Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 19: Mel tem conversa importante com Vinícius e Isabela


A forte chuva bate nas janelas da mansão do casarão alugado por Jaqueline, provocando um grande ruído nos cômodos. Ainda assim, a maioria dos jovens continua dormindo profundamente amontoados em colchões no chão.
Luciana passa por cima de Samuel e sai descalça do quarto. Ela caminha por alguns minutos às cegas pelos corredores, procurando as escadas. Quando ela encontra o acesso ao andar de baixo, segue em direção à cozinha. No espaço há apenas um balcão americano e prateleiras, que estão recheados de guloseimas e frutas. Sentado no centro, comendo sozinho um pacote de biscoitos, está Thiago. Ele ergue a cabeça ao ouvir passos e dá um leve sorriso.
— E aí, Thiago — diz Luciana caminhando até ele. Ela se senta na frente dele com as pernas cruzadas. — Dormiu bem?
— Dormi relativamente bem, e você?
— Também.
— Desculpa por ter desaparecido lá do quarto — pede o rapaz.
— Imagina. Eu estranhei quando acordei e não te vi mais lá, mas tudo bem — ri a jovem. — Depois de um tempo o Samuel apareceu por e eu tive alguém para dormir de conchinha.
Os dois riem e Thiago engole mais um biscoito.
— O Samuel dormiu no mesmo quarto que você?
— Sim.
— A Malu estava lá também, né?
— Uhum, mas eles estão meio estremecidos, né? — comenta Luciana e Thiago assente. — Eu já falei para o Sam o que é isso.
— Como assim?
— Falta de sexo — resume a morena e eles caem na gargalhada. — É verdade.
— É uma possibilidade — responde Thiago.
— Pois é. Nada como uns trinta minutinhos para resolver certos problemas. Inclusive, fica a dica. — Ela pisca para ele, que cai na gargalhada.
— Isso é um convite? — provoca o rapaz.
— Eita! Para de me iludir, Thiago. Nem parece que você me abandonou no quarto ontem. — Ela sorri. — Estou brincando. Mas que festa maravilhosa, hein!
— Nossa, foi muito bom! — exclama Thiago com animação e eles começam a conversar sobre a noite anterior.

