Imagine ChaMel 5ª Temporada (Filhos) - Capítulo 3: Vinícius tem sonho premonitório com Isabela e Yasmin

Na manhã de segunda-feira, Graziele e Danilo tomam café da manhã em um quiosque da Universidade Federal de Minas Gerais.

— Hoje eu tive um sonho muito bizarro, preciso compartilhar com alguém — diz a ruiva adoçando seu café.

Danilo morde um pedaço de pão de queijo e pergunta:

— Que sonho?

— Com o Thiago.

— O que é que tem? — ele pergunta com naturalidade, mas ao ver que ela está um tanto quanto retraída, arregala os olhos. — Minha nossa! Que tipo de sonho você teve com o Thiago, Graziele?

— Esse tipo que você está pensando — ela responde encarando o próprio salgado.

— Meu Deus! — exclama o jovem e Graziele acerta um chute na canela dele por baixo da mesa.

— Para de escândalo. O assunto é sério.

— Desculpa, é que eu nunca parei de shippar vocês dois — ri Danilo. — Enfim, por que o assunto é sério? Foi só um sonho, boba.

— É aí que está. Vão fazer dois anos que eu e o Thiago somos única e exclusivamente amigos. Nesse meio tempo eu estive com o Douglas, peguei alguns boys aqui em BH, você sabe… Danilo, eu pensei que tivesse superado completamente o Thiago.

— E por causa desse sonho você acha que não superou?

— Não sei, estou confusa. Os sonhos são manifestações do nosso inconsciente, não? Teoricamente não é normal a gente sonhar que está transando com um amigo.

— Mas o Thiago nem sempre foi só seu amigo, tem isso também.

— Exatamente, é nessa ideia que eu estou me apegando.

— Mas se esse sonho te afetou tanto assim pode ser que bem no fundo você ainda sinta alguma coisa por ele.

— Eu sei, mas eu… eu não posso voltar a gostar do Thiago.

— Por que não? Não foi você mesma que disse esses tempos que tinha perdoado ele completamente?

— Sim, eu perdoei. Só que, sei lá, o Thiago é coisa do passado. Eu não quero retomar o que a gente teve.

— Então é simples, é só esquecer esse sonho. Já que você não quer nada mesmo.

— Só que ao mesmo tempo esse sonho despertou vontades em mim.

— Ai, Graziele, se decida, meu benzinho. Ou quer, ou não quer. Ficar nessa dúvida só vai te fazer mal.

A ruiva assente.

— Você tem razão. Foi só um sonho, o importante é o que eu penso e sinto acordada. O Thiago é passado.

— É assim que se fala!

O dia de Vinícius passa como um borrão de afazeres e obrigações. O relógio na parede de seu apartamento marca dez horas da noite quando ele se joga no sofá com o celular na mão ainda vestido com sua dólmã. Seus olhos demonstram cansaço, mas um sorriso alegre surge em seu rosto quando Yasmin atende sua chamada de vídeo.

— Joyeux anniversaire — ele começa a cantar a versão francesa de Happy Birthday to You —, joyeux anniversaire, joyeux anniversaire, Yasmin, joyeux anniversaire!

— Oh meu Deus, que lindo! — exclama Yasmin, que está em pé no centro da sala de jantar da casa de seus pais.

— Feliz aniversário, Yas! — deseja Vinícius. — Muita felicidade, saúde, amor, energias positivas e que você continue sendo essa garota incrível que ilumina a vida de todos que estão perto de você.

— Obrigada — agradece a loirinha com os olhos marejados.

— Eu queria estar te abraçando agora, mas infelizmente eu não pude estar aí novamente esse ano.

— Eu entendo. Em breve você me dá esse abraço.

— Sim, dezembro já está chegando — sorri Vinícius. — Como você está?

— Ótima. Estou no Rio desde anteontem, hoje tem um jantar com a família e os mais íntimos e mais tarde uma baladinha com o pessoal.

— Aproveita tudo isso aí, você merece.

— Obrigada, Vini! — Eles conversam mais um pouco, porém logo Yasmin tem que desligar pois chegam os arranjos de flores que ela encomendou.

Com o coração apertado de saudades da melhor amiga, Vinícius deixa o celular no sofá e caminha até o banheiro. Após tomar um banho quente relaxante, ele retorna para a sala onde liga a televisão. Enquanto ouve as notícias de um telejornal noturno folheia um livro de receitas distraidamente. Seu celular começa a tocar minutos depois e ele enxerga o rosto da namorada.

