Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 358: Marina decide viajar para EUA
— Maísa? — chama Lorena ficando ainda mais apavorada. Ela se agacha ao lado da filha, segurando em seu braço. — Filha?
— Não pode ser — fala Maísa respirando ofegante. — Não pode ser. Não pode ser. — Seus olhos se enchem de lágrimas rapidamente e após um esforço, ela se senta sobre os calcanhares. — Que história é essa, mãe?
— Eu não sei direito — diz Lorena. — O assessor só disse isso e falou para eu ir para lá. Eu não sei o que fazer, filha! Isso não pode ser real!
— Não é — responde Maísa aos prantos. — Não pode ser. — Com os braços trêmulos, ela puxa Lorena e a abraça com força. — O pai não faria isso. Não é verdade, mãe!
No início da noite, os amigos que Bernardo fez no hospital começam a chegar no apartamento dele com Anelise. O casal não se falou desde a discussão e finge que tudo está bem entre eles. Anelise conversa com Gabriel, um enfermeiro, e a namorada dele em um canto enquanto Bernardo ri com Maristela e outro médico no sofá. Eles não se olham em momento algum, porém nenhum dos convidados percebe algo de estranho entre eles.
O interfone toca na cozinha e como está mais perto, Anelise vai atender. Instantes depois ela retorna para a sala e fala para Bernardo:
— A pizza chegou.
— Ah tá — responde o clínico geral e pega sua carteira na mesinha de centro. Ele caminha até a porta e atende o entregador. — Olha o jantar! — fala para seus amigos ao fechar a porta. Todos riem e se reúnem ao redor da mesinha de centro.
Samuel ainda está na casa de Jonas quando o jovem desce para pegar um balde de pipoca para eles. À caminho da cozinha, Jonas cruza com seu pai.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta diante da expressão de preocupação de Heitor.
— Eu estava indo lá no seu quarto.
— O que foi, pai?
— Eu recebi uma mensagem agora dizendo que o Edson Tanaka se suicidou.
O queixo de Jonas despenca.
— O quê?
— Eu não consigo acreditar até agora.
— O senhor tem certeza disso?
— Tenho, quem me contou trabalha no mesmo prédio que fica o gabinete dele. Foi lá que ele foi encontrado com uma corda no pescoço.
— Meu Deus, que horror! — Jonas leva as mãos à boca.
— Na hora eu lembrei da sua namorada. Vocês ainda estão juntos, né?
— Sim, estamos brigados, mas... meu Deus, coitada da Maísa! — A expressão de Jonas demonstra toda a sua perplexidade e confusão. — Será que ela já está sabendo?
— Acredito que sim, os familiares são sempre os primeiros a serem informados.
— Eu preciso falar com ela! — Jonas fala, mas continua parado sem saber o que fazer.
— Aproveita que o Samuel está aí e vai com ele na casa dela — sugere Heitor. — Ela e a Lorena vão precisar de todo o apoio nesse momento.
— É, é — concorda o rapaz atordoado. — Vou fazer isso, vou fazer isso — repete indo para o andar de cima.
Encolhida na cama de Isabela, Marina chora e desabafa com a cunhada.
— Tá doendo, Isa — fala entre lágrimas. — Eu estava esperando coisas ruins, mas não pensei que fosse doer tanto.
— Calma, não fica assim — pede Isabela sentada ao lado dela. — É um tempo, Mari. Vocês não terminaram.
— Eu sei, mas o Vinícius ficou tão decepcionado comigo. Você tinha que ver o jeito que ele me olhou, Isa. Eu nunca tinha visto o Vinícius tão bravo e ao mesmo tempo triste.
— É, isso foi muito para ele, mas ele vai ficar bem. Vocês vão ficar bem.
— Está doendo — chora Marina escondendo o rosto no travesseiro. — Falando nele, ele não está em casa, né?
— Não, ele foi conversar com o meu pai.
— Ai meu Deus! Espero que eles não briguem também.
— Fica calma — tranquiliza Isabela. — O meu pai e o Vinícius sempre se entenderam muito bem.
— Espero que isso não mude agora.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta Chay ao receber o filho em seu apartamento. — Você aparecer aqui essa hora sem avisar.
— Eu já estou sabendo o que vocês fizeram — conta Vinícius parando em frente ao sofá.
— A Marina te contou?
— Sim. Por que vocês fizeram isso comigo, pai?
— Calma, Vinícius — pede Chay acomodando-se no sofá. — Senta aqui.
— Estou bem em pé. Só quero entender por que vocês esconderam tudo isso de mim.
— Porque se a gente te contasse você não concordaria — Chay fala com simplicidade.
— É difícil para vocês respeitarem a minha decisão?
— Quando fica claro que você não está tomando o caminho certo, sim.
— O senhor já parou para pensar que talvez a gente tenha concepções diferentes do que é certo?
— Sim, por isso eu tentei conversar com você tantas vezes, para te fazer enxergar — diz Chay com calma.
— A vida é minha! — exclama Vinícius com a voz alterada. — Minha, pai. Vocês não têm o direito de intervir e manipular nada.
— Foi pelo seu bem, Vinícius. Um dia você vai ver isso.
— A única coisa que eu consigo ver é o quanto vocês manipularam a minha vida — responde o jovem com lágrimas nos olhos. — Vocês não tinham esse direito. — Ele senta no sofá e abaixa a cabeça. — Vocês não podiam ter feito isso.
Vinícius começa a chorar, deixando Chay com o coração apertado. Eles ficam em silêncio e o choro de angústia do jovem ecoa pelo apartamento.
— Em momento algum a gente quis que você se sentisse mal, filho — Chay fala quase em um sussurro.
— Pois é exatamente assim que eu me sinto agora.
— Se você não quer ir de forma alguma, é só cancelar a matrícula. Você sabe disso.
— O problema não é esse — soluça Vinícius. — Vocês traíram a minha confiança. Eu não consigo acreditar que vocês agiram por mim. Vocês mexerem em um ponto que só dizia respeito a mim. Era a minha decisão! E veio das pessoas que mais confiava na vida.
— Você sabe que pode continuar confiando em nós, Vinícius — fala Chay colocando uma mão no joelho do filho. — Nós somos as pessoas que mais te amam.
— A minha mãe sabia disso? — pergunta Vinícius enxugando o nariz com as costas da mão.
— Não, ela não participou de nada. — Vinícius assente e tenta controlar a emoção. — Eu sinto muito que você esteja se sentindo magoado, mas eu só fiz o que achava e continuo achando certo. Sei que o caminho até isso não foi correto, nós realmente não deveríamos ter invadido e manipulado a sua vida dessa forma, mas foi o necessário. Eu nunca quis que você fosse ferido.
Vinícius continua com a cabeça baixa, o choro mais controlado.
— Eu e a Marina demos um tempo — conta após umedecer os lábios.
— Vinícius — lamenta-se Chay.
— Não tem como ignorar o que aconteceu e continuar normalmente.
— Eu estive do lado da Marina todo o momento. Eu nunca vi aquela menina tão determinada, isso só prova o quanto ela se importa com o seu futuro.
— Não interessa quais foram as intenções. Está doendo muito e não vai ser fácil esquecer o que vocês fizeram.
— Eu sei, só quero que você tenha consciência de que foi visando o melhor para você. Não sou do tipo que justifica erros com sentimentos, mas o que nós fizemos foi por amor a você.
Vinícius enxuga mais uma vez o rosto e seca as mãos na calça jeans antes de levantar.
— Eu já falei tudo o que tinha a dizer, agora eu vou embora.
— Você não quer dormir aqui? — oferece Chay ficando em pé.
— Amanhã eu tenho aula.
— O Evaldo pode vir te buscar mais cedo.
— Eu não quero dormir aqui — Vinícius responde com franqueza.
Chay assente.
— Tudo bem. Vai para casa, pensa em tudo e não se esqueça que nós te amamos.
