Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 8: Yasmin desembarca nos Estados Unidos


— Vinícius! — exclama Isabela abrindo um sorriso. A garota tenta correr até o irmão, mas suas pernas não obedecem da maneira esperada e ela se apoia no encosto de uma poltrona.
Vinícius fica temeroso com sua fragilidade e enquanto caminha ao seu encontro, olha de esguelha para Chay e Mel.
— Ai, Isa, como é bom estar com você de novo — diz abraçando ela. Chay e Mel contemplam Vinícius com expressões que misturam surpresa e felicidade.
— Não acredito que você está aqui, meu filho! — Mel abraça Vinícius com força quando o rapaz se afasta de Isabela. Chay também recepciona o filho emocionado com a chegada repentina.
— Como você veio para cá? — pergunta Isabela confusa. — E suas aulas, o estágio no restaurante-escola?
— Vamos sentar — chama Vinícius retornando para o centro da sala. Eles se acomodam em sofás e Isabela se aconchega nos braços do irmão.
— Você não vai se prejudicar por causa dessa viagem? — indaga Mel.
— Não, eu vou voltar no domingo — Vinícius responde. — Eu estou de atestado até o final desta semana.
— Por quê? — Mel franze a testa preocupada. Vinícius ergue a mão esquerda e só então seus pais e irmã notam um grande curativo envolta de seu dedo indicador.
— Eu me cortei no restaurante. Estava distraído com tudo o que estava acontecendo por aqui.
— Mas você está bem? — questiona Mel.
— Sim, levei alguns pontos — a empresária arregala os olhos e ele completa: —, mas está tudo bem.
— Que bom que você está aqui — fala Isabela afundando o rosto na camisa dele. A aparição surpresa de Vinícius faz com que ela se esqueça por um momento das dores em seu corpo e, principalmente, do aperto que comprime seu peito desde que deixou o hospital.


— Nem pensar! — Sophia nega de imediato o pedido de Yasmin.
— Filha, você acabou de receber alta — pondera Micael.
— Justamente — responde a garota com calma. — Eu não me sinto bem aqui.
— Essa é a sua casa — Sophia rebate. — Você está completamente segura aqui, você sabe disso.
— Racionalmente, eu sei. Mãe, eu pensei muito antes de tomar essa decisão. Eu preciso de um tempo para me recuperar e isso não vai acontecer se eu estiver rodeada de coisas que me lembrem de tudo o que aconteceu. — Ela fecha os olhos e solta um suspiro. — Eu agradeço todas as formas de carinho que eu tenho recebido desde que saí daquele lugar, mas… eu preciso de um tempo.
— E a sua faculdade?
— Eu não vou ficar longe por muito tempo, não vou me prejudicar. O Victor já aceitou e disse que pode reservar um hotel para a gente.
— Para a gente? — repete Micael franzindo a testa.
— É, eu queria saber se alguém pode ir comigo. Eu não quero ficar sozinha e por mais que o Victor tenha dito que ficará o tempo todo comigo, não acho justo ele faltar aula por minha causa. — Yasmin analisa os rostos de seus pais com apreensão.
Sophia e Micael se encaram em um diálogo mudo e Felipe observa as marcas da corrente de ferro nos pulsos da irmã. A estilista quebra o contato visual com o marido e fita Yasmin.
— Eu vou com você — comunica. Yasmin abre um sorriso e a sensação causa um estranhamento inicial, pois a última vez que sorriu foi na noite de seu aniversário. Embora tenha se passado apenas três dias, ela tem a impressão de que transcorreram diversas semanas marcadas por sentimentos de terror.
— Eu vou para o meu quarto — diz a loirinha levantando. — Felipe — fita o irmão —, vem comigo.
— Claro. — O moreno fica em pé e segue a garota até o andar de cima. Ao entrar em seu quarto, Yasmin emociona-se.
— Pensei que eu nunca mais fosse estar aqui — sussurra. Felipe passa um braço pelos ombros dela e juntos vão até a cama.
Yasmin deita sob as cobertas e apoia a cabeça no peito de Felipe, fechando os olhos. No conforto de seu quarto e dos braços do irmão, ela se sente totalmente segura pela primeira vez desde que saiu do cativeiro. O toque de seu celular ecoa pelo quarto e assusta os dois. Felipe apalpa os bolsos da calça jeans e retira o aparelho que lhe foi entregue por Yasmin na saída do hospital.
— Hospedeiro? — Felipe estranha ao ler o identificador de chamadas, porém Yasmin dá um leve sorriso e toma o celular de suas mãos.
— Oi, Iago — diz atendendo a ligação e Felipe ri.
— Yasmin! — exclama o jovem em São Paulo. — Nossa, que alívio ouvir sua voz de novo.
— Estou feliz por estar te ouvindo também.
— Fiquei tão preocupado. Nunca me senti tão sozinho aqui, o apartamento não é o mesmo sem você.
— Ainda vai levar um tempinho para eu voltar para casa.
— Sério? Mas você está bem?
— Estou, recebi alta hoje. Só que eu vou passar uns dias com o Victor em Boston.
— Ah, sim! Vai ser bom para espairecer um pouco.
— Exatamente. Foi muito traumatizante, não vou conseguir voltar para a minha rotina assim de imediato.
— Claro. Afinal de contas, foi um sequestro, né?
— É — responde Yasmin sentindo o coração disparar repentinamente. — Enfim — ela respira fundo —, agora acabou.
— E você está bem! — sorri Iago. — Continue assim, tá? Eu sei que você vai estar muito bem acompanhada com o Victor e a Marina, mas se você precisar de qualquer coisa pode ligar para mim, tá bom?
— Pode deixar. E você continue cuidando bem da nossa casa, ok?
Iago ri.
— Sim, senhora. — Eles desligam e Yasmin dá seu celular para Felipe novamente.
— Por que hospedeiro?
— Toda vez que o Iago reclama da minha personalidade, eu brinco que eu sou um parasita na vida dele. Então, ele é o meu hospedeiro. — Ela ri. — Agora bateu uma saudade da nossa rotina.
— Depois quando você estiver mais descansada, liga para a Camila e o João, eles ficaram bastante aflitos.
— Ligarei. — Yasmin deita e fecha os olhos mais uma vez, saboreando a tranquilidade de estar em casa.


