Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 350: Marina surpreende Vinícius e confronta Victor
Com força Marina puxa o pen drive do notebook e o deixa sobre os livros novamente. Ela deita na cama e volta a assistir ao documentário tentando esquecer o que se passou.
Com os braços entrelaçados, Samuel e Maria Luíza observam o mar noturno sentados na areia da praia de Copacabana. Desde o momento em que chegaram, eles permaneceram calados.
— Boa noite.
Os dois olham para trás e veem Ben parado com as mãos no bolso da bermuda.
— Oi, Ben — responde Malu levantando.
— Boa noite — Samuel cumprimenta.
Eles ficam quietos por alguns segundos constrangedores.
— Vocês preferem conversar aqui ou a gente senta em um quiosque? — pergunta Malu.
— Pode ser aqui — Ben responde e se senta na frente de Samuel. O olho do rapaz ainda está roxo, porém bem menos inchado. — Desculpa por isso — pede o surfista enquanto Malu acomoda-se novamente ao lado de Samuel.
— Por que você fez isso? — questiona o rapaz com irritação na voz, o que faz Malu ficar ainda mais nervosa.
— Eu perdi a cabeça. Me descontrolei — responde Ben.
— Assim do nada?
— Claro que não.
— Então o que houve, Ben? — indaga a garota.
O rapaz passa a mão pelo cabelo castanho, que está um pouco acima dos ombros.
— O Elias apareceu bêbado na minha casa. Ele tentou agarrar a minha mãe e quando ela o afastou ele começou a xingá-la e a dizer que ela era uma interesseira, que só se aproximou dele para arrancar seu dinheiro. Minha mãe tentou colocar ele para fora, mas não conseguiu.
"Então, o Elias começou a dizer que iria voltar com a sua mãe, Samuel, e que nada iria mudar com exceção da minha mãe. Ele disse que ia acabar com a nossa família como punição por eu ter aparecido na vida de vocês. Disse também que era para eu parar de tentar em contato com os advogados dele pedindo dinheiro. Eu nunca fiz isso!
"Minha mãe tentou ligar para a polícia, mas ele arrancou o celular da mão dela e o jogou pela janela. Depois disso ele começou a falar que a gente não veria a cor do dinheiro dele, que era para eu parar de criar expectativas para a herança, porque não vou ter acesso a esse dinheiro. Ele também falou que você, Samuel, concorda com ele. Disse que você, inclusive, está vendo com advogados formas de me impedir de receber a herança quando o Elias morrer."
— Ele disse isso? — questiona Samuel com o olhar fervendo de raiva.
— Disse. Um pouco depois disso eu cheguei e consegui tirar ele lá de casa. Quando a minha mãe me contou tudo o que ele havia falado, eu fiquei com muita raiva. Eu jamais tive interesse pelo dinheiro dele, não quero herança nenhuma. Por mim eu nem o teria conhecido, só fiz isso porque era um desejo do meu verdadeiro pai, meu padrasto que morreu. Eu fiquei com tanta raiva, com tanta raiva que saí de mim. Eu só queria encontrar um de vocês dois para esclarecer tudo. Eu não fazia ideia para onde o Elias tinha ido, mas sabia onde te encontrar.
— Daí você apareceu lá na festa e me agrediu?
— Eu estava fora de mim. Não deveria ter partido para a agressão, mas não me arrependo de nada que eu falei.
Malu está com uma expressão perplexa desde a hora que Ben terminou de relatar o que Elias fez.
— O Elias falou que o Samuel está procurando formas para você não receber a herança? — ela repete embasbacada. — Mas isso é mentira! Não é, Samuel? — O rapaz não responde e a perplexidade de Malu duplica. — Samuel, você fez isso?
— É óbvio que não — responde o jovem. — Eu procurei advogados para saber sobre a herança sim, mas para eu não recebê-la. Não o Ben.
— Você não quer a herança?
— Eu não quero nada que venha do Elias. Mas, infelizmente, não há nada que eu possa fazer. Sou filho registrado, então é meu direito. Só que assim que o Elias morrer, eu doou todo o patrimônio dele. Comigo esse dinheiro não fica.
