Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 375: Terceiro ano realiza amigo oculto

O professor se apoia em sua mesa e cruza os braços, observando os adolescentes sentados em sua frente.

— E então, preparados para o sorteio do amigo secreto relâmpago?

Iago cutuca Aline e ela se vira para trás.

— O que é isso de amigo secreto relâmpago?

— Ah é, não te contei, né? — sussurra Aline enquanto o professor continua falando. — Todos os terceiros anos fazem isso. É um amigo secreto normal, mas a gente só faz o sorteio um dia antes da revelação.

O garoto franze a testa.

— E isso é bom?

— É legal, porque as pessoas não têm muito tempo para pensar no presente. É divertido, vai?

— Sei não — fala Iago e eles olham para Mayara do outro lado da sala.

— É obrigado participar? — pergunta a garota.

— A graça é toda a sala participar, né — diz Yasmin do fundo.

— Se ela não participar ninguém vai sentir falta — comenta Jaqueline com acidez e Mayara responde:

— Vai se f…

— Olha a boca, pessoal — interrompe o professor. — Participa quem quer, Mayara.

— Ok, mas eu resolvi participar agora. Vai que eu tiro a Jaqueline, né — ela olha para a outra loira —, vou poder dar um pacote de milho. Galinha gosta, né?

— Não vai faltar para você? — rebate a melhor amiga de Luciana e Samuel abaixa a cabeça para esconder o sorriso, coisa que Luciana, Jonas, Pedro, Amanda e Talita não fazem.

— Gente, vamos manter a educação — censura o professor. — Quem vai querer participar do amigo secreto? — Yasmin, Laís, Danilo e Amanda são os primeiros a levantarem a mão seguidos pela maioria dos alunos. Iago, Lorenzo, Victor e Thiago hesitam, mas acabam erguendo o braço. Dessa forma, todos os alunos concordam em participar da brincadeira. — Ok — diz o professor e eles abaixam as mãos ao mesmo tempo. — Poderíamos fazer isso usando algum site ou aplicativo, mas vamos ser tradicionais, né? — ri sentando em sua mesa. — Vou escrever o nome de vocês todos e passar pela mesa de cada um, daí vocês pegam o papelzinho. — Ele abre uma pasta e olha para a turma. — Não preciso nem dizer que é proibido contar quem tirou ou trocar o papelzinho com outra pessoa, né?

— Acho que todo mundo aqui já participou de um amigo oculto, professor — brinca Alexandre sentado em sua frente e do fundo Pedro fala:

— Não vai esquecer de colocar o nome de ninguém, hein professor?

— Vou usar a lista de chamada para me certificar de que isso não vai acontecer — ele responde rindo.

— Se quiser esquecer o Samuel tudo bem — brinca Malu e os que estão ao seu redor riem.

— Palhaça — responde o rapaz.

— Ok, vamos começar — fala o professor levantando. Ele se aproxima da carteira de Laís, a primeira da fileira da porta. — Tira seu amigo oculto, Laís.

A garota pega um dos vários papelzinhos dobrados. Assim que o professor parte para a carteira de Maísa, ela o abre e lê o nome ali escrito.

— Menos mal — sussurra amassando o papel para ninguém ver. Maísa, Aline e Iago também pegam os papéis e não demonstram reação. Ao abrir o seu papel e ler o nome de seu colega de classe, Victor respira fundo e cerra o maxilar. Atrás dele, Yasmin sorri ao ver quem tirou.

O professor caminha até a carteira ao lado da de Yasmin e Samuel tira um papel, seguido por Malu.

— Ah não! — exclama a jovem. — Professor, deixa eu tirar de novo.

— Não pode, Malu.

— Mas… — Ela olha novamente para o nome. — Ah, não! — reclama e Graziele ri pegando um papel das mãos do professor. Felipe e Isabela são os próximos e ambos não ficam satisfeitos ao verem as pessoas que terão que presentear.

— Não é possível — fala Felipe rasgando o papel para não ter que visualizar o nome mais uma vez. Isabela olha para trás.

— Você também não gostou do seu? — pergunta desanimada.

— Não tenho nem palavras para descrever — responde enquanto Amanda tira o seu e sorri. Talita, ao lado de Amanda, retira um papelzinho e não consegue esconder o espanto ao ler o nome. Tanto Vinícius quanto Marina não demonstram reação ao ver o sorteado e Thiago fica pensativo. Atrás dele, Pedro também pega um papel seguido por Jonas.

— P*ta que pariu! — exclama o namorado de Maísa ao ler o nome.

— Não gostou? — pergunta Jaqueline após tirar um nome também.

— Sinceramente não sei — responde Jonas confuso.

Luciana sorteia um colega de classe e fala:

— Poderia ter sido pior.

Em sua frente, Lorenzo fica sem saber se deve ficar feliz ou não por ter tirado a pessoa que tirou. Mayara, Daniela, Danilo e Alexandre pegam os últimos papéis.

— Adorei quem eu tirei — fala Alexandre olhando para trás.

— Não mais do que eu! — sorri Danilo.

Na hora do intervalo não há outro assunto entre os estudantes do terceiro ano A que não seja o amigo secreto relâmpago.

— Eu posso dar um soco de presente na pessoa que eu tirei? — pergunta Victor mastigando uma coxinha.

— Se pudesse pode ter certeza que eu daria também — Felipe fala.

— Vocês não podem ter tirado alguém pior do que eu tirei — diz Isabela tomando um suco. — Sério, com tanta gente legal na sala, por que eu fui tirar justamente essa pessoa?

— Sem dicas, pessoal — pede Yasmin. Dos herdeiros dos ex-rebeldes, ela e Vinícius são os únicos que demonstram extrema felicidade com quem tiraram.

