Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 366: Vinícius pede para que Marina não ligue mais para ele

Brian aproxima-se de Marina e fala em seu ouvido:
   — Eu já quero ir embora.
   — Já? — ela indaga olhando para ele.
   — Eu tenho treino amanhã cedo, lembra?
Marina dá um leve sorriso.
   — É verdade, então vamos.
   — Se você quiser pode ficar, depois você vai embora com a Juliana.
   — Eu não vou ficar aqui sem você — responde Marina. — Vamos nos despedir do pessoal.
Eles caminham por alguns grupos até saírem do casarão de Peter.
   — Uau, está muito frio! — exclama Marina apertando o casaco em corpo.
   — Desacostumou? — ri Brian.
   — Acho que sim. — Eles riem e começa a caminhar pela rua. — Sério, Brian, está muito frio — comenta Marina. — Me aquece um pouquinho — pede passando um dos braços pelas costas dele. Brian sorri e envolve os ombros dela. Os dois andam lado a lado e quando falam fumaça saí de seus lábios.
   — O que você quer fazer amanhã? — indaga Brian passando por um hotel. Eles se soltam para desviar de um hóspede que chega e voltam a se abraçar.
   — Não sei, eu combinei de fazer compras com a Juliana de manhã. Para a tarde não tenho planos.
   — Ok, vou pensar em algo para a gente fazer.
   — Você sabia que a Aria está ficando com o Peter?
   — Sabia.
Marina franze a testa para ele.
   — Por que você não me contou?
   — Sei lá, não vou ficar falando da vida da Aria por aí — ri Brian.
   — É que você só fala do Vinícius, né? — cutuca Marina.
   — Oh, Jesus!
Eles viram a esquina da rua de Brian.
   — O que você andou falando do Vinícius para o seu pai? — questiona Marina recobrando o assunto do almoço.
   — Nada demais — esquiva-se o americano.
   — Então por que o seu pai disse aquilo?
   — Porque eu já comentei sobre o Vinícius lá em casa, só isso.
   — Mas o James disse que você já falou muitas vezes dele.
   — Você sabe como o meu pai é exagerado — diz Brian a poucos metros da escadaria de sua casa.
   — Responde logo a minha pergunta. O que é que tem?
   — Por que você quer tanto saber? — questiona o loiro soltando ela para tirar suas chaves de um dos bolsos do casaco. 
   — Porque estamos falando do meu namorado, né!
Eles sobem os degraus de entrada do casarão e Brian abre a porta principal.
   — Você gosta de saber tudo sobre o Vinícius?
   — Ai, Brian, responde logo. 
O ex-casal de namorados entra no casarão e é acolhido pelo calor.
   — Amo aquecedores — comenta Brian deixando o casaco no armário.
   — Para de desviar da minha pergunta — pede Marina fazendo o mesmo que ele.
   — Eu já falei de tanta coisa do Vinícius para o meu pai, eu não lembro — diz o loiro se jogando em um dos sofás. Marina para em frente à lareira e cruza os braços.
   — Você falou de tanta coisa e não lembra de nenhuma?
   — Eu não sei! Já falei que ele cozinha bem, que ele não é babaca como eu esperava, essas coisas.
   — Só falou coisas boas? 
   — Talvez tenha falado algumas ruins — ri o loiro afundando no sofá.
   — Me fala uma então — pede Marina rodeando o sofá dele e se acomodando em uma poltrona.
   — Quer que eu fale mesmo?
   — Estou pedindo desde lá de fora.
Eles riem e ficam se encarando por alguns segundos. Marina ergue as sobrancelhas, aguardando pela resposta dele.
   — Eu acho ele bonzinho demais.
   — Ai, Brian, isso não é ruim!
   — Pra mim é.
   — Por quê?
   — Nada parece que tira ele do sério, ele sempre está pronto para perdoar as pessoas e a dar bons conselhos. Isso é irritante!
   — Então pra você o meu namorado é irritante? — analisa Marina.