— Tá.
Pela primeira vez, Vinícius não se despede do pai com um abraço e um beijo. Ele passa direto por Chay e sai do apartamento sem dizer mais nada.
Mesmo bastante surpreso, Samuel busca acalmar Jonas no caminho para a casa de Maísa. Ele dirige seu fusca o mais rápido que o veículo permite e não demora muito eles chegam ao casarão que a jovem até então dividia com Lorena e Edson.
O fusca mal para e Jonas pula na calçada e começa a tocar o interfone. Seu dedo aperta o botão diversas vezes, porém não recebe resposta.
Samuel desce do carro e se aproxima do amigo, dizendo:
— Elas não devem estar em casa.
— Mas não é possível que não tenha ninguém para atender a gente — rebate Jonas nervoso. — E os funcionários?
— Vai ver eles não tem autorização para atender.
— E agora? — Jonas olha para ele.
— Eu não sei.
— Merda! Merda, merda, merda! — esbraveja o namorado de Maísa dando chutes no portão de madeira.
— Tive uma ideia — fala Samuel tirando o celular do bolso. Com rapidez, ele procura o telefone de Laís no grupo da sala no Whatsapp e liga para ela.
— Alô — atende Laís e de imediato Samuel nota que ela esteve chorando.
— Laís, é o Samuel. Eu já sei o que aconteceu com o seu tio.
— Não quero falar sobre isso agora, Samuel — responde Laís começando a chorar.
— Espera, não desliga! — pede o rapaz. — Eu e o Jonas estamos em frente à casa da Maísa. Você sabe onde ele pode encontrar ela? — A ligação fica muda. — Laís? — chama Samuel.
— Fala para ele vir aqui na minha casa — diz a garota tentando lutar contra o choro. — A Maísa está aqui e... a gente está precisando de apoio. Vai ser bom para ela ter o Jonas aqui.
Samuel fica perplexo com as palavras de Laís, já que ela sempre deixou claro ser contra o relacionamento da prima com seu melhor amigo.
— Estamos indo para aí — responde e desliga. — A Maísa está na casa da Laís — informa à Jonas. — Vamos pra lá.
— Vamos! — Jonas rapidamente entra no carro e eles partem.
Após o jantar, Bernardo, Anelise e os amigos dele bebem vinho espalhados pelo sofá, poltronas e tapetes. Os donos da casa estão sentados em cantos opostos e não trocam sequer olhares. Em determinado momento, o assunto se torna o desemprego coletivo deles.
— O bom é que agora eu tenho mais tempo para a família — brinca uma pediatra.
— Que família, Cláudia? Você mora sozinha aqui no Rio — ri Gabriel.
— Francisca, minha cachorrinha, não conta? — Eles riem.
— Como você está se mantendo? — pergunta a namorada de Gabriel com curiosidade.
— Com o seguro desemprego.
Entre Bernardo e Gabriel no sofá, Maristela fala:
— Acho que todo mundo aqui está no mesmo barco, né?
— Menos o Bernardo, né? — comenta Gabriel rindo.
Bernardo toma um gole de vinho e pergunta:
— Ué, por quê?
— Porque você é casado com a Anelise, né? Mesmo desempregado vai continuar vivendo no bem e bom.
Eles riem e Anelise olha demoradamente para sua taça para não ter que encarar os convidados.
— Não é bem assim — responde Bernardo forçando um sorriso.
— Ah, não? A gente está bebendo vinho depois do jantar, cara.
— Nem quando eu trabalhava isso acontecia lá em casa — brinca Maristela e eles gargalham.
Quem também divide uma garrafa de vinho é Arthur. Ele e Lua conversam e riem na sala quando Marina chega da mansão de Mel.
— Mãe, pai — fala a jovem parando na frente deles. — Eu quero ir para os Estados Unidos.
Arthur e Lua trocam um olhar confuso e ela indaga:
— Do que você está falando, filha?
— Eu quero ir passar a semana que vem em Nova York.
— Como assim, Marina? — pergunta Arthur ainda sem compreender. — De onde veio essa ideia da noite para o dia?
— Eu estive conversando com a Isabela e cheguei a conclusão que é a melhor coisa que eu posso fazer agora. E eu quero isso. Quero muito.
— Marina, você não está falando coisa com coisa — Lua observa. — O que aconteceu? Estou vendo que você andou chorando.
Marina senta na mesinha de centro e cruza as pernas.
— Eu contei para o Vinícius que matriculei ele na Ferrandi e ele quis um tempo.
— Um tempo para pensar? — supõe Lua.
— Um tempo no nosso namoro — responde Marina controlando a vontade de chorar.
— Sério, filha? — A jovem assente, seu queixo começando a tremer.
— É só um tempo — pondera Arthur —, não é um término.
— É, mas eu sei que foi sério. O Vinícius não é do tipo que pede um tempo por qualquer coisa.
— Mas vocês já deram um tempo antes.
— Só que fui que pedi. Enfim, gente, eu acho que vai ser melhor para todo mundo eu ir. Vou aproveitar para rever meus amigos, a minha cidade e dar uma espairecida.
— E o colégio, Marina? — pergunta Lua.
— Nós já estamos no final do semestre, já fizemos todas as provas. E é só uma semana, mãe! Vou logo depois do aniversário do Felipe e volto antes do meu.
Lua fica pensativa e Arthur diz:
— Não me parece de todo mal.
— Não é! Por favor, deixem.
— Vamos pensar, Marina — responde Lua. — Vamos pensar.
A jovem assente e fica em pé.
— Por favor, eu preciso ficar um pouco longe de tudo isso. — Ela caminha para o andar de cima.
— Lembra que ela precisa do seu apoio agora. Não surta — aconselha Samuel parado na varanda do casarão dos pais de Laís com Jonas.
— Eu não vou surtar — garante Jonas enquanto espera abrirem a porta para eles.
— É que você parece muito assustado, cara — Samuel observa.
— Não era para eu estar?
Samuel não chega a responder, pois a empregada abre a porta.
— Podem entrar — diz a moça e os amigos adentram no casarão.
Jonas fica desapontado quando encontra a sala completamente vazia e com as luzes apagadas.
— Cadê elas? — questiona começando a achar que elas não estão no local.
— Calma, Jonas — pede Samuel e a funcionária responde:
— Elas estão lá em cima no...
— Tá bom.
Jonas não espera ela terminar e sobe às pressas a escada. Quando chega no corredor, fica sem saber para onde ir já que há várias portas para todos os lados e não existe um sequer ruído que indique aonde elas estão.
— O quarto da Laís é ali — diz Samuel chegando atrás dele. O jovem terminou de ouvir a empregada e leva Jonas até o quarto da prima de sua namorada. — Lembra que ela está precisando de apoio — fala parando diante da porta.
— Tá — responde Jonas girando a maçaneta.
Mesmo sendo muitos centímetros maior que a prima, Maísa parece bem menor que ela encolhida na cama entre os cobertores e travesseiros. Ao ouvir o barulho da porta, a loira ergue a cabeça e encara Jonas. No instante em que vê o namorado, Maísa começa a chorar ainda mais e joga os cobertores para o lado, pulando da cama. Ela se lança com tanta força contra Jonas que ele dá um passo para trás, esbarrando em Samuel.
— Ele não faria isso! Ele não faria isso! — repete aos prantos.
Jonas envolve a cintura dela com firmeza.
— Eu sei, calma — fala em seu ouvido.
— Ele não faria, não faria. Ele não faria, Jonas! — exclama Maísa desolada. Ela vai perdendo as forças aos poucos e se ajoelhando no tapete. Seu namorado vai para o chão junto com ela e eles permanecem abraçados. — Por favor, diz que isso não está acontecendo — suplica nos braços de Jonas.
— Não tem como eu fazer isso — responde Jonas passando a mão pelo cabelo dela. — Mas eu estou aqui com você. Você não está sozinha.
