Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 18: Chay e Mel se reencontram após semanas


Um pouco menos preocupada com Isabela, Graziele desce as escadas e cruza com Danilo ainda no interior do casarão.
— Onde você estava? — pergunta o rapaz.
— Cuidado da Isabela.
— Vish, ela deu PT?
— É, mas o Felipe assumiu as coisas agora. Eu tomei uma decisão, amigo.
Danilo franze a testa.
— Do que você está falando?
— Eu vou chegar no Thiago — conta Graziele com os olhos brilhando. Danilo ri.
— Você está falando sério?
— Por quê? Você acha uma má ideia? — ela recua e seu amigo sacode a cabeça.
— Não. Só estou surpreso com essa atitude repentina.
— Ai, não sei o que me deu, mas não quero deixar passar esse surto de coragem.
— Então vai com tudo, amiga! — incentiva Danilo.
Graziele sorri e caminha para a área externa. Mesmo a festa sendo restrita para poucos convidados, a ruiva não encontra Thiago de imediato. Ela passa por alguns grupos de colegas, que dançam ao som da música tocada por Mayara, até encontrar Thiago. Ela paralisa ao vê-lo. Seu coração dispara e ela sente suas pernas enfraquecerem. 
Thiago beija Luciana enquanto eles dançam abraçados. Graziele não consegue desviar o olhar, nem se mover.
— Grazi! — chama Malu parando ao seu lado. A voz da amiga parece despertar a ruiva, que olha rapidamente para ela. — Aconteceu alguma coisa? — indaga Malu analisando a expressão da melhor amiga.
— Vem comigo. — Graziele segura no pulso de Malu e a arrasta para uma área mais vazia da festa, próximo a entrada do casarão.
— O que aconteceu, Grazi? — pergunta Malu com preocupação.
— O Thiago está ficando com a Luciana.
— E qual é o problema?
— Qual é o problema? — repete Graziele aumentando o tom de voz. — O Thiago e Luciana, Malu!
— É estranho, eu admito. Só não pensei que você fosse se importar tanto. — Graziele não responde. Ela desvia o olhar enquanto passa a mão no cabelo e seu queixo começa a tremer, o que faz Malu perceber que ela está segurando o choro. — O quanto você se importa com isso, Grazi? — questiona a morena pegando nas mãos da amiga, que estão geladas.
— Eu ia… — ela tenta responder, mas sua voz fraqueja. Graziele respira fundo e recomeça: — Eu ia chegar no Thiago.
— Em que sentido?
— Nesse mesmo que você está pensando.
Os ombros de Malu caem.
— Ai, Grazi.
— Por quê? — choraminga Graziele e lágrimas se formam em seus olhos.
— Vem cá. — Malu puxa a amiga para um abraço. — Não fica assim.
— Quando eu finalmente resolvo tomar uma atitude, acontece isso?
— Tem certas coisas que acontecem, porque tem que acontecer. Não fica assim, Grazi, de verdade. Você e o Thiago sempre terão uma ligação. Não leva isso que está acontecendo hoje tão a sério.
— Eu não esperava por isso — chora Graziele no ombro de Malu. — Não mesmo.


Thiago para o beijo lentamente e dá selinhos em Luciana.
— Que delícia — ela sorri e dá mais um beijinho nele.
— Tenho que concordar — ri o rapaz. Os dois sorriem e se beijam mais uma vez. — A gente não precisa esclarecer nada, né?
— Como assim? — ri Luciana.
— Sobre a gente.
— Você quer esclarecer alguma coisa?
— Sei lá, só não quero passar a impressão errada.
— Qual seria a impressão errada? — questiona Luciana.
— Que a gente pode ter algo sério — Thiago responde com sinceridade e ela gargalha.
— Fica suave, Thiago. Eu não quero ter algo sério com você.
— Que bom — ele sorri. — Isso só me faz querer aproveitar ainda mais esse momento. — Eles sorriem e voltam a se beijar.


