eu nunca imaginei isso!
— Eu admito que já fui muito sacana e tentei atrapalhar o relacionamento dos seus pais — Henrique conta para ela.
— Só não tentou mais do que a sua priminha — lembra Mel.
— Nossa, nem cita a Bianca pelo amor de Deus — pede Chay e Larissa acrescenta:
— Eu que o diga.
— A tia Bia? — questiona Graziele sem entender a conversa. Ela olha para Chay e Mel e pergunta: — Vocês não gostam da tia Bia?
— Tia Bia é ótimo — ri Chay. — Tia Louca Bia, né?
— Eu sei que ela teve uns problemas na adolescência — fala Graziele —, mas hoje ela é uma pessoa incrível. Nós já até fomos visitá-la na Rússia, né? — diz olhando para os pais e Lua arregala os olhos.
— Você teve coragem de visitar a Bianca na Rússia depois dela tentar te matar, Lari?
— Você tem uma tia que já tentou matar a sua mãe? — Marina pergunta com perplexidade para Graziele.
— Ela é prima do meu pai, longa história — responde a ruiva enquanto Larissa dá de ombros para Lua:
— Isso foi quando a Grazi ainda era criança, vocês ainda moravam nos Estados Unidos. Acredite ou não, eu fui visitar a Bianca — ela ri. — E por incrível que pareça ela se tornou uma boa pessoa.
— É realmente difícil de acreditar — diz Lua.
— Só nós sabemos o que passamos nas mãos daquela louca, né? — comenta Chay olhando para Mel, que concorda com a cabeça. Eles trocam um olhar e uma avalanche de recordações do período em que conviviam com Bianca invade suas mentes. 
— Enfim — Mel interrompe a troca de olhares, com o coração descompassado, e encara o presente dado por Henrique. — Vamos voltar ao presente, literalmente — ela dá um sorriso nervoso.
— Eu ainda estou chocada com essa história — sussurra Marina para Vinícius.
— Já tinha ouvido falar de coisas desse tipo.
Mel rasga a embalagem e encontra uma caixinha com um alfinete.
— Para você costurar as peças da MelPhia — brinca Henrique e ela ri.
— Idiota demais. — Mel alcança o presente que comprou e começa: — Eu adorei ter tirado a pessoa que eu tirei, porque eu tenho um carinho muito especial por ela. É uma pessoa inteligente, talentosa, educada e amorosa.
— Nossa, obrigada pelos elogios, maninha — ri Luiza.
— Não é você, Lu. Essa pessoa faz uma das pessoas que eu mais amo na vida feliz, então não tem como eu não amá-la também. É minha afilhadinha, minha norinha, é a Marina!
A estudante do MIT levanta sorridente e abraça Mel.
— Obrigada — fala recebendo o presente. Ela começa a rir quando abre o que recebeu. — Um pen drive?
— Você não é das tecnologias? — ri Mel.
— Pelo menos vai ser útil — comenta Arthur para a família. — Ao contrário do meu.
— Ué, uma folha é super útil — Vinícius diz entre risos.
Ainda sorrindo, Marina guarda seu pen drive e fala:
— Fiquei muito animada quando vi quem tinha tirado, porque é uma pessoa que eu tenho um carinho e ela me deu um presente incrível de aniversário há dois anos que eu uso sempre lá em Boston. Ela é calma, mas quando tiram ela do sério sai de baixo. E pelo o que eu fiquei sabendo, ela está de namorado novo, eu deveria dizer antigo? — Ela ri olhando para Graziele, que levanta e se aproxima dela.
— Obrigada, Mari! E que bom que você usa a bike que eu te dei ainda. — A ruiva abre o presente e cai na gargalhada. — Meu Deus!
— Para o seu cabelo nunca perder a cor.
— O que é? — indaga Isabela.