Sentindo uma forte dor na cabeça e um leve enjoo, Isabela abre lentamente os olhos e espia o quarto em que está. No mesmo colchão que ela se encontram Marina e Vinícius e ao lado, Yasmin, Victor, Maísa, Jonas e Daniela. Ao estreitar mais os olhos, ela enxerga Pedro largado no chão com um braço por cima das pernas de Daniela. A filha caçula de Chay e Mel dá uma risadinha e se alinha ainda mais com o corpo de Felipe. Ela escuta risadas próximas, porém adormece antes mesmo de identificar de quem as pertencem.
— Você não está bem, Gabriel — ri Jaqueline com as mãos nos ombros do namorado. Os dois estão no banheiro da suíte ao lado do quarto em que Isabela e seus amigos dormem.
— Claro que estou — responde o rapaz com a voz enrolada.
— Já é dia e você continua bêbado, amor. Isso não é está bem — ela se diverte com a expressão dele, que demonstra seriedade.
— Claro que é, eu só estou um pou… — ele interrompe a frase e se debruça sobre o vaso sanitário. Jaqueline alcança um lenço de papel estrategicamente colocado na pedra da pia e ajuda o namorado a limpar a própria boca.
— Você precisa beber água isso sim.
— Eu preciso só ficar com você — diz ele abaixando a tampa do vaso e sentando sobre ela.
— Estou aqui com você — responde Jaqueline. Ela deixa a caixa de lenços sobre a pia e se olha no espelho. — Sabe o que eu estou pensando, amor?
— Hum? — Gabriel ergue a cabeça e olha para ela.
— Quero colocar silicone, o que você acha? — Gabriel ri e ela questiona: — Qual é a graça?
— Eu não vejo necessidade, mas se você quer…
— Sei lá, acho que ia dar uma turbinada no meu visual.
— Você já é turbinada o suficiente — ele fala dando um tapa nas nádegas dela, que ri.
— Vem, vamos voltar pro quarto — diz Jaqueline ajudando ele a se levantar. A loira deixa o namorado deitado em um colchão e sai do quarto. No corredor, ela cruza com Yasmin, que deixa o quarto ao lado.
— Bom dia — deseja educadamente.
— Bom dia, Jaqueline. Que festa, hein? — comenta a loirinha passando a mão no cabelo que está visivelmente embaraçado.
— Gostou?
— Admito que você sabe promover uma festa como poucos.
— Ora, ora, está bêbada? — brinca Jaqueline e Yasmin dá uma risada irônica.
— Idiota. — Elas riem e descem as escadas juntas. 
No térreo, Jaqueline segue para a cozinha enquanto Yasmin passa pela porta principal e observa a varanda. Um vento frio passa por ela, que cruza os braços instantaneamente. Abrigados da chuva em um canto da varanda estão Iago e Lorenzo. Ela caminha até os dois e senta no chão ao lado deles.
— Que frio está aqui.
— Vem cá — diz Iago e ela se aconchega nos braços do colega de apartamento. — O que você achou da festa? — ele pergunta.
— Uma insanidade — responde Yasmin.
— Ressaca moral? — indaga Lorenzo e ela sacode a cabeça.
— Pior que não. Quem dera os acontecimentos tivessem sido nesse sentido.
— O que aconteceu? — Iago pergunta com curiosidade.
— Eu e o Felipe discutimos.
— Você quer dizer Victor.
— Não, eu e o Felipe mesmo.
— Por quê? — Lorenzo também se interessa pelo assunto e Yasmin repete o que se passou entre ela e o irmão na noite anterior.
— Eu não gostei do tom que o Felipe falou — diz Yasmin. — Fiquei chateada mesmo. 
— Mas eu entendi o que ele quis dizer — responde Lorenzo. — Quando a minha irmã foi morar na Inglaterra eu senti a mesma coisa.
— Sério?
— Sim, mas esse distanciamento faz parte. É a vida.
— E como vocês lidaram com isso? — questiona a jovem. — Porque eu não quero me afastar do Felipe.
— Não é se afastar. Como eu posso dizer? Não é um distanciamento ruim, é algo natural. Uma hora vocês têm que crescer e cada um seguir a sua vida, não? Foi isso que aconteceu comigo e com a minha irmã. Acho que isso acontecerá com vocês e está tudo bem.
— Sei lá, é que eu nunca pensei na minha vida sem o Felipe fazendo parte do dia a dia.
— Mas uma hora isso vai acontecer. Vocês vão construir uma vida independente um do outro e é natural. Acho que é isso que você precisa entender e parar de lutar contra, é natural.
Por causa de um forte vento, eles são molhados pela chuva e se assustam.
— É melhor a gente entrar — diz Iago. Eles levantam e caminham para o interior do casarão.