   — Você quem está dizendo — ri Brian.
   — Ok, eu te perdoou por isso.
   — Eu não pedi o seu perdão — ele ri.
   — Besta. — Marina levanta e anda até a escada. — Eu já vou dormir, você vai ficar aí?
Brian vira a cabeça na direção dela.
   — Isso é um convite?
   — Hã? — indaga Marina se apoiando no corrimão.
   — Você está me convidando para dormir com você?
   — Ah tá, vai sonhando! — ri a jovem começando a subir para o próximo andar.

Malu se convidou para dormir na casa de Henrique e Larissa e Graziele não se opôs. As duas conversam a caminho do quarto da ruiva.
   — O que deu em você? — questiona a morena com uma garrafinha de água nas mãos.
   — Estou estressada, Malu — responde Graziele. — De TPM. Eu estava de boa no meu quarto, o Thiago apareceu lá querendo saber sobre o áudio do Douglas e eu perdi a cabeça.
   — Ele ficou mexido com o que você disse.
   — Eu sinceramente não me importo. — Ela abre a porta de seu quarto e entra com a melhor amiga. — Eu estou cansada de toda essa situação, Malu. Eu sou jovem, quero curtir a minha juventude, não ficar presa no passado e nos erros dos outros.
   — Eu te entendo, só foi estranha a sua reação. Ninguém esperava que você fosse explodir dessa forma.
   — É, foi inesperado até para mim. Mas eu me comportei no jantar, né? Ninguém reparou, só o meu pai.
   — Ele reparou? — questiona Malu se jogando na cama.
   — Reparou, amanhã ou depois tenho certeza de que ele vai vir falar comigo.
   — E o que você vai dizer?
   — A verdade — responde Graziele com simplicidade.
   — Até sobre você e o Douglas?
O estômago da ruiva agita-se ao considerar a ideia.
   — É, talvez eu não conte toda a verdade.

O relógio marca cinco horas da manhã quando Marina desperta. Ela coça os olhos, tira de seu rosto os fios que desprenderam do coque, mas não chega a levantar da cama, apenas desliga o despertador e abre a lista de contatos de seu celular. Segundos depois está com o aparelho próximo ao ouvido e fala:
   — Oi, Victor.
   — Caiu da cama? — indaga o loiro e ela identifica uma risada divertida em sua voz, o que a deixa mais tranquila.
   — Acordei mais cedo especialmente para falar com você.
   — Estava tentando não dar tanta importância para esses dias, mas vocês têm feito eu começar a me preocupar — ri Victor.
   — Desculpa por isso — sorri Marina. — Eu só queria falar com você mesmo.
   — Está falando.
   — Você não está sozinho, tá?
   — Queria estar, assim teria certeza de que eu seria aprovado.
A jovem ri.
   — Você entendeu o que eu estou falando.
   — Entendi. Obrigado. Eu sei que nós estamos juntos nessa.
   — Sim. Eu vou fazer compras agora de manhã, vou ver se encontro algo especial para você.
   — Nossa, enquanto eu vou estar fritando o meu cérebro você vai estar fazendo compras. Muito animador! — Os gêmeos gargalham.
   — O que eu posso fazer? Os meus desafios já passaram.
   — E agora chegou a hora de eu encarar os meus.
   — Aconteça o que acontecer, nós estaremos juntos ano que vem.
   — Sim. Não sei se fico feliz ou triste com isso.
   — Você está muito engraçadinho — diz Marina após uma risada irônica.
   — Estou tentando fazer piadas com tudo para não ficar pensando em besteira.
   — Ah, sim. Mas você é assim na vida, qual é a desculpa? — Eles riem mais uma vez.
   — Eu tenho que desligar, Mari. Não posso chegar atrasado e ainda tenho que tomar café. A mãe preparou um banquete para mim, você acredita?
   — Acredito — ri Marina. — Manda um beijo para todo mundo e fala que aqui está tudo bem.