Já está de noite quando Heitor e Diana chegam em casa trazendo Jonas. Por causa dos pedidos do namorado, Maísa acompanha a família. O casal de universitários segue diretamente para o quarto dele.
— Será que tem como dormir até esquecer tudo?
— Desde quando você faz o tipo que dorme para esquecer? — comenta a garota encostando em uma estante com os olhos fixos nele.
— Talvez desde que eu atirei em um homem. — Ele olha para baixo e uma lágrima cai em sua calça jeans. Controlando-se para não chorar também, Maísa vai até a cama e passa a mão carinhosamente por seu cabelo.
— Não fica se torturando, Jonas.
— A imagem dele caído na minha frente não sai da minha cabeça. — Ele ergue a cabeça e encara a namorada. — Eu poderia ter matado ele.
— Foi legítima defesa — argumenta Maísa. — Você fez o que foi preciso para defender vocês.
— Será?
Ela estreita os olhos.
— Como assim?
— O policial disse que eu atirei três vezes. Se fosse só para nos defender um tiro bastava, não? E se eu for um monstro?
— Jonas. — A garota se senta na frente dele. — Você estava sob pressão, nervoso. Você nunca tinha pego em uma arma antes, é compreensível. E como você acabou de dizer, “o policial disse”, você sequer se lembra do que fez. Uma pessoa ruim teria consciência e se lembraria. — Ela desliza os dedos pelo rosto dele de maneira terna. — Você não é um monstro.
— Isso não seria surpresa para ninguém. Todo mundo lembra o quanto eu era babaca.
— Você era adolescente! Uma coisa é ser imaturo quando jovem, Jonas, outra bem diferente é ser uma pessoa verdadeiramente má. Você teve comportamentos ruins no passado? Teve, mas você não é um monstro. Tira isso da sua cabeça.
O rapaz começa a chorar copiosamente e deita sobre as coxas dela.
— Eu não quero carregar o peso da morte de alguém.
— Ninguém vai morrer.
Maísa faz carinho na cabeça dele e lentamente Jonas adormece. Ela o acomoda confortavelmente na cama e levanta, massageando a própria nuca na tentativa de atenuar a tensão. O celular de Jonas começa a vibrar na mesinha de cabeceira e a universitária enxerga a foto do melhor amigo dele.
— Oi, Samuel — atende fechando a porta do quarto atrás de si.
— Oi. Como ele está?
Maísa suspira e se apoia na parede do corredor ao lado de um quadro de uma paisagem.
— Péssimo. — Sua sinceridade e visível cansaço assustam Samuel.
— Ele está muito machucado?
— Um pouco. Galo na cabeça, hematomas por todo o corpo, mas o principal trauma foi mental mesmo.
— Putz, sério?
— Sim. Ele não consegue esquecer por cinco minutos que atirou no sequestrador.
— Não queria que ele estivesse passando por isso.
— Nenhum de nós.
— E você, como está?
Como se a pergunta fosse um código para a revelação de seus sentimentos, Maísa começa a chorar.
— Eu estou cansada. Desde segunda que eu não durmo nem como direito, não vou para a faculdade. O sequestro acabou, mas essa história está bem longe de terminar. Os três estão muito fragilizados, o Jonas principalmente.
— O que ele está fazendo agora?
— Dormindo.
— Vai para a casa, Maísa. Tenta descansar um pouco, o Jonas está em segurança agora.
— Ele pediu para eu ficar com ele. Não consegui dizer não.
— Tudo bem. Mas se cuida também. O Jonas está melhor agora.
— Eu sei — funga Maísa.
— Amanhã eu ligo para conversar com ele.
— Ok. — Eles se despedem e desligam. Maísa fecha os olhos e chora silenciosamente no corredor vazio.
— Obrigada. — A loira se assusta e abre os olhos. Diana, mãe de Jonas, está parada em sua frente.
— De nada — responde automaticamente sem saber a que exatamente Diana está se referindo. A mulher se aproxima ainda mais e pega nas mãos de Maísa.
— Sou muito grata por você ter entrado para a nossa família. Todo o apoio que você deu ao Jonas quando eu estava doente e tudo o que você tem feito agora só demonstra o quanto você o ama. — Maísa assente, mas não consegue responder nada. — Obrigada — repete Diana dando um abraço na jovem.