Quando o meio da manhã chega, boa parte dos jovens já estão acordados, comendo e conversando sobre a noite anterior. Samuel entra no quarto que passou a noite e caminha até o colchão que Malu continua dormindo, agora sozinha, porque Graziele já levantou.
— Malu? — ele chama tocando no braço da namorada. — Malu? — Depois de insistir mais um pouco, ele finalmente consegue acordá-la.
— Bom dia, amorzinho — ela diz coçando os olhos. Samuel estranha a forma com ela o trata, mas fala normalmente:
— Desculpa te acordar, mas eu já estou indo embora. Você vem comigo? — Malu continua imóvel e de olhos fechados. — Malu?
— Oi? — Ela abre os olhos e olha para ele. Samuel repete o que disse e ela responde: — Eu vou, claro que eu vou. Mas para onde a gente vai?
— A minha mãe e a minha avó estão viajando, então se você quiser a gente pode ir para o apartamento delas. Lá, a gente tem mais privacidade para conversar.
— Conversar sobre? — questiona Malu com sonolência.
— A gente, Malu.
A morena continua olhando para ele em silêncio por alguns segundos. Samuel arqueia as sobrancelhas e ela esclarece:
— Tinha esquecido da gente. — Ela senta no colchão e se distancia um pouco do namorado. — Espera só eu lavar o rosto e a gente vai.
— Ok, tem escovas de dentes e toalhas novas no banheiro também — ele conta.
— Tá.
Minutos depois, após se despedirem dos amigos e colegas, o casal enfrenta a forte chuva e entra no carro de Samuel. Malu abre o porta-luvas e alcança os óculos escuros que sabe que Samuel sempre deixa ali. Ela coloca o acessório no rosto e apoia a cabeça no encosto do banco.
Samuel dá partida no carro e eles seguem em silêncio para o condomínio em que a mãe e avó dele moram.
— Está bastante Sol para usar óculos escuros, né? — ele ironiza.
— Eu prefiro assim — responde Malu educadamente.
Instantes depois, Samuel e Malu cruzam a porta principal do apartamento e vão cada um para um lado. Samuel deixa as chaves sobre a mesinha de centro e Malu larga os óculos em uma estante.
— Eu posso tomar banho antes da gente conversar? — pergunta a garota prendendo o cabelo em um coque.
— Claro, eu também vou — responde Samuel. — Você pode usar o banheiro do meu quarto, eu uso o do quarto de hóspedes.
— Ok.
Eles sobem as escadas lado a lado, mas sem trocar nenhuma palavra. Malu entra no quarto dele enquanto Samuel segue para o quarto de hóspedes.
— Samuel? — ela chama minutos depois.
— O que foi? — ele pergunta entrando no próprio quarto.
— Não faz sentido a gente tomar banho separado  — diz ela para surpresa dele.
— Não faz?
— Estamos vivendo em um crise hídrica. A gente não vai morrer se tomar banho junto.
Malu tira a blusa e entra no banheiro. Samuel dá um leve sorriso e segue a namorada.
— Alcança o sabonete para mim — ele pede minutos depois já dentro do box com Malu. A garota entrega o sabonete para ele e continua se esfregando com uma bucha. 
— Passa aqui nas minhas costas — diz entregando a bucha para ele. Samuel esfrega o corpo dela e devolve o utensílio. Ele está enxaguando o cabelo quando Malu abre a porta do boxe o suficiente para sair e pega uma das toalhas. 
— Nossa, isso ainda está aqui — se surpreende ao ver um demaquilante seu sobre a pia.
— Você deve ter deixado em alguma das vezes em que eu vim passar uns dias aqui — fala Samuel desligando o chuveiro. Ele se seca enquanto Malu retira o que ainda sobrou de maquiagem em seu rosto. Quando ela deixa o banheiro, Samuel já está vestido, sentado na própria cama enxugando os pés. Ela caminha até o guarda-roupa dele, procura por uma de suas calcinhas entre as cuecas do namorado e depois pega a primeira-samba canção e camiseta que encontra.
— Vamos tomar café? — chama o estudante de Ciências Aeronáuticas.
— Vamos. — Eles passam pelas escadas mais uma vez em silêncio e partem para a cozinha do apartamento. Malu coloca torradas e geleias sobre a mesa enquanto Samuel prepara um café em uma máquina específica para isso.
— E aí, o que você tem a dizer? — pergunta a jovem quando eles já estão sentados comendo.
— Muitas coisas — Samuel dá um leve sorriso. — Eu pensei muito durante esta madrugada.
— Enquanto você estava agarradinho com a Luciana? — ela questiona com acidez, porém seus olhos sorriem.
— Pensei que você estivesse dormindo.
— Pensou errado.
— Ciúmes?
— De você? Nunca.
Samuel ri.
— Você sabe que não precisa.
— Eu sei — ela responde com seriedade.
— É tão óbvio o que eu sinto por você, né?
— Hoje em dia é. Mas eu não vou negar que fiquei com medo de perder isso.
— Por que eu dormi com a Lu? — ele pergunta com espanto.
— Por causa do nosso afastamento — esclarece Malu tomando um gole de café.
— Ah sim, eu também fiquei preocupado com isso.
— E o que você tem a me dizer?
— Eu quero te pedir duas coisas. A primeira delas é desculpa. Desculpa se eu não tive paciência para ouvir as suas reclamações e problemas. E eu também quero pedir para que você tente não descontar todas as suas frustrações em mim. Basicamente é isso.
— Ok. Eu também quero te pedir desculpas por só falar dos meus problemas e se em algum momento pareceu que eu não dou importância para os seus. E eu prometo que vou tentar não despejar tudo em você como eu estava fazendo.
— Está tudo bem.
Eles ficam em silêncio e Malu sorri ao perguntar:
— Então é isso? Estamos acertados?
— Acho que sim — sorri Samuel.
— A gente ficou dias sem se falar para resolver tudo em minutos?
— Pelo visto sim.
— Nós somos idiotas, hein?
— Concordo — ele ri. Malu fica admirando-o por alguns segundos em silêncio, até dizer:
— Estava com saudade do seu sorriso. De você todo, na verdade.
— Então vamos matar essa saudade — propõe Samuel puxando a cadeira dela para mais perto.
— É tudo o que eu mais quero — sussurra Malu antes de beijá-lo.