— Oi, Marina — sorri ao atender.

— Oi — ela responde. Mesmo vendo ela por chamada de vídeo, Vinícius sente que a namorada está tensa, por isso pergunta:

— Está tudo bem?

— Mais ou menos. — Marina preferiu controlar seus sentimentos antes de conversar com Vinícius sobre o que foi contado por Arthur. Ela passa a mão no cabelo e observa o encosto do sofá, constatando que o namorado já está em casa. — O que você está fazendo?

— Descansando. E você?

— Estava estudando. Queria conversar com você sobre uma coisa.

— Pode falar.

— Meu pai comentou que a Mel vai te visitar no final do mês por cau…

— O quê? — interrompe Vinícius franzindo a testa.

— A Mel vai para Paris no final do mês, você não sabia disso?

— Não, que história é essa, amor?

Marina respira fundo e explica:

— Meu pai me contou que a Mel resolveu ir te visitar no final do mês por causa… por causa do telefonema que você deu para a Isabela essas semanas atrás. Ela está preocupada com você.

Vinícius continua calado, processando todas as informações ditas por Marina. Ele fica surpreso por sua mãe não ter comentado que irá visitá-lo e por Marina saber do telefonema para Isabela.

— Eu nem sei o que dizer — sussurra instantes depois.

— Por que você não me contou que está difícil aí em Paris? — questiona Marina sem dar tempo para ele se recuperar.

Depois de revisar os lugares em que as flores foram colocadas, Yasmin retorna para a sala de jantar com uma prancheta e uma caneta dourada nos braços. Atrás dela caminha Sandra, uma das funcionárias da mansão e confidente da loirinha.

— Os assentos já estão com os nomes, né? — ela confere vendo uma plaquinha com o nome da sua avó materna, Branca.

— Já — responde Sandra. Yasmin checa cada um dos posicionamentos ao longo da grande mesa de jantar e comenta:

— É estranho não ver o nome do Victor nem da Marina nesses cartões.

— Como a senhoria se sente?

— Triste — assume Yasmin. — Você tem noção de que ele passou apenas um aniversário meu comigo? É esquisito quando eu paro para pensar na importância que ele tem na minha vida.

— Não interessa se ele está de corpo presente, mas sim que ele está na sua vida.

— Você está certíssima — responde a jovem. Ela respira fundo e joga o cabelo para trás, dizendo: — Vamos agora lá para a sala de recepção, quero ver se está tudo certo.

Vinícius dá de ombros e responde com sinceridade:

— Eu não queria encher sua cabeça com os meus problemas. E tudo o que eu falei para a Isabela foi porque eu estava cansado e estressado.

— Mas não deixa de ser verdade — analisa Marina.

— Não deixa — concorda Vinícius.

— Nós estamos juntos, amor. Você não precisa passar por isso sozinho. Você não está sozinho.

— Eu sei que não estou — ele responde calmamente. — Tudo não passou de um momento de tristeza e cansaço. Eu estou bem agora.

— Tem certeza?

Vinícius sorri.

— Absoluta. Só estou espantado com o fato da minha mãe vir para cá. Ninguém comentou nada comigo.

— Pelo o que o meu pai disse, ela está preocupada com a sua saúde mental.

— E por isso ela resolve embarcar para cá do nada? E a rotina dela, as coisas da empresa?

— Você é prioridade para a Mel, né?

— Mas eu estou bem — garante Vinícius.

— Mesmo assim, mãe é mãe, dá para entender.

Vinícius suspira.

— Sim. Vou esperar passar mais uns dias para ver se ela mesma me conta, senão vou perguntar para ela dessa história.

— É uma boa.

— Mas não precisa se preocupar também, eu estou bem — volta a dizer o rapaz. — Estou contando os dias para o Natal, quero muito rever todos vocês.

— Eu também. Quero te abraçar, te beijar, fazer algo a mais… — Eles sorriem.

— Um ano longe não é fácil.

— Não mesmo. Acho que nem sei mais transar — brinca Marina e eles gargalham.

— A gente pratica bastante até você pegar o ritmo de novo — sorri Vinícius.

Marina sorri e fica apenas admirando o rosto de Vinícius na tela.