Depois de deixar Graziele em um sofazinho na varanda, Malu aguarda por sua bebida com o olhar pregado na água da piscina, perdida em seus pensamentos. Ela não repara na aproximação de Samuel, que para próximo dela para pedir um drink. Ele olha para o lado e só então nota que é a namorada ali. Rapidamente, ele olha para frente novamente. Em seguida, fecha os olhos, respira fundo e volta a olhar para Malu.
— Oi — fala timidamente.
Malu olha para ele e dá um leve sorriso.
— Oi, Samuel.
— Tudo bem com você?
— Sim, e com você?
— Também. Não sabia se você vinha hoje ou não.
Malu dá de ombros juntamente com outro pequeno sorriso.
— Aqui estou.
— Você está linda.
Malu olha para sua calça jeans preta e blusa da mesma cor.
— Estou como sempre.
— Linda.
Ela lança um olhar de descrença e ri.
— Ai, Samuel.
— Pelo menos você sorriu.
— Esse era o objetivo?
— Não sei. Acho que o objetivo era só ouvir a sua voz mesmo.
— Desde quando você é tão fofo assim?
— Desde quando eu sinto a sua falta. — Malu desvia o olhar e volta a encarar a piscina. — Desculpa — pede Samuel. — Eu sei que você não quer conversar sobre coisas sérias hoje.
— Não é questão disso — responde Malu olhando para ele —, é só que… Espera — ela estreita os olhos —, como você sabe que eu não quero conversar? A gente não se falou hoje.
Samuel hesita, mas admite:
— Eu ouvi parte da sua conversa com a Marina lá dentro.
— O quê? — Malu arqueia as sobrancelhas.
— Calma, não foi proposital. Eu saí do banheiro e vocês estavam no corredor. Ou eu passava lá e interrompia a conversa de vocês…
— Ou você ficava parado e ouvia coisas que não lhe dizem respeito?
— Vocês estavam falando de mim também.
— Isso não quer dizer que você tenha que ficar sabendo.
— Eu não quero entrar em uma discussão, Maria Luíza.
Malu se cala ao ouvir o namorado chamá-la pelo nome inteiro.
— Sua bebida — fala o barman neste exato momento. Malu pega o copo e o agradece, depois fita Samuel.
— Nós não vamos entrar em nenhuma discussão, pode ficar tranquilo.
— Eu queria ficar com você, mas pelo visto está difícil.
— Eu estou tornando as coisas difíceis?
— Não foi isso que eu disse.
— Mas foi o que deu a entender — rebate Malu.
— Sou responsável pelo o que eu falo, não pelo o que você entende.
— Ok então.
Os dois ficam se encarando em silêncio. Malu sente o impulso de abraçá-lo e as palavras “Eu te amo” tentam escapar pelos lábios de Samuel. No entanto, ambos permanecem imóveis e calados.
— Aproveita a festa com os seus amigos — diz Malu por fim. — Amanhã, se você quiser, eu vou embora com você e a gente conversa o que tiver que conversar.
— Ok.
Malu olha demoradamente para ele mais uma vez e se afasta com sua bebida. Samuel suspira e se volta para o garçom para pedir seu drink.