A chuva continua a cair sobre a capital carioca mesmo após o almoço. Yasmin está deitada no chão de um espaço que está sendo montado nos fundos da mansão de seus pais. Ao seu redor há uma grande mesa branca, dois manequins da mesma cor, uma máquina de costura e uma caixa com vários tecidos e aviamentos. As paredes do local são de vidro, assim como a porta, o que faz com que dê para enxergar o jardim e a piscina mais adiante. A loirinha responde alguns comentários da última foto que postou no Instagram com tamanha concentração que não repara que Felipe deixa a mansão usando um guarda-chuva e caminha até a saleta. Ela se assusta ao ouvir duas batidas no vidro e abaixa o celular.
— Onde que entra? — questiona o moreno procurando a porta entre as paredes de vidro. Yasmin levanta do chão e desliza a porta de correr para que ele entre. — Quem teve a ideia genial de fazer tudo de vidro? — ele pergunta enquanto fecha o guarda-chuva. — De noite deve ficar assustador isso aqui.
— Tudo foi ideia da mãe com a nossa arquiteta — esclarece Yasmin. — Teoricamente isso aqui é para ser um ateliê para ela.
— E está quase pronto, né? — comenta Felipe rodeando os ombros de uma das manequins com um braço.
— Falta as cortinas nas janelas e mais alguns detalhes. Mas nós sabemos muito bem que isso aqui não é para a mãe, né?
— Não? — ele arqueia as sobrancelhas.
— Há quanto tempo a mãe é estilista, Felipe? Ela nunca quis um ateliê em casa, agora que eu também estou entrando no mundo da moda, ela resolve fazer um? Para a mensagem é muito clara. Ela está construindo isso aqui para que eu venha com mais frequência para essa casa, para o Rio. — Yasmin senta no chão com os tornozelos cruzados.
— Ah, faz sentido. E é mais ou menos sobre isso que eu vim falar com você.
A garota encara o irmão com seriedade, recordando da discussão do dia anterior.
— Fala.
— Eu queria te pedir desculpa, não tinha o direito de falar aquelas coisas para você. Nem faz sentido o que eu disse também.
— Faz, nós sabemos disso.
— Ok, pode ser que faça um pouco — ele admite —, mas eu não precisava falar da forma com que falei. Eu estava estressado, preocupado com a Isabela, e acabei descontando em você. 
— Tudo bem.
Felipe fica espanto e sorri.
— Tudo bem? Só isso?
Sua irmã dá de ombros, respondendo:
— Eu já me chateei muito com essa situação. Não quero mais ficar remoendo isso. Eu realmente tenho uma vida independente de vocês em São Paulo, de fato não acompanho a vida de vocês como antes, porque eu simplesmente não consigo, e isso não vai mudar apesar da minha vontade. Quem entende isso, ótimo. Quem não, eu não posso fazer nada.
— Entendi a indireta.
— Foi bem direta mesmo — responde Yasmin dando um leve sorriso.
— Desculpa, de verdade — ele pede se agachando na frente dela. — Eu jamais falaria alguma coisa na intenção de te magoar.
— Tudo bem, Felipe, já passou. Eu só espero realmente que isso não se repita.
— Não vai se repetir, pode ter certeza — garante o rapaz.
— Ok.
— Posso te dar um abraço?
Yasmin ri.
— Claro, Felipe. — Eles levantam e se abraçam com força.
— Te amo, maninha.