— Troca comigo, Samuel, por favor — pede Malu sentada em uma grande mesa da lanchonete com o rapaz, Laís, Graziele, Maísa, Jonas, Thiago, Alexandre, Danilo, Daniela e Pedro.

— Não pode trocar — fala Laís. — Sorte é sorte.

— Então no caso eu não tenho sorte! — exclama Malu ainda muito indignada com o nome em seu papel. — Fala sério, eu fui a única daqui que odiei quem eu tirei? — Ninguém na mesa se manifesta. — Meu Deus, gente!

Graziele ri.

— Pelo jeito só você aqui está insatisfeita, Malu.

— A pessoa que eu tirei está nessa mesa, como eu poderia estar insatisfeito? — fala Danilo.

— Tem como ficar insatisfeito tirando gente dessa mesa sim — observa Laís encarando Jonas e Pedro.

— A pessoa que eu tirei também está nessa mesa — diz Pedro e Graziele, Samuel e Thiago concordam.

— Sem dicas, gente — pede Maísa dividindo uma Coca-Cola com Jonas.

— Quero só ver o que vai dar amanhã — diz Daniela recebendo um carinho de Pedro em sua perna.

— Eu prefiro nem ver — responde Malu. — Vocês podem até estar satisfeitos, mas não é possível que eu seja a única que quero apenas matar a pessoa que eu tirei.

— Estou louca para ver os presentinhos que a galera escolheu! — exclama Marina passando pela porta do terceiro ano A na manhã seguinte com Victor.

— Me arrependo amargamente pelo momento em que ergui a minha mão ontem — diz Victor com a mochila nas costas. As carteiras da sala foram reorganizadas e agora formam um círculo em que no meio há uma grande mesa com comidas e bebidas.

Boa parte dos alunos já estão sentados e há um enorme falatório. Victor deixa uma caixa com brigadeiros e beijinhos e dois refrigerantes sobre a mesa ao centro e se acomoda ao lado de Yasmin que está junto de Vinícius. Marina vê a cadeira vazia ao lado do namorado, porém como nas duas seguintes há mochilas, ela pergunta:

— Tem alguém sentado aqui?

— Não — responde Vinícius. — Essas mochilas aí do lado são da Isabela e o Felipe, eu guardei esse lugar para você. — Marina sorri e se senta.

— Está empolgado para começar?

— Estou, ao contrário do pessoal eu não estou chateado por ter tirado a pessoa.

— É, eu também não.

— Só estou pela comida mesmo — diz Felipe sentando entre Isabela e Thiago minutos depois. Quando a sala fica cheia, Yasmin fica em pé e caminha até o centro, perto das comidas.

— Bom dia, gente! — deseja sorridente. — Podemos começar? — pergunta e seus colegas assentem.

— Não vai ter nenhum professor na sala? — Marina sussurra para Isabela.

— Não, é sempre só os alunos. Quem fica responsável por não deixar as coisas saírem do controle e atrapalhar as despedidas das outras salas é a líder.

— Ah, entendi.

— E não esquece que é você quem vai tirar as fotos do pessoal.

— Não vou esquecer — diz Marina e tira da mochila sua câmera profissional.

— Como líder de sala — fala Yasmin —, eu vou dar início ao nosso amigo secreto relâmpago. Eu fiquei muito feliz quando vi a pessoa que tirei — fala sorrindo —, porque é uma das minhas melhores amigas.

— Ih, é marmelada! — exclama Mayara e eles riem.

— É uma pessoa de personalidade forte, que é esquentadinha e está sempre pronta para fazer algum barraco ou uma piadinha podre na sala — Yasmin dá dicas. — Ah, e ela nunca mais poderá dizer “Dessa água não bebereis”, porque ela está bebendo de uma tal água até agora.

Samuel ri e Thiago fala:

— Só pode ser a Malu, né?

— Vem pegar seu presente, amiga — sorri Yasmin para a morena, que levanta ao som das palmas dos colegas.

— Obrigada, Yas! — agradece abraçando a loirinha.

— Tem que abrir o presente — diz Daniela e Malu rasga a embalagem, visualizando um CD da banda Led Zeppelin que ainda não tinha.

— Ai que lindo! — exclama dando mais um abraço em sua amiga. Marina levanta e tira uma foto das duas com Malu segurando o presente. Em seguida Malu busca Samuel pela sala com o olhar e o encontra entre Jonas e Jaqueline. — Morra de inveja.

— Eu tenho esse, bobona — responde o jovem sorrindo.

— Estraga prazeres — ri Malu.

— É sua vez — diz Yasmin antes de ir se sentar. Malu fica sozinha no meio da sala e respira fundo.

— Bom — começa —, eu não escondi de ninguém o quanto fiquei brava por ter tirado essa pessoa, né? E não vou ficar fazendo discurso aqui para ela, porque eu simplesmente não gosto dela. Não gosto da personalidade, das coisas que ela faz ou fala. Mas, também não vou ficar regaçando a menina, né?

— Então é uma menina — observa Aline.

— Sim, é uma menina. Embora eu não goste dela têm uma pessoa muito próxima a mim que gosta, e eu não entendo o porquê, mas isso só comprova que mesmo essa pessoa sendo do jeito insuportável que ela é tem quem goste. A pessoa que eu tirei é a Jaqueline.

A maioria dos alunos ri enquanto bate palma. Com a cara fechada, Jaqueline levanta de sua cadeira entre Luciana e Samuel e caminha até Malu.

— Obrigada — fala recebendo o embrulho. Malu não responde e se prepara para voltar para o seu lugar quando Marina diz:

— A foto, gente.