— Meu pai não me deixaria sozinha — diz Maísa entre soluços. — Ele não faria uma coisa dessas. Não faria, Jonas. Ele não faria! Ele jamais faria o que estão dizendo que ele fez.
Um ruído escapa de Laís e Samuel, que estava tão concentrado no sofrimento de Maísa, recorda-se que ela também está ali e que a morte de Edson também a abalou profundamente, tanto que ela esteve chorando silenciosamente todo esse tempo.
Ele contorna o casal no tapete e se aproxima dela.
— Vamos lá para baixo — fala pegando nas mãos dela.
— Eu não posso deixar a Maí...
— Ela está bem agora — interrompe o rapaz. — E você também está precisando de cuidados. — Laís olha para ele com os olhos lacrimejantes. — Vem comigo.
A morena assente e se deixa ser levada por Samuel para o andar de baixo.
— Como você está se sentindo? — ele pergunta sentando no sofá com ela.
— Péssima. — Laís passa a mão pelo rosto e cabelo. — Eu não estou entendendo como isso foi acontecer, sabe?
— Cadê os seus pais?
— Eles foram com a minha tia tratar dos assuntos legais. Todo mundo está chocado, ninguém consegue acreditar que o tio Edson... ele não é o tipo de pessoa que faria isso — diz voltando a chorar.
— Não existe um tipo, Laís — comenta Samuel com delicadeza. — Não tem como saber. Ele estava passando por um momento difícil, né?
— Mesmo assim. Eu não consigo acreditar. Ninguém consegue. A minha família está desolada — fala tentando parar de chorar. — Ninguém ainda teve coragem de contar para a minha vó.
— Ela não está sabendo? É melhor avisar, né, vai que ela vai na televisão.
— Não, ainda não foi noticiado — conta Laís. — E a minha avó mora no Japão, Samuel, mesmo que saísse na tevê ela não iria ver.
— Ah, sim! Mas não fica pensando nessas coisas, tem gente para pensar nisso por você.
— É, é que eu prefiro ficar pensando nessas coisas do que ter que lidar diretamente com... com o que aconteceu. — Ela abaixa a cabeça e chora.
Samuel também fica emocionado e continua tentando consolá-la.
Alheios a todos os recentes acontecimentos, Yasmin e Victor conversam no closet dela enquanto a jovem troca a roupa que usou para dar uma volta de skate por um vestido floral. Victor observa a namorada sentado em uma poltrona e brinca com uma pelinha em sua unha.
— Te contei que eu e o Felipe brigamos por causa de uma roupa? — comenta Yasmin passando o vestido pelo pescoço.
— Não, como assim?
— Ele ficou bravo porque eu peguei uma blusa dele e não devolvi. Até te meteu no meu, sabia?
Victor sorri e franze a testa.
— Como assim?
— Falou que você também reclama que eu pego suas roupas e não devolvo.
— Ah, isso.
— É, por quê? Tem outras reclamações? — ela ri caminhando até ele.
— Nossa, tem várias — responde Victor puxando Yasmin para o seu colo. — Eu vivo reclamando de você.
— Bom saber, bom saber. — Eles riem e se beijam. Entre o beijo, Yasmin mordisca o lábio do namorado e sente a mão dele escorregar por seu corpo até sua coxa. — Você realmente não gosta que eu pegue suas roupas? — ela pergunta enquanto faz um carinho no abdômen dele.
— Não, tanto faz se você pega ou não. Deixando alguma coisa para eu vestir, está ótimo — ri o loiro dando um beijo no ombro dela. Seu rosto vai subindo e ele beija o pescoço, o maxilar e a bochecha dela. Yasmin vira o rosto e busca a boca dele. Eles voltam a se beijar e a cada segundo o beijo vai ficando mais intenso.
Seus corpos vão reagindo às carícias e eles vão se aproximando ainda mais até não haver nenhum espaço entre eles. Yasmin encaixa suas pernas no quadril do namorado enquanto beija o canto da boca dele e lambe seu queixo. As mãos de Victor apertam as coxas e nádegas da loirinha, colando ainda mais o corpo dela no seu. Sem parar de beijá-lo, Yasmin começa a levantar a camisa dele.
— Vamos lá pra cama — diz o rapaz entre o beijo.
— Aqui não está bom? — provoca Yasmin mordendo o pescoço dele. A respiração de Victor fraqueja e ele segura na nuca dela, unindo suas bocas. Eles continuam se beijando durante alguns minutos até que Yasmin levanta segurando o braço de Victor.
Ele abraça a namorada e os dois tropeçam até o armário, onde se encostam e se beijam novamente.
— Sabe por que eu pego suas roupas? — indaga a loira sentindo a mão de Victor descendo por seu pescoço.
— Por quê? — ele pergunta apertando o corpo dela.
— Porque eu gosto de te ver sem elas. — Elas riem e dão um selinho.
— Então vamos logo lá para a cama — diz Victor envolvendo a cintura dela. — Você pode fazer muito mais do que só me ver sem minhas roupas.
Na manhã seguinte, os filhos dos ex-rebeldes juntamente com Graziele, Malu e Thiago reúnem-se no centro da sala do terceiro ano A.
— Sábado está chegando, hein! — exclama Thiago dando tapinhas nas costas de Felipe.
— Já sabe o que vai pedir de presente? — pergunta Graziele sorrindo.
— Saúde, felicidade — Felipe gargalha.
— E uma noite com a grande anã — acrescenta Victor maliciosamente.
— Ele não precisa pedir isso, né — Yasmin comenta e eles riem. Enquanto gargalham, Marina olha para Vinícius e abaixa o olhar em seguida.
— Não fica assim não — sussurra Isabela no ouvido dela.
— Oi? — Marina olha para ela.
— Não precisa ficar triste, você sabe disso.
— A única coisa que eu sei é que estou odiando essa situação.
— Não precisa disso, Mari. Você sabe que você e o Vinícius sentem um negócio único um pelo outro e isso vai sobreviver ao que aconteceu.
Marina assente.
— Eu sei, é que é difícil.
— Posso imaginar. Pra mim também não está legal. Nem a minha mãe nem ele conversaram comigo ainda, por isso eu fico meio sem saber o que fazer, como agir com eles, sabe?
— Sei.
Do outro lado do grupo, Graziele percebe que Vinícius está mais quieto do que de costume.
— O que está acontecendo com você? — indaga passando um braço pelos ombros dele.
— Eu estou triste, Grazi — Vinícius responde com toda sinceridade.
A ruiva aproxima o rosto do dele e sussurra em seu ouvido:
— Tem a ver com a Marina, né? — Vinícius assente de leve e ela continua: — Percebi que vocês nem se olharam hoje. — Ele concorda novamente. — Vocês terminaram?
— A gente deu um tempo — conta Vinícius quase sussurrando.
— Mas é sério ou é tipo frescura? — indaga Graziele e eles riem.
— É sério.
Marina cutuca Isabela.
— Olha o Vinícius e a Grazi.
Isabela olha disfarçadamente na direção do irmão e volta a encarar Marina.
— O que é que tem? Eles só estão conversando.
— Eu sei, não estou com ciúmes. Estou com inveja da Graziele, porque eu não posso chegar perto dele assim — diz rindo.
— Larga de ser boba — ri Isabela.
— Está traindo a minha amizade com essa anã? — questiona Malu se intrometendo entre elas.
— Não comece você também a me chamar assim — pede Isabela.
— Jamais trairia a sua amizade — responde Marina deitando a cabeça no ombro de Malu.
— Que bom, porque agora só tenho você já que a Graziele está me traindo com o seu namorado.
— Ah, melhor nem falar nisso — brinca Marina trocando um olhar significativo com Isabela.
— Eu sei que vocês estão maus — comenta Malu para o espanto das outras duas.
— Como você sabe? — questiona Isabela com curiosidade.