   — Ok. Ah, mais tarde quero saber como foi a festa na casa do Peter, tá?
   — Como você ficou sabendo?
   — Ué, não é porque eu não estou aí que deixei de fazer parte do grupo — ri Victor.
   — Você sabe que ele e a Aria...
   — Estão se pegando, eu sei.
   — Como todo mundo sabia e eu não? 
   — Você precisa se informar mais, irmãzinha — sorri o loiro. — Agora é sério, preciso desligar.
   — Tá bom. Boa sorte!
   — Obrigado. — Eles se despedem e desligam. 
Marina coloca o celular ao lado do travesseiro e se cobre novamente com as pesadas cobertas. Pouquíssimos minutos depois, ela já está dormindo novamente.

No Brasil, cerca de uma hora depois, os alunos do terceiro ano começam a ocupar seus lugares na sala de aula. Reunidos ao redor das carteiras de Isabela e Vinícius, Yasmin e Felipe conversam com eles. Mesmo durante a conversa leve sobre os detalhes da formatura, Vinícius repara um fio de impaciência em Yasmin. A loirinha a todo momento checa as horas em seu celular, tira pelinhas dos lábios e cutuca a lateral das unhas. O aparente nervosismo dela não é percebido apenas pelo filho mais velho de Chay, mas também por sua irmã.
   — Está tudo bem, Yas? — indaga Isabela.
   — Está — responde a loirinha automaticamente.
   — Você está mais inquieta do que o normal.
   — É que daqui a pouco começa a prova do Victor.
   — De que adianta você ficar nervosa? — pergunta Felipe. — Você não vai poder fazer nada mesmo.
   — Eu sei disso, mas eu não consigo controlar — fala Yasmin. — Por que tem que ser quatro dias de provas? É muito nervosismo e olha que nem sou eu que vou fazer as provas.
   — É o sistema deles — Isabela responde. — A gente não pode fazer nada.
   — A prova de hoje é sobre o quê? — indaga Vinícius.
   — Física — diz a loirinha.
   — Menos mal, é algo que ele gosta.
   — Eu amo linguagem, mas nos vestibulares sempre fico com medo — observa Isabela.
   — É, mas é menos ruim começar por algo que você se interessa.
   — Vamos parar de falar nisso? — pede Yasmin. — Estou começando a ficar mais nervosa ainda.
   — Relaxa — fala Vinícius pegando na mão dela. — Confia no Victor.
   — Eu confio, mas tenho medo dele não confiar o suficiente nele — responde Yasmin com seriedade.

Do lado de fora da sala, Jaqueline e Gabriel conversam encostados em uma parede. 
   — Até quando você vai ficar fugindo do meu convite? — pergunta Gabriel brincando um fio de cabelo dela.
   — Que convite? — Jaqueline finge não saber do que ele está falando.
O rapaz olha com descrença para ela.
   — Janta comigo.
   — Não sei, Gabriel.
   — Por quê?
   — Tenho medo do que possa ser a sobremesa.
   — Eita! — ele ri. — Você quer o que de sobremesa?
   — Um doce no máximo, tenho medo do que você queira.
   — Eu já disse que quero o que você quiser. Eu sou trouxa, Jaqueline, você ainda não percebeu isso? — Eles riem e ela bagunça o cabelo dele.
   — Para de falar besteira.
   — É verdade, eu já perdi as contas de quantas vezes já disse que estou a sua disposição. E eu realmente estou. Mas você fica me cozinhando.
   — Eu não sei cozinhar — esquiva Jaqueline sorrindo.
   — Palhaça. 
Com expressões de sono, Malu e Samuel aproximam-se deles. Os dois ficam em dúvida se param ou não para cumprimentá-los, pois Malu fala com Gabriel e não fala com Jaqueline ao contrário de Samuel que tem amizade com a loira, mas odeia o rapaz. Malu sente a dúvida do parceiro e toma a iniciativa de parar.