— Oh Deus! — lamenta Malu se reaproximando de Jaqueline, que abre o presente. Ela mostra para todos o colar folheado a ouro com uma pedrinha brilhante que ganhou. Samuel e Jonas riem da cara das duas quando elas se juntam para a foto.

— A pessoa que eu tirei — fala Jaqueline ao ficar sozinha no centro da sala — não posso falar que gosto ou desgosto, porque eu não tenho muito contato com ela. Acho que ela não vai com a minha cara por causa das minhas desavenças com os amigos dela, mas nós nunca brigamos diretamente. Se brigamos foi tão insignificante para mim que eu não lembro. Enfim, só desejo coisas boas para ela e é isso aí.

— Dá dicas — pede Talita.

— Sei lá — responde Jaqueline. — Acho que ela está namorando um nerd e tem cabelo cacheado. — Todos olham para Aline e Jaqueline dá um leve sorriso.

— Obrigada — fala Aline caminhando até ela entre as palmas.

— De nada — responde a loira vendo a jovem abrir o presente. — Como eu não te conheço muito, comprei algo que eu usaria.

Aline fica aflita ao ouvir a frase, mas sorri ao abrir uma pequena caixa onde se encontra um brinco solitário de ouro branco e topázios.

— Nossa, são lindos. Obrigada, Jaqueline. — Ela coloca uma mão nas costas de Jaqueline e sorri para a foto que Marina tira. Jaqueline e Marina se sentam.

— Eu dei ouro branco e recebo um folheado — reclama a loira com Samuel, que dá de ombros sorrindo.

— Você poderia ter ganhado uma jóia feita por um hippie — ele responde lembrando do que ele e Malu deram para os gêmeos de aniversário. A garota revira os olhos e observa Aline, que diz:

— Assim como a Jaqueline, eu também não sou próxima da pessoa que eu tirei. Vou logo partir para as dicas, porque eu não tenho muito o que dizer sobre ela. Ela senta na frente e não para de falar um só instante com a sua melhor amiga.

— É a Talita ou a Amanda — fala Pedro.

— Ela é bem alta — fala Aline e Talita levanta enquanto o pessoal bate palmas.

— Obrigada — ela agradece ao ver o par de saltos que ganhou. Elas são fotografadas e Talita dá sequência à brincadeira:

— Então — diz a garota e Amanda nota o quanto a amiga está desconfortável —, eu fiquei surpresa por ter tirado essa pessoa, porque durante um tempo nós éramos muito próximas. — Isabela não é a única a olhar para Daniela, que permanece inalterada. — Com o tempo — continua Talita — nós fomos nos afastando e hoje em dia a gente não se fala mais. A gente não brigou nem nada, apenas nos afastamos, foi algo natural, a vida quis assim. Ela é muito simpática e eu torço para que ela comece a namorar logo a pessoa que ela está ficando, porque todo mundo nessa sala já se tocou que eles se gostam pra valer. Vocês já sabem quem é, né?

— Vai que é tua, Daniela — ri Mayara para a garota que está ao seu lado.

Daniela e Talita dão um abraço desconsertado e a primeira agradece pelo vestido que ganha.

— Olha a foto — diz Marina parando em frente a elas.

— Eu não vou namorar o Pedro — fala Daniela e Talita ri voltando para o seu lugar. — Eu e a pessoa que tirei temos uma relação um pouco complexa.

— Pedro! — exclama Alexandre e todos riem.

— Não, não é o Pedro — diz a jovem sorrindo.

— Se fosse poderia ter se embrulhado — fala Pedro —, porque seria o presente que eu gostaria de ganhar.

— Eita! — gargalha Luciana rindo com os amigos.

— Até hoje eu não consigo entender esse casal — Isabela comenta baixinho com Marina.

— Continuando — fala Daniela um tanto vermelha pelo comentário de Pedro. — Eu e essa pessoa temos uma relação complexa, porque eu não aprovo muitas das atitudes que ela toma, mas quando a gente está junto no mesmo grupo a gente conversa super de boa e se diverte. Ela tem um lado muito cruel, eu poderia dizer, mas também é muito doce, basta ela querer. A minha amiga oculta é a Luciana!

A morena sorri e fica em pé.

— Obrigada, Dani — diz abraçando a jovem e recebendo um perfume de presente.

— Imagina. — Elas tiram a foto e Daniela se senta.

— Assim como quase todo mundo até agora, eu também tirei uma pessoa da qual eu não sou próxima. Eu não gosto dos amigos dele…

— É um menino — interrompe Danilo.

— É. Eu não gosto dos amigos dele e já tive diversas discussões e desentendimentos com eles. — Os filhos dos ex-rebeldes se mexem automaticamente em suas cadeiras. — Só que com ele eu nunca tive nada diretamente. Inclusive, do grupinho que ele faz parte eu acho ele o menos pior.

— Menos pior — repete Malu —, que elogio maravilhoso — ironiza e a turma ri.

— Eu posso falar ou vocês querem adivinhar? — indaga Luciana.

— Dá mais dicas — pede Samuel.

— Como eu já confirmei, ele é menino, é magro e — ela sorri —, agora vocês vão saber, tem o cabelo cacheado.

Todos aplaudem e Vinícius levanta.

— Obrigado, Luciana — fala ao ganhar um violão em miniatura.

— Eu vejo no seu Instagram que você gosta de música — fala a morena.

— É verdade — concorda Vinícius dando um sorriso simpático.

— O mais lindo e fofo da sala — diz Malu vendo o amigo posar para a foto com Luciana.

— Vai deixar ela falar assim, Marina? — brinca Mayara.

— Eu concordo — ri Marina retornando ao seu lugar.

O sorriso de Vinícius aumenta quando ele começa a falar.