Com os pés apoiados em uma cadeira e acomodado em outra, Vinícius lê um livro de gastronomia na cozinha da casa de sua mãe.
— Nossa, meu pai iria adorar essa receita — comenta consigo mesmo no instante que Vera passa por ele.
— O que foi, querido?
Vinícius olha para ela e sacode a cabeça.
— Nada não, só estava comentando que o meu pai iria adorar uma receita que eu li aqui.
— É difícil falar de uma receita que o seu pai não iria gostar, né? Aquele ali come tudo o que vê pela frente — brinca a senhora e Vinícius ri.
— Isso é verdade. Por falar nele, mais tarde vou mandar uma mensagem, faz uns dias que a gente não conversa.
— É, faz um bom tempo que eu não converso com ele, hoje eu nem cheguei a atender ele.
— Meu pai veio aqui? — surpreende-se Vinícius.
— É… não, quer dizer… ai, Vinícius.
O jovem estreita os olhos, estranhando o comportamento da governanta.
— O que foi, Verinha?
— Eu não deveria ter falado nada.
— Ué, por que não? Eu não deveria saber que o meu pai veio aqui hoje?
— Acho que não — responde a senhora e Vinícius fica ainda mais confuso.
— Por que não? — questiona descendo os pés da cadeira.
— Ai, Vinícius, eu prefiro não me envolver nisso.
O rapaz fica olhando para ela atônito.
— Eu não estou entendendo nada — diz baixinho e Vera o encara com angústia.
— E essa reunião aqui? — Isabela entra na cozinha sorridente. Ela observa as expressões de Vera e Vinícius e questiona: — Está acontecendo alguma coisa?
— A Isabela pode te explicar o que você quer saber — Vera fala para Vinícius e sai rapidamente do cômodo. Isabela acompanha com o olhar a governanta se afastar e fita o irmão na sequência. 
— O que foi, Vinícius?
Vinícius fecha seu livro, dizendo:
— A Vera deixou escapar que o pai veio aqui hoje e a…
— O pai veio aqui? — interrompe Isabela com choque.
— Sim, mas qual é o problema? — Sua irmã sai correndo da cozinha. Vinícius levanta rapidamente da cadeira e segue ela. — Gente, o que está acontecendo? — questiona ao entrar no quarto de Mel atrás de Isabela.
No espaço, Vera está parada diante de Mel, que está sentada em sua poltrona com um livro repousado no colo. 
— Você e o pai conversaram hoje? — pergunta Isabela com curiosidade. Mel deixa o livro sobre uma mesinha na lateral de sua cama e fala para a governanta:
— Você nos dá um instante, Verinha? Está tudo bem.
— Ok. — Vera deixa o quarto e fecha a porta. Mel solta um suspiro e sinaliza para os filhos sentarem em sua cama.
— Alguém vai me explicar o que está acontecendo? — pergunta Vinícius.
— Você não está sabendo de nada? — Isabela questiona com espanto.
— Sabendo do quê?
— Ele não está sabendo — conclui Isabela olhando para a própria mãe. — A senhora não contou para ele? Eu pensei que o pai tivesse te falado também — diz voltando a encarar o irmão.
— Falar o quê? — retorque Vinícius. — Gente, eu não estou entendendo nada!
— Eu vou te explicar, filho — diz Mel. Ela respira fundo. — No dia do seu aniversário, eu fui jantar na casa do seu pai. Depois que a gente jantou, ele me levou pro estúdio dele e me mostrou uma nova gravação dele — a última palavra deixa a boca de Mel com acidez e Vinícius franze levemente a testa. — Acontece que a música que ele gravou é minha.
— Como? — pergunta o rapaz totalmente surpreendido.
— Exatamente. O seu pai passou um período aqui em casa durante o que aconteceu com as meninas e o Jonas — ela olha de relance para Isabela, que engole em seco ao ser lembrada de seu sequestro. — Ele usou o meu escritório o tempo que ficou aqui e depois pediu pra dar uma olhada nas coisas, porque acreditava que tinha esquecido uns papéis dele aqui. Eu autorizei, claramente. Enquanto ele procurava os papéis dele, encontrou as minhas composições. Ele se achou no direito de ler e não somente isso, tirou foto e resolveu gravar uma delas. É isso.
Vinícius permanece calado após a mãe terminar de falar e o quarto adentra em um silêncio pesado.
— Eu não acredito que o pai fez isso — Vinícius fala finalmente minutos depois.