— Um tonalizante — ri Graziele exibindo o presente para os demais, que também riem. — Eu realmente amei tirar quem eu tirei, porque eu amo essa pessoa — fala a jovem na sequência. — Eu a conheço há anos, desde sempre na verdade, ela é meu porto-seguro, meu amparo, minha melhor amiga.
Malu sorri e abraça Graziele.
— Que fofura essa menina! 
— Eu acho que de todos os presentes, eu fui a que mais caprichei. Mais que o Vinícius — acrescenta rindo.
— Vish, retiro o que eu disse — brinca Malu. Ela abre uma pequena caixinha e encara a amiga: — Você está de palhaçada, né?
— Ué, você não faz biologia? Gosta de plantas?
— Gente, olha isso — diz Malu tirando o que ganhou de dentro da caixa. Todos começam a rir compulsivamente. — Uma folha de árvore, Graziele!
— E é do jardim lá de casa, para você sempre lembrar de mim — ri a ruiva.
— Vai tomar no…
— Olha a boca — censura Lua. — Temos crianças no local — aponta para Nícolas. 
— Nossa, eu te odeio — ri Malu dando um tapinha no braço da amiga. — Enfim, vamos ao meu amigo, né? O meu discurso é praticamente o mesmo da Graziele — ela sorri —, porque eu também o amo, ele é muito especial para mim e eu não consigo imaginar meu dia a dia sem ele. É você, Thi!
O rapaz levanta e abraça a amiga.
— Vamos ver o que é — diz rasgando o embrulho. — Uma seringa?
— Para te ajudar no curso — ri a morena.
— Vai ser muito útil — ironiza o rapaz. — A minha amiga oculta é muito incrível, é como se fosse uma segunda mãe para mim.
— Só pode ser eu, né? — diz Nathália ao olhar ao redor e Thiago sorri.
— É você mesma, Nath.
A mãe de Malu abraça Thiago e fala:
— Olha lá o que você me deu, hein garoto? Seakalm? — ri ao ver o remédio.
— Você sempre teve uma personalidade agitada, para te ajudar a ficar mais calma — explica Thiago entre risos.
— Palhaço! — Ela guarda o remédio e diz: — Eu dei graças a Deus por ser um amigo da onça quando vi quem tinha tirado, porque senão não saberia o que dar para essa pessoa, porque ela tem tudo.
— O discursinho — provoca Mel rindo.
— É sério, é uma pessoa elegante, fina, estilosa…
— Sophia! — exclama a maioria e a empresária ri.
— Sou eu mesmo?
— Claro, né! — responde Nathália e a loira se aproxima.
— Obrigada pelos elogios — fala rindo. — Vamos ver, vamos ver. — Ela abre o presente e franze a testa. — Um protetor de ouvidos?
— É que eu pensei, você é casada com o Micael há anos, então nada mais justo que dar alguma coisa para você proteger seus ouvidos da música dele, né?
Todo mundo começa a rir e Micael indaga:
— Que palhaçada é essa?
— Meu Deus, amor — ri Sophia. — Muito bom, Nath, muito bom — elogia ainda sem acreditar na criatividade da amiga. — O meu amigo oculto é uma pessoa muito educada, generosa e eu gosto muito dele. É um pai incrível e um profissional adorável, que protege os animaizinhos. 
— Oh, meu pai — Graziele olha para Henrique, que caminha até Sophia.
— O meu presente, na verdade, não é para você — fala Sophia acompanhando o amigo desembrulhar o que ela deu.
— Um ossinho?
— Para o Phil — diz a loira indicando o cachorro já idoso, que está deitado ao lado de Nícolas.
— Obrigado — sorri Henrique. — Eu já revelei a minha amiga oculta, então quem será agora?
— Eu, eu! — pede Nícolas erguendo as mãos e o médico veterinário sorri.
— Vem, Ni!
Luiza se endireita no sofá, dizendo:
— Essa eu quero ver, ele não contou nem para mim, nem para o Daniel quem ele tirou.
— Suspense — fala Vinícius, que foi quem ajudou o garotinho a comprar o presente.