— Eu adorei ter tirado essa pessoa. Para variar um pouco do pessoal até agora, meu amigo oculto é meu amigo de verdade. — Eles riem. — Ele… Sim, é um garoto… É uma pessoa que eu conheço desde sempre…

— Ai, é o Felipe — diz Laís.

— Pode ser o Thiago também — analisa Yasmin.

— É um garoto super legal…

— É o Thiago então — Yasmin brinca provocando o irmão.

— Idiota! — Felipe ri.

— Então, além de legal ele é simpático, divertido, muito tranquilo, mas também não pode tirar do sério — ri Vinícius. — Esse ano não foi um ano fácil na vida dele — diz ficando sério e sente seus colegas também ficarem mais tensos, pois a partir desse momento todos já fazem ideia de quem é —, mas ele vem tirando de letra, porque ele é forte e nada vai diminuir o brilho que ele tem. Preciso dar alguma dica? — ele sorri.

— Ele gosta de fumar uns? — provoca Jonas e recebe uma cotovelada de Maísa. Isabela e Malu reviram os olhos.

— Ele é o magrelinho mais cabeçudo dessa sala? — brinca Yasmin.

— Com certeza — responde Vinícius rindo e olha para Thiago. — Vem logo receber seu presente.

Thiago levanta sendo aplaudido pela sala.

— Valeu, cara — diz e ganha um livro sobre viagens do amigo. — Poderia ter feito uma comida pra mim, né? — ri e abraça Vinícius.

— Fica para a próxima — sorri o namorado de Marina —, mas eu fiz aquela torta doce ali — fala apontando para a mesa ao lado, fazendo Thiago rir. Eles tiram a foto e Thiago inspira profundamente.

— Ok — diz para si mesmo e olha para a turma. — Eu tenho tantas coisas para falar dessa pessoa que não vou falar as mais importantes logo de cara senão vocês vão adivinhar fácil. Ela é uma menina. É linda, educada, simpática, doce, é uma ótima companhia, parceira para qualquer ocasião…

— Nossa, quem é essa mulher maravilhosa? — indaga Yasmin rindo. — Sou eu?

— Ele disse doce, Yas — lembra Malu e a turma ri.

— Não é você, Yasmin — responde Thiago —, mas é alguém que eu conheço desde pequeno também.

— Isabela ou Graziele — Felipe deduz.

— E eu? — indigna-se Malu.

— Doce, lembra?

Malu se apoia na cadeira vazia de Thiago e dá um tapa no braço de Felipe, que gargalha. Quando se endireita percebe que Graziele está tensa ao seu lado e lembra que já faz uma semana que a amiga e o ex-namorado estiveram sozinhos pela última vez, ocasião esta em que eles discutiram seriamente.

— Eu e ela sempre fomos amigos — diz Thiago —, mas ano passado percebemos que havia algo a mais e começamos a namorar. Eu fiz merda e a gente não está mais junto. Não preciso dar nenhuma dica, né?

Com as pernas bambas, Graziele levanta sob as palmas perplexas de seus colegas. A ruiva e Thiago não se abraçam, mas ela percebe que ele está trêmulo quando recebe o presente de suas mãos. Dentro de uma caixa há um colar em ouro com um pingente circular de rubi e diamantes e um pequeno papel. Graziele segura a caixa em uma mão e com os dedos da outra desdobra o papel. “Desculpa por tudo. Te amo” são os dizeres. Ela olha para Thiago.

— Obrigada — é só o que diz diante dos olhares aflitos e curiosos dos demais presentes.

— O que está escrito? — pergunta Laís observando o papel na mão dela. Graziele olha novamente para Thiago antes de responder:

— Boa sorte ano que vem. — Seus amigos mais próximos notam a mentira, mas não reagem.

— Olha a foto! — exclama Marina tentando atenuar o clima pesado que ficou dentro da sala. Thiago passa um braço pelas costas de Graziele e eles forçam um sorriso para a foto. Logo após o disparo ele se afasta da ex-namorada e retorna para a sua cadeira entre Felipe e Malu.

Graziele precisa de alguns segundos a mais que os colegas para começar o seu discurso. Uma série de piadas vêm na cabeça de Jonas, mas como a região em que recebeu a cotovelada de Maísa ainda está dolorida, ele prefere guardar para si.

— A pessoa que eu tirei — fala Graziele como se não tivesse sofrido nenhuma alteração anteriormente. — É muito divertida, é muito alto astral, faz umas piadas bem podres e tem um amigo inseparável.

— Mais dicas — pede Isabela.

— Ok, agora vocês vão adivinhar. Ele, ou seja, é um menino, é a pessoa que mais atrapalha o namoro do Alexandre e da Laís.

— Danilo! — exclamam Maísa, Aline e Iago batendo palmas com os colegas. O jovem levanta e abraça Graziele depois de ganhar um relógio.

— Obrigado. Adorei! — Eles posam para a foto e Graziele retorna para seu lugar sentindo o bilhete de Thiago arder em sua mão.

— Está tudo bem? — sussurra Malu para ela e a ruiva sacode a cabeça negativamente.

— Por que ele tinha que tirar justamente eu?

— Destino, Grazi.

— Quero matar o destino — responde Graziele e elas voltam a olhar para o centro da sala.

— Acho que de todos até agora eu sou o que fiquei mais feliz com o meu amigo oculto — diz Danilo sorridente. — Não sei nem o que dizer dessa pessoa — fala rindo. — Vou ser direto logo, porque com a gente é assim. Ele é o meu melhor amigo, meu parceiro de palhaçadas e era cabeludo, agora é cabeludinho.

— Alexandre — a maioria da sala fala junto.

— Que marmelada! — ri Malu.