— Eu te amo tanto.

— Eu também te amo muito. Eu sei que desde o começo do ano o nosso relacionamento está passando por períodos difíceis, mas nada do que eu sinto mudou — afirma Vinícius.

Horas mais tarde, o motorista da família Abrahão-Borges, Ulisses, leva Yasmin, Isabela e Malu até um shopping center onde elas irão se arrumar para o jantar de aniversário da loirinha.

— Olha quem está ali! — exclama Malu apontando para uma esquina quando o carro para em um semáforo. Yasmin e Isabela seguem a indicação dela e sorriem ao verem um outdoor com o rosto da aniversariante do dia.

— Quem diria que você ia voltar a modelar para a MelPhia, hein? — comenta Isabela.

— Uma vez garota propaganda, sempre garota propaganda — Yasmin brinca e o trio ri. — Eu realmente pensei que depois da Do Jeito Que Eu Sou eu não iria mais fotografar para nenhuma marca, mas agora passado dois anos daquilo eu senti vontade novamente e conversei com a minha mãe. Foi muito divertido fotografar nas férias.

— Ficaram lindas as fotos — elogia Malu.

— Vocês podem matar a saudade de mim quando eu voltar para São Paulo — ri Yasmin.

— Falando em Sampa, os seus amigos de lá vão vir para o seu aniversário?

— Sim! — Ela confere as horas no celular e diz: — Pelo horário eles já devem ter chegado. Eu ofereci hospedagem lá em casa, mas eles preferiram ficar em um hotel. Então eles vão direto para a casa noturna mais tarde.

— Estou ansiosa para conhecê-los pessoalmente — fala Isabela.

— Eu também — concorda Malu. — Quero ver se estão à nossa altura de amizade. — As três gargalham.

— Que bom que vocês vieram — diz Felipe um tempo depois para Mel, Anelise e Bernardo. Os três conversam sentados em um sofá na sala de recepção da mansão de Micael e Sophia. O namorado de Isabela caminha pelo espaço conversando com seus familiares e recebe Thiago. — E aí, cara.

— E aí — cumprimenta o acadêmico de medicina. — Nossa, só tem a gente do pessoal? — indaga vendo apenas adultos no espaço.

— É. A Yasmin, a Isa e a Malu estão vindo do salão.

— Ainda não me acostumei com reuniões sem o restante do grupo — admite Thiago.

— O Vinícius, a Grazi, o Victor e a Marina fazem muita falta mesmo.

— Demais. Só que com o tempo a gente vai se acostumando.

— Sim, não temos outro jeito — ri Felipe. Os outros convidados começam a bater palmas e eles se viram na direção de seus olhares. Yasmin entra na sala seguida por Isabela e Malu. Ela sorri e acena para todos.

— Muito obrigada por terem vindo — diz a loirinha para Anelise e Bernardo após o jantar.

— A gente nunca perdeu um aniversário seu — responde Anelise —, não ia ser diferente agora.

Yasmin sorri e abraça o casal. Em seguida, vira-se ao sentir uma mão em suas costas.

— Você está cada vez mais linda — sorri Chay antes de abraçá-la.

— Olha quem fala, o segundo coroa mais lindo do Rio — ri Yasmin.

— O segundo?

— O primeiro é o meu pai, né? — gargalha a jovem.

— E eu não entro nessa lista, não? — pergunta Arthur que está ao lado de Chay.

— Claro que entra, sogrinho. O terceiro lugar é todo seu.

— Estou na sua frente — Chay pisca para o amigo.

— Dá licença — pede Arthur empurrando Chay. Eles riem e o produtor musical abraça a namorada de seu filho. — Esse abraço é pelo Victor. Sei que você gostaria muito que ele estivesse aqui.

— Sim, mas ele sempre está comigo de alguma forma — sorri Yasmin. — Muito obrigada. — Ela cumprimenta o restante dos convidados e chama Sophia em um canto. — Eu estou indo para a festa com os meus amigos, tá?

— Tá bom. Toma cuidado, Yasmin.

— Relaxa, agora eu sou maior de idade — a loirinha ri. Acompanhada por Felipe, Isabela, Malu e Thiago, ela deixa a mansão no carro do último.

— O bom de ser amigo do Thiago é que ele é sempre o motorista da rodada — ri Felipe.

— Podem aproveitar que eu não bebo.