— Eu sinto as coisas no ar — responde Malu rindo. — Mas vocês vão continuar juntos — diz com seriedade para Marina —, todo mundo saca o quanto vocês se gostam. E vocês são meu casal favorito! — exclama apertando Marina, que ri. Ela sente um toque em seu braço e olha para trás, enxergando Samuel.
O rapaz está usando seus óculos de grau como raramente acontece e isso não passa despercebido por seus colegas. Felipe fala acima dos amigos:
— Não sabia que você era cegueta, Samuel.
— Pois é — responde o jovem forçando um sorriso. Malu nota que algo está pesando sobre Samuel e rapidamente solta Marina e se aproxima dele.
— Está tudo bem? — pergunta só para ele ouvir.
Samuel dá um beijinho na bochecha dela.
— Eu preciso conversar com você.
— Ok, vamos lá para fora.
— Ele mal chegou e você já vai tirar ele da gente? — brinca Yasmin e Malu olha para a amiga levantando o dedo médio de uma das mãos. — Olha que desaforada!
— Te amo! — grita Malu saindo da sala com Samuel. Eles caminham até um espaço vazio do corredor e se encostam na parede. — O que foi? — pergunta a morena ficando séria.
— O pai da Maísa se matou — Samuel conta para o choque de Malu.
— Como assim, Samuel?
— Eles conseguiram abafar ao máximo, mas com certeza ainda pela manhã a notícia vai vazar.
— Mas como? Sério, não estou acreditando nisso! — exclama Malu lembrando que não viu nem Maísa nem Laís na sala.
— Ele foi encontrado enforcado no gabinete. — Malu leva as mãos à boca, horrorizada. — Eu fui para a casa da Laís ontem com o Jonas, porque a Maísa estava lá.
— Eles fizeram as pazes?
— Na verdade, eles nem lembraram que estava brigados. Ela, no caso, né?
— Também com toda essa tragédia.
— Acabou que a gente dormiu por lá, porque o Jonas não queria deixar a Maísa e ela não queria que ele fosse. Por isso que eu estou de óculos, porque eu perdi minhas lentes na casa da Laís e só passei em casa rapidão para me trocar e pegar o óculos.
— Você dirigiu sem lente, Samuel?
— Sim. — Diante do olhar de reprovação dela, ele acrescenta: — Eu não tinha outra opção.
— Tá, mas que isso não se repita. Deixa sempre um óculos no carro.
— Tudo bem.
— Mas então, eu não consigo acreditar que o pai da Maísa se matou. De verdade.
— Pois é. Não dá para acreditar, né?
— Sim. Coitado, né, ele estava tão pressionado com toda aquela investigação.
— É, não conseguiu segurar a onda.
— Que horror, meu Deus! E a Maísa?
— Ela está desolada — conta Samuel olhando para baixo. — Desolada. Eu saí de lá e ela ainda estava repetindo que ele não faria uma coisa dessas.
— Se matar?
— É. É duro pensar que o seu pai fez isso, né?
— É triste, é assustador... meu Deus!
Samuel assente e encosta a cabeça na parede, ficando pensativo. Malu também fica presa nos próprios pensamentos, até que pergunta:
— E a nossa viagem amanhã está de pé?
— Sim, claro. — Samuel passa a mão no cabelo, tentando afastar o assunto de Edson para poder tratar da própria vida. — Eu tenho que fazer o vestibular, né?
— Sim. E eu vou te acompanhar. — Ela se aproxima mais dele e beija seu ombro.
— A gente precisa ter uma conversa depois.
Malu ergue a cabeça para olhar nos olhos dele.
— Que conversa?
— É que essa parada toda do pai da Maísa me fez pensar no Elias.
— Ah, entendi.
— Pois é, agora eu não quero ficar pensando nisso porque eu tenho que focar na minha prova.
— Com certeza, não perde o foco. A gente vai passar o final de semana lá no Rio Grande do Sul, a gente conversa melhor lá. Só nós dois.
— Sim, vai ser melhor. — Eles se abraçam e se beijam.
— Você fica lindo de óculos também, tá?
Samuel dá um leve sorriso.
— Obrigado — responde abraçando ela com mais força.
Quando eles saem para o intervalo, a maioria dos jovens encaminham-se para a lanchonete. Como de costume, Vinícius vai fazer os pedidos do grupo.
— Será que eu vou lá? — Marina pergunta para Isabela.
— Vai, aproveita que vocês estão em público que ele não vai surtar — brinca a menor e elas riem.
— Cala a boca.
— Falando sério agora, vai, fala logo. É melhor assim.
— Ok! — Marina empurra sua cadeira e levanta da mesa. Ela caminha até o balcão, onde Vinícius está apoiado. — Vinícius — chama parando ao lado dele.
— Oi.
— Eu quero falar com você.
— Mari, você disse que ia respeitar o meu tempo.
— Eu vou, mas é que eu realmente preciso falar com você.
Vinícius respira fundo e assente.
— Tudo bem.
— Aqui não é o melhor lugar para a gente conversar, mas é melhor assim, pra manter as coisas mais... distantes.
— É.
— Então — Marina segura as próprias mãos —, eu conversei com os meus pais, pedi uns conselhos para Isabela e eu decidi... decidi passar uns dias nos Estados Unidos.
Vinícius olha diretamente para ela.
— É sério?
— Sim. Acho que vai ser melhor para nós dois.
— Ok, faz o que você se sinta melhor.
— Uhum. — Eles ficam em silêncio, cada um olhando para um canto. — Eu vou depois do aniversário do Felipe e volto para o meu.
— Entendi.
— E isso não muda nada, tá?
— Como assim? — pergunta Vinícius olhando novamente para ela.
— A gente, o nosso namoro.
— Não vai mudar. Pelo menos da minha parte, você pode ter certeza de que nada vai mudar.
— Da minha também não — rebate Marina e ele lança um olhar de descrença para ela. Os dois ficam se encarando e acabam sorrindo. Eles desviam o olhar em seguida e voltam a ficar em silêncio. — Então — continua Marina com seriedade —, eu vou para lá, mas o meu coração vai continuar aqui.
— Não precisa ser assim. Aproveita lá, você vai rever seus amigos, sua cidade que tanto ama.
— Você entendeu o sentido que eu quis dizer.
Vinícius assente.
— Sim. Eu só quero você aproveite lá e não fique pensando nas coisas aqui. De verdade.
Inconscientemente, Marina ergue um braço para acariciar o cabelo do namorado, porém percebe o que vai fazer e coça a nuca para disfarçar.
— Eu vou aproveitar, mas o que eu estou querendo deixar claro é que não vai acontecer nada que eu me arrependa depois, entendeu?
— Eu já entendi que você não vai ficar com o Brian, amor. — Os dois ficam inquietos quando ouvem a última palavra dele e tentam disfarçar.
— Que bom, porque era isso que eu queria dizer. A gente pode ter dado um tempo, mas ainda continuamos juntos. Eu não vou fazer nada lá e espero que você não faça nada aqui.
— Você sabe que eu não vou fazer nada.
— Sei, só queria garantir mesmo. — Eles sorriem de leve mais uma vez e Marina dá um tapinha no balcão, falando: — Ok, isso já foi esquisito o suficiente e eu acho que não consigo mais ficar tão perto de você sem poder te tocar, en...
— Você pode me tocar — interrompe Vinícius sorrindo. Ele estica o braço na direção dela, ainda sorrindo com divertimento. Marina arregala os olhos, fingindo espanto, e toca com o indicador o braço dele. — Viu?
— Uau! — Eles gargalham. — Ok, chega. Tchau!
— Já que você está aqui, aproveita para me ajudar a levar as coisas lá para mesa. O pedido já está chegando, olha — fala vendo a funcionária se aproximar.
O casal pega os pedidos e retorna junto para a mesa.
