Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 355: Marina decide matricular Vinícius sem ele saber


Na manhã de sábado, Graziele parte para a casa de Malu assim que acorda. A ruiva, sentada na tampa do vaso sanitário, conversa com sua melhor amiga que toma banho dentro do box de vidro.
   — Eu fiquei passada quando vi sobre o desaparecimento no jornal.
   — Imagina eu? — comenta Malu passando shampoo no cabelo.
   — E como o Samuel está?
   — Por incrível que pareça, ele está tranquilo.
   — Tranquilo?
   — É.
   — Nossa, a última coisa que eu ficaria com o meu pai desaparecido é tranquila.
   — Mas o Elias não é o Henrique, né Grazi? — retorque Malu enxaguando o cabelo.
   — Eu sei, mas mesmo assim. Pai é pai, né?
   — Sinceramente? O único vínculo que o Samuel tem com o Elias é sanguíneo.
   — Ai, eu não consigo acreditar nisso. Sei que o Elias foi um péssimo pai e tal, mas ele criou o Samuel, né? Não é possível que, de uma hora para outra, o Samuel passou a não sentir mais nada por ele.
   — Mas ele sente algo pelo Elias — diz Malu fechando o chuveiro para passar condicionador. — Ódio.
As duas riem e Graziele levanta do vaso, indo até a pia.
   — Só você mesmo pra fazer piada uma hora dessas — diz passando a mão pelo cabelo ruivo.
   — Eu estou tentando deixar as coisas mais leves. Eu estou muito tensa, sabe? — comenta a morena massageando os próprios ombros.
   — Quem diria, você preocupada com o Elias.
   — Não é só isso. Eu estou preocupada com o Samuel também. Esse comportamento desligado dele não é normal.
   — O Samuel não é normal, né Malu.
   — Eu sei, mas isso é passar do ponto. Ontem eu cheguei a cogitar que ele pode ter alguma ligação com esse desaparecimento do Elias, você acredita?
   — Não! — exclama Graziele. — Claro que o Samuel não faria uma coisa dessas.
   — Eu não ficaria surpresa. Você tem que ver as coisas que ele fala do Elias. 
   — Mesmo assim, uma coisa é falar, outra bem diferente é fazer. O Samuel não faria isso.
   — Você não conhece ele.
   — E você parece que não também. Onda já se viu desconfiar dele? O filho mais provável de fazer uma coisa dessas é o Ben, não o Samuel.
   — O Ben não faria isso.
   — Você coloca a mão no fogo por ele?
   — Não é questão de colocar a mão no fogo — Malu esquiva-se da resposta enquanto desliga o chuveiro após terminar o banho. — Eu estava com o Ben quando ele ficou sabendo. Ele me pareceu bem surpreso!
   — Ele pode ser um bom mentiroso.
   — Não — Malu alcança a toalha e se enrola nela —, o Ben não foi.
Graziele cruza os braços e comenta:
   — Você já reparou que sempre sai em defesa do Ben e não do Samuel?
   — Não viaja, Grazi — pede a morena passando por ela para sair do banheiro.
   — É sério — rebate Graziele seguindo a amiga. — Lá na festa de Halloween foi a mesma coisa.
   — Ok, eu posso até ficar sempre do lado do Ben, mas é porque me parece mais certo.
   — Ou será que é porque você tem uma ligação mais forte com ele?
Malu revira os olhos enquanto abre seu armário.
   — Para com isso. Você está delirando já!

Com uma regata de malha e um short tactel, Felipe sai de casa e se encontra com Victor e Vinícius na pracinha do condomínio.
   — Ainda não acredito que topei essa ideia de correr em pleno sábado de manhã — diz para os amigos enquanto eles se alongam.
   — Muito menos eu — Vinícius concorda.
   — Ah, qual é, gente? É pra começar o final de semana já no gás — responde Victor, responsável pela ideia.
   — Só aceitei porque preciso dar uma oxigenada no cérebro — fala o irmão de Isabela.
   — Aconteceu alguma coisa, cara? — Felipe questiona. — Você parece um pouco acabado. Nada pessoal — acrescenta sorrindo.
   — Ontem eu e a Marina tivemos uma conversa pesada — conta Vinícius e Victor finge não saber de nada.
   — Quer dividir? — sugere Felipe.
   — Na corrida eu conto.
   — Isso se você tiver fôlego — provoca Victor e eles sorriem. — E aí, chega de alongar. Vamos lá!
O trio sai da pracinha e começa a correr pelas ruas do condomínio, desfrutando da brisa fresca da manhã.

