Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 347: Final de festa é marcado por confrontos e questionamentos
— E aí, Malu?
— Oi, Grazi — responde a morena desanimada.
— Nossa, o que foi que aconteceu com você?
Malu respira fundo e conta sobre a repentina aparição de Ben e tudo que se desencadeou.
— Caramba! — exclama Graziele quando ela termina de falar. — Não acredito que o Ben fez isso.
— Nem eu, mas ele fez.
— E como está o Samuel?
— P*to, muito p*to. Sobrou até pra mim.
— Por quê?
— Porque ele acha que eu saí em defesa do Ben, mas eu não estava tentando defender ninguém, só queria entender o que aconteceu assim como ele. Não faz sentido