— Finalmente encontramos vocês! — exclama Yasmin ao entrar no quarto que Isabela e Felipe estão.
— Shiu! Ela está dormindo — censura seu irmão.
— Aconteceu alguma coisa ou é só cansaço? — pergunta a loirinha falando mais baixo.
— Ela deu PT. Mais uma vez — acrescenta Felipe.
— É só ela beber bastante água amanhã e vai ficar tudo bem.
— Até a próxima oportunidade que ela tiver para encher a cara.
— Tem sido muito recorrente? — questiona Victor.
Felipe acomoda Isabela no colchão e se senta.
— Toda cervejada ou reunião da faculdade.
— Mas isso é mais comum do que se parece — diz Yasmin. — Nós estamos na faculdade, fase de meter o louco mesmo.
— Mas não precisa ser sempre e com tanta intensidade, você não acha? — retorque Felipe.
— Cada um age da maneira que acha melhor. A Isa só está se divertindo.
— Isso não me parece diversão — Felipe aponta para a namorada largada no colchão.
— Eu acho que você está sendo muito superprotetor. 
Felipe dá uma leve risada.
— Não fala o que você não sabe.
— Eu estou falando o que eu estou observando.
— E há quanto tempo você está aqui para observar mesmo? Ah é, pouquíssimos dias.
Yasmin inclina a cabeça.
— O que você está querendo dizer com isso?
— É fácil falar quando se está de fora.
— Eu não estou de fora, estou bem presente na vida da Isabela.
— Não é você que tem que carregar ela das festas, não é você que segura o cabelo dela enquanto ela vomita, não é você que tem que lidar com ela de ressaca.
— Você fala como se fosse uma escolha minha não estar presente. Se eu pudesse, eu estaria com a Isabela em todos esses momentos e você sabe disso.
— Eu sei — concorda Felipe —, mas isso não muda o fato de que você não está presente nesses momentos. Então não queira falar que eu estou exagerando. Estou sim preocupado com a Isabela.
— Eu também estou.
— Não parece, falando que é normal e só diversão.
— Eu só acho que você está criando um caso muito grande por uma coisa pequena.
— E você acha isso porque não convive com ela em todas as festas. Se estivesse presente, ficaria tão preocupada quanto eu.
— Para de falar que eu não estou presente!
— Mas é a verdade, Yasmin! Você queira ou não, você não faz mais parte da vida da Isabela ou de qualquer um de nós como antes.
Yasmin fica estática olhando para o irmão e seus olhos vão ficando vermelhos. Felipe respira fundo e passa a mão no cabelo.
— Não precisava disso — diz Victor, que esteve observando a discussão dos irmãos em um canto.
— Eu sei — responde Felipe e olha para a irmã. — Desculpa, Yasmin.
A loirinha não fala nada, dá meia volta e sai do quarto. Felipe dá um passo para segui-lá, mas Victor se põe em seu caminho.
— Fica aí com a Isa, eu vou falar com ela.