— Obrigado! — sorri Alexandre dando um abraço apertado no amigo. — Um fone de ouvido — ri vendo o presente.

— O seu parou de funcionar ontem à tarde lá em casa — fala Danilo.

— Nossa, cara, valeu mesmo — agradece Alexandre. — Mal deu tempo de sentir falta do meu fone. — Marina tira a foto dos amigos sorridentes e se senta novamente assim como Danilo.

— Eu gostei muito da pessoa que eu tirei — fala Alexandre passando a mão no cabelo —, porque embora a gente não tenha uma convivência muito forte estivemos juntos uma vez em uma ocasião super aleatória e eu pude conhecer ela melhor.

— É uma menina? — pergunta Aline.

— Sim e é uma menina muito especial. Pelo o que eu fiquei sabendo ela canta muito bem, manja dos computadores, fez aniversário anteontem, é bilíngue e é a fotografa desse amigo oculto.

Marina abre um enorme sorriso e levanta, entregando a câmera para o namorado.

— Ai, obrigada! — diz ao ganhar uma bonequinha de uma líder de torcida.

— Dei uma boa stalkeada em você ontem e encontrei várias fotos de você vestida de líder de torcida — comenta Alexandre.

— É, eu era capitã. Muito obrigada, de verdade! — Eles se juntam para a foto que Vinícius tira. — Bom — diz Marina ao ficar sozinha ao lado da mesa de comidas —, a pessoa que eu tirei é gentil, educada, simpática e muito na dela. Nós não somos super próximos, mas eu gosto muito quando ele está na mesma rodinha que eu. Nós temos uma coisa em comum, ambos começamos a estudar esse ano no colégio.

— Lorenzo? — chuta Yasmin.

— Não.

— Então só pode ser o Iago — fala Maísa.

— É isso aí! — Marina sorri para o garoto que levanta ao som das palmas. — A Isabela comentou comigo uma vez que você gosta de literatura brasileira, então espero que curta.

— Obrigado, Marina — agradece Iago abraçando a jovem após ganhar um livro de Carlos Drummond de Andrade.

Mais uma vez é Vinícius quem fotografa e em seguida senta-se junto com a namorada, devolvendo a câmera para ela.

— Espero que as fotos não tenham saído tremidas — brinca e eles sorriem um para o outro. Marina faz um carinho no braço dele ainda sem acreditar totalmente que eles estão juntos de novo.

Iago fica incomodado com os olhares de toda a turma em cima dele, por isso resolve ser o mais sucinto possível em suas palavras.

— Acho que eu nunca conversei por mais de três minutos com essa pessoa que eu tirei, por isso eu não sei o que falar dela. Vou imitar a dica da Aline e dizer que ela senta na frente e não parar de falar um minuto com a sua amiga.

Alguns riem e Jaqueline fala:

— Amandinha.

— Obrigada — diz Amanda ganhando um conjunto de pulseira, anel e colar da Pandora. Os dois posam para a foto juntos e assim que pode Iago volta a se sentar entre Aline e Lorenzo.

— Eu não sei nem o que dizer da pessoa que eu tirei — fala Amanda. — É um garoto. Eu sempre achei ele muito atraente e lindo, mas ele não me dá moral — ela ri. Yasmin respira fundo em sua cadeira e continua ouvindo o que ela tem a dizer. — A primeira vez que eu tentei ficar com ele foi ano passado na fazenda do pai da Isabela e ele me deu um fora. Das outras vezes não foi diferente, mas, Victor, se quiser estamos aí.

A turma toda fica surpresa com a coragem dela e alguns riem enquanto batem palmas. O próprio Victor ri ao levantar e caminhar até ela.

— Espero que você lembre de mim toda vez que eu usar — fala Amanda entregando um perfume para ele.

— Vou evitar usar então — ele responde em tom de brincadeira, mas falando a verdade. Os dois se abraçam para a foto e Vinícius cutuca Yasmin.

— Olha onde a mão dela está — fala rindo. A loirinha observa a mão de Amanda quase nas nádegas de seu namorado e revira os olhos.

— Deixa ela aproveitar, é o máximo que vai ter dele.

Amanda e Marina se sentam e Victor diz:

— Eu nunca disfarcei que não vou com a cara dessa pessoa que eu tirei. — Yasmin analisa no círculo as pessoas que ainda não receberam presentes e constata que os únicos que se encaixam na afirmação de Victor são Jonas, Pedro e, para a sua preocupação, Lorenzo. — Infelizmente, muitas pessoas ao meu redor simpatizam, até demais, com essa pessoa.

— Ai meu Deus — sussurra Yasmin. Ela busca o olhar de Isabela e constata que a amiga deduziu o mesmo que ela. As duas ficam apreensivas para o que Victor ainda possa dizer.

— Só que na hora de escolher o que comprar para essa pessoa eu resolvi pensar que falta pouco para o ano acabar e eu espero não ter mais que ver a cara dela, ou melhor, dele. — Jonas percebe que Maísa está inquieta ao seu lado. Do outro lado da sala, Iago constata que Lorenzo mal respira. — Mas também não foram só maus momentos que eu tive com ele. No momento em que eu estava mais abalado emocionalmente, foi um desenho que ele fez de uma das pessoas que eu mais amo que me ajudou de certa forma. Eu tirei o Lorenzo.

Branco feito papel, o garoto levanta sendo aplaudido pelos colegas. Victor não dá nenhuma indicação que o abraçará e ele não toma a iniciativa, apenas recebe o kit de canetas para desenho com as mãos geladas e trêmulas.

— Obrigado — sussurra sem olhar no rosto de Victor. Eles ficam um do lado do outro enquanto Marina registra o momento e o loiro senta em seguida.