Com uma bolsa grande com seus pertences e roupas íntimas, Maísa desce as escadas para se encontrar com Jonas, que a aguarda em frente ao casarão que ela mora com os pais. Assim que pisa na sala, repara que o telefone permanece fora do gancho.
   — Ué, será que ele continua mudo? — se pergunta, estranhando o fato já que o aparelho nunca apresentou defeitos. — Acho que eles que esqueceram de colocar no lugar — responde para si mesma e arruma o telefone. Em seguida deixa o casarão e se encontra com Jonas na calçada.
   — Preparada para o almoço de família lá em casa? — ele pergunta após se cumprimentarem.
   — Preparada e nervosa.
   — Não precisa ficar nervosa — Jonas tranquiliza ela. — É só ser você mesma, eles não vão te odiar. — Os dois riem e entram no carro.

A campainha da mansão de Mel toca e Vera vai atender ao mesmo tempo que Isabela chega à sala com Nina no colo. 
   — Marina? — surpreende-se ao ver a recém-chegada.
   — Oi, Isa — responde a jovem com um calor de determinação no olhar.
   — O Vinícius saiu agora pouco pra correr — conta Isabela colocando Nina no chão. A cadelinha corre até a namorada de Vinícius e começa a cheirar seus pés.
   — Eu sei, eu pedi pro Victor chamar ele.
Isabela franze a testa.
   — Como assim?
   — Eu precisava falar com você sozinha e se você aceitar me ajudar, vamos precisar do Vinícius fora de casa.
A expressão de Isabela vai ficando cada vez mais confusa.
   — Eu não estou entendendo nada.
   — Vamos sentar que eu te conto. — As duas sentam no sofá.
   Quando Marina termina de falar sua ideia, Isabela pergunta em choque:
   — Você tem certeza que quer fazer isso?
   — Tenho!
   — Mari, o Vinícius vai ficar muito bravo.
   — É o melhor pra ele.
   — Mas pode não ser o melhor para o relacionamento de vocês.
   — Eu não estou pensando na gente.
   — Deveria.
Marina inquieta-se no sofá.
   — Você aceita ou não me ajudar?
   — Eu não sei — responde Isabela apreensiva.
   — Qual é, Isa? Vai ser melhor pra ele.
   — Isso quem tem que decidir é ele.
Após revirar os olhos, Marina diz:
   — Pensei que pudesse contar com a sua ajuda, Isa. — A irmã de Vinícius continua olhando para ela em silêncio, então Marina levanta do sofá, indagando: — Posso pelo menos contar com o seu silêncio?
   — Hã? Como assim?
   — Vou lá em cima fazer o que eu tenho que fazer. Você vai contar alguma coisa para o Vinícius quando ele chegar?
   — Não.
   — Obrigada. — Marina segue rumo às escadas e quando chega ao primeiro andar, sente uma presença às suas costas. — Mudou de ideia? — indaga olhando para Isabela, que está a poucos metros de distância.
   — Espero não me arrepender disso. — Isabela passa pela cunhada e entra no quarto do irmão.