   — Bom dia — sorri para Gabriel.
   — Oi, Malu! — O sorriso que aparece no rosto dele é tão sincero e espontâneo que chega a causar ciúmes em Jaqueline. Ele e Malu se abraçam enquanto Samuel dá um beijo no cabelo de Jaqueline.
   — E aí?
   — Como foi a viagem? — pergunta a loira se virando para o amigo.
   — Muito boa, depois te conto sobre o vestibular.
   — Ok, mas eu queria saber outra coisa.
   — O quê?
Jaqueline aproxima-se ainda mais dele para não ser ouvida por Malu nem Gabriel.
   — O excesso de convivência com a Maria Luíza não fez com que você percebesse que vocês não dão certo?
Samuel gargalha.
   — Não, Jaque. Não foi dessa vez que o seu sonho se tornou realidade.
   — Droga — ela responde e eles riem.
Malu passa por eles e entra na sala, sendo seguida por Samuel logo depois. Os dois passam por Graziele, que conversa com Lorenzo e Iago nas carteiras da frente.
   — Oi, gente — cumprimenta Malu e Samuel acena com a cabeça.
   — Oi — respondem os três. 
   — Será que vai pegar muito mal? — pergunta Graziele para os dois colegas.
   — Não sei — responde Iago. — O professor pediu para a gente responder as listas, né? Mas ele também não disse se valeria ponto ou não.
   — Espero que ele não pergunte nada para mim.
   — Ele vai perguntar — fala Lorenzo dando um sorrisinho. — Sempre quando eu torço para não ser questionado, eles me questionam.
Graziele ri.
   — É porque como você nunca fala, Lorenzo, eles têm que perguntar para ouvir a sua voz.
   De repente o murmurinho da sala cessa e Graziele, Lorenzo e Iago olham para a porta assim como os demais estudantes. Maísa e Laís entram e param em suas carteiras. É a primeira vez que a loira vai ao colégio após a morte de seu pai e a reação de seus colegas faz com que ela se pergunte se não antecipou demais seu retorno, no entanto como precisa se dedicar a algumas matérias para não ficar de exame e também espairecer a cabeça para não ficar pensando a todo momento em quem poderia ter forjado o suicídio de Edson, ela se mantém firme de que essa foi a melhor escolha.
   — Não pensei que fosse chamar tanta atenção assim — comenta chegando perto de Graziele, Lorenzo e Iago quando a maioria já não está mais olhando para ela.
   — Todo mundo está preocupado com você — responde Iago dando um afago no ombro dela.
   — Eu vou me recuperar — garante a loira. — Pelo meu pai.
   — Nós estamos do seu lado — diz Lorenzo pegando na mão da amiga.
   — Estou precisando do apoio de vocês. — Os olhos dela se enchem de lágrimas instantaneamente e Lorenzo aperta ainda mais seus dedos, tentando lhe transmitir forças.
   Com a mochila nas costas, Jonas entra na sala e antes de se dirigir para o seu lugar no fundo vai até a namorada. Assim que repara na aproximação do rapaz, Lorenzo solta a mão de Maísa. 
   — Bom dia — fala Jonas para os demais. — Oi, meu amor — diz mais baixo para Maísa, no entanto Graziele ouve e fica espantada com a quantidade de afeto presente na voz dele. — Como você está? — pergunta pousando uma das mãos nas costas dela.
   — Estou tentando melhorar — responde Maísa voltando-se unicamente para ele. Laís começa a conversa com o restante do grupo, dando ainda mais privacidade ao casal. — Amanhã faz uma semana e eu ainda acho que a qualquer momento vou acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo.
   — Isso vai passar — diz Jonas acariciando o rosto dela. Eles conversam mais um pouco até que ele vai para o seu lugar e Maísa volta a interagir com seus amigos. — E aí, cara — ele cumprimenta Pedro.
   — E aí? A Maísa está bem mal, né?
   — Não poderia ser diferente. 