— Você tirou o Lorenzo — fala Yasmin ainda perplexa.

— Pra você ver que azar.

— Espero que um dia você caia na real e perceba o quão injusto é com ele.

— Tá bom, Yasmin — responde Victor olhando para o garoto no centro da sala.

Lorenzo nunca se sentiu tão desconfortável na sala de aula, nem quando foi humilhado por Jonas nem quando teve que responder alguma pergunta de professor.

— Eu não sou muito próximo da pessoa que eu tirei — diz um pouco mais alto que um sussurro.

— Fala mais alto — pede Pedro só para provocá-lo.

— Eu não sou muito próximo da pessoa que eu tirei — repete Lorenzo com mais firmeza, porém sua voz ainda é muito baixa.

— E ele é próximo de alguém? — Jonas ri para namorada.

— De mim — responde Maísa com a cara fechada para ele.

— Ele é inteligente, gosta de matemática e é filho de cantores — Lorenzo dá as dicas.

— É o Felipe! — exclama Yasmin assim que ele acaba de falar, querendo tirar Lorenzo o mais rápido possível do foco da sala, pois assim como muitos de seus colegas percebe que ele fica extremamente envergonhado nessa posição.

Lorenzo confirma com a cabeça e Felipe levanta sorrindo.

— Obrigado — fala ganhando um livro do Kurt Cobain. — Eu gosto muito dele — diz analisando o livro. Lorenzo não fala nada e sorri levemente para a foto que Marina tira dos dois. Em seguida, praticamente corre para o seu lugar, provocando risadas em Pedro, Jonas e Jaqueline.

— Ai, Jonas, não dá — diz Maísa sacudindo a cabeça.

— O que foi? — pergunta o rapaz olhando para ela.

— Não dá, não dá — repete a loira tentando não chamar a atenção dos amigos.

— O que não dá, Maísa?

— Você desse jeito. Caramba, pra que ficar rindo do Lorenzo? Isso é chato, sabia? E eu não falo isso porque ele é meu amigo, não.

— Eu não estou fazendo nada demais — ele se defende.

— Isso é bullying.

— Maísa, menos.

— Menos digo eu. Você está prestes a ir para a faculdade, já está na hora de aprender que é errado zoar os outros só porque você não gosta deles.

— É sério que você vai me dar sermão agora?

— Não é sermão, eu só quero ver se coloco um pouco de bom senso na sua cabeça.

— Bom senso?

— Ai, Jonas, vamos parar de falar e prestar atenção no Felipe.

— Não sei o que é pior, ficar discutindo com você ou prestar atenção no Felipe.

— Para de ser debochado, caramba! — exclama Maísa e Laís, Alexandre, Samuel e Jaqueline, os mais próximos do casal, olham para eles. Jonas revira os olhos e encara Felipe.

— De todos nesta sala tenho certeza que ninguém ficou mais insatisfeito com a pessoa que tirou do que eu — fala o irmão de Yasmin. — Muitos aqui falaram que não gosta, mas também não desgosta, que não é amigo, que não é próximo, mas eu odeio a pessoa que eu tirei. — Alguns dão indícios de que vão rir, acreditando que ele está brincando. — E eu estou falando sério — diz Felipe interpretando a reação dos colegas. — Eu acho a pessoa que eu tirei babaca, filha da p*ta e muitos outros adjetivos nessa categoria. Eu queria dar um soco na cara dessa pessoa de presente, mais um para a coleção que eu já dei, aliás. Como eu não posso, pedi para a minha mãe comprar um presente para o meu amigo oculto, porque ele não merece nem um segundo do meu tempo. Toma, Jonas — fala esticando as mãos na direção do ex-namorado de Isabela.

A turma se encontra tão surpresa que não é nem capaz de aplaudir quando Jonas levanta. Apenas Samuel, Malu e Mayara parecem se divertir com a cena.

— Viva a amizade! — exclama Malu batendo palmas. Mayara imita a amiga e elas riem uma para a outra. Jonas puxa o presente das mãos de Felipe e abre a embalagem, encontrando uma camisa polo azul marinho.

— Meus agradecimentos a Sophia — diz lançando um olhar de intensa raiva para Felipe. Nem um dos dois faz questão de sorrir para a foto e quando Felipe está prestes a se afastar, Jonas fala: — Quando quiser tentar me dar o presente que gostaria, estou aqui.

Felipe se aproxima rapidamente dele.

— Por que não agora?

Movido por um impulso de raiva, Jonas empurra Felipe com força. O moreno se desequilibra e tropeça para trás. Antes que possa avançar na direção de Jonas sente duas mãos segurarem seus braços.

— Hoje não, cara — fala Victor. Samuel também corre para segurar o seu amigo.

— Me solta, eu não vou fazer nada — diz Jonas.

— Se você quer continuar tendo uma namorada realmente não faça — aconselha Samuel, pois viu a expressão de poucos amigos de Maísa antes de ter que levantar. Jonas assente e Samuel o solta, retornando para o seu lugar.

— Vem, cara — chama Victor puxando Felipe para as cadeiras deles.

— Por que você não converte esse seu cinismo — fala o herdeiro de Sophia e Micael para o ex-namorado de Isabela — em amor e dá para as pessoas que se importam com você, tipo a Diana? Tenho certeza que ela agradeceria. Ainda mais agora.

As cabeças de todos na sala se viram na direção de Jonas, esperando que ele parta para cima de Felipe mais uma vez. No entanto, o rapaz permanece imóvel com o olhar pregado em Felipe. Isabela está sentada na ponta de sua cadeira de olhos arregalados e queixo caído, Maísa é incapaz de acreditar que Felipe foi capaz de tocar no nome da mãe de Jonas e Yasmin levanta rapidamente de seu lugar.