— Olha quem está de volta, Brasil! — exclama Yasmin sorrindo. Embora não saiba com detalhes o motivo do tempo, percebeu o afastamento deles assim como os demais. — Se reconciliaram?
Marina nega com a cabeça enquanto Vinícius distribui os pedidos, fingindo não ter ouvido o comentário da amiga. Quando termina, ele senta entre Isabela e Victor.
— Você também vai para os Estados Unidos? — pergunta para o loiro.
— Eu não. Só para ter uma prévia do que vai acontecer ano que vem? Eu e a Yasmin não precisamos disso.
Vinícius assente e fica pensando nas palavras de Victor o resto da manhã.
— É, isso foi muito para ele, mas ele vai ficar bem. Vocês vão ficar bem.
— Está doendo — chora Marina escondendo o rosto no travesseiro. — Falando nele, ele não está em casa, né?
— Não, ele foi conversar com o meu pai.
— Ai meu Deus! Espero que eles não briguem também.
— Fica calma — tranquiliza Isabela. — O meu pai e o Vinícius sempre se entenderam muito bem.
— Espero que isso não mude agora.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta Chay ao receber o filho em seu apartamento. — Você aparecer aqui essa hora sem avisar.
— Eu já estou sabendo o que vocês fizeram — conta Vinícius parando em frente ao sofá.
— A Marina te contou?
— Sim. Por que vocês fizeram isso comigo, pai?
— Calma, Vinícius — pede Chay acomodando-se no sofá. — Senta aqui.
— Estou bem em pé. Só quero entender por que vocês esconderam tudo isso de mim.
— Porque se a gente te contasse você não concordaria — Chay fala com simplicidade.
— É difícil para vocês respeitarem a minha decisão?
— Quando fica claro que você não está tomando o caminho certo, sim.
— O senhor já parou para pensar que talvez a gente tenha concepções diferentes do que é certo?
— Sim, por isso eu tentei conversar com você tantas vezes, para te fazer enxergar — diz Chay com calma.
— A vida é minha! — exclama Vinícius com a voz alterada. — Minha, pai. Vocês não têm o direito de intervir e manipular nada.
— Foi pelo seu bem, Vinícius. Um dia você vai ver isso.
— A única coisa que eu consigo ver é o quanto vocês manipularam a minha vida — responde o jovem com lágrimas nos olhos. — Vocês não tinham esse direito. — Ele senta no sofá e abaixa a cabeça. — Vocês não podiam ter feito isso.
Vinícius começa a chorar, deixando Chay com o coração apertado. Eles ficam em silêncio e o choro de angústia do jovem ecoa pelo apartamento.
— Em momento algum a gente quis que você se sentisse mal, filho — Chay fala quase em um sussurro.
— Pois é exatamente assim que eu me sinto agora.
— Se você não quer ir de forma alguma, é só cancelar a matrícula. Você sabe disso.
— O problema não é esse — soluça Vinícius. — Vocês traíram a minha confiança. Eu não consigo acreditar que vocês agiram por mim. Vocês mexerem em um ponto que só dizia respeito a mim. Era a minha decisão! E veio das pessoas que mais confiava na vida.
— Você sabe que pode continuar confiando em nós, Vinícius — fala Chay colocando uma mão no joelho do filho. — Nós somos as pessoas que mais te amam.
— A minha mãe sabia disso? — pergunta Vinícius enxugando o nariz com as costas da mão.
— Não, ela não participou de nada. — Vinícius assente e tenta controlar a emoção. — Eu sinto muito que você esteja se sentindo magoado, mas eu só fiz o que achava e continuo achando certo. Sei que o caminho até isso não foi correto, nós realmente não deveríamos ter invadido e manipulado a sua vida dessa forma, mas foi o necessário. Eu nunca quis que você fosse ferido.
Vinícius continua com a cabeça baixa, o choro mais controlado.
— Eu e a Marina demos um tempo — conta após umedecer os lábios.
— Vinícius — lamenta-se Chay.
— Não tem como ignorar o que aconteceu e continuar normalmente.
— Eu estive do lado da Marina todo o momento. Eu nunca vi aquela menina tão determinada, isso só prova o quanto ela se importa com o seu futuro.
— Não interessa quais foram as intenções. Está doendo muito e não vai ser fácil esquecer o que vocês fizeram.
— Eu sei, só quero que você tenha consciência de que foi visando o melhor para você. Não sou do tipo que justifica erros com sentimentos, mas o que nós fizemos foi por amor a você.
Vinícius enxuga mais uma vez o rosto e seca as mãos na calça jeans antes de levantar.
— Eu já falei tudo o que tinha a dizer, agora eu vou embora.
— Você não quer dormir aqui? — oferece Chay ficando em pé.
— Amanhã eu tenho aula.
— O Evaldo pode vir te buscar mais cedo.
— Eu não quero dormir aqui — Vinícius responde com franqueza.
Chay assente.
— Tudo bem. Vai para casa, pensa em tudo e não se esqueça que nós te amamos.
— Tá.
Pela primeira vez, Vinícius não se despede do pai com um abraço e um beijo. Ele passa direto por Chay e sai do apartamento sem dizer mais nada.
Mesmo bastante surpreso, Samuel busca acalmar Jonas no caminho para a casa de Maísa. Ele dirige seu fusca o mais rápido que o veículo permite e não demora muito eles chegam ao casarão que a jovem até então dividia com Lorena e Edson.
O fusca mal para e Jonas pula na calçada e começa a tocar o interfone. Seu dedo aperta o botão diversas vezes, porém não recebe resposta.
Samuel desce do carro e se aproxima do amigo, dizendo:
— Elas não devem estar em casa.
— Mas não é possível que não tenha ninguém para atender a gente — rebate Jonas nervoso. — E os funcionários?
— Vai ver eles não tem autorização para atender.
— E agora? — Jonas olha para ele.
— Eu não sei.
— Merda! Merda, merda, merda! — esbraveja o namorado de Maísa dando chutes no portão de madeira.
— Tive uma ideia — fala Samuel tirando o celular do bolso. Com rapidez, ele procura o telefone de Laís no grupo da sala no Whatsapp e liga para ela.
— Alô — atende Laís e de imediato Samuel nota que ela esteve chorando.
— Laís, é o Samuel. Eu já sei o que aconteceu com o seu tio.
— Não quero falar sobre isso agora, Samuel — responde Laís começando a chorar.
— Espera, não desliga! — pede o rapaz. — Eu e o Jonas estamos em frente à casa da Maísa. Você sabe onde ele pode encontrar ela? — A ligação fica muda. — Laís? — chama Samuel.
— Fala para ele vir aqui na minha casa — diz a garota tentando lutar contra o choro. — A Maísa está aqui e... a gente está precisando de apoio. Vai ser bom para ela ter o Jonas aqui.
Samuel fica perplexo com as palavras de Laís, já que ela sempre deixou claro ser contra o relacionamento da prima com seu melhor amigo.
— Estamos indo para aí — responde e desliga. — A Maísa está na casa da Laís — informa à Jonas. — Vamos pra lá.
— Vamos! — Jonas rapidamente entra no carro e eles partem.
Após o jantar, Bernardo, Anelise e os amigos dele bebem vinho espalhados pelo sofá, poltronas e tapetes. Os donos da casa estão sentados em cantos opostos e não trocam sequer olhares. Em determinado momento, o assunto se torna o desemprego coletivo deles.
— O bom é que agora eu tenho mais tempo para a família — brinca uma pediatra.
— Que família, Cláudia? Você mora sozinha aqui no Rio — ri Gabriel.
— Francisca, minha cachorrinha, não conta? — Eles riem.
— Como você está se mantendo? — pergunta a namorada de Gabriel com curiosidade.
— Com o seguro desemprego.
Entre Bernardo e Gabriel no sofá, Maristela fala:
— Acho que todo mundo aqui está no mesmo barco, né?