Ben e Malu ficam quietos até que ela fala:
— Viu, Ben, isso não passou de mais uma mentira do Elias.
— Eu cheguei a pensar que fosse mentira, mas eu não te conheço, Samuel. E sendo criado pelo Elias, não me surpreenderia que você fosse capaz de fazer isso.
— Da próxima vez experimenta perguntar antes de sair agredindo os outros.
— Não terá próxima vez — garante Ben com seriedade.
— Então está tudo bem, né? — pergunta Malu olhando para os dois. — Problema esclarecido.
— Sim — responde Ben. — Por mim está tudo bem.
— Por mim também — Samuel fala. — A pessoa com que eu quero jogar limpo agora é outra.
— Se você está falando do Elias — diz Ben —, nem adianta perder seu tempo. Ele é igualzinho merda, quanto mais você mexe, mais fede.
— Eu sei — concorda Samuel. — Mas se coloca no meu lugar. Se pra você já é difícil se controlar, imagina pra mim que fui criado por ele? Até pouco tempo atrás ele era meu pai. Um pai que mal tinha tempo para mim, mas meu pai. Não podia imaginar que ele era esse filho da p*ta que ele é.
— Posso imaginar como deve ser difícil.
— Pois é. Eu não consigo nem quero deixar isso barato. O Elias vai ter que me encarar.
Ben olha a ela de seu celular e diz:
— Tenho que ir. — Ele levanta e fala para o meio-irmão: — Desculpa de novo pelo seu olho, cara.
— Ok.
O surfista olha para Malu.
— Você pode vir aqui comigo um instantinho?
Malu levanta e se afasta com ele.
— O que foi? — ela pergunta encarando seus olhos esverdeados que ficam ainda mais brilhantes à luz do luar.
— Queria te pedir desculpas também.
— Pelo o quê?
— Eu não fui nada simpático com você na festa.
— Ah, tudo bem, Ben. Bem-Ben — ela sorri, mas logo fica séria. — Eu percebi que você não estava no seu melhor juízo. Você não é desses.
— A gente se conhece a tão pouco tempo e você me conhece bem.
— É porque eu gosto de você.
— Não como gosta dele. — Ben inclina a cabeça na direção de Samuel e Malu sorri.
— Isso é ciúmes?
— De você? — Ele ri. — Jamais.
— Acho bom, porque um sentimento como o ciúmes não combina com você.
— E o que combina comigo?
— Muitas coisas — ela sorri.
— Posso te dar um abraço?
— Você não precisa pedir.
Eles dão um abraço longo e apertado. Em seguida Ben despede-se de Malu com um beijo em sua testa e sai caminhando pela areia em direção a seu carro enquanto ela retorna para perto de Samuel.
Sentada em uma cadeira na sacada de seu quarto, Isabela liga para Victor.
— Oi, grande anã — ele atende.
— Eu deixei o pen drive do Vinícius junto com a Marina — Isabela conta sem rodeios.
— O quê? Do que você está falando?
— Eu peguei o pen drive das suas coisas disposta a devolvê-lo para o Vinícius. Eu aproveitei para fazer isso agora, porque ele não está em casa, mas quando eu entrei no quarto dele encontrei com a Marina. Não consegui pensar em nada na hora e acabei falando que peguei o pen drive para salvar um trabalho. Eu deixei lá no quarto junto com ela.
Victor demora para responder, o que deixa Isabela ainda mais apreensiva.
— Eu quero te matar — ele fala com a voz cortante.
— Não exagera. De uma forma ou de outra, acabei juntando as nossas vontades.
— Como assim, Isabela?
— Você queria pedir ajuda para a Marina, eu queria devolver o pen drive para o Vinícius. Eu deixei no quarto dele com a Marina. Está nas mãos dela agora. Se ela lembrar da conversa que ouviu da gente na sexta, pode ficar suficientemente curiosa para tentar ver o que tem no pen drive. Quando vir que tem senha, escolherá invadir ou não. Está nas mãos dela.