— Chega — fala empurrando Victor e segurando o irmão ela mesma. — Se você fizer ou falar mais alguma coisa eu chamo o diretor.

— Não será necessário — Felipe responde e lança mais um olhar de desprezo para Jonas antes de se afastar com os dois. A sala permanece em total silêncio. Alguns alunos trocam olhares entre si enquanto outros observam Jonas. O rapaz olha para o chão com o lábio inferior preso entre os dentes, respira fundo e ergue o queixo.

— Depois desse discurso de ódio do Felipe para a minha pessoa — fala —, eu gostaria de dizer umas palavras mais gentis para o meu amigo oculto. — Ele faz uma pausa, parecendo ainda estar abalado com palavras de Felipe. Depois de inspirar profundamente mais uma vez, prossegue: — Eu poderia falar tanta coisa para essa pessoa, que eu tive que escolher sobre o que eu queria falar. Resolvi falar sobre a gente, porque a gente tem uma história. — Ao analisar as pessoas que ainda faltam, Yasmin fica novamente incomodada com o rumo da situação. — Apesar de tudo eu só tenho a agradecer por ter tido a chance de conviver com essa pessoa incrível que o meu amigo oculto é. Eu cometi muitos erros com ela e me arrependo amargamente. — Isabela abaixa a cabeça e fecha os olhos, sem acreditar no que está acontecendo. — Apesar de tudo eu tenho muito carinho pelo o que a gente viveu até eu estragar tudo. Só que o que aconteceu tinha que acontecer para eu aprender a dar mais valor para certas coisas. Tenho certeza de que não cometerei o mesmo erro novamente — ele olha para Maísa, que o encara intensamente. — Espero que um dia essa pessoa me perdoe pelo o que eu fiz. O meu amigo oculto é amiga oculta. Na verdade é ex-namorada, mas espero que um dia ela possa ser minha amiga. Isabela.

A garota respira fundo e caminha até ele.

— Obrigada — diz pegando o presente, que é um colar de ouro branco com pingente feito de diamantes. Todos esperam que ela diga algo a mais, porém Isabela apenas para ao lado de Jonas para a foto e já alcança o presente de seu amigo oculto. Jonas retorna para o seu lugar e fita Maísa, que permanece olhando para frente. — Estava super animada para essa brincadeira até ver quem eu tirei. Não tenho nada para falar dessa pessoa e não quero falar sobre ela. — O discurso que Isabela preparou para a ocasião não era exatamente esse, porém os últimos ocorridos deixaram ela tão chateada que ela não se importa em ser mal-humorada. — O meu amigo oculto é o Pedro.

Um dos melhores amigos de Jonas levanta e se aproxima dela. Ele ganha uma pulseira de prata de Isabela.

— Obrigado — diz após tirar a foto com ela.

— De nada — Isabela responde sem olhar para ele e caminha para a sua cadeira.

— Nossa, gente — diz Pedro se apoiando na mesa de comida e bebida. — O clima ficou muito tenso, né? Nem eu que gosto de um agito queria que a nossa brincadeira terminasse dessa forma, por isso vou tentar ser o mais positivo na revelação do meu amigo oculto. Essa pessoa que eu tirei é um pouco intrusa na minha vida — ele ri. — Ela chegou de mansinho, com carinha de anjo, jeitinho de princesa…

— É uma menina — analisa Daniela tentando interagir para quebrar ainda mais a tensão da sala.

— Sim, Dani. Ela chegou aos poucos, mas foi se revelando uma megera — ri Pedro. — Só que uma megera do bem. Mesmo ela sendo mandona e cabeça dura, não há quem não goste dela depois que a conhece melhor. Querem mais dicas?

— Sim — respondem Luciana e Talita.

— Ok. Ela é linda, loira, alta, tem uma prima fofoqueira e um namorado brigão.

Alguns riem e Malu fala:

— É a Maísa.

— Já te considero minha cunhada — brinca Pedro para a garota que caminha até ele.

— Mandona e cabeça dura, né? — repete Maísa.

— E não, é? Tratou de colocar uma coleira no Jonas.

— Não coloquei coleira em ninguém — responde Maísa abrindo seu presente, um anel de ouro com uma pedra de esmeralda. — Muito obrigada, Pedro, é lindo.

Eles se abraçam e são fotografados por Marina. A turma está um pouco mais descontraída quando Maísa começa a falar sobre a pessoa que tirou.

— Eu poderia ficar horas falando dessa pessoa, porque ela transborda. Transborda alegria, animação, simpatia, mas também é um pouco esquentadinha. Digo isso porque ela nunca foge de uma briga e tem sempre uma resposta pronta para dar. — A turma fica dividida entre olhar para Mayara e Yasmin. — Dizem que ela é linda, mas eu não acho tudo isso não — gargalha Maísa. — Mentira, ela é linda, ela é muito linda. Já sabem quem eu tirei?

— Yasmin ou Mayara — fala Laís.

— Dá uma dica para diferenciar as duas — pede Daniela.

— Bom, a menina que eu tirei é loira natural — Maísa ri junto com a turma.

— Achei ofensivo — fala Mayara batendo palma com os colegas enquanto Yasmin levanta. Maísa lança um beijo na direção dela.

— Te amo.

— Enfia no c* esse amor — devolve Mayara sorrindo.

Yasmin e Maísa se abraçam.

— As duas loiras mais lindas da sala — diz Alexandre.

— Discordo — responde Samuel tocando no joelho de Jaqueline com o seu.

— Eu também — ela sorri para o amigo. Malu, que assim como alguns amigos, observava a cena revira os olhos.