Ainda muito abatida, Isabela encaminha-se para o banheiro. Vinícius brinca um pouco com Nina, que está tão feliz quanto sua dona com a presença dele, e levanta da cama. Alongando as costas, o rapaz desce as escadas, passa pela sala de estar vazia e chega na cozinha da mansão de Mel. Chay está sozinho no cômodo diante do cooktop.
— E aí, como a Isa está? — pergunta o cantor.
— Está bem, foi tomar banho. — Vinícius encosta no balcão ao lado do pai. — O que o senhor está fazendo?
— Uma farofinha de calabresa, vai querer?
— Não, obrigado. Estou diminuindo o consumo de carne.
— Sério?
— Uhum. — Ele abre a geladeira e pega uma porção de cogumelos, cebola, cheiro verde e alguns legumes.
— Como você está? — indaga Chay mexendo a farofa em uma frigideira.
— Bem melhor por estar aqui em casa. — Segurando uma tábua de madeira, o jovem alcança uma faca de cozinha no mesmo balcão em que estava encostado.
— E os sonhos? — Chay sente o filho ficar tenso enquanto apoia a tábua e a faca ao lado do fogão.
— Eu não aguento mais isso — desabafa Vinícius com as mãos no balcão e os olhos baixos.
— Me conta como foi.
Após lavar os ingredientes e deixar os cogumelos hidratando em um recipiente, Vinícius fala:
— No dia do aniversário da Yas eu sonhei que estava dançando com ela e de repente tudo ficava escuro e puxavam ela de mim. Depois eu começava a ouvir os gritos dela e da Isabela. O primeiro sonho foi esse. — Vinícius evita o olhar de Chay e tomando cuidado com o curativo na mão esquerda, começa a picar os legumes.
— E depois?
— Depois eu sonhei que estava correndo por vielas de uma comunidade e via uma viatura da polícia. Quando eu estava chegando perto ouvia o som de três disparos e novamente os gritos da Yasmin e Isabela.
— Exatamente como foi no cativeiro — Chay percebe. — O Jonas atirou três vezes e as meninas gritaram.
— E no sonho eu estava em uma comunidade, pai — Vinícius para de cortar e encara Chay. — Eu sequer sabia que o cativeiro ficava na Cidade de Deus.
— Nossa Senhora.
Vinícius termina de picar os legumes, retira os cogumelos da água e passa a cortá-los também. A farofa de Chay fica pronta e ele se senta do outro lado do balcão, comendo silenciosamente.
— Aquela vez na fazenda — diz Vinícius quebrando a quietude —, eu sonhei repetidas vezes, mas era sempre a mesma coisa. Calor, fumaça, fogo — lembra das palavras que se repetiam em seus sonhos. — Agora foram coisas diferentes, mas igualmente relacionadas ao sequestro das meninas e do Jonas.
Chay engole uma garfada de farofa e indaga:
— Você já pensou em procurar ajuda?
— Ajuda? — Em uma panela, Vinícius refoga a cebola e os legumes.
— Sim, para entender isso que acontece com você.
— Você acha que algum psicólogo entenderia?
— Eu estava me referindo a uma ajuda no âmbito espiritual.
Vinícius ergue os olhos para o rosto de Chay depois de adicionar a água dos cogumelos na panela.
— Eu não sei se quero me aprofundar nessa questão, pai.
— Por que não?
— E se os sonhos aumentarem?
— Eu não acho que funciona dessa forma. Vinícius, isso que acontece com você não é tão comum, mas também não é absolutamente raro.
— Não entendi.
— O que eu estou querendo dizer é que você pode estar assustado e perdido com relação a tudo isso, mas se você se propuser a entender o que acontece, encontrará respostas.
Vinícius observa a água começar a ferver na panela e admite:
— Eu tenho medo.
Chay pousa o garfo no prato, dizendo:
— Eu lembro da primeira vez que isso aconteceu. Não foi um sonho. — A atenção de Vinícius está toda nele. — Você ainda era criança, a gente estava jogando futebol e você parou repentinamente e disse que a Mel e a Isabela iriam precisar de ajuda. Depois eu recebi a notícia de que elas tinham sofrido aquele acidente de carro.
— A Isa tem até hoje uma cicatriz na nuca — lembra Vinícius.
— E aquilo só foi acontecer de novo quando o Felipe foi atropelado, não é?
— Sim.
— Pois é, muito tempo depois.
— Então o senhor acha que não importa quanto tempo passe eu vou continuar tendo esses sonhos e essas sensações?
Chay assente lentamente e o rapaz acrescenta os cogumelos ao caldo.
— Eu não sei o que vou fazer — diz mexendo a panela. — Eu não queria que isso acontecesse comigo.
— Mas acontece — responde seu pai com seriedade.
Minutos depois, Vinícius sobe para o quarto de Isabela com um risoto de cogumelos ainda mexido com a conversa com Chay. Felipe se junta a eles quando Malu chega para fazer companhia para Yasmin.