— Você realmente não voltou a beber nada? — questiona Isabela.

— De vez em nunca eu bebo alguma coisa.

— Aquela vez no open da minha atlética você estava bebendo, não estava? — questiona Felipe.

— Água — ri Thiago. — Realmente é muito raro eu beber.

— Que orgulho do meu menino — brinca Malu.

Assim que passam pela porta da casa noturna, Maísa, Laís e Alexandre vão direto ao camarote reservado para o aniversário de Yasmin. No local, encontram com Daniela e Mayara que dançam segurando taças de champanhe.

— Oi, meus amores! — sorri Mayara abraçando os amigos.

— Que bom que vocês vieram — fala Daniela.

— Claro que a gente ia vir — responde Laís sorrindo.

— Onde tem champanhe? — questiona Maísa observando as taças delas. — Eu quero.

— Ali. — Daniela aponta para o fundo do camarote. — Eu te levo lá, quero mais também. — No caminho, ela pergunta: — O Jonas vem?

— Vem. Por incrível que pareça a Yasmin convidou ele — ri a loira.

— Você sabe se o Pedro vem com ele?

— Ele não vem — responde Maísa. — A Yasmin estava de bom humor, mas nem tanto.

Daniela sorri.

— Ah sim.

— Por que o interesse?

— Nada demais — ela dá de ombros displicentemente.

— Fala sério, Dani!

— Ai, talvez eu queira ficar com ele de novo, só isso — ri Daniela.

— Você não precisa de uma festa para ficar com Pedro, basta chamar ele para sair.

— Eu sei, mas eu quero que seja algo de festa mesmo. Igual foi naquele open do começo do semestre.

— Pelo jeito o que você sente por ele está voltando, hein?

— Nunca foi embora — confessa Daniela —, só que eu estava controlando. Agora taquei o f*da-se. — As duas riem e enchem suas taças de champanhe.

Próximo a elas, Iago e Aline conversam abraçados.

— Estou tão feliz por você estar aqui — sorri a jovem dando um selinho nele.

— Eu também — responde Iago.

— Você tem que vir mais finais de semana para o Rio.

— Assim como você tem que ir para São Paulo — ele ri.

— Vou tentar aumentar a frequência com que eu vou para lá se você prometer fazer o mesmo.

— Claro que eu prometo. — Eles sorriem e dão um beijo. O afeto é interrompido por gritos de animação que ecoam por todo o camarote quando Yasmin chega.

— Oi, gente! — ela sorri e acena para os amigos. A aniversariante cumprimenta um por um e recebe as felicitações. — Você realmente veio — sorri chegando perto de Iago, que agora conversa com Aline e Lorenzo.

— Eu não disse que viria? — ele ri e a abraça. — Feliz aniversário, Yas. Que você pare de ser tão controladora e organizada. — Os dois riem.

— Parabéns, Yasmin — sorri Aline. — Muita saúde e paz para você.

— Obrigada!

— Feliz aniversário — deseja Lorenzo dando um leve sorriso. Desde que entrou na faculdade sua timidez diminui consideravelmente e agora ele consegue conversar tranquilamente e retribuir os olhares das pessoas.

— Obrigada. Faz um tempo que a gente não se vê — comenta a loirinha observando que ele cresceu desde a última vez que eles se encontraram. — Você não estava aqui no Rio nas últimas férias, né?

— Não, fui visitar minha irmã na Inglaterra.

— Ah sim.

— Muito sucesso e felicidade para você.

— Obrigada! — Eles sorriem e dão um abraço. Yasmin demora para se desvencilhar dele, ainda sem acreditar que o rapaz sorridente em sua frente é aquele garoto que gaguejava toda vez que falava com ela. Interiormente, ela se pergunta se ele ainda gosta dela.

— Soube que temos uma aniversariante especial hoje na casa — eles ouvem o DJ dizer. Yasmin solta Lorenzo, sorri mais uma vez para ele e então vai até a ponta do camarote. — Vamos todos cantar parabéns para Yasmin Borges! — Todos na casa noturna começam a cantar Parabéns para Você e Yasmin sorri. Na sequência ela recebe um bolo com velas brilhantes e vários baldes de champanhe.

— Parabéns para mim! — exclama brindando com os amigos. Com um sorriso de orelha a orelha, olha para os rostos de cada um deles, extremamente feliz por eles estarem ali.