No meio da tarde, após terem um almoço agradável com a família dele, Jonas e Maísa conversam em uma casa na árvore.
   — Eu sempre quis construir uma lá em casa — comenta a loira deitada com a cabeça apoiada na barriga do namorado.
   — Uma o quê? — questiona Jonas acariciando o cabelo dela.
   — Casa na árvore.
   — Ah. É legal mesmo ter uma.
   — Você deve ter se divertido bastante aqui quando era criança, né?
   — Não, porque não existia casa da árvore quando eu era criança — Jonas sorri.
   — Sério? Vocês construíram depois de você grande?
   — É, ano passado.
   — Nossa, ano passado?
   — Sim, digamos que foi um sonho de infância sendo realizado. — Eles riem.
   — Posso imaginar. Seus pais devem ter achado uma loucura, né?
   — Sim — Jonas sorri. — Mas a Isabela conseguiu convencer eles.
   — A Isabela?
   — É. — Ele hesita, mas conta: — Foi uma ideia minha e dela.
   — Ah, entendi.
O casal fica em silêncio por um tempo.
   — O que seus pais acharam de mim? — pergunta Maísa de repente.
   — Não tem como eu falar com certeza, porque ainda não perguntei para eles. Mas eu acho que eles gostaram. Minha mãe até colocou uma das perucas favoritas dela.
   — Ah, então isso é bom, né?
   — Acredito que sim — responde Jonas passando a mão pelo cabelo dela.
   — Que bom, porque eu ficaria muito... — Ela não conclui a frase, pois seu celular começa a tocar. — Ué.
   — O que foi? — indaga o rapaz vendo ela se levantar.
   — Alô? — atende Maísa. — Alô? Alô? Tem alguém aí? Alô? Ué, estranho — fala encerrando a chamada.
   — Ninguém falou nada?
   — Não, mas dava para ouvir a respiração da pessoa e um barulho de carros no fundo. Esquisito, né?
   — Você reconhece o número? — questiona Jonas ficando levemente mais sério.
   — Não, não tem número. Apareceu desconhecido.
   — Hum.
   — Estranho, né?
   — Sim, mas deixa isso pra lá — o jovem pede, porém seu olhar continua sério.
   — Vou mesmo. — Maísa sorri e caminha até a janela da casinha da árvore. — Não vou ficar preocupada por causa de uma ligação, né? Era só o que faltava — ela ri e passa a mão no cabelo loiro. — Então, o que nós...
   — Espera só um instantinho — pede Jonas ficando em pé. — Vou ali falar com o meu pai.
   — Hã? — Maísa surpreende-se com a atitude repentina dele.
   — Já volto.
Jonas passa por ela e desce as escadinhas da casa da árvore. Pela janela, sua namorada o acompanha cruzar o quintal em passos apressados.