No dia seguinte, Isabela, Yasmin e Jonas revezam momentos de descanso com visitas e telefonemas de familiares e amigos. Em seu closet, Yasmin arruma sua mala para Boston com a ajuda de Thiago.
— Você deve estar sentindo isso porque vocês ficaram muito tempo sentados — ele opina a respeito das dores nos joelhos que ela reclama.
— Só sei que mal estou conseguindo andar — diz a irmã caçula de Felipe.
— Senta ali — Thiago indica uma cadeira perto da cômoda. — Eu termino de pegar as coisas para você.
— Obrigada — agradece Yasmin.
— Quantos dias você vai passar lá?
— Não sei ao certo, em torno de uma semana eu acho.
— O Victor ficou preocupadão com você. A Marina me contou que ele queria vir para cá a qualquer custo, ela que teve que impedir por causa da faculdade.
— E agora sou eu quem estou indo para lá sem me importar com a faculdade — Yasmin dá um leve sorriso.
— Ah, mas ficando aqui você não ia voltar para a faculdade mesmo.
— Sim. É por isso que eu tive certeza de que queria ir. Sabia que até agora eu não consegui mexer no meu celular direito?
— Por quê?
— Toda hora fica chegando mensagens e notificações. A minha mãe falou também para eu não assistir televisão.
— É melhor mesmo — responde Thiago pegando uma calça jeans que Yasmin apontou.
— Por quê? — Agora é ela quem pergunta.
— Ah, Yas, os programas de fofoca só falam disso no momento.
— Mesmo agora que o sequestro acabou?
— As pessoas continuam querendo saber como vocês estão. Até agora ninguém falou publicamente sobre o que aconteceu, então eles ficam em cima.
— É por essas e outras que eu quero sair do Brasil por uns dias. Tirar um tempo de tudo e de todos.
— E curtir um tempinho com o Victor — acrescenta Thiago sorrindo.


Na sala de jogos da mansão de Mel, Vinícius joga xadrez com Nícolas. O garoto acumula as peças de Vinícius, que se esforça ao máximo para reverter a situação. Em um dos sofás, Isabela conversa com Daniel que está com o filho mais novo, Miguel, no colo.
— Ele é bem diferente do Nícolas — comenta o arquiteto.
— É?
— Sim, o Nícolas desde pequeno é mais quietinho e fechado, o Miguel já é mais sorridente e brincalhão.
— Dá para perceber — Isabela sorri olhando para o priminho.
— Ele foi para o apartamento dele buscar umas roupas — diz Mel entrando no cômodo com Luíza.
— Ele vai ficar hospedado aqui? — indaga sua irmã.
— Sim, até a Isabela voltar à rotina.
— No quarto de hóspedes? — pergunta Luíza lançando um olhar malicioso para Mel.
— Nem venha, Luíza. Já faz dois anos que a gente se divorciou.
— Pois é, curtiram bastante, agora podem voltar.
Mel gargalha.
— Ridícula.
— Qual é a piada? — Daniel pergunta a elas. — A Isabela está precisando rir um pouco também.
— Nada demais, só a Luíza falando merda mesmo — responde Mel sentando ao lado da filha. Isabela se aninha a ela e apoia a cabeça em seu ombro, ganhando um cafuné. — Está com fome? — a estilista pergunta baixinho para ela enquanto Luíza vai até Vinícius e Nícolas.
— Um pouquinho.
— Daqui a pouco o almoço está pronto e o seu pai está de volta, aí a gente come.
— Tá.
— Xeque-mate! — exclama Nícolas erguendo os braços.
— Meu Deus, perdendo para uma criança, Vinícius — provoca Daniel.
— Em minha defesa, o Nícolas é muito bom — ri o rapaz.
— Tia Ane que me ensinou — fala Nícolas se referindo à sua tia de consideração, Anelise.
— A Ane é boa mesmo — fala Mel lembrando que sempre perde para a ex-cunhada.
— Falando nisso, quando ela vem me ver? — questiona Isabela. — Ela me mandou mensagem, mas até agora nada.
— Acho que ela está sobrecarregada lá na MelPhia por causa de tudo o que está acontecendo.
— Agora ela é responsável pela assessoria de comunicação da marca, né? — indaga Daniel.
— Sim — confirma Mel.
— O que aconteceu afetou até a empresa, mãe? — pergunta Vinícius. Como não estava no Brasil, ele não acompanhou toda a cobertura midiática do sequestro da irmã.
— Ah, afetou! As filhas das donas da empresa, né? Mas a Anelise e toda equipe estão contornando bem a situação.
— Estou com saudades dela — diz o jovem.
— A última vez que você veio foi no Natal, né? — Luíza pergunta e ele assente.
— Não consegui vir no meio do ano, estava trabalhando em um restaurante.
— Mas agora você está aqui — sorri Nícolas abraçando o primo.
— Há males que vem para o bem — comenta Isabela olhando para o irmão.


Logo após o almoço, Vinícius visita Yasmin.
— Que saudade que estava de você! — exclama a loirinha abraçando o amigo com toda força que consegue.
— Eu também. — Vinícius beija as mãos dela. — Está melhor?
— Um pouco. Ainda sinto umas dores aqui e ali.
— Em breve você estará novinha em folha.
— É tudo o que eu mais quero.
— E já que estou aqui, feliz aniversário! — Vinícius dá mais um abraço nela.
— Obrigada. Agora também tenho dezoito anos.
— Uhul! — Eles riem.
— Vamos lá para a sala de cinema — chama Yasmin pegando no pulso dele. — Ei, o que foi na sua mão?
— Nada demais, eu me cortei no restaurante.
— Caramba!
— Graças a esse corte que eu estou aqui — ri Vinícius.
— Como assim? — Eles sobem as escadas.
— Eu estou de atestado até o final da semana.
— Ah sim. Em breve você estará novinho em folha — ela repete a frase dele e os dois riem, chegando à sala de cinema. — O que nós vamos assistir?
— Você que escolhe.
— Pode ser alguma comédia romântica? Estou precisando rir.
— Claro que pode. — Instantes depois, os amigos começam a assistir o filme A Proposta. — Queria te entregar isso — diz Vinícius após o filme.
Yasmin recebe um cardigan marrom e franze levemente a testa.
— Obrigada, Vini, mas eu tenho casaquinhos para levar para Boston — sorri.
Vinícius ri.
— Não é para você, boba. É pra você entregar para a Marina.
— Ah, sim! Mas também acho que ela tem casaco, não?
— Eu sei, mas é para ela se lembrar de mim.
Yasmin dá um leve sorriso.
— Com certeza ela não precisa de um casaquinho para lembrar de você, mas eu entrego sim.