Eles se separam e começam a dançar. Com a intenção de gravar um storie para seu Instagram, Yasmin alcança seu celular na bolsa e se surpreende ao ver diversas chamadas perdidas de Victor. Ela procura um sofazinho e se acomoda ao lado de Maísa e Daniela para retornar as ligações do namorado.

— Oi, Victor! — diz aos berros por causa do som alto.

— Oi, Yasmin. Não estou te ouvindo.

— O quê?

— Não estou te ouvindo! — ele grita do outro lado.

— Espera um instante — pede a loirinha. Rapidamente ela desce do camarote e caminha para fora da casa noturna. Uma lufada de ar fresco a envolve assim que ela pisa na calçada. Ela faz outra chamada de vídeo com Victor, que atende no segundo toque.

— Oi, minha aniversariante — sorri o rapaz.

— Oi! — O coração de Yasmin acelera ao ver a imagem dele.

— Feliz aniversário.

— Obrigada. — Ela começa a caminhar pela calçada, buscando um lugar ainda mais silencioso e pacífico para conversar com o namorado.

— Te desejo o de mais maravilhoso no mundo, porque você merece. Que você nunca deixe de ser essa mulher forte, corajosa, inteligente, amiga, dedicada, persistente e encantadora que você é.

— Muito obrigada, Victor — agradece Yasmin virando a esquina. Ela observa que a rua está praticamente sem nenhum movimento e se apoia na porta de aço de um bar fechado. A quadra é bastante arborizada, o que provoca sombras em vários espaços, porém onde ela se encontra é iluminado por um poste.

— Eu te amo cada dia mais e sou muito grato por te ter na minha vida. Espero que ano que vem eu consiga ir para o seu aniversário. Nem que seja para passar só um dia no Brasil, mas que dê para eu ir comemorar com você. Hoje eu tinha uma prova então realmente não tinha condições.

— Eu sei, está tudo bem.

— Espero que você esteja aproveitando bastante o seu dia.

— Eu estou — responde Yasmin sorrindo. — Mais cedo teve o jantar lá em casa e tudo fluiu como eu queria e agora eu estou em uma baladinha com o pessoal.

— Então curta muito e se diverta.

— Pode deixar. E você, como se saiu na prova? — Yasmin se agacha, senta na ponta do degrau de entrada do bar e fica conversando com o namorado.

— Se eu não estou enganada vocês são Camila e João — diz Isabela para os dois jovens que entram no camarote.

— Exatamente — sorri Camila passando a mão no cabelo. — Prazer!

Isabela abraça os dois e diz:

— A Yasmin foi ligar para o Victor lá fora. Vocês não cruzaram com ela?

Os recém-chegados trocam um olhar e respondem juntos:

— Não.

— Por sinal já faz um tempinho que ela saiu. Eu vou atrás dela, fiquem à vontade!

— Quer que a gente vá com você? — se disponibiliza João.

— Não precisa. Eu já volto! — Isabela passa por Malu e Thiago, que dançam juntos e desce do camarote. A pista da casa noturna está bastante cheia e ela leva alguns minutos até chegar à porta. Quando está cruzando o hall de entrada, depara-se com Jonas.

— Veio me receber? — ele pergunta abrindo um sorriso provocante.

— Fala sério. — Isabela revira os olhos e caminha até a saída.

— Agora que eu estou chegando, você está indo embora? — questiona o rapaz indo atrás dela.

— Eu não vou embora agora.

— Não é o que parece. — Os dois pisam na calçada e Isabela olha ao redor, procurando Yasmin dentre as pessoas que ali se encontram. Há um falatório vindo da fila de entrada e ela quase não escuta Jonas perguntar: — O que você está fazendo?

— Procurando a Yasmin — responde esticando o pescoço para enxergar além da fila.

— Ela não deveria estar lá dentro comemorando o aniversário dela?

— Deveria, mas ela saiu para fazer uma ligação — explica Isabela começando a caminhar pela calçada. — Por que eu estou falando isso para você? — indaga olhando para ele por cima do ombro.

— Porque no fundo você tem vontade de compartilhar seus pensamentos comigo — brinca o rapaz seguindo ela.

— Nossa, cala a boca, Jonas.

Ele também observa as pessoas ali presentes e diz:

— Não parece que a Yasmin está aqui.