— Está nas mãos dela — concorda Victor. — Mas por que você foi mexer nas minhas coisas? E caso ela não descubra o que tem nesse maldito pen drive, o Vinícius vai ter a certeza de que foi você que pegou.
— Ele já sabe, Victor. Qualquer coisa eu falo que peguei realmente pra salvar o trabalho, porque esqueci que ele disse que estava cheio de vírus. Ainda posso me fazer de desentendida e perguntar se o lance da senha é coisa do vírus. Vai ser o que ele pensa contra o que as minhas palavras.
— Isso foi uma estupidez.
— Não interessa. Agora eu já fiz. O jeito é esperar o que a Marina vai fazer.
O documentário que Marina assistiu terminou há alguns minutos e ela continua deitada na cama de Vinícius refletindo. A porta do quarto é aberta e ela se assusta.
— Desculpa — pede Vinícius interpretando a postura dela.
— O quarto é seu, não precisa de desculpar por ter entrado nele — sorri Marina, sentando na cama.
Vinícius deixa sua mochila no tapete e senta diante dela.
— Faz tempo que você chegou? — pergunta acariciando o joelho de Marina.
— Faz.
— Desculpa por ter te feito esperar. — Ele dá um selinho nela e Marina não o deixa se afastar.
— Sempre vale a pena esperar — responde a jovem dando um beijo nele. O rapaz sorri entre o beijo e se aproxima mais dela. Eles ficam alguns minutos apenas trocando beijos moderados, até que Vinícius levanta dizendo:
— Vou tomar um banho antes de preparar o nosso jantar.
— A gente foi pra aula de manhã, pro aulão de tarde, depois você foi aprender piano e ainda quer cozinhar?
— Cozinhar não é nenhum esforço, amor — responde Vinícius tirando a camisa.
Marina sorri e volta a deitar na cama, sentindo-se mais quente com a chegada do namorado. Nesse momento seu olhar passa pelo pen drive na mesa de estudos dele e ela engole em seco.
— Vinícius — chama e o rapaz, que pegava uma toalha limpa em seu armário, olha para ela.
— Hum?
— A Isabela devolveu seu pen drive — conta Marina esforçando-se ao máximo para falar com naturalidade. No entanto, a reação de Vinícius a deixa visivelmente mudada. O filho mais velho de Chay e Mel encara o pen drive sobre os livros com os olhos inquietos.
— Ela disse mais alguma coisa? — indaga após longos minutos em que o ar pareceu não se mover entre eles.
— Não — Marina responde automaticamente. — Só que pegou para salvar um trabalho.
— Ah. — Vinícius vira de costas para ela, indo em direção ao banheiro com a toalha pendurada no ombro. — Vou tomar banho.
Assim que ele entra no banheiro, Marina se senta na cama e passa a mão no rosto. Ela tenta compreender a reação do namorado ao ver o pen drive, mas não consegue imaginar o que poderia tirá-lo tanto de sua habitual serenidade.
Minutos depois, Vinícius sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura e o cabelo molhado. Ele olha de soslaio para a namorada, que permanece imóvel na cama. O jovem se veste com rapidez e em momento algum Marina olha em sua direção para observar seu corpo, como costuma fazer.
— O que você quer comer? — pergunta Vinícius passando a toalha pelo cabelo para tirar a umidade.
— Não estou com muita fome — Marina mente, finalmente se mexendo sobre o colchão. — Senta aqui — pede passando a mão pelo lençol.
— O que foi? — Vinícius indaga posicionando-se novamente na frente dela.
— Eu estou com medo.
— Medo do quê?
— De perder isso.
— Isso?
— O que eu sinto por você. Não o amor, porque acho que não conseguiria deixar te de amar — ela confessa desviando o olhar por um instante —, mas medo de perder a confiança, a tranquilidade.
Vinícius morde o lábio e respira fundo antes de questionar:
— Por que você está com medo disso?
— Eu sei que tem alguma coisa acontecendo — Marina conta. Vinícius não fala nada e olha para as próprias mãos. — Eu sei também que a Isabela, o Victor e esse pen drive tem ligação com tudo isso.
— Marina...