— Eu gosto muito de quem eu tirei — começa Nícolas. — Gosto muito mesmo. Eu não lembro de quando conheci ela. Ela cuida de mim, me dá carinho, presentes, brinca comigo e diz que me ama, mas ela também briga comigo às vezes.
Luiza sorri com os olhos marejados e recebe um carinho nas costas de Daniel.
— Quem você tirou, Ni? — pergunta Mel.
— Vocês têm que adivinhar — ele fala e todos sorriem.
— Luiza! — exclamam juntos e ele assente, sorridente.
— Sim! Eu tirei minha mãe.
A psicóloga abraça o filho, tirando-o do chão.
— Obrigada, meu amor — agradece ao receber o presente. — E eu digo que te amo, porque te amo mesmo.
— Eu também te amo, mamãe.
— Oh! — Isabela aperta o braço de Felipe. — É muita fofura para o meu coração.
Luiza abre o presente e estranha.
— Uma máscara de dormir?
— Com duas crianças pequenas — diz Vinícius —, achei que você estava precisando tirar umas horinhas de sono.
Sua tia sorri e concorda.
— Realmente estou precisando. Obrigada, meu anjinho — fala novamente e beija o filho. — Nícolas corre para se sentar ao lado de Phil novamente e Luiza diz: — A minha amiga oculta é uma pessoa de personalidade forte…
— Ah pronto — fala Chay —, vai traçar o perfil psicológico da pessoa aqui.
Sua ex-cunhada ri.
— Idiota. Continuando, minha amiga oculta além de ter uma personalidade forte é muito simpática, inteligente e independente. Agora ela é famosa e mora até sozinha.
Todos olham para Yasmin, que levanta e vai até a irmã de Mel.
— Obrigada, Lu. — Ela abre o presente e mostra para todos um rodo de pia. — Vou usar na minha casa — ri.
— Espero que seja útil — sorri Luiza retornando para o sofá.
— O que eu vou falar do meu amigo? — Yasmin ri.
— Então é um homem — conclui Micael.
— Sim, é um homem.
— Grande diferença — fala Anelise —, dos que sobraram só eu sou mulher. — Ela olha para Chay, Felipe, Victor, Lucas, Daniel, Nícolas e Bernardo.
— Eu disse para ela — Victor sussurra para Isabela — que se ela me tirasse era para me dar um preservativo para eu usar esta noite.
— Nossa, cala a boca — pede a morena.
— Bom, vamos lá — Yasmin respira fundo para parar de rir. — O meu amigo é uma das pessoas mais importantes da minha vida.
— Ok, Victor ou Felipe — deduz Thiago.
— Ei, tio de consideração dela aqui! — acena Chay e todos caem na gargalhada.
— Ele é meu melhor amigo…
— E eu? — questiona Vinícius.
— Você também é meu melhor amigo — ri Yasmin.
— Olha que sonsa — provoca Malu.
— Ai, não sei mais o que dizer sem deixar claro quem eu tirei. É o Felipe! — conta Yasmin. O rapaz dá um abraço nela e franze a testa ao ver o que tem dentro do embrulho.
— Um dicionário?
— Para você aprender usar melhor as palavras e não magoar ninguém mais — responde Yasmin e Malu exclama:
— P*ta que pariu! — Rapidamente, ela olha para Luiza e Daniel e pede: — Desculpa.
— Rancorosa nem um pouco, né? — ri Isabela, que ficou sabendo dias depois da discussão entre os irmãos por sua causa.
— É só uma piada — diz Yasmin abraçando o irmão.
— Ok — ele sorri, ainda espantado com o presente. — Ok, é… — o rapaz abaixo o dicionário e fita os demais. — Bom, o meu amigo oculto é um cara que eu gosto bastante, embora ele não mereça, porque é chato demais.
— Agora é o Chay — provoca Bernardo e Chay mostra o dedo do meio escondido de Nícolas e Miguel.
— Eu jamais chamaria o progenitor da minha consagrada de chato — brinca Felipe.
— Ele tem amor à vida dele — responde Chay rindo.
— Enfim, voltando ao meu amigo. Ele realmente é meu amigo e infelizmente é meu cunhado também.
Victor olha para Vinícius, que lembra:
— Eu já fui.
— E desde quando eu sou chato? — ele pergunta ficando em pé e todos riem.
— Desde o útero — responde Marina. — E eu posso falar com propriedade — ri.
— Espero que seja melhor do que uma folha de papel ou de árvore — fala Victor abrindo o presente. — Um chaveiro de globo terrestre?
— Se um dia você virar astronauta e for para o espaço, já saberá como é a Terra.
— Nossa! — exclama Victor rindo. — Pretendo trabalhar com os pés bem firmes, mas tudo bem.
— Já basta a distância até os Estados Unidos — comenta Yasmin com Vinícius.
— Eu não conheço o meu amigo oculto muito bem — fala Victor —, mas assim acho ele um guerreiro por aguentar a filha louca que ele tem. Poderia estar falando do Chay e da Isabela? Poderia — ele ri —, mas é você, Lucas.
— Me respeita, moleque — retruca Malu.
Lucas levanta e recebe o presente de Victor.
— Você acha a Malu louca, porque não convive com a mãe dela — sussurra para ele, que cai na gargalhada.
— Cuidado, é frágil — aconselha Victor.
— Se for um papel, eu vou fazer você engolir — brinca Lucas. — Uma lâmpada?
— Você é publicitário, né? Então, é para você ter ideias — explica Victor, fazendo todos riem.
— Boa, garoto — sorri Lucas. — Não tenho muitas opções para fazer suspense, né? — comenta olhando para Chay, Daniel, Nícolas, Bernardo e Anelise. — Eu conheço o meu amigo há anos e não importa quanto tempo passe, ele continua o mesmo palhaço de sempre.
— Chay! — todos adivinham.
— Finalmente! — sorri o cantor indo até Lucas. — Um nariz de palhaço?
— Para completar o personagem — ri Lucas.
— Muito engraçadinho. — Chay coloca o nariz de palhaço para revelar quem tirou, o que faz com que sua voz saia anasalada. — Eu lembro como se fosse hoje o dia que eu conheci a pessoa que eu tirei. Minha mãe chegou em casa com uma coisinha minúscula, que aos poucos foi crescendo, crescendo e hoje é um mulherão.
Anelise sorri e vai até o irmão.
— Se você me sacanear, Chay…
— Mas o intuito é esse — ri o cantor entregando o presente. Anelise abre e se depara com um detergente para casa.
— Por que isso? — ela pergunta mostrando o utensílio para todos.
— Já que você e o Bernardo se recusam a contratar uma diarista e eu acho que a casa de vocês está precisando.
— Nossa, vai se ferrar. — Anelise dá um tapa no ombro dele. — Bom, o meu amigo oculto é um homem.
— Jura? — ironiza Sophia apontando para Bernardo, Daniel e Nícolas.
— É uma pessoa que eu amo e admiro muito pela história e por tudo o que ele já passou. Ele é um pai maravilhoso e um marido incrível de uma das minhas melhores amigas e recentemente me deu a honra de ser madrinha do seu caçulinha.
Daniel abraça Anelise e ri quando vê o que ganhou.
— Uma régua, Ane?
— Como arquiteto você tem que construir as coisas retinhas, né? — justifica a jornalista rindo.
— O senso de humor é de família — fala Daniel.
— Será que foi o papai que me tirou? — Nícolas pergunta para Luiza, que dá de ombros.
— Não sei, será?
— O meu amigo oculto é um cara incrível, que eu conheço há muitos anos. Eu admiro o profissional que ele é, porque não é fácil exercer a sua profissão, ainda mais no sistema público.
— O Nícolas já está trabalhando? — brinca Chay e eles riem. Bernardo levanta e abraça o amigo.
— Valeu, cara. — Ele abre o presente e olha com descrença para Daniel. — O que eu vou fazer com um babador?
— Você quer ser pai em breve, então você vai precisar, porque não é fácil olhar para essas fofuras — ele aponta para os próprios filhos — sem babar.