— Me empresta seu carro, pai? — pergunta Vinícius para Chay no dia seguinte.
— Claro que não, filho, você nem tem carteira.
Vinícius sorri e olha para Isabela, que está ao seu lado na beira da escada.
— Eu tirei minha CNH nas últimas férias aqui no Brasil, lembra?
Chay estreita os olhos e em seguida exclama:
— É verdade! Mas para que você quer meu carro?
Isabela engole em seco, mas Vinícius dá de ombros com naturalidade.
— Ah, eu só queria dar uma volta com a Isa, a gente estava pensando em ir visitar a Yasmin.
— E precisa de carro para ir até a casa da Sophia?
— É um pouco longe, pai, ainda mais que a Isa não está conseguindo andar muito.
— Suas pernas ainda estão doendo? — Chay pergunta para a filha, que assente silenciosamente. — Ok. — Chay se estica e pega na mesinha de centro ao lado da carteira as chaves de seu carro. Ele joga para Vinícius, que tenta pegar, mas deixa as chaves cair no tapete.
— Pegar só com uma mão não dá — ri o jovem se agachando.
— Vai conseguir dirigir com esse curativo?
— Vou, sim. — Vinícius e Isabela se despedem do pai e seguem para a garagem. — Tem certeza que você quer fazer isso? — indaga o garoto destravando o carro.
— Tenho. — Isabela rodeia o veículo e entra no banco do passageiro.
— O pai e a mãe não querem que você saia do condomínio ainda — diz Vinícius ao afivelar o cinto de segurança.
— Quem não está conseguindo sair de casa é a Yasmin. Estou traumatizada, mas nem tanto — retorque Isabela. — Vamos logo.
— Ok, você quem sabe. — Vinícius aperta o botão que abre o portão da garagem e sai com o carro.


Com os olhos inchados de sono e o cabelo desgrenhado, Bernardo sai do quarto que divide com Anelise e caminha arrastando os chinelos até a sala do apartamento deles. A assessora de imprensa da MelPhia está no cômodo passando aspirador de pó atrás de um armário.
— Bom dia! — Bernardo dá um beijo nela.
— Bom dia — responde Anelise olhando de relance para o marido. Ela para de aspirar para refazer o coque de seu cabelo e comenta: — Pensei que você fosse dormir a manhã inteira.
— Hoje é meu dia de folga e ainda são oito horas, amor.
— Hum. — Anelise liga o aspirador novamente e volta a faxinar a sala. Bernardo vai para a cozinha e prepara o seu café da manhã, colocando sobre a mesa um prato com pão francês e queijo e uma fatia de bolo de fubá. Ele alcança uma xícara no escorredor de louça e se serve com café. Instantes depois, quando está terminando de comer, Anelise entra no espaço arrastando o aspirador. — Lava a sua louça — ela diz para Bernardo.
— Eu sempre lavo — responde o médico não compreendendo o pedido dela. Anelise dá uma risada seca e vai para a lavanderia deixar o aspirador de pó.
— Eu tive que lavar a sua louça do jantar hoje de manhã — diz retornando para a cozinha.
— E você está emburrada por causa disso? Quantas vezes eu já lavei toda louça do jantar de manhã antes de ir para o hospital?
— Vai jogar na cara? — Anelise arqueia as sobrancelhas.
— Ane, eu não estou entendendo o motivo disso tudo.
A irmã de Chay desaba na cadeira diante dele.
— Eu estou cansada — sussurra passando a mão na testa.
— Por causa do trabalho?
— Por causa de tudo. Estou cansada, preciso logo de férias.
Bernardo levanta, dá a volta na mesa e massageia os ombros dela.
— Relaxa, amor. Tenta descansar hoje.
— Eu nem consegui dormir mais. — Ela joga a cabeça para trás para visualizar o rosto dele. — Minha cabeça está a mil.
— Mas não vai adiantar nada você fica assim, só vai te atrapalhar.
— Eu sei. — Anelise levanta e passa a mão no rosto dele. — Desculpa ter te tratado mal. Eu descontei meu estresse em uma coisa nada a ver.
— Tudo bem. Eu aceito ser seu saco de pancadas nas horas vagas.
Anelise sorri e dá um beijo no esposo.