Com o pé inquieto, Malu aguarda o fusca preto bastante conhecido por ela surgir no horizonte da rua de sua casa. Quando isso ocorre, ela exclama:
   — Graças a Deus!
Samuel para seu carro em frente à mansão de Lucas e Nathália e a filha do casal entra no veículo.
   — Olá — cumprimenta o rapaz após dar um selinho nela.
   — Como você está?
   — Por que essa pergunta está sendo tão importante pra você?
   — Samuel?
   — Ok, não vamos começar com isso de novo. Onde você quer parar para a gente conversar?
   — Em qualquer lugar, eu só quero conversar com você.
   — Tá bom, já sei onde a gente pode ir.
Samuel liga novamente o motor do fusca e dá partida. 
   Minutos depois, ele para em um ponto alto da cidade que proporciona uma visão privilegiada do Rio.
   — O que você quer conversar? — indaga o rapaz. Malu desafivela seu cinto e vira o tronco para ele, dizendo:
   — Eu quero entender o que você está sentindo.
Samuel dá um leve sorriso e deita a cabeça no encosto do banco.
   — Isso é difícil, porque nem eu sei direito o que eu estou sentindo.
   — Experimenta colocar isso para fora, você vai ver que algumas coisas vão se esclarecer.
O herdeiro de Elias fica olhando para a vista à frente deles e começa  a falar mais para si mesmo do que para Malu.
   — Eu não sei o que estou realmente sentindo. Eu falo que não me importo, que não ligo para o que está acontecendo com o Elias, mas eu não sei até que ponto isso é verdade. Ás vezes eu me pego pensando o que será que está acontecendo com ele. Só que ao mesmo tempo eu não quero ficar pensando nele. Ele não pensava em mim.
   — Mas em uma situação como essa é difícil mesmo não pensar, não se preocupar.
   — Eu não estou preocupado — retorque Samuel de imediato. — Definitivamente não estou, isso eu sei. Eu sei que você pode não acreditar quando eu digo que não me importo se ele vai ficar vivo ou morto, mas é verdade. Já faz um bom tempo que falar com ele, ter algum contato com ele deixou de ser importante pra mim. Acho que isso foi até antes do divórcio. O Elias e a minha mãe não estavam mais juntos há muito tempo, eles só não enxergavam isso. Só que eu via. Eu via que eles já não tinham a mesma sintonia de quando eu era criança, via também que meu pai não me dava mais a mesma atenção de quando eu era pequeno.
   "No começo eu pensei que fosse uma coisa natural, da idade, afinal eu estava me tornando um homem. Mas depois eu comecei a reparar que os pais dos meus amigos não se afastaram deles como o meu estava se afastando de mim. No começo eu cheguei a pensar que o problema estava comigo, que eu deveria estar fazendo alguma coisa errada para não merecer a atenção do meu pai. Sabe como isso me atordoou? Eu era só um moleque de treze anos. Depois eu comecei a notar que ele não estava se afastando só de mim, mas de toda a minha família. Então aos poucos eu fui chegando à conclusão que o problema não era eu.
   "Não estou querendo dizer que o meu pai mudou da água para o vinho em, sei lá, cinco anos. Não é isso. Ele sempre foi muito obcecado por trabalho, sempre foi muito ambicioso. Só que quando mais rico ele ficava, quanto mais hotéis ele ia abrindo, mais ele queria. Até que chegou ao ponto que nada mais importava para ele, apenas o trabalho e conquistar mais e mais. O Elias se perdeu de quem ele era. Talvez eu nunca tenha conhecido quem ele realmente era. Quando a minha mãe fala dele da época em que eles se conheceram, parece que ela está se referindo a outra pessoa.
   "Então quando eu digo que não me importa ele estar morto ou vivo, é verdade. Eu já não amo o meu pai. Eu já não vejo o meu pai há muito tempo. Na verdade eu acho que já não tenho pai há muito tempo. Eu posso ter o sangue do Elias, a carga genética dele e tudo o mais, mas a relação de pai e filho mesmo nós já não temos faz um bom tempo. E depois de tudo o que ele fez com a minha mãe, não tem como eu amar uma pessoa dessas. Não sinto mais amor, não sinto mais respeito, muito menos admiração como as pessoas que veem de fora acham que eu devo sentir pelo magnata da hotelaria. Só que eu ainda não cheguei no estágio de não sentir nada. Eu sinto raiva, ódio. Olha o que ele fez com a nossa família! Eu só quero realmente saber o que aconteceu com ele para poder continuar a minha vida normalmente, para que a minha mãe possa viver o luto, porque mesmo com todo o mal que ele causou a ela, ela não consegue esquecer aquele Elias que ela conheceu décadas atrás."
   Samuel se cala e Malu permanece olhando fixamente para ele, as palavras dele ainda pairando sob o teto do fusca preto.
   — Você fala como se acreditasse que ele está morto — observa Malu instantes depois.
   — É.
   — Você realmente acredita nisso?
   — Acho que sim, Malu. — Ele olha diretamente para ela. — Se eu que sou filho dele o odeio, muitas pessoas podem sentir coisa pior.
   — Então você acha que é algum acerto de contas? — questiona a jovem.
   — Acho que sim. Me parece a ideia mais provável.
Malu assente e não fala mais nada. Ela fica pensando no que Samuel disse e em sua relação com seu próprio pai. Com tristeza e pena, ela imagina o quanto deve ter sido difícil a adolescência de Samuel e também em como ele nunca deixou que isso transparecesse para alguém.
   — Não importa o que aconteça, vai ficar tudo bem — diz pegando na mão dele.