— Eu estou curiosa pra saber por que esse pen drive tem senha, por que o você e o Victor têm se desentendido, por que você não me contou nada, por que...
— Marina, eu sei qu...
— Eu confio em você.
— O quê? — Ele não esconde a surpresa pela frase dela.
Marina passa a mão no rosto.
— Eu posso estar cometendo a maior burrada, mas eu não consigo sufocar o que eu sinto. Acima de qualquer curiosidade, Vinícius, eu sinto uma enorme confiança em você. Tem alguma razão muito séria pra você não ter me contado nada ainda, não tem?
Vinícius assente.
— Eu não consigo.
— Por quê?
— Porque eu não me sinto preparado. Eu quero entender tudo isso, Mari.
— Isso o quê?
— É algo que pode mudar a minha vida. Mudar o que a gente tem.
Marina engole em seco e pega na mão dele com firmeza.
— Você pode contar comigo pra qualquer coisa. Eu sempre vou te apoiar, ok?
— Ok.
— E eu sou forte também. Não importa o quanto isso mude o que a gente tem, eu aguento.
— Eu sei que você aguenta. — Ele retribui o aperto dela. — Você é uma das mulheres mais fortes que eu conheço. Eu só não sei se eu sou forte assim.
Marina se aproxima dele e envolve seu cabelo.
— Você sabe o que você é. Nós dois sabemos.
— Eu não quero te perder, Marina.
As palavras dela a deixam inquieta.
— Você nunca vai me perder. Pode chegar o dia que eu... que eu não esteja ao seu lado, mas... mas no meu coração sempre será você.
Vinícius passa um braço pelas costas dela com rapidez e a traz para seu peito. Eles se abraçam com força.
Uma garoa cai na região da praia e Samuel e Malu conversam dentro do fusquinha dele.
— Nossa, eu estou com tanta raiva do Elias! — exclama o rapaz apertando o volante com força. — Minha vontade é de dirigir até a casa dele e... nossa, nem sei o que faria!
— Nem pensa nisso — pede Malu ao seu lado. Ela ergue os pés no banco, abraça os joelhos e continua olhando para ele. — Fazer uma coisa dessas só iria complicar ainda mais as coisas.
— Como ele pode falar algo em meu nome? Ainda mais pra família do Ben?
— O Elias é um doente. Essa é a minha conclusão.
— Eu quero matar aquele desgraçado!
— Samuel.
— Eu estou com muita raiva! — Ele soca o volante. — São nesses momentos que eu acho que seria muito melhor pra todo mundo se ele morresse.
— Você não quis dizer isso.
— Quis sim.
— Morrer é algo muito sério, Samuel. Você pode odiar o Elias, mas jamais desejaria a morte dele.
— Não fale por mim — retorque o jovem e Malu revira os olhos. Eles ficam quietos por alguns minutos e ela percebe que esmo com o silêncio Samuel não parece acalmar-se. Por essa razão, resolve falar algo que acredita ser engraçado para tentar descontrair o clima.
— Você tem noção que se alguma coisa acontecer com o Elias eu vou ter que depor e te colocar como um suspeito? — ela sorri.
— Eu me entregaria antes que você precisasse procurar a polícia — responde Samuel ainda sério e Malu nota que ele realmente considerou a ideia.
— Sempre pensei que você fizesse o tipo que iria fugir — diz ela ainda tentando distraí-lo.
— Eu ia fazer questão que todo mundo soubesse que eu fui o responsável pela morte daquele filho da pu...
— Você está delirando — interrompe Malu.
— Se você acha.
Malu abaixa as pernas e deita a cabeça no encosto, ainda olhando fixamente para ele. Mais alguns instantes se passam e a chuva aumenta.
— Me leva pra casa — ela pede falando acima dos ruídos do vento.
— Pra minha ou para a sua?
— Pra minha, é claro. Era só o que faltava eu ter que ver a cara da sua mãe — resmunga Malu. Samuel não diz nada e apenas dá partida no carro. — Ei —, ela segura na mão del antes que ele possa engatar a marcha —, não fica pensando besteira. Eu sei que é bizarro justamente eu, que adoro uma confusão, te pedir isso, mas tenta esquecer essa história. Você já esclareceu tudo com o Ben, isso é que importa.