Com os pés dentro da água, Vinícius e Marina conversam sentados à beira da piscina.
— É difícil, amor! — exclama a garota rindo.
— Marina, ukulelê é um dos instrumentos mais fáceis de tocar.
— Você diz isso por que já toca.
— Não é não — ri Vinícius. — Você pelo menos você tem praticado com o que eu te dei de aniversário aquela vez?
— Claro — diz Marina em tom de ironia.
— Desse jeito você não vai aprender mesmo, meu amor — ele sorri.
— Eu preciso de um professor. Um magrelinho, cozinheiro, de cabelo cacheado, que talvez seja o amor da minha vida.
— Talvez? — ele ri.
— Talvez, eu ainda estou analisando.
— Três anos de análise já é um bom tempo, você não acha?
— Estamos falando de amor da vida inteira — responde Marina e eles gargalham.
— Eu não vou aguentar passar por isso.
Marina e Vinícius olham para trás e enxergam Yasmin parada com as mãos na cintura.
— Do que você está falando? — questiona Marina.
— Dá licença — pede a loirinha e o casal abre espaço para ela sentar entre eles. A garota tira os sapatos de salto e também afunda os pés na piscina. — Eu e o Felipe discutimos agora há pouco.
— Eu estava atrás de você — fala Victor se juntando a eles.
— Achou — responde Yasmin olhando para ele. O rapaz senta ao lado de Vinícius, que fala para Yasmin:
— Continua. Você e Felipe discutiram…
— E ele falou umas coisas que eu achei muito pesadas.
— Que coisas? — indaga Marina e Yasmin narra a discussão que teve com o irmão.
— Ele falou como se eu quisesse não estar participando da vida da Isabela ou de qualquer um aqui do Rio — diz na sequência. — E não é isso.
— Nós sabemos que não é — responde a morena.
— Acho que nós mais do que ninguém sabemos que não é — completa Vinícius. — Mas é compreensível que eles ajam assim também.
— Compreensível? — rebate Yasmin. — Eu não acho nada compreensível.
— Eu acho egoísmo da parte deles — Marina opina. — Eles falam como se fosse fácil para a gente estar fora e não poder acompanhar certas coisas.
— Exatamente — concorda sua cunhada. — Jogar na minha cara que eu não faço mais parte da vida dele e da Isa como antes é muito pesado, gente.
— Realmente é — diz Vinícius. — Mas não deixa de ser verdade, por mais duro que isso seja. Nós temos as nossas vidas onde moramos e eles seguiram com a vida deles aqui sem a nossa presença. E isso é normal. Não adianta a gente vir de férias e achar que tudo vai ser como era quando a gente morava aqui. Não vai ser assim.
Eles silenciam por alguns segundos, cada um refletindo de uma maneira sobre o que Vinícius disse. 
— Isso se aplica entre nós mesmos — conclui Marina. Ela e o namorado se encaram e a energia entre eles muda completamente dos minutos anteriores. 
— Sim — concorda Vinícius. — Mas só depende de nós agirmos sobre isso.
— Eu só não quero que as pessoas fiquem jogando na minha cara que eu não ocupo mais o lugar que eu ocupava — desabafa Yasmin.
— Não foi com essa intenção que ele falou — diz Victor. — E não fica achando que você não ocupa o lugar que você ocupava. Você continua sendo a melhor amiga da Isabela, continua sendo a irmã do Felipe, nada disso mudou, Yasmin.
— Então por que ele falou aquelas coisas? — questiona a jovem com a voz trêmula.
— Porque ele queria que você entendesse que tem coisas sobre a Isabela que você não sabe, porque não estava aqui. Mas isso não significa que a amizade de vocês perdeu valor ou algo assim.
— Eu não quero ter que escolher entre a minha vida em São Paulo e aqui.
— Você não precisa fazer isso — responde Vinícius. — Assim como eu não preciso escolher entre Paris e Rio ou a Marina e o Victor escolherem entre Boston e aqui também.
— Ou Nova York — acrescenta Marina lembrando da cidade em que foi criada.
— Vocês se sentem menos participativos? — indaga Yasmin.
— A todo momento — admite Vinícius. — Você ainda está a poucas horas daqui, eu estou do outro lado do oceano e sozinho. Eu me sinto muito menos participativo na vida de todo mundo, não só do pessoal aqui do Rio, mas de vocês também. Cinco, seis horas de diferença parece pouco, mas não é. Nem a instantaneidade da vida de vocês eu consigo acompanhar, porque às vezes as coisas acontecem e vocês não me contam na hora porque eu estou dormindo. 
Marina se sente extremamente identificada no desabafo do namorado.
— Eu não imaginava que você se sentia assim — sussurra.
— Não é algo confortável para se admitir. Mas não se sinta sozinha nessa situação — completa olhando para Yasmin. — Isso é passageiro.
— E se não for? — indaga a loirinha.
— Como assim?
— Vai dizer que nunca passou pela sua cabeça continuar na França depois que seu curso acabar? E aí? A gente vai ter que lidar com essa situação para sempre?
Marina observa o namorado com intensidade, ansiosa pela resposta dele. Vinícius diz:
— Eu prefiro não pensar muito no quê fazer depois que o meu curso acabar. Já é muita loucura viver o presente, não vou ficar sofrendo pelo futuro.
— E vocês? — Yasmin olha para os gêmeos. Victor dá de ombros, respondendo:
— Eu não sei o que pensar. A única certeza que eu tenho é que sempre vou escolher o que for melhor para mim e para aqueles que eu amo.
— E se uma coisa for de encontro a outra?
— Cabe a mim conciliar isso.
— Gente, vamos parar de falar nisso — pede Marina. — Não sei vocês, mas eu me torturo muito pensando nisso quando estou sozinha. Nós estamos de volta ao Rio, juntos com todo o pessoal, vamos aproveitar esse momento. Yas — ela se volta totalmente para a namorada de seu irmão —, o Felipe falou aquelas coisas da boca para fora, em um momento de tensão. Não dá muito importância para isso. É claro que você continua sendo importante na vida dele e da Isabela.
Yasmin assente e olha para o seu reflexo na piscina.