— Menos o Bernardo, né? — comenta Gabriel rindo.
Bernardo toma um gole de vinho e pergunta:
— Ué, por quê?
— Porque você é casado com a Anelise, né? Mesmo desempregado vai continuar vivendo no bem e bom.
Eles riem e Anelise olha demoradamente para sua taça para não ter que encarar os convidados.
— Não é bem assim — responde Bernardo forçando um sorriso.
— Ah, não? A gente está bebendo vinho depois do jantar, cara.
— Nem quando eu trabalhava isso acontecia lá em casa — brinca Maristela e eles gargalham.
Quem também divide uma garrafa de vinho é Arthur. Ele e Lua conversam e riem na sala quando Marina chega da mansão de Mel.
— Mãe, pai — fala a jovem parando na frente deles. — Eu quero ir para os Estados Unidos.
Arthur e Lua trocam um olhar confuso e ela indaga:
— Do que você está falando, filha?
— Eu quero ir passar a semana que vem em Nova York.
— Como assim, Marina? — pergunta Arthur ainda sem compreender. — De onde veio essa ideia da noite para o dia?
— Eu estive conversando com a Isabela e cheguei a conclusão que é a melhor coisa que eu posso fazer agora. E eu quero isso. Quero muito.
— Marina, você não está falando coisa com coisa — Lua observa. — O que aconteceu? Estou vendo que você andou chorando.
Marina senta na mesinha de centro e cruza as pernas.
— Eu contei para o Vinícius que matriculei ele na Ferrandi e ele quis um tempo.
— Um tempo para pensar? — supõe Lua.
— Um tempo no nosso namoro — responde Marina controlando a vontade de chorar.
— Sério, filha? — A jovem assente, seu queixo começando a tremer.
— É só um tempo — pondera Arthur —, não é um término.
— É, mas eu sei que foi sério. O Vinícius não é do tipo que pede um tempo por qualquer coisa.
— Mas vocês já deram um tempo antes.
— Só que fui que pedi. Enfim, gente, eu acho que vai ser melhor para todo mundo eu ir. Vou aproveitar para rever meus amigos, a minha cidade e dar uma espairecida.
— E o colégio, Marina? — pergunta Lua.
— Nós já estamos no final do semestre, já fizemos todas as provas. E é só uma semana, mãe! Vou logo depois do aniversário do Felipe e volto antes do meu.
Lua fica pensativa e Arthur diz:
— Não me parece de todo mal.
— Não é! Por favor, deixem.
— Vamos pensar, Marina — responde Lua. — Vamos pensar.
A jovem assente e fica em pé.
— Por favor, eu preciso ficar um pouco longe de tudo isso. — Ela caminha para o andar de cima.
— Lembra que ela precisa do seu apoio agora. Não surta — aconselha Samuel parado na varanda do casarão dos pais de Laís com Jonas.
— Eu não vou surtar — garante Jonas enquanto espera abrirem a porta para eles.
— É que você parece muito assustado, cara — Samuel observa.
— Não era para eu estar?
Samuel não chega a responder, pois a empregada abre a porta.
— Podem entrar — diz a moça e os amigos adentram no casarão.
Jonas fica desapontado quando encontra a sala completamente vazia e com as luzes apagadas.
— Cadê elas? — questiona começando a achar que elas não estão no local.
— Calma, Jonas — pede Samuel e a funcionária responde:
— Elas estão lá em cima no...
— Tá bom.
Jonas não espera ela terminar e sobe às pressas a escada. Quando chega no corredor, fica sem saber para onde ir já que há várias portas para todos os lados e não existe um sequer ruído que indique aonde elas estão.
— O quarto da Laís é ali — diz Samuel chegando atrás dele. O jovem terminou de ouvir a empregada e leva Jonas até o quarto da prima de sua namorada. — Lembra que ela está precisando de apoio — fala parando diante da porta.
— Tá — responde Jonas girando a maçaneta.
Mesmo sendo muitos centímetros maior que a prima, Maísa parece bem menor que ela encolhida na cama entre os cobertores e travesseiros. Ao ouvir o barulho da porta, a loira ergue a cabeça e encara Jonas. No instante em que vê o namorado, Maísa começa a chorar ainda mais e joga os cobertores para o lado, pulando da cama. Ela se lança com tanta força contra Jonas que ele dá um passo para trás, esbarrando em Samuel.
— Ele não faria isso! Ele não faria isso! — repete aos prantos.
Jonas envolve a cintura dela com firmeza.
— Eu sei, calma — fala em seu ouvido.
— Ele não faria, não faria. Ele não faria, Jonas! — exclama Maísa desolada. Ela vai perdendo as forças aos poucos e se ajoelhando no tapete. Seu namorado vai para o chão junto com ela e eles permanecem abraçados. — Por favor, diz que isso não está acontecendo — suplica nos braços de Jonas.
— Não tem como eu fazer isso — responde Jonas passando a mão pelo cabelo dela. — Mas eu estou aqui com você. Você não está sozinha.
— Meu pai não me deixaria sozinha — diz Maísa entre soluços. — Ele não faria uma coisa dessas. Não faria, Jonas. Ele não faria! Ele jamais faria o que estão dizendo que ele fez.
Um ruído escapa de Laís e Samuel, que estava tão concentrado no sofrimento de Maísa, recorda-se que ela também está ali e que a morte de Edson também a abalou profundamente, tanto que ela esteve chorando silenciosamente todo esse tempo.
Ele contorna o casal no tapete e se aproxima dela.
— Vamos lá para baixo — fala pegando nas mãos dela.
— Eu não posso deixar a Maí...
— Ela está bem agora — interrompe o rapaz. — E você também está precisando de cuidados. — Laís olha para ele com os olhos lacrimejantes. — Vem comigo.
A morena assente e se deixa ser levada por Samuel para o andar de baixo.
— Como você está se sentindo? — ele pergunta sentando no sofá com ela.
— Péssima. — Laís passa a mão pelo rosto e cabelo. — Eu não estou entendendo como isso foi acontecer, sabe?
— Cadê os seus pais?
— Eles foram com a minha tia tratar dos assuntos legais. Todo mundo está chocado, ninguém consegue acreditar que o tio Edson... ele não é o tipo de pessoa que faria isso — diz voltando a chorar.
— Não existe um tipo, Laís — comenta Samuel com delicadeza. — Não tem como saber. Ele estava passando por um momento difícil, né?
— Mesmo assim. Eu não consigo acreditar. Ninguém consegue. A minha família está desolada — fala tentando parar de chorar. — Ninguém ainda teve coragem de contar para a minha vó.
— Ela não está sabendo? É melhor avisar, né, vai que ela vai na televisão.
— Não, ainda não foi noticiado — conta Laís. — E a minha avó mora no Japão, Samuel, mesmo que saísse na tevê ela não iria ver.
— Ah, sim! Mas não fica pensando nessas coisas, tem gente para pensar nisso por você.
— É, é que eu prefiro ficar pensando nessas coisas do que ter que lidar diretamente com... com o que aconteceu. — Ela abaixa a cabeça e chora.
Samuel também fica emocionado e continua tentando consolá-la.
Alheios a todos os recentes acontecimentos, Yasmin e Victor conversam no closet dela enquanto a jovem troca a roupa que usou para dar uma volta de skate por um vestido floral. Victor observa a namorada sentado em uma poltrona e brinca com uma pelinha em sua unha.
— Te contei que eu e o Felipe brigamos por causa de uma roupa? — comenta Yasmin passando o vestido pelo pescoço.
— Não, como assim?
— Ele ficou bravo porque eu peguei uma blusa dele e não devolvi. Até te meteu no meu, sabia?
Victor sorri e franze a testa.
— Como assim?
— Falou que você também reclama que eu pego suas roupas e não devolvo.
— Ah, isso.
— É, por quê? Tem outras reclamações? — ela ri caminhando até ele.