— Fez — confirma Isabela com irritação na voz. — Eu também não acreditei quando fiquei sabendo.
— E por que ninguém me contou? — questiona Vinícius.
— Eu não queria envolver vocês nisso — Mel justifica e Isabela fala:
— Jurava que o pai tinha te contado. Vocês vivem conversando.
— Mas ele não me contou nada. Se bem que… Nossa, agora faz sentido.
— O que faz sentido? — Isabela pergunta.
— Um tempinho atrás o pai me ligou e perguntou como a mãe estava e eu achei estranho o interesse dele do nada. Foi um pouco depois do meu aniversário isso.
— Eu saí do apartamento dele atordoada — conta Mel — e o evitei por um bom tempo. Deve ser por isso que ele foi sondar com você. Ainda envolve vocês dois — indigna-se Mel como se os filhos não estivessem presentes.
— Uma hora ou outra nós iríamos ficar sabendo, mãe — atenua Isabela.
— Não interessa. Esse é um problema nosso, não tem que respingar nada em vocês.
— É meio inevitável, né? — comenta Vinícius.
— Enfim, agora vocês dois já estão sabendo — Mel tenta finalizar o assunto, mas Isabela pergunta:
— E o que ele veio fazer aqui hoje?
— Tentar se acertar comigo pessoalmente, já que eu não atendo os telefonemas nem respondo as mensagens dele.
Vinícius pergunta já imaginando a resposta:
— Vocês se acertaram?
— Claro que não — Mel responde. — Eu ainda estou muito chateada com o seu pai.
— Está certo — apoia Isabela. — O que ele fez foi muito invasivo. 
— Isabela, não se mete nesse assunto. Os erros do seu pai comigo não tem nada a ver com vocês dois.
— Mas se ele erra com a senhora é claro que eu vou ser afetada também, né mãe? — rebate a garota. — Qualquer pessoa que mexa com a senhora, mexe com a gente também.
— Isso é verdade — apoia Vinícius.
Mel encara os dois e dá um leve sorriso.
— Eu não aguento vocês dois. Mas nesse caso, eu prefiro que vocês fiquem de fora.
— E do que se tratava a música? — Vinícius faz a pergunta que Mel não gostaria de ouvir. Ela desvia o olhar e levanta da poltrona.
— Eu prefiro não falar sobre isso.
Isabela arregala os olhos e espia o irmão antes de fitar a mãe novamente.
— A composição era sobre vocês dois? — questiona com os olhos brilhando de curiosidade.
Mel para com as mãos na cintura e crava o olhar nos filhos.
— Agora são vocês que estão invadindo o meu espaço. Chega desse assunto.
— Mas…
— Chega, Isabela — ela corta com autoridade. — Vocês podem me deixar sozinha? Essa conversa me deu dor de cabeça.
Os dois jovens levantam e caminham até a porta. Antes de sair, Vinícius para e diz para a mãe:
— Qualquer coisa, estamos aqui.
Mel assente e responde com doçura:
— Tudo bem, meu amor.
Vinícius e Isabela saem e Mel tranca a porta. Ela se joga em sua cama e fecha os olhos.
— Por que você fez isso, Chay? — resmunga sentindo a raiva ferver por suas veias.



Comentários

  1. EU TO EMOCIONADA, DOIS CAPÍTULOS NO MÊS? EU GOSTARIA DE DIZER QUE EU AMO UMA FAMÍLIA, ISA E VINI SÃO OS FILHOS MAIS FOFOS QUE EXISTE.
    EU SABIA VIADO, QUE A MÚSICA TINHA ALGUMA COISA HAVER COM O OTP

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  2. " — Por que você fez isso, Chay?"
    JURA QUE VOCÊ NÃO SABE, MEL ?

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  3. anjo, se quiser postar o próximo capítulo esse mês ainda, fique á vontade

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  4. tava calculando aqui e concluí que se Malu e Samuel tivessem conversado '' ontem '' dava pra curtir a festa juntos

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  5. Eu tô com teoria/ dúvida
    A música que o Chay gravou é aquela que ela escreveu no dia que tava com Reinaldo e mandou ele pastar, pq queria " dormir " ?

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  6. Ah não nós deixe nessa curiosidade estou muito ansiosa pela volta do meu Chamel por favor.

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  7. Felipe falando verdades, mas entendo ambos os lados tanto da yas quanto do lipe!

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