— O que importa pra mim é o Elias parar de se intrometer na minha vida. Eu não consigo ter paz, Malu. Estou sempre em alerta para o próximo passo dele. Eu não quero viver assim.
— O que você pode fazer?
— Tirar ele de uma vez por todas da minha vida.
— Isso é impossível.
— Até pouco tempo atrás era impossível a gente estar junto.
Malu sacode a cabeça e solta a mão dele.
— Não adianta falar com você agora.
— É melhor nem tentar então. Talvez seja melhor assim — Samuel sai da vaga em que estacionou.
Um pouco depois das onze horas da noite, Marina retorna para a sua casa. Ela conversa um pouco com Lua na sala de estar, mas logo sobe para o primeiro andar e vai direto para o quarto irmão gêmeo.
— Marina? — Victor não esconde o espanto ao vê-la entrar no quarto. Ele tenta deduzir pela expressão dela se ela invadiu ou não o pen drive.
— Oi, Victor. — Ela caminha até a cama e se senta. — Cheguei agora da casa do Vinícius, quero te pedir uma coisa.
— O quê?
— Para de fazer o que você vem fazendo.
— Como? — Victor franze a esta.
— Para de ficar tentando bisbilhotar a vida do Vinícius.
— Então você já sabe de tudo?
— Não sei o que você quer dizer com "tudo", mas eu sei que o Vinícius está deixando de falar alguma coisa.
— Mas você não tem nenhuma ideia do que possa ser?
— Não e se você tiver, não me conta. Não quero ficar pensando em suposições, prefiro esperar o tempo do Vinícius e ficar sabendo diretamente por ele o que realmente é.
— Então você não viu nada no pen drive?
— Foi uma armadilha? — questiona Marina alterando a voz. — A Isabela deixou o pen drive lá de propósito para eu espionar?
— Não. Ela queria devolver pro Vinícius porque nem eu nem ela conseguimos ver o que tem lá.
— Por que vocês fazem tanta questão de saber?
— Porque é algo muito grandioso, Marina. A Isabela quer saber porque se preocupa com o irmão e eu porque me preocupo com você.
— Obrigada pela preocupação — ela diz com sinceridade —, mas tudo o que eu não preciso é você se metendo em assuntos do Vinícius. Respeita a decisão dele, o momento dele.
— Você sabe que eu não faço o tipo que fica bisbilhotando a vida dos outros, mas eu me importo com você. Não quero te ver triste por causa dessa história, Marina.
— Você não pode me blindar, Victor. Eu até que gostaria que você pudesse. — Os olhos dela se enchem de lágrimas e ela se controla para não chorar. — Por favor, deixa isso só entre mim e o Vinícius.
— Tudo bem. Foi mal!
— Mesmo não concordando, agradeço a sua preocupação.
— Eu sempre vou me preocupar com você. É o preço que eu tenho que pagar por ter nascido junto com você. — Os dois riem.
— Idiota — fala Marina.
Na manhã seguinte, muito a contragosto Anelise levanta para ir para o trabalho. Após tomar banho, sai do quarto ainda de roupão e caminha com seus chinelos de dedo até a cozinha.
— Bernardo? — espanta-se ao ver o marido sentado à mesa com um jornal e uma xícara de café a frente.
— Oi, Ane — o médico dá um leve sorriso e olha para ela.
Anelise para ao lado dele, encostando em sua cadeira.
— Já chegou do plantão? — comenta passando a mão no cabelo dele.
— Demorei até, passei na banca ali da esquina.
— Pois é, estou estranhando você com esse jornal — diz ela enquanto senta em uma das pernas dele. — Espera aí — ela estreita o olhar ao reparar que ele está com a página de classificados aberta —, você está procurando emprego?
Bernardo solta um suspiro e passa o braço pelas costas dela.
— Uma hora isso ia acontecer.
— Mas você ainda tem um emprego, Bê.
— Você disse tudo, ainda. A situação está cada vez pior, amor. Não sei como o hospital ainda não foi fechado. Eu preciso de um novo emprego urgentemente.