— Nossa, tem várias — responde Victor puxando Yasmin para o seu colo. — Eu vivo reclamando de você.
— Bom saber, bom saber. — Eles riem e se beijam. Entre o beijo, Yasmin mordisca o lábio do namorado e sente a mão dele escorregar por seu corpo até sua coxa. — Você realmente não gosta que eu pegue suas roupas? — ela pergunta enquanto faz um carinho no abdômen dele.
— Não, tanto faz se você pega ou não. Deixando alguma coisa para eu vestir, está ótimo — ri o loiro dando um beijo no ombro dela. Seu rosto vai subindo e ele beija o pescoço, o maxilar e a bochecha dela. Yasmin vira o rosto e busca a boca dele. Eles voltam a se beijar e a cada segundo o beijo vai ficando mais intenso.
Seus corpos vão reagindo às carícias e eles vão se aproximando ainda mais até não haver nenhum espaço entre eles. Yasmin encaixa suas pernas no quadril do namorado enquanto beija o canto da boca dele e lambe seu queixo. As mãos de Victor apertam as coxas e nádegas da loirinha, colando ainda mais o corpo dela no seu. Sem parar de beijá-lo, Yasmin começa a levantar a camisa dele.
— Vamos lá pra cama — diz o rapaz entre o beijo.
— Aqui não está bom? — provoca Yasmin mordendo o pescoço dele. A respiração de Victor fraqueja e ele segura na nuca dela, unindo suas bocas. Eles continuam se beijando durante alguns minutos até que Yasmin levanta segurando o braço de Victor.
Ele abraça a namorada e os dois tropeçam até o armário, onde se encostam e se beijam novamente.
— Sabe por que eu pego suas roupas? — indaga a loira sentindo a mão de Victor descendo por seu pescoço.
— Por quê? — ele pergunta apertando o corpo dela.
— Porque eu gosto de te ver sem elas. — Elas riem e dão um selinho.
— Então vamos logo lá para a cama — diz Victor envolvendo a cintura dela. — Você pode fazer muito mais do que só me ver sem minhas roupas.
Na manhã seguinte, os filhos dos ex-rebeldes juntamente com Graziele, Malu e Thiago reúnem-se no centro da sala do terceiro ano A.
— Sábado está chegando, hein! — exclama Thiago dando tapinhas nas costas de Felipe.
— Já sabe o que vai pedir de presente? — pergunta Graziele sorrindo.
— Saúde, felicidade — Felipe gargalha.
— E uma noite com a grande anã — acrescenta Victor maliciosamente.
— Ele não precisa pedir isso, né — Yasmin comenta e eles riem. Enquanto gargalham, Marina olha para Vinícius e abaixa o olhar em seguida.
— Não fica assim não — sussurra Isabela no ouvido dela.
— Oi? — Marina olha para ela.
— Não precisa ficar triste, você sabe disso.
— A única coisa que eu sei é que estou odiando essa situação.
— Não precisa disso, Mari. Você sabe que você e o Vinícius sentem um negócio único um pelo outro e isso vai sobreviver ao que aconteceu.
Marina assente.
— Eu sei, é que é difícil.
— Posso imaginar. Pra mim também não está legal. Nem a minha mãe nem ele conversaram comigo ainda, por isso eu fico meio sem saber o que fazer, como agir com eles, sabe?
— Sei.
Do outro lado do grupo, Graziele percebe que Vinícius está mais quieto do que de costume.
— O que está acontecendo com você? — indaga passando um braço pelos ombros dele.
— Eu estou triste, Grazi — Vinícius responde com toda sinceridade.
A ruiva aproxima o rosto do dele e sussurra em seu ouvido:
— Tem a ver com a Marina, né? — Vinícius assente de leve e ela continua: — Percebi que vocês nem se olharam hoje. — Ele concorda novamente. — Vocês terminaram?
— A gente deu um tempo — conta Vinícius quase sussurrando.
— Mas é sério ou é tipo frescura? — indaga Graziele e eles riem.
— É sério.
Marina cutuca Isabela.
— Olha o Vinícius e a Grazi.
Isabela olha disfarçadamente na direção do irmão e volta a encarar Marina.
— O que é que tem? Eles só estão conversando.
— Eu sei, não estou com ciúmes. Estou com inveja da Graziele, porque eu não posso chegar perto dele assim — diz rindo.
— Larga de ser boba — ri Isabela.
— Está traindo a minha amizade com essa anã? — questiona Malu se intrometendo entre elas.
— Não comece você também a me chamar assim — pede Isabela.
— Jamais trairia a sua amizade — responde Marina deitando a cabeça no ombro de Malu.
— Que bom, porque agora só tenho você já que a Graziele está me traindo com o seu namorado.
— Ah, melhor nem falar nisso — brinca Marina trocando um olhar significativo com Isabela.
— Eu sei que vocês estão maus — comenta Malu para o espanto das outras duas.
— Como você sabe? — questiona Isabela com curiosidade.
— Eu sinto as coisas no ar — responde Malu rindo. — Mas vocês vão continuar juntos — diz com seriedade para Marina —, todo mundo saca o quanto vocês se gostam. E vocês são meu casal favorito! — exclama apertando Marina, que ri. Ela sente um toque em seu braço e olha para trás, enxergando Samuel.
O rapaz está usando seus óculos de grau como raramente acontece e isso não passa despercebido por seus colegas. Felipe fala acima dos amigos:
— Não sabia que você era cegueta, Samuel.
— Pois é — responde o jovem forçando um sorriso. Malu nota que algo está pesando sobre Samuel e rapidamente solta Marina e se aproxima dele.
— Está tudo bem? — pergunta só para ele ouvir.
Samuel dá um beijinho na bochecha dela.
— Eu preciso conversar com você.
— Ok, vamos lá para fora.
— Ele mal chegou e você já vai tirar ele da gente? — brinca Yasmin e Malu olha para a amiga levantando o dedo médio de uma das mãos. — Olha que desaforada!
— Te amo! — grita Malu saindo da sala com Samuel. Eles caminham até um espaço vazio do corredor e se encostam na parede. — O que foi? — pergunta a morena ficando séria.
— O pai da Maísa se matou — Samuel conta para o choque de Malu.
— Como assim, Samuel?
— Eles conseguiram abafar ao máximo, mas com certeza ainda pela manhã a notícia vai vazar.
— Mas como? Sério, não estou acreditando nisso! — exclama Malu lembrando que não viu nem Maísa nem Laís na sala.
— Ele foi encontrado enforcado no gabinete. — Malu leva as mãos à boca, horrorizada. — Eu fui para a casa da Laís ontem com o Jonas, porque a Maísa estava lá.
— Eles fizeram as pazes?
— Na verdade, eles nem lembraram que estava brigados. Ela, no caso, né?
— Também com toda essa tragédia.
— Acabou que a gente dormiu por lá, porque o Jonas não queria deixar a Maísa e ela não queria que ele fosse. Por isso que eu estou de óculos, porque eu perdi minhas lentes na casa da Laís e só passei em casa rapidão para me trocar e pegar o óculos.
— Você dirigiu sem lente, Samuel?
— Sim. — Diante do olhar de reprovação dela, ele acrescenta: — Eu não tinha outra opção.
— Tá, mas que isso não se repita. Deixa sempre um óculos no carro.
— Tudo bem.
— Mas então, eu não consigo acreditar que o pai da Maísa se matou. De verdade.
— Pois é. Não dá para acreditar, né?
— Sim. Coitado, né, ele estava tão pressionado com toda aquela investigação.
— É, não conseguiu segurar a onda.
— Que horror, meu Deus! E a Maísa?
— Ela está desolada — conta Samuel olhando para baixo. — Desolada. Eu saí de lá e ela ainda estava repetindo que ele não faria uma coisa dessas.
— Se matar?
— É. É duro pensar que o seu pai fez isso, né?
— É triste, é assustador... meu Deus!