— Tem certeza que é por aqui? — questiona Vinícius virando o volante em uma ruazinha estreita do bairro Cidade de Deus.
— Tenho, Vini — Isabela responde. Ela apoia a cabeça na janela e fica imaginando se alguma daquelas ruas serviu de rota para os sequestradores no dia do aniversário de Yasmin. Seu estômago se agita negativamente com a constatação de que está de volta na região que passou os últimos dias presa.
— Para dirigir aqui deveria ser obrigatório uma carteira diferenciada — comenta Vinícius trazendo Isabela de volta a realidade. O rapaz sobe levemente em uma calçada para abrir espaço para um outro automóvel passar.
— É difícil mesmo — concorda Isabela. — Cada hora é um novo obstáculo.
— Estou percebendo — responde Vinícius desviando de um cachorro que dorme tranquilamente na rua.
— Vira aqui — indica Isabela e Vinícius entra em outra ruazinha à direita.
— Tem certeza que o caminho é esse?
— Eu já vim aqui inúmeras vezes, Vini.
— É o Evaldo que te traz?
— Às vezes sim, mas na maioria das vezes é o Felipe. Vira à esquerda.
— O Felipe dirige aqui!? — Vinícius olha com perplexidade para a irmã.
— Cuidado! — exclama Isabela e Vinícius freia bruscamente. O carro de Chay quase atinge outro carro que saia da rua em que eles entram. — O Felipe dirige aqui — responde a garota no momento seguinte.
— Nossa.
— É tudo questão de prática. A primeira vez que a gente veio ele estava igual a você — sorri Isabela. — Pode parar aqui — diz ela minutos depois.
Vinícius estaciona o carro em frente a um mercadinho e eles descem. Isabela respira fundo e pega na mão do irmão, caminhando com ele até o portãozinho de uma vila de casas.
— É aqui? — pergunta Vinícius e ela assente. Os dois passam pelo portão e logo que entram na vila são abordados por uma mulher de meia idade.
— Isabela! — exclama a mulher puxando a garota para um abraço. Vinícius fica surpreso e permanece segurando na mão de Isabela com firmeza. — Como você está, minha querida?
— Bem — responde Isabela voltando para perto de Vinícius.
— Eu fiquei tão preocupada com você. Quando eu vi a foto de um dos sequestradores então quase enfartei! Ele é irmão da Beatriz, você sabia disso?
— Sim.
— Pois é! A gente tinha certeza que ele tinha morrido. Todo mundo aqui da rua comentou sobre a morte dele um tempo atrás e agora ele aparece vivinho da Silva e ainda sequestra a amiga da irmã dele? Foi um choque para todo mundo.
— Posso imaginar. Esse é o meu irmão, Vinícius — apresenta Isabela.
— Ah, oi, meu querido! — A mulher abraça Vinícius. — Ele que mora na França? — indaga para Isabela.
— Sim, mas como a senhora sabe?
— Falaram na televisão quando estavam falando de você.
Vinícius desvia o olhar incomodado e Isabela sente o estômago embrulhar mais uma vez.
— Entendi. Nos vemos depois, tá? — Antes que a mulher possa dizer mais alguma coisa, Isabela puxa Vinícius para o interior da vilinha. Ela para em frente a uma casa e bate na porta, mordendo o lábio com nervosismo.
A porta se abre e fica evidente no rosto de Beatriz seu espanto.
— Isa?
— Oi.
— Oh meu Deus, entra! — Beatriz abre espaço e Isabela e Vinícius passam pela porta de sua casa. — Foi por isso que você perguntou onde eu estava?
— Exatamente, eu queria vir aqui, mas sabia que se falasse para você, você não concordaria.
— É claro — responde Beatriz indicando o sofá. Os três se sentam e Vinícius observa o pequeno espaço da sala. Há uma estante em uma parede com uma televisão, um aparelho de DVD e vários porta-retratos e bibelôs descascados. — Você precisa descansar, Isabela, está tudo muito recente.
— Eu também precisava falar com você. — As duas amigas se encaram silenciosamente e Beatriz abaixa o olhar.
— Desculpa — pede em um sussurro quase inaudível.
— Você não tem por que se desculpar.
— O Bruno foi responsável por todo o mal que te aconteceu nos últimos dias — fala a garota e seus olhos se enchem de lágrimas.
— O meu pai me contou a história de vocês. Bia, por que você nunca falou do seu irmão?
— Eu achei que ele tivesse morrido, Isa. E a morte dele ainda mexia muito com todos nós. “O filho perdido para o tráfico”. E agora a sensação que eu tenho é que nós perdemos ele mais uma vez. — Ela cobre o rosto com as mãos e chora compulsivamente.
A angústia por estar novamente no local em que foi mantida em cativeiro, a compaixão pela amiga e o medo por estar fora da proteção do condomínio em que mora falam mais alto e Isabela também começa a chorar.
— Não era para nenhuma de nós estar passando por isso — diz pegando nas mãos de Beatriz.
— A minha família está desolada — comenta Beatriz fungando.
— Cadê eles? — pergunta Isabela olhando para o corredor ao lado.
— Estão todos na casa da minha tia, que é aqui perto.
— E… e o Bruno?
Mais lágrimas escorrem pelo rosto de Beatriz quando ela diz:
— Está internado em um hospital. Ele já não corre mais riscos.
— O Jonas vai ficar aliviado em saber disso — comenta Vinícius.
— Como ele está? E a Yasmin? — Beatriz questiona.
— Estão relativamente bem — responde Isabela. — A Yas viajou hoje cedo para os Estados Unidos, ela vai passar uns dias lá com o Victor. O Jonas está se recuperando em casa, mas ele está se culpando bastante por ter ati… — ela não consegue pronunciar a palavra —, por ter feito aquilo.
— Meu Deus! Isa, fala para ele não ficar assim. Nenhum de nós está culpando ele. Nós sabemos muito bem o que poderia ter acontecido caso o Bruno pegasse a arma. — Beatriz se engasga com o próprio choro e Isabela a conforta. — É horrível dizer isso, mas o meu irmão se tornou uma pessoa capaz de qualquer coisa.
Isabela assente e chora junto com a amiga. Vinícius acaricia as costas da irmã tentando tranquilizá-la e pergunta para Beatriz:
— O que vai acontecer com o Bruno depois que ele receber alta?
— Ele vai direto para o presídio — conta Beatriz. — Ele foi pego em flagrante, né? A minha mãe está muito abalada — ela diz aos prantos. — Eu preferiria que ele estivesse realmente morto do que isso tudo acontecendo. — Isabela abraça ela e as duas choram juntas.