   — Pelo menos ela tem o Lorenzo para consolar ela — Pedro tenta fazer o amigo rir fazendo referência à troca de carinho de Lorenzo e Maísa.
   — Cala a boca, cara — pede Jonas colocando sua mochila sob a mesa. — E aí, Samuel, como foi o vestibular? — O outro rapaz puxa a cadeira para mais perto deles e começa a contar sobre sua viagem.
   Mesmo distante, Isabela observou cada passo de Jonas desde o momento em que ele chegou na sala de aula. Ao contrário de Graziele, ela não ouviu o jeito com que ele falou com Maísa, porém somente de analisar a forma com que ele olhou para sua atual namorada conclui que o que ele sente por Maísa é muito superior ao que ele sentia por ela no período em que eles namoraram no ano anterior. A constatação mexe com Isabela de alguma forma, mas ela fica sem conseguir definir se é de uma maneira positiva ou negativa.

Em Nova York, próximo a hora do almoço, Brian ajuda Claire a arrumar a mesa na sala de jantar enquanto James termina de preparar a comida na cozinha.
   — Você sabe se a Marina já acordou? — ele pergunta colocando os talheres ao lado dos pratos.
   — Faz horas — responde Claire. — Ela saiu para fazer compras com a Juliana.
   — Ah, é! Ela comentou comigo ontem que iria fazer isso.
   — Já já elas estão de volta — comenta sua mãe olhando no relógio de ouro pendurado na parede acima da porta. Brian continua organizando as coisas, pensando se deve ou não abordar com Claire as questões que passam por sua cabeça.
   — Mãe — chama tomando a decisão.
   — O que foi? — Claire posiciona um vaso de flores no centro da mesa e olha para ele.
   — É errado eu ficar mexido com a visita da Marina?
A mulher olha demoradamente para ele antes de responder.
   — Não sei, Brian. Como assim mexido?
O quarterback puxa uma cadeira acolchoada e se senta nela, cruzando as mãos sobre a mesa.
   — Quando eu fui para o Brasil foi tranquilo, sabe? Eu e ela. Não sei se foi por que a gente estava em outro ambiente ou se toda vez que eu via ela com o Vinícius percebia o quanto ela gosta dele, mas no geral foi tranquilo.
   — E agora não está sendo tranquilo? — indaga Claire sentando diante dele.
   — Não — confessa Brian. — Ter a Marina de volta aqui é como se reacendesse tudo, entende? É muito estranho para mim, mãe. Da última vez que eu caminhei com a Marina pelas ruas aqui da cidade nós éramos namorados, a gente se beijava, ria. Agora... as coisas não são mais assim. 
   — É que vocês não terminaram pessoalmente, né filho — Claire observa. — Quando a Marina saiu daqui vocês tinham planos de se ver e continuar namorando, agora ela está de volta, mas deixou um namorado lá no Brasil. É normal que você demore um tempo para processar tudo isso. É como você disse, não foi tão difícil lá no Brasil, porque a todo momento você era lembrado da nova vida dela, mas aqui no país de vocês as coisas se tornam diferentes.
   — Eu estou com medo de estragar a viagem dela. Pior do que isso, estragar a nossa amizade — fala Brian passando a mão no rosto. — Não posso deixar com que os meus sentimentos atrapalhem tudo.
Claire estica as mãos na direção dele e pergunta sem rodeios:
   — Brian, você ainda é apaixonado pela Marina?

Com algumas sacolas de compras nos braços, Marina e Juliana entram em uma grande farmácia já próximo da casa de Brian.
   — Que saudade que eu estava dessas farmácias! — exclama Marina olhando tudo ao seu redor. — Você não tem noção de como as farmácia no Brasil são diferente, Ju!
   — Então aproveita — responde Juliana pegando um carrinho. As duas começam a caminhar pelo corredores e Marina vai enchendo o carrinho a cada prateleira que passa. — Você não acha que está exagerando um pouquinho? — ri a irmã de Brian.