Samuel assente e encosta a cabeça na parede, ficando pensativo. Malu também fica presa nos próprios pensamentos, até que pergunta:
— E a nossa viagem amanhã está de pé?
— Sim, claro. — Samuel passa a mão no cabelo, tentando afastar o assunto de Edson para poder tratar da própria vida. — Eu tenho que fazer o vestibular, né?
— Sim. E eu vou te acompanhar. — Ela se aproxima mais dele e beija seu ombro.
— A gente precisa ter uma conversa depois.
Malu ergue a cabeça para olhar nos olhos dele.
— Que conversa?
— É que essa parada toda do pai da Maísa me fez pensar no Elias.
— Ah, entendi.
— Pois é, agora eu não quero ficar pensando nisso porque eu tenho que focar na minha prova.
— Com certeza, não perde o foco. A gente vai passar o final de semana lá no Rio Grande do Sul, a gente conversa melhor lá. Só nós dois.
— Sim, vai ser melhor. — Eles se abraçam e se beijam.
— Você fica lindo de óculos também, tá?
Samuel dá um leve sorriso.
— Obrigado — responde abraçando ela com mais força.
Quando eles saem para o intervalo, a maioria dos jovens encaminham-se para a lanchonete. Como de costume, Vinícius vai fazer os pedidos do grupo.
— Será que eu vou lá? — Marina pergunta para Isabela.
— Vai, aproveita que vocês estão em público que ele não vai surtar — brinca a menor e elas riem.
— Cala a boca.
— Falando sério agora, vai, fala logo. É melhor assim.
— Ok! — Marina empurra sua cadeira e levanta da mesa. Ela caminha até o balcão, onde Vinícius está apoiado. — Vinícius — chama parando ao lado dele.
— Oi.
— Eu quero falar com você.
— Mari, você disse que ia respeitar o meu tempo.
— Eu vou, mas é que eu realmente preciso falar com você.
Vinícius respira fundo e assente.
— Tudo bem.
— Aqui não é o melhor lugar para a gente conversar, mas é melhor assim, pra manter as coisas mais... distantes.
— É.
— Então — Marina segura as próprias mãos —, eu conversei com os meus pais, pedi uns conselhos para Isabela e eu decidi... decidi passar uns dias nos Estados Unidos.
Vinícius olha diretamente para ela.
— É sério?
— Sim. Acho que vai ser melhor para nós dois.
— Ok, faz o que você se sinta melhor.
— Uhum. — Eles ficam em silêncio, cada um olhando para um canto. — Eu vou depois do aniversário do Felipe e volto para o meu.
— Entendi.
— E isso não muda nada, tá?
— Como assim? — pergunta Vinícius olhando novamente para ela.
— A gente, o nosso namoro.
— Não vai mudar. Pelo menos da minha parte, você pode ter certeza de que nada vai mudar.
— Da minha também não — rebate Marina e ele lança um olhar de descrença para ela. Os dois ficam se encarando e acabam sorrindo. Eles desviam o olhar em seguida e voltam a ficar em silêncio. — Então — continua Marina com seriedade —, eu vou para lá, mas o meu coração vai continuar aqui.
— Não precisa ser assim. Aproveita lá, você vai rever seus amigos, sua cidade que tanto ama.
— Você entendeu o sentido que eu quis dizer.
Vinícius assente.
— Sim. Eu só quero você aproveite lá e não fique pensando nas coisas aqui. De verdade.
Inconscientemente, Marina ergue um braço para acariciar o cabelo do namorado, porém percebe o que vai fazer e coça a nuca para disfarçar.
— Eu vou aproveitar, mas o que eu estou querendo deixar claro é que não vai acontecer nada que eu me arrependa depois, entendeu?
— Eu já entendi que você não vai ficar com o Brian, amor. — Os dois ficam inquietos quando ouvem a última palavra dele e tentam disfarçar.
— Que bom, porque era isso que eu queria dizer. A gente pode ter dado um tempo, mas ainda continuamos juntos. Eu não vou fazer nada lá e espero que você não faça nada aqui.
— Você sabe que eu não vou fazer nada.
— Sei, só queria garantir mesmo. — Eles sorriem de leve mais uma vez e Marina dá um tapinha no balcão, falando: — Ok, isso já foi esquisito o suficiente e eu acho que não consigo mais ficar tão perto de você sem poder te tocar, en...
— Você pode me tocar — interrompe Vinícius sorrindo. Ele estica o braço na direção dela, ainda sorrindo com divertimento. Marina arregala os olhos, fingindo espanto, e toca com o indicador o braço dele. — Viu?
— Uau! — Eles gargalham. — Ok, chega. Tchau!
— Já que você está aqui, aproveita para me ajudar a levar as coisas lá para mesa. O pedido já está chegando, olha — fala vendo a funcionária se aproximar.
O casal pega os pedidos e retorna junto para a mesa.
— Olha quem está de volta, Brasil! — exclama Yasmin sorrindo. Embora não saiba com detalhes o motivo do tempo, percebeu o afastamento deles assim como os demais. — Se reconciliaram?
Marina nega com a cabeça enquanto Vinícius distribui os pedidos, fingindo não ter ouvido o comentário da amiga. Quando termina, ele senta entre Isabela e Victor.
— Você também vai para os Estados Unidos? — pergunta para o loiro.
— Eu não. Só para ter uma prévia do que vai acontecer ano que vem? Eu e a Yasmin não precisamos disso.
Vinícius assente e fica pensando nas palavras de Victor o resto da manhã.
QUE CAPÍTULO MARAVILHOSO!
ResponderExcluirTô muito triste pela Maísa, quero muito ler mais sobre a morte do pai dela, mas coitada. Ainda bem que o Jonas tá do lado dela;
Marina e Vinícius separados é um tiro no meu coração... Estou muuuuito ansiosa para essa viagem dela pros Estados Unidos;
Sinto que o casamento da Ane e do Bernardo está fraquejando, espero que seja "apenas" uma crise;
E essa viagem do Samuel e da Malu, hein? QUERO MUITO
Ameiii quero que o Vinicius e a Marina volte eles são um dos meu casais preferidos (primeiro vem YasVic)
ResponderExcluirCaraaaa! Que capítulo foi esse?? Amei!!
ResponderExcluirQue triste isso que aconteceu com a Maísa, né? Não vou muito com a cara dela não, (só de birra mesmo)mas perder um pai deve ser horrível! Credo...
Ainda não me convenci que ele se matou. Não sei por que, mas meu instinto tá apitando. Continuarei esperando pra ver se é isso mesmo e eu estou certa ou se eu sou teimosa demais.
Tadinha da Marina, gente. Também não sou muito fã dela e nem dela com o Vinicius,(já que ele e a Yas seria muito melhor, novamente falando)mas foi triste ler como ela tá sofrendo. Achei uma boa ideia ela ir pra New York, rever os friends, exercitar o inglês e dar uma esparecida, acho que vai ser bom pra ela sim. Só não vale dar cagada e trair o Vini,(e vice-versa, já que vale pra ele também.)essa situ já tá muito enrolada pra foder com ela mais ainda.
Essa treta do Bernardo e da Ane até tem coerência, então não vou ficar implicando com os dois(por hoje, hahaha).
E essa viagem dos meus bolinhos?! Ai, vai ser mara! Suuper mara! Espero que tudo dê certo pro Sam lá na prova e que ele possa espairecer lá, porque tá osso pra ele também.
Sobre ele se sentir mexido em relação ao Elias... melhor eu comentar quando os próximos caps vierem, porque as teorias estão rolando soltas na minha cabeça e eu não quero falar baboseiras.
Enfim,novamente, ótimo cap! Bj <3
Quando vai postar o próximo??
ResponderExcluirTa perfeitoo ❤
ResponderExcluirContinua 😍😍
Scrr, Quando vai postar? To morrendo de saudades ja.
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