Bernardo olha para a esposa, que sorri de leve.
— Nossa, quem será que eu tirei? — ele pergunta olhando diretamente para Nícolas, que levanta e corre até ele. No meio do caminho, ele tropeça no tapete e cai no chão. As reações são diversas, Isabela solta um gritinho, Graziele arqueia as sobrancelhas, Victor segura uma gargalhada e Yasmin cutuca o namorado. Daniel levanta do sofá, mas Bernardo chega primeiro no garotinho.
— Você está bem?
Nícolas não responde e começa a chorar. Daniel se aproxima do filho e agacha em sua altura, dizendo:
— Machucou alguma coisa, filho?
— Aqui — Nícolas coloca a mão no queixo.
— Deixa eu dar uma olhadinha — pede Bernardo. Luiza observa de longe, ninando Miguel em seus braços. — Está tudo bem — diz o médico para o alívio de todos.
— Criança cai, é normal — fala Chay.
— Não precisa chorar, filho — diz Daniel enxugando as lágrimas de Nícolas com as pontas dos dedos. — Está tudo bem.
— Você não quer saber o que você ganhou de presente? — pergunta Bernardo com uma animação excessiva na voz. Nícolas olha com curiosidade para ele, que alcança o presente que deixou no chão para examiná-lo. — É seu.
— Carrinhos! — exclama Nícolas abrindo uma caixa média. 
Bernardo olha para os demais e diz:
— Eu não ia zoar uma criança, né? — Eles riem.
— Olha o que eu ganhei, mãe — fala Nícolas voltando para perto de Luiza.
— Uau, filho, que lindo! — diz a psicóloga.
Henrique levanta e fala:
— Agora que terminamos, vamos jantar?
— É por isso que eu vim! — responde Felipe ficando em pé. Aos poucos, todos eles vão para grande sala de jantar da mansão.
Luiza entrega Miguel para o pai e vai na frente com Nícolas. Mel evita Chay e se apressa para alcançar a irmã.
— Está tudo bem?
— Está, por quê? — pergunta a psicóloga.
— Não sei, estou te sentindo um pouco tensa.
Luiza dá de ombros.
— Não é nada.
Um pouco atrás delas, Marina, Thiago, Graziele e Isabela caminham.
— Estou feliz que vocês voltaram — fala Marina para Thiago e Graziele.
— Esperamos aproveitar as férias juntos — diz a ruiva. — E depois a gente decide o que faz.



Comentários

  1. Aiiii amei esse amigo oculto da onça!!

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  2. Eu só quero essa conversa da Mel com o Chay

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  3. Aiii amo quando tá todo mundo reunido,Henrique já foi interessado em todo mundo né?! Kkk amo!

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  4. Aí eu só quero ler essa conversa do Chay e Mel,posta logo por favor

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  5. Eu esqueci de conferir o blog no natal, putz.

    Assim só quero dizer que Reinaldo muito me representou em seus conselhos para Mel, assim como Vini também deu a sacudida no pai dele, que eu queria dar. MEU ÚNICO PEDIDO É QUE OS DOIS PAREM DE CU DOCE E CONVERSEM DE UMA VEZ OU SÓ SE PEGUEM.
    O amigo secreto foi hilário!
    Posta mais antes do dia 31, por favor

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  6. Deixa eu entrar na fic, só para amarrar a Mel em uma cadeira num quarto escuro e obrigá-la a escutar o otário do Chay ? Juro que não demoro! Vai ser rapidinho.

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  7. Louca para bela e Lipe terem um ape só deles, filhos..... podia rolar uma prox temporada de filhos deles

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