Anelise assente e acaricia o rosto do esposo.
— Muita gente vai se prejudicar com isso, né?
— Sim — responde Bernardo massageando a coxa dela. — Toda a equipe do hospital vai sair prejudicada. Ninguém sabia de nada e mesmo assim vai se ferrar. A Maristela está até pensando em voltar pra cidade dela.
— Opa! — exclama Anelise levantando. — Temos uma boa notícia no meio disso tudo!
Bernardo sorri.
— Larga de ser boba.
— Parece que eu estou brincando, mas estou falando sério — ela sorri de volta e o abraça por trás, dando beijos em sua nuca. — Eu estou do seu lado, tá?
— Eu sei. Você sempre esteve do meu lado, né? — Ele beija a mão dela. — Quando eu fiquei preocupado se ia ou não entrar na faculdade, quando eu fiquei maluco com as coisas da faculdade, quando eu me formei e achei que não ia conseguir emprego, mas aí eu consegui, só que logo fui demitido e quem estava do meu lado? Você. Consegui um outro emprego e agora chegou a hora de me despedir dele.
— As vezes uma coisa ruim precisa acontecer para que uma boa apareça.
— Então uma coisa muio boa tem que aparecer pra compensar isso tudo! — Eles sorriem e Bernardo egue a cabeça para visualizar a esposa.
— Não me olha assim — pede Anelise empurrando a cabeça dele. — Você me olhando de baixo eu fico com papada.
Bernardo ri.
— Não estava reparando na sua papada, e sim na meleca que tem dentro do seu nariz.
— Cala a boca! — pede Anelise dando um tapa nas costas dele. Ela tenta ir até a geladeira, porém o médico envolve sua cintura e a traz para seu colo.
— Eu te acho a mulher mais linda do mundo mesmo com papada e meleca no nariz.
Anelise sorri e coloca uma mão na nuca dele.
— Essa é a declaração de amor que eu esperei a vida toda para ouvir — ironiza e eles riem. O clínico geral rouba uma beijo dela, que diz em seguida: — Está tudo muito bom, tudo muito bem, mas eu preciso me aprontar.
— Você já está linda assim — elogia Bernardo passando o nariz pelo pescoço dela.
— Não vou para o trabalho de cara lavada e roupão, senhor Bernardo. — Ela levanta e caminha até a geladeira. — Só que no momento eu quero mesmo é tomar meu café da manhã.
— O café já está pronto. Eu fiz! — avisa Bernardo dando uma bebericada em sua xícara.
— Gosto assim, hein? Eficiência — Anelise ri. Após colocar na mesa o requeijão, iogurte e torradas, Anelise liga a pequenina televisão do cômodo. — Vamos nos atualizar um pouco. — Ela tenta zapear os canais, porém Bernardo fala com agitação:
— Espera, espera!
— O que foi, amor? — Anelise olha assustada para ele.
Bernardo aponta para a televisão.
— Olha o que está passando.
A jornalista se volta para a televisão e fica ainda mais espantada com o que vê.
Já uniformizada e com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto, Maísa desce as escadas do casarão que mora com seus pais e caminha até a sala de jantar.
— Bom dia! — exclama ao entrar no espaço. Seu sorriso fraqueja ao ver a expressão de sua mãe: Lorena está com os olhos fixos na televisão pregada à parede.
Maísa segue o olhar dela e quando as palavras ditas pelo jornalista entram em seus ouvidos, ela paralisa:
— Nessa manhã, a polícia federal anunciou que o deputado Edson Rabelo entrou na série de investigações a respeito do hospital comu...
Lorena olha para a filha quando a televisão fica muda.
— A gente não merece ver isso — diz Maísa com o controle nas mãos.
— Filha, a gente...
— Não, mãe — interrompe a loira. — O que está feito, está feito. O jeito é a gente rezar para que isso acabe logo.
Lorena passa a mão pelo rosto, dizendo:
— Não acredito que isso está acontecendo!
— Calma, mãe — pede Maísa. Ela se aproxima da professora universitária e se agacha ao seu lado. Posso te perguntar uma coisa?