Horas depois, alguns dos jovens começam a se retirar para os quartos do casarão. Entre risos, Thiago e Luciana entram em um dos cômodos e se deparam com Graziele e Malu sentadas em um dos colchões.
— Não é possível — sussurra a ruiva para a amiga.
— A gente pode ficar aqui com vocês? — pergunta Thiago e Malu dá de ombros. Ele puxa um dos colchões da pilha e Luciana deita, jogando os longos cabelos negros para um lado. Thiago senta ao seu lado e fica acariciando sua coxa distraidamente. 
Com o estômago embrulhado, Graziele observa os dois discretamente. Minutos depois ela levanta, olha para Malu e diz:
— Eu não tenho estômago para isso. — Ela sai do quarto apressadamente, o que chama a atenção de Thiago. Luciana já está quase adormecida no colchão e não ouve ele perguntar para Malu:
— O que aconteceu com a Graziele?
— Ai, Thiago, eu não quero ficar no meio disso.
— Disso o quê?
Malu passa as mãos na calça jeans, pensativa, até que diz:
— Se eu fosse você, iria conversar com a Graziele.
— Por quê?
— Certas coisas precisam ser ditas.
— Eu não estou entendendo nada, Malu — ri Thiago.
— Procura a Graziele e conversa com ela.
Thiago olha para Luciana, que continua imóvel, e levanta do colchão.
— Se ela acordar, diz que eu já volto.
— Ok — responde Malu e acompanha o amigo sair do quarto.
Thiago caminha pelo casarão atrás de Graziele até que a encontra sentada em meio aos arbustos do jardim, perto da entrada do casarão.
— O que você está fazendo aqui, Grazi? — ele pergunta ao se aproximar. É possível ouvir ao longe a música tocada por Mayara, mas ali está bastante silencioso, com apenas o som dos grilos e do vento, que por vezes se intensifica em uma clara demonstração de que virá uma tempestade.
— O que você está fazendo aqui? — rebate a garota.
— Eu vim falar com você — responde Thiago.
— Eu não quero falar com você.
— A Malu disse que a gente precisa conversar.
Graziele dá uma risada seca.
— Ai, Malu.
Thiago se acomoda em sua frente na grama.
— O que foi? — pergunta gentilmente. Para o seu espanto, sua ex-namorada abaixa a cabeça e começa a chorar. — Grazi, o que foi? — insiste com preocupação.
— Eu… eu não gostei de ver você com a Luciana — revela Graziele baixinho. Até os grilos parecem paralisar com a confissão de Graziele e o jardim mergulha em um silêncio.
— Você está falando sério? — questiona Thiago incrédulo.
— Por incrível que pareça, sim. — Ela ergue a cabeça e fita os olhos castanhos dele. — Eu ainda te amo — se declara com coragem.
— De que forma?
— Da forma que provoca ciúmes e tristeza ao te ver com outra pessoa.
— Grazi…
— Eu sei que eu não tenho o direito de despejar isso em você a essa altura do campeonato, eu sei — ela o interrompe falando agitada. — É que eu simplesmente não consegui controlar os meus sentimentos ao ter ver entrar naquele quarto com a Luciana. Não depois do que eu ia fazer.
— O que você ia fazer? — Thiago quer saber.
Graziele umedece os lábios, encara as próprias mãos e olha novamente para ele, dizendo:
— Eu ia chegar em você.
Thiago passa a mão no rosto e cabelo, puxando o ar com força.
— Eu não sei nem o que te dizer. Jamais esperaria ouvir isso hoje.
— Desculpa.
— Não precisa se desculpar. Eu só… eu só não sei o que dizer.
— O que você sente por mim? — questiona Graziele abruptamente e ele sacode a cabeça.
Isso você não tem o direito de fazer.
— Saber o que você sente?
— Me forçar a encarar coisas que eu sofri muito para sufocar.
— Você está falando do que sente por mim?
Thiago não consegue manter o olhar dela e encara o arbusto mais próximo.
— Eu aprendi a sufocar o amor que eu sinto por você. Eu sabia que a gente não ia voltar e aquele sentimento só me machucava. E eu sabia que não podia ir atrás de você, porque tudo o que a gente passou foi consequência dos meus erros. Eu não suportava a ideia de errar com você de novo.
— E o que você sente por mim hoje?
— Eu sinceramente não sei — admite Thiago. — Eu me acostumei a não te amar. Quanto mais distante você estava, quanto mais o Douglas falava de você, mais eu ia entendendo que eu perdi a minha vez, a minha chance. Quando nós decidimos retomar a nossa amizade, eu tive a certeza que isso seria o máximo que eu teria de você e me acostumei com isso. E agora você me fala todas essas coisas? Eu não sei o que dizer.
— Eu também não sei o que me fez te falar tudo isso. Acho apenas que eu cansei de estar com a razão, de ouvir a voz da consciência. Eu sei que com o nosso histórico, depois de tudo o que a gente já passou e viveu, era melhor seguirmos separados e como amigos. Mas eu te quero mais do que um amigo.
— Não diz isso, Grazi — pede Thiago.
— É verdade.
Uma risada nervosa escapa dos lábios de Thiago.
— Eu realmente não sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada. Esquece tudo o que eu falei, é melhor para a gente — decide Graziele.
— E se eu não quiser esquecer? — ele questiona, fazendo o coração da ruiva dar um salto.
— Se você não quiser esquecer, a gente pode curtir essas férias juntos. Mais do que amigos — acrescenta.
— Eu preciso pensar — responde Thiago. — Isso tudo realmente me pegou muito de surpresa.
— Tudo bem. Você sabe o que eu estou sentindo, isso não vai mudar. Pensa e faz o que você acha melhor. — Ela levanta e passa a mão na parte de trás de seus shorts para limpar a sujeira da grama. — Eu só peço para você procurar outro quarto para dormir com a Luciana.
— Depois disso tudo eu nem sei se vou dormir com ela — ele dá um leve sorriso também ficando de pé. — A gente combinou de só curtir, então eu sei que ela não vai ver problema se eu ficar sozinho.
— Você é quem sabe.
Thiago corre os olhos pelo rosto dela, contemplando cada detalhe de sua beleza.
— É melhor eu ir.
— Ok.
— Boa noite, Graziele.
— Boa noite, Thiago.
A jovem espera ele se afastar para seguir para o interior do casarão. Ela se encontra com Malu no mesmo quarto que Luciana continua dormindo, agora sozinha.
— E aí? — questiona a morena ansiosa.
— Eu falei tudo o que eu estou sentindo para ele. 
— E ele?
— Disse que precisa pensar. Sei lá, Malu, não interessa o que aconteça, estou me sentindo mais leve. Parece que tirei um peso de mim.