   — Não, essas coisas a gente não encontra com tanta facilidade no Brasil — conta Marina. — Sem falar que são bem mais caras que aqui.
   — Eu, hein! 
   — Olha que fofo! — exclama Marina pegando um mini modelador de cachos. 
   — Fala sério, Marina, isso é consumismo. Você nem usa o cabelo cacheado.
   — Mas eu poderia levar para o Vinícius — ri a jovem imaginando a reação do namorado ao receber o produto. — Falando nisso, será que eu ligo para ele?
Juliana dá de ombros.
   — Faz o que o seu coração estiver mandando.
   — Meu coração quer muito ouvir a voz dele — Marina sorri abraçando o mini babyliss como se fosse o próprio Vinícius.
   — Então liga — incentiva Juliana.
   — Vinícius? — fala Marina quando o rapaz atende instantes depois.
   — Oi, Marina. — O tom de voz dele não demonstra a empolgação esperada por ela. Na realidade não há empolgação nenhuma em sua voz, o que a entristece de imediato. Juliana analisa sua expressão e pergunta:
   — O que foi?
Marina ergue a mão pedindo silêncio.
   — Estou em uma farmácia e lembrei você — continua como se não tivesse sofrido nenhum abalo.
   — Por quê? 
   — Encontrei um babyliss em miniatura que é a coisa mais fofa. — Marina fica aguardando uma gargalhada de Vinícius. No entanto, somente quando ele fala que ela nota um leve sorriso em sua voz.
   — Babyliss em miniatura?
   — Você quer que eu compre um para você? 
Juliana continua acompanhando a conversa dos dois sem entender nada do que Marina fala.
   — Dispenso — responde Vinícius Obrigado por lembrar de mim, de qualquer forma.
   — Eu sempre estou lembrando de você.
   — Marina.
   — Desculpa.
   — Tudo bem, eu também lembro de você nas coisas mais simples. Só que... não fica me ligando, por favor.
Marina tem a sensação de que recebeu um soco no estômago.
   — T-tá bom.
   — Não é que eu não queira ouvir sua voz ou falar com você — explica Vinícius e fica evidente para ela que ele percebeu o quanto suas palavras a atingiram. — É que eu preciso desse tempo pra digerir tudo o que aconteceu. Eu espero que quando você volte, eu já tenha conseguido pensar sobre tudo. Não quero que fique um clima estranho entre a gente, mas para isso eu preciso desse tempo.
   — Eu te entendo, eu só... tudo bem. Vou voltar para minhas compras.
   — Beijo, eu te amo.
   — Também te amo. — Eles desligam e Marina permanece segurando o celular com firmeza. 
   — Pela a sua expressão não foi algo bom, né? — comenta Juliana.
   — Ele não quer que eu fique ligando para ele — conta Marina voltando a falar em inglês.
   — O quê? Ele te disse isso? Marina, você não disse que ele era fofo?
   — Ele é, mas... ele quer que eu respeite o tempo que ele pediu. O Vinícius realmente ficou magoado por eu ter matriculado ele sem que ele soubesse.
   — Mas uma hora isso vai passar, né? Ou você acha que... — Juliana prefere não terminar a frase para não entristecer ainda mais Marina.
   — Vai passar — responde a irmã de Victor. — Mesmo com tudo isso eu sei que o que a gente sente um pelo outro é maior.
   — Então é isso que importa, garota! Para de ficar sofrendo. Semana que vem você já vai estar de volta e vocês vão se acertar. Curte esse tempo que ele está te dando.
   — Vou tentar — promete Marina dando um leve sorriso.
   — Tenta mesmo. Vou até te dar uma ideia, por que você não aproveita esse tempo no seu namoro para ter um remember com o Brian?
Marina quase deixa o mini babyliss e seu celular caírem.
   — O quê?
   — Ué, você está de volta a New York, nada mais normal do que relembrar os velhos hábitos — Juliana sorri com leveza.


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