Um administrador que nas horas vagas trabalha como motorista de Uber sai do condomínio Mansões com Marina sentada no banco de trás de seu carro. A jovem está com os pensamentos distantes e mal percebe o quanto ele ficou deslumbrado com a luxuosidade do local. Apenas quando seu celular começa a tocar minutos depois que ela para de pensar no que estava pensando.
   — Oi, Vinícius.
   — Oi, Mari. Você está em casa?
O coração dela que já estava acelerado, agita-se ainda mais.
   — Não.
   — Ah, estava pensando em dar uma passada lá pra gente fazer alguma coisa. Onde você está? — Marina fecha os olhos e morde os lábios, hesitando em responder. — Marina? — chama Vinícius.
   — Estou com o Fred — ela mente e sente o olhar curioso do motorista pelo retrovisor. — Ele me convidou para assistir um ensaio da banda.
   — Ah sim. Então aproveita aí, só não cria um fã clube para eles, tá? — Ele ri e Marina faz um esforço para imitá-lo. — Depois a gente de fala.
   — Tá bom. Beijos.
   — Beijos. Tchau! — Eles desligam. Marina larga o celular no colo e passa a mão no rosto, soltando um suspiro. Ela sente o carro diminuir a velocidade e acredita que eles estão parando em um sinaleiro. Por isso, surpreende-se tanto quanto o motorista avisa:
   — Chegamos.
   — Sério? — indaga erguendo a cabeça. Ao olhar para fora, enxerga o enorme prédio em que se encontra o apartamento de seu sogro. — Nossa, nem percebi. 
   Após realizar o pagamento, Marina desce do carro.
   — Ok, vamos lá — diz para si mesma e caminha até a portaria.

Ainda parados no alto da cidade, Malu e Samuel conversam sobre assuntos aleatórios depois da conversa séria que tiveram, porém são interrompidos pelo celular dele.
   — Minha mãe — diz Samuel antes de atender. — Oi, mãe. Sério? Ok, fica calma. Estou indo pra aí. — Ele morde o lábio e pede com firmeza: — Mãe, fica calma, tá bom? Já estou chegando.
   — O que aconteceu? — indaga Malu quando ele desliga.
   — Encontraram o Elias — responde Samuel manobrando o carro para fora da vaga.
   — Sério? — ela se espanta.
   — Uhum.
Malu olha intensamente para o rapaz e pergunta:
   — Encontraram ele vivo?