Não demora muito para amanhecer. Como já era o esperado, o Sol não aparece devido a densas nuvens, que os ventos da madrugada trouxeram.
— Como é bom dias assim — Mel fala para si mesma ao sair na sacada de seu quarto. — Nada como um dia de chuva para variar do calor carioca. — Ela prende o cabelo em um coque e vai para seu banheiro. Instantes depois, deixa o quarto usando um robe branco. — Bom dia, Verinha! — deseja sorridente ao entrar na cozinha.
— Bom dia, Mel — responde a governanta e amiga da empresária. — Caiu da cama?
— Perdi o sono. 
— Tudo isso é por que as crianças estão dormindo fora? 
Mel ri.
— Será, Verinha? — Ela alcança uma ameixa na cesta de fruta e morde um pedaço. A campainha toca, fazendo Mel se sobressaltar. — Quem será a essa hora? — A estilista se aproxima de um monitor que fica em uma das paredes da cozinha e com alguns comandos exibe a câmera da entrada da mansão. — Não é possível.
— Você quer que eu diga que você não está? — pergunta Vera parando atrás dela. Mel tira mais uma mordida da ameixa e diz:
— Pode deixar que eu mesma resolvo isso. — Ela sai decidida da cozinha e larga a ameixa em uma mesinha de flores no caminho da sala de estar. — O que você veio fazer aqui uma hora dessas? — questiona assim que abre a porta principal de sua casa.
— Bom dia para você também — diz Chay.
— Responde a minha pergunta — exige Mel.
— Não parece óbvio? Eu vim falar com você, já que você não tem atendido todos os meus telefonemas nessas três semanas.
— Não parece óbvio? — ela o imita. — Eu não quero falar com você.
— A gente precisa conversar.
— O que você quer conversar, Chay? Você invadiu a minha privacidade de uma forma inaceitável.
— Eu sei, me desculpa!
— Não! Eu não te desculpo. Você não tinha o direito de se aproveitar do fato de estar no meu escritório e mexer nas minhas coisas.
— Eu estava procurando os meus papéis.
— E você achou as minhas composições, leu e gravou uma das minhas músicas! Você perdeu toda a noção, Chay. Isso não se faz!
— Eu sei, eu sei, mas eu não imaginava que você fosse ficar tão chateada.
— Chateada? Eu estou p*ta com você! Desaparece da minha frente, Roobertchay.
— Não enquanto nós não conversarmos direito.
— Não tem o que conversar, eu não quero olhar na sua cara.
— Mel, me desculpa. Vamos tentar consertar as coisas.
A empresária troca o peso de uma perna para a outra, impaciente.
— Não tem como consertar nada, Chay. O erro já foi feito. Agora você arque com as consequências. E eu já te aviso, nem sonhe em lançar essa música, eu jamais vou autorizar isso.
— Eu não tinha o propósito de lançar a música quando resolvi gravá-la, eu só queria fazer uma surpresa para você.
— Ah, mas pode ter certeza que isso você conseguiu.
Chay coça o cabelo com nervosismo e olha para o hall de entrada por cima do ombro de Mel.
— Eu posso entrar?
— Não — ela responde prontamente.
— Mas a gente precisa conversar — insiste o cantor.
— Eu não quero conversar com você! — grita Mel perdendo a cabeça. Ela respira fundo e ajusta o robe em seu corpo. A ação desperta a atenção de Chay, que desce os olhos pelo corpo dela inconscientemente. — É sério, vai embora da minha casa. Eu não te evitei todas essas semanas a toa, eu realmente preciso de um tempo para digerir tudo o que você fez.
— Tudo bem — cede Chay. — Eu só quero que você saiba que eu não fiz nada pensando em te magoar ou te deixar brava. Eu realmente achei que você fosse gostar de ter uma de suas composições gravadas e…
— Passou pela sua cabeça que se eu quisesse isso, eu poderia simplesmente ir em qualquer estúdio e gravar? — interrompe Mel.
— Eu fui tolo, desculpa. Eu realmente espero que você me perdoe por isso.
— Me dá um tempo, Chay. Eu preciso disso.
— Ok. Quando você quiser conversar sobre isso, é só me procurar. 
— Pode deixar. — Os dois se encaram por mais alguns segundos até que Chay dá meia volta e caminha por entre o jardim para a saída da mansão. 
Mel bate a porta com força e se apoia em uma das paredes.
— Que inferno!