— O quê?
Maísa abaixa o om de voz ao questionar.
— A senhora acha que o pai é culpado?
— Maísa!?
— Foi só uma pergunta.
— É claro que não, minha filha. O Edson jamais faria uma coisa dessas. Me surpreende você desconfiar do seu pai.
— Eu não estou desconfiando de ninguém — responde Maísa ficando em pé novamente. — Foi só uma pergunta, mãe.
Lorena olha demoradamente para a filha e então fala:
— Vem tomar café, senão você vai se atrasar para o colégio.
A adolescente sorri.
— Eu não vou pra escola, mãe.
— Como não? Você já está até pronta!
— Eu não vou conseguir prestar atenção na aula. Sem contar que eu não quero que ninguém fique me olhando como se eu estivesse sendo investigada.
— Eu sei que é difícil, filha, mas a gente não pode ficar escondendo.
— Eu não vou me esconder, é só hoje.
— Não acho que perder aula nessa momento de vestibulares seja uma boa ideia.
— Não adianta nada eu ir, mãe. Não vou conseguir me concentrar! É só hoje, juro.
Lorena suspira.
— Ok. Então vem tomar café, pelo menos.
— Desculpa, mas eu perdi a fome. — Maísa dá um sorriso entristecido e sai da sala de jantar.
Na sala do terceiro ano A, os filhos dos ex-integrantes da banda Rebeldes conversam sobre a principal notícia do telejornal matinal.
— Coitada da Maísa — diz Marina.
— É uma barra mesmo — Felipe concorda.
— Mas o que será que o pai dela realmente fez? — questiona Victor.
— Parece que ele está envolvido no desvio de dinheiro pro hospital lá — responde Yasmin.
— Ainda não foi provado nada — Isabela retorque. — Não vamos ficar julgando.
— Eu não coloco a minha mão no fogo por nenhum político — diz seu namorado enquanto Vinícius continua em silêncio, apenas observando a todos.
— Não estou falando em colocar a mão no fogo — diz Isabela —, e sim não julgar. Tudo o que a Maísa não precisa é de gene perguntando pra ela se o pai dela é realmente corrupto ou não.
— Eu jamais perguntaria uma coisa dessas! — exclama Felipe.
— Defendendo a namorada do seu ex, grande anã? — Victor provoca.
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra — devolve a morena.
— É que o Victor não perde a oportunidade de encher seu saco — Yasmin fala dando um cutução no namorado.
— Nem percebi — ironiza Isabela e eles riem.
Ainda sorrindo, Vinícius levanta de sua carteira, passa por Marina e sai da sala alcançando o celular em seu bolso.
— Oi, pai — diz atendendo a ligação de Chay.
— Oi, filho — responde o cantor do outro lado da ligação. — Desculpa não ter atendido sua ligação ontem, nem retornar, estava em estúdio. A gente entrou na madrugada gravando e ainda tenho uma reunião agora de manhã. Mas enfim, aconteceu alguma coisa?
— Eu preciso conversar com o senhor, pai — diz Vinícius —, senão vou explodir a qualquer momento.
Capitulo maravilhoso Renata, valeu a pena esperar!!! SEMPRE vale, o vine e a mari são maravilhosos. Ótima cena a do ben junto com o Samuel, acredito eu que seja a primeira na qual eles não discutam.
ResponderExcluirMuito bom mesmo, Parabéns Renata!!
Capitulo maravilhoso Renata, valeu a pena esperar!!! SEMPRE vale, o vine e a mari são maravilhosos. Ótima cena a do ben junto com o Samuel, acredito eu que seja a primeira na qual eles não discutam.
ResponderExcluirMuito bom mesmo, Parabéns Renata!!
Gostei sim do cap de hj .principalmente do final so que quero muito muito a volta de Chamel por favor!!! Amo demais eles dois e queria eles juntos como uma familia q se separou mais que nao conseguiram ficar muito tempo longe um do outro e agora tentam uma reconciliacao e se encontram e voltam a namorar escondidos !! Por favor faz isso
ResponderExcluir