O Sol está começando a se pôr em Cambridge, área metropolitana da cidade de Boston, nos Estados Unidos quando Marina sai de sua última aula do dia. Na companhia de Andie, sua colega de quarto, vai até uma lanchonete ainda dentro do campus.
— Um descafeinado, por favor — pede no idioma local. Ela passa a mão no cabelo e tira um elástico do pulso para prender os fios em um rabo de cavalo. — Obrigada — diz ao receber a bebida.
— Você não vai para a casa agora? — pergunta Andie tomando um suco.
— Não. Vou me encontrar com o Victor e receber a minha cunhada.
— Aquela que estava sequestrada?
— Exatamente. — A morena confere as horas em seu celular. — É melhor eu ir andando, falando nisso. A gente se vê mais tarde.
— Tchau, amiga!
Marina coloca sua mochila nas costas e caminha com seu café até a saída principal do MIT. Victor já está do lado de fora, encostado em um SUV que pegou emprestado de um amigo.
— Vamos lá? — diz Marina se aproximando dele.
— Vamos. — Eles entram no veículo e partem rumo ao aeroporto de Boston.


A luz do luar invade a sala principal da mansão de Mel, onde Isabela assiste, com Nina no colo, Chay, Vinícius e Felipe tocarem e cantarem. Seu pai e seu irmão tocam violão no tapete e Felipe está sentado no cajón que toca. Os três alternam entre músicas da carreira solo de Chay e clássicos da MPB.
Com o cabelo molhado do banho, Mel desce as escadas e discretamente se junta a Isabela no sofá. A garota está mais retraída e pensativa desde que chegou da visita escondida à Beatriz. Chay, Vinícius e Felipe terminam uma canção do cantor e Mel aplaude.
— Canta uma com a gente, mãe — sugere Vinícius e ela ri.
— Nossa, faz tanto tempo que eu não canto assim.
— Para de inventar desculpas, Mel — ri Chay. — Já basta a Isabela que se recusou a cantar com a gente.
— Eu não — responde a garota —, vocês todos afinadinhos aí e eu vou cantar junto?
— A gente está em casa — responde Vinícius. — Não precisa ser afinado.
— Mesmo assim, não estou disposta a passar vergonha — Isabela dá um leve sorriso. — Mas super apoio a mãe cantar também — acrescenta olhando para Mel.
— Vish, você não vai poder negar um pedido da Isabela, né Mel? — provoca Felipe e a empresária gargalha.
— Ok, vocês venceram. Me dá o violão, Chay.
— Vai tocar também? — indaga o cantor surpreso entregando o instrumento para ela.
— Se é para fazer, vamos fazer direito — sorri Mel.
Os olhos de todos na sala estão grudados na estilista quando ela toca a introdução de É Isso Aí de Ana Carolina e Seu Jorge. Assim que ela começa a cantar, Vinícius, Isabela e Felipe sorriem. Os três cresceram após o fim da banda Rebeldes e estão acostumados a ouvirem Chay e Micael cantarem em suas carreiras solo, porém se surpreendem quando veem Lua, Arthur cantando e, principalmente, Mel e Sophia, pois elas não seguiram o caminho da música.
— Eu não sei parar de te olhar — canta Mel melodiosamente. — Eu não sei parar de te olhar, não vou parar de te olhar. — Ela fita Isabela. — Eu não me canso de olhar. Não sei parar... de te olhar.
Na virada para segunda parte da música, Felipe, Vinícius e Chay trocam um olhar decidindo quem vai entrar e cantar com Mel. Vinícius assente para Chay, que começa:
— É isso aí. Há quem acredite em milagres, há quem cometa maldades, há quem não saiba dizer a verdade.
Isabela e Vinícius ficam encantados observando os pais cantarem juntos após tanto tempo. Chay e Mel também ficam sensibilizados por estarem juntos novamente cantando uma canção. Eles trocam olhares e sorrisos ao longo da música e riem quando terminam.
— Caramba! — exclama Mel jogando o cabelo para trás.
— Nossa — suspira Chay.
— A senhora podia gravar uma participação em algum CD do pai, hein mãe? — comenta Isabela.
— Se você quiser ouvir nossas vozes juntas de novo é só procurar algum CD dos Rebeldes — brinca Mel e todos eles gargalham.
— As portas do meu estúdio estão abertas para você — Chay fala para Mel.
— Olha só! — exclama a empresária. — Eu só gravaria se fosse uma canção minha.
Chay arqueia as sobrancelhas com espanto.
— E você tem música inédita?
Mel ri.
— Você se esqueceu quem compôs várias das músicas da banda?
— É claro que eu não esqueci que foi você.
— E você acha que eu ia parar de compor depois do fim da banda? A música sempre foi uma das minhas principais maneiras de expressão.
Vinícius, que apenas acompanhava a conversa com os olhos, interrompe:
— A senhora ainda compõe, mãe?
— Sim.
— Mostra alguma coisa para gente — pede Felipe.
— Ah, não! Minhas músicas são muito pessoais.
— A gente está em casa — argumenta Vinícius.
— Justamente por isso — ri Mel e ninguém nota o rápido olhar que ela lança na direção de Chay.
— Só um trechinho — insiste Felipe.
— Não, gente — recusa Mel e Chay pergunta:
— Mas como a gente vai gravar desse jeito?
— Eu componho uma especial para a nossa volta.
Isabela arregala os olhos ao ouvir “nossa volta” mesmo sabendo que o sentido empregado por Mel não é o mesmo que vem à sua cabeça de imediato. Felipe observa a reação da namorada e abaixa a cabeça para esconder uma risada. Sorridente, Chay responde para Mel:
— Eu vou te cobrar dessa parceria, hein?
— Cobra — ela dá de ombros.
— Eu estou falando sério — ele ri.
— Estou vendo — ironiza Mel. Chay se recompõe e diz:
— Eu vou te cobrar a nossa parceria.
— Pode deixar.
— Nossa, fiquei entusiasmado agora! — sorri Vinícius.
— Então toca alguma música para mim — pede Mel. O jovem monta a forma do primeiro acorde de Todo Homem de Zeca Veloso e toca a introdução. Os pelos dos braços de Chay ficam eriçados ao ouvir a voz do filho em um falsete emocionante e muito bem executado.
— Todo homem precisa de uma mãe — canta Vinícius no refrão. — Todo homem precisa de uma mãe. — Ele sorri para Mel e inicia a segunda parte: — O céu espuma de maça, barriga dois… — Ele para de cantar quando ouve a campainha tocar. — Ué, quem será?
Felipe, que mexia no celular, olha imediatamente para Isabela. A garota demonstra receio com a repentina visita e se aproxima ainda mais de Mel no sofá. Chay levanta, dizendo:
— Deve ser alguém do condomínio mesmo, ninguém interfonou da portaria. — Ele vai atender a porta e retorna instantes depois. — É uma visita para você, filha.
Isabela estica a cabeça para ver quem são as duas pessoas que estão atrás de seu pai.
— Vocês? — indaga espantada para Jonas e Maísa.