   — Fiquei surpreso quando o porteiro interfonou dizendo que você estava lá embaixo — diz Chay sentando com Marina no sofá de seu apartamento.
   — Desculpa vir sem avisar.
   — Não, tudo bem. Você teve sorte por eu estar em casa.
   — É, eu vim torcendo para não dar com a cara na porta — ela sorri e massageia as próprias mãos em um ato de nervosismo.
   — O que você quer falar comigo? — questiona Chay.
   — Eu já estou sabendo que o Vinícius foi aprovado na Ferrandi — começa Marina.
   — Eu sei que você sabe — o cantor sorri.
   — Pois é. Sei também que ele não quer se matricular, porque tem esperanças que eu passe aqui no Brasil.
   — É verdade — concorda Chay sem conseguir esconder o tom de lamentação de sua voz.
   — Por causa disso eu estou aqui para conversar com você. Na verdade, eu vim te pedir ajuda para uma coisa.
   — Que coisa?
   — Eu quero matricular o Vinícius.
Chay sorri.
   — Como assim, Marina?
   — Já que ele não quer pessoalmente fazer essa matrícula, eu pensei em uma forma dele ser matriculado. Só que para isso eu preciso da sua ajuda.
   — Qual é a sua ideia? — pergunta Chay interessando-se pelo assunto.
   — Então, eu encontrei na internet as informações sobre esse processo seletivo que o Vinícius participou e lá tem todos os documentos que a pessoa deve apresentar para fazer a matrícula e tudo mais. Como o Vinícius ainda é menor de idade, o responsável por ele é quem deve assinar os papéis de matrícula. Assim, é possível a gente realizar a matrícula sem que o Vinícius tenha que concordar.
   — Você quer que eu assine os papéis?
   — Sim. Eu não sei até que ponto a Mel está sabendo disso tudo, mas acho que ela não aceitaria fazer isso sem o consentimento do Vinícius.
   — E por que você acha que eu aceitaria? — questiona Chay e Marina engole em seco.
   — Eu sei que você quer o melhor para o Vinícius. Sei que a Mel também quer, mas... isso é, de certa forma, errado e eu não imagino a Mel fazendo isso. Agora você... Você quer que o Vinícius vá para a França e eu para os Estados Unidos, eu sei disso. Por isso eu estou aqui para te pedir ajuda.
   — Tá bom. Digamos que eu aceite, nós vamos precisar dos documentos do Vinícius. Qualquer matrícula pede os documentos básicos e eu não sei como vamos conseguir isso.
   — Mas eu sei — responde Marina de prontidão. — O Vinícius tem todos os documentos dele guardados em uma pasta no armário, então em último caso nós poderíamos pegar. Só que mesmo assim, faltaria a identidade que está sempre na carteira dele. Seria muito arriscado tentar pegar sem que ele visse e ele com certeza sentiria falta.
   — Então qual é o seu plano?
   — Para fazer a matrícula eles pedem as cópias dos documentos.
   — Mas para ter as cópias, nós temos que pegar os documentos — retorque Chay sem entender a linha de raciocínio dela.
   — Não se já existirem cópias.
   — Você tem essas cópias? — Chay indaga com espanto.
   — Não, mas sei onde posso consegui-las.
   — Marina, diz de uma vez a sua ideia, porque eu não estou entendendo onde você quer chegar — pede o pai de Vinícius.
   — Você deve saber da história do pen drive que a Isabela e Victor fizeram chegar até a mim. Quando o Vinícius me contou toda a verdade, disse que nesse pen drive estão os documentos que ele usou para fazer a inscrição. E os documentos da inscrição são os mesmos da matrícula!
   — Mas até onde eu sei, esse pen drive tem senha.
   — Isso não é problema para mim.
A expressão de Chay se transforma quando ele lembra que Marina sabe invadir certos dispositivos.
   — Ah, você é hacker, né! O Vinícius me contou.
   — Os conhecimentos de um hacker pode servir tanto para o bem quanto para o mal — diz Marina interpretando o tom de voz dele.
   — Sei — responde Chay ainda desconfiado. — Enfim, você planeja hackear essa pen drive e pegar os documentos?
   — É, hoje de manhã eu fui até a casa da Mel e já peguei o pen drive com a ajuda da Isabela. Agora eu vou burlar a senha do Vinícius e pegar os documentos necessários para a matrícula. Depois disso você entra em cena.
   — A ideia me parece muito boa, mas...
   — Chay, por favor — pede Marina. — É o futuro do Vinícius que está em jogo.
   — Ele desaprovaria completamente essa ideia.
   — Por isso que ele não pode ficar sabendo.
   — Mas uma hora que ele vai descobrir.
   — Espero que só depois da matrícula ter sido feita.
Chay estica os braços e pega nas mãos de Marina.
   — Você entende o quanto essa atitude pode afetar seu relacionamento com o Vinícius, não é?
   — Entendo, mas estou disposta mesmo assim — responde Marina com um ardor de determinação no olhar. — E você?
   — Eu sei que o Vinícius vai ficar um bom tempo bravo comigo, mas eu vou fazer o que acredito ser melhor para ele.
   — Então você aceita me ajudar? — indaga Marina.
   — Aceito. — Chay aperta os dedos dela e diz: — Vamos matricular o Vinícius na Ferrandi.


Comentários

  1. NOSSA, QUE CAPÍTULO BABADO! Tô chocada com essa história da Marina querendo matricular o Vinícius... acho que isso vai dar ruim. Fiquei tocada com o que o Samuel contou para a Malu, estou MUITO curiosa pra saber o que aconteceu com o Elias. Será que ele morreu? E essa história do Jonas e da Maísa... não entendi, mas acho que tem alguma coisa aí. TÁ MARAAA

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