Comentários

  1. Obrigada pelo capítulo novo, nem acredito... Qualquer cena da Mel e do Chay ganha o meu coração, mas que discussão foi essa!

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  2. O que diacho TINHA NESSA MÚSICA? EU QUERO SABER, EU PRECISO SABER!!!
    Ah mentira que ele deixou ela virada na zorra por querer fazer uma surpresinha a toa? Alguma coisa ele ia falar, fazer e não deu o famigerado tempo

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  3. Eu já morro de ranço desse Felipe e ainda pega tão pesado com Yasmin, minha Fav? Ah cancela esse menino chato e essa namoradinha pseudo Alcoólatra

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  4. ''- Eu só quero que você saiba que eu não fiz nada pensando em te magoar ou te deixar brava. Eu realmente achei que você fosse gostar de ter uma de suas composições gravadas e…'' E O QUE, PORRAAAA? DEIXA ELE FALAR, EU NÃO AGUENTO MAIS

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  5. EITA QUE ESSE CAPÍTULO SÓ TEVE DR: MALU E SAMUEL, YASMIN E FELIPE E PARA ME MATAR DE VEZ, CHAMEL NÉ ?
    MERCY ON MY HEART, RENATAAAAA

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  6. Aiiii meu coração ,essas cenas do Chay e Mel sempre prendem muito minha atenção,meu Deus que coisa mais linda essa discussão,Faz eles voltarem logo por favor.Juro que não te peço mau nada,além é claro de não demorar pra postar um novo capítulo

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  7. Aaaa o que foi Thi e Grazi?? Meu Deus!!

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  8. E quando a gente vai poder ouvir/ler essa música?

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