Depois de passarem pela imigração, Yasmin e Sophia saem da área de desembarque de um dos portões do aeroporto de Boston. Várias pessoas estão espremidas na saída aguardando os recém-chegados. Mãe e filha passam por elas com suas bagagens em dois carrinhos.
— Eles disseram que estariam aqui? — indaga Sophia olhando ao redor.
— Sim — responde Yasmin começando a se decepcionar por não encontrar Victor e Marina de imediato.
— Será que eles foram para outro portão? — presume Sophia.
— Não sei, eu falei para eles que a gente desem…
— Yasmin!
A garota olha por sobre o ombro e seu coração dispara. A felicidade que inunda seu peito é tamanha que chega lhe faltar ar. Ela só percebe o quanto ansiava por reencontrar o namorado agora que ele se encontra caminhando até ela no aeroporto.
— Victor — sussurra e, lutando contra as dores em seu corpo, corre até ele. O rapaz envolve a cintura dela e a gira no ar.
— Como você está? — É a primeira pergunta que ele faz.
— Melhor agora que estou com você — admite Yasmin. Victor usa de toda a sua capacidade de mascarar suas emoções para esconder de Yasmin o quanto a sua aparência debilitada o deixou assustado.
— Eu te amo — fala o rapaz segurando o rosto de Yasmin em suas mãos.


Comentários

  1. muito bom!!!
    estou sentindo falta de uma parte só da isabela e do felipe.

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  2. Nossa eu tava me acostumando com Chamel separado...mas agora to anciosa pra essa parceria!

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  3. Manooo o tanto que eu amo essa música que você escolheu para ChaMel cantarem não se mede! Eu tô só a Luiza e a Isabela completamente no chão com essa cena! Quero eles de volta logo, chega ne?
    Aaaaaaaaaaaaaaah meu yasVi se reencontrando!
    Esse momento é meuuu

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  4. Antes de ler o imagine hoje, eu estava ouvindo "É Isso Aí" e só me deu mais saudades do Chay e da Mel juntos. Esses últimos acontecimentos foram muito emocionantes, nem sei mais o que esperar do seu imagine... O melhor com certeza. Parabéns pela escrita e pelo desenvolvimento que a história vem tendo.

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  5. Essa fic bem podia ser uma série,prq eu ia amar ouvir o Vini cantando "Todo homem" real!!

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  6. Aiii foi ótimo,mas o que eu queria mesmo era a volta do chay e mel,seri s perfeito ter a famifam deles formada de novo.

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  7. Tentei comentar duas vezes mas acho que o comentário não foi 💔

    Toda vez que eu ouço "Partilhar - Rubel" Só consigo imaginar a mari ou o Vini cantando pro outro depois de uma briga deles 😍❤ fazona essa cena ser real hsahsuhsahsus

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    1. Simmmm! Toda vez que ouço essa música lembro deles também.

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  8. posta logooooo, por favor

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