Yasmin e Maísa posam para a foto e fica difícil dizer quem se destaca mais. Mesmo Maísa sendo bem mais alta do que Yasmin, há um brilho no olhar da irmã de Felipe que prende a atenção de quem observa.

— Como eu já revelei quem é a minha amiga oculta — diz Yasmin olhando para Malu — eu escolho a loira de farmácia para continuar.

— De quem vocês estão falando? — pergunta Mayara quando todos olham para ela. — Só para esclarecer eu sou platinada, queridos — ri caminhando até o centro da sala. — Sobraram poucas opções para vocês adivinharem, né? — fala apontando para Samuel e Laís. — Então vocês esperem eu terminar de falar para adivinhar, porque eu não preparei meu discurso a toa. — Eles riem. — Então, demorou um tempo para eu ir com a cara do meu amigo oculto. Primeiro ele não fedia nem cheirava, depois eu fiquei com ciúmes dele porque ele começou a pegar a minha amiga — fala e olha de relance para Malu —, mas depois essa minha amiga me convenceu de que ele é um cara legal. — A turma toda já sabe de quem se trata, mas permanece ouvindo Mayara com atenção. — Confesso que eu ainda tenho um pé atrás com ele, porque vocês tão ligado daquele ditado, né? Diga-me com quem tu andas que direi quem tu és. E como dizem os meus amigos, ô bichinho mal frequentado esse menino. — Alguns riem com ela. — Ele fala com todo mundo, não tem briga com ninguém, mas os melhores amigos dele são tudo pau no c*, mano. Não é, Jonas, Pedro, Jaqueline e Luciana? — ela não perde a oportunidade de provocá-los, porém nenhum dos quatro responde. — O meu amigo oculto é o arabezinho ali.

Todos batem palma e Samuel caminha até Mayara.

— Já beijou os dois, hein amiga — provoca Graziele.

— Cala a boca — ri Malu.

— Eu vi uma vez a caveira que você tem na perna — fala Mayara enquanto Samuel rasga a embalagem — e achei muito da hora, por isso resolvi te dar um vale tatuagem.

O rapaz sorri segurando o cartão.

— Nossa, obrigado. Vou fazer ano que vem com certeza. Tem validade?

— Três meses.

— Obrigado, Mayara — diz Samuel dando um abraço nela. Eles tiram a foto e a garota se senta. — Bom, eu tirei uma menina.

— Sério? — indaga Yasmin com ironia observando as únicas que ainda faltam, Laís e Mayara.

— Sim. O que eu vou falar agora já vai ser suficiente para vocês adivinharem, mas deixa eu terminar meu discurso, beleza? — Ele ri com a sala. — A minha amiga oculta é muito pequena, dá vontade de guardar ela em um potinho de tão fofa que ela é. Só que quando ela abre a boca, você percebe que ela não é tão fofa assim. Dentro dela tem um serzinho de língua afiada que sabe da vida de todo mundo e está sempre pronta para meter o pau em alguém. Aí você fica com vontade de fazer o quê? Jogar o potinho que ela está fora, né? — Eles riem. — Mas nesses três anos todo mundo aprendeu a lidar com essa personalidade forte que você tem, Laís.

A garota levanta sorrindo e abraça Samuel.

— Você é muito idiota — fala e recebe uma pulseira de ouro branco com cristais. — Obrigada, é linda.

— De nada. — Eles se abraçam e tiram a foto.

— Todo mundo já sabe quem eu tirei, né? — fala Laís. — Mas deixa eu falar, gente. Essa pessoa é a mais retardada que eu já conheci e olha que eu namoro o Alexandre — ela ri.

— Então vocês oficializaram mesmo? — pergunta Marina.

— Sim — Laís sorri mostrando uma aliança prateada em seu dedo anelar direito. Marina olha para Alexandre e ele exibe o mesmo anel. — Continuando, a minha amiga oculta é retardada, mas também é dona de uma das almas mais puras que eu conheci. Já passou por muito preconceito na vida por ser quem ela é, mas nunca perdeu a doçura e o espírito livre. A minha amiga oculta é Mayara!

— Finalmente! — exclama a jovem indo até o centro. Ela abraça Laís e agradece pelo perfume que ganha.

— Obrigada, Laisinha. — Elas são fotografadas por Marina e se sentam.

— Gente — diz Yasmin ficando em pé. — Eu queria falar algumas coisas antes da gente partir para o comes e bebes.

— Guarda para o seu discurso na colação — retorque Malu.

— Cala a boca. Eu só queria dizer que apesar dos pesares, o nosso amigo oculto foi muito divertido. Espero que assim como os outros terceiros anos, a gente possa repetir isso ano que vem para ver o quanto a nossa vida mudou.

— Capaz que eu vou voltar de Porto Alegre para reencontrar vocês — fala Samuel e eles riem.

— Você nem sabe se vai passar, querido — devolve Yasmin.

— Nossa, muitas felicidades para você também, Yasmin — ele responde e eles sorriem um para o outro.

— Enfim, o convite está feito. Agora vamos comer! — exclama e todos levantam.

A maioria dos alunos partem em direção à mesa, porém Isabela segura no pulso de Felipe.

— O que foi? — ele olha para ela.

— Como você foi capaz de dizer aquilo?

Do outro lado da sala outro casal também conversa ao invés de partir diretamente para a comida.

— Você está bem? — indaga Maísa acariciando o rosto de Jonas.

Segurando uma coxinha, Samuel aproxima-se deles.

— E aí, cara? — fala olhando para Jonas com seriedade. O rapaz alterna os olhares entre a namorada e o melhor amigo e avisa:

— O ano pode estar acabando, mas eu vou fazer o Felipe pagar pelo o que disse.

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