— Onde será que ela foi? — indaga Isabela parando com as mãos na cintura. — Eu vou ligar para… Ai, minha bolsa ficou com o Felipe.

— Quer que eu ligue para ela? — oferece Jonas tirando o celular do bolso traseiro da calça.

— Eu não preciso da sua ajuda — dispensa Isabela. — Aliás, o que você ainda está fazendo aqui? A Maísa deve estar te esperando lá dentro — diz e volta a andar.

— Provavelmente — responde Jonas —, mas não me parece muito cordial deixar uma jovem sozinha uma horas dessas na rua.

— Mesmo você não estando comigo eu não estaria sozinha — responde Isabela apontando para a fila de pessoas que eles vão deixando para trás conforme se distanciam da entrada da casa noturna. A essa altura suas vozes estão mais claras assim como o som dos saltos de Isabela no cimento. O casal de ex-namorados vira a esquina e Isabela enxerga Yasmin sentada a alguns metros.

— Agora estaria — comenta Jonas analisando a rua deserta sem notar na aniversariante adiante.

Em Paris são quatro horas da manhã e Vinícius dorme profundamente em seu apartamento. Ele sonha que está dançando com Yasmin em um salão deserto. Mesmo sem nenhuma música tocando, os dois valsam pelo espaço sorrindo um para o outro.

— Seus olhos são de um azul tão escuro que parece o fundo do mar — ele comenta.

— É um dos meus charmes — responde a loirinha e Vinícius sorri ainda mais. No segundo seguinte todas as luzes se apagam e ele sente Yasmin ser puxada de seus braços.

— Yasmin? — chama tateando o ar em sua frente. — Yasmin, cadê você? — Seu coração paralisa quando um grito aterrorizante ecoa no salão. Ele se desespera ao identificar o tom de voz da amiga e volta para perguntar: — Cadê você? — Para o pavor de Vinícius ele começa a ouvir gritos que acredita serem de sua irmã. — Isabela? Isabela, você está aqui? Onde vocês estão? — questiona atormentado.

Com o rosto suado, Vinícius desperta de sobressalto e senta na cama, olhando atentamente ao redor. Aos poucos constata que tudo não passou de um pesadelo, porém a intensidade de seus sentimentos faz com que ele se lembre dos sonhos que costumava a ter antes de alguma tragédia.

— Já fazem anos que nada disso acontece — diz para si mesmo na tentativa de se convencer de que foi apenas um pesadelo.

— Até que enfim eu te achei! — exclama Isabela parando ao lado de Yasmin. A loirinha levanta e gira o celular na direção da amiga e Jonas.

— Olha quem chegou!

— Oi! — Victor acena para Isabela, mas franze a testa ao ver Jonas atrás dela. — O que ele está fazendo com você?

— Estou me perguntando isso até agora — responde Isabela lançando um olhar torto para o rapaz. — Enfim — ela fita Yasmin —, os seus amigos de São Paulo acabaram de chegar.

— Sério? — anima-se Yasmin. — Eu vou voltar para o meu camarote — diz para Victor.

— Ok. Aproveita bastante. Feliz aniversário!

— Obrigada. Tchau, te amo!

— Também te amo muito. — Eles se despedem e Yasmin encerra a chamada de vídeo. — Por que você veio com a Isabela? — questiona olhando para Jonas.

— Eu não quis deixar ela sozinha. Inclusive, acho melhor a gente voltar para a rua da boate — diz o rapaz ainda estranhando o fato da rua da casa noturna ser tão agitada e esta extremamente deserta.

— Está com medinho? — provoca Yasmin.

— Não é medo, é precaução.

— Também acho melhor a gente voltar — fala Isabela observando as sombras das árvores.

— Vamos indo — responde Yasmin. — Você conversou com a Camila e o João? Viu como eles são legais? — questiona caminhando até a esquina com Isabela e Jonas.

— A gente conversou bem brevemente, não deu para traçar se eles são legais ou não, mas me parecem bastante agradá… — sua frase é interrompida quando um carro freia bruscamente ao lado deles. A porta se abre e um homem salta rapidamente.

— Entra os três no carro — ele manda e ergue a camisa. Os jovens visualizam uma pistola presa no cós da calça dele. — Agora!

Com as pernas bambas e os corações acelerados, Yasmin, Isabela e Jonas obedecem e entram no veículo que sai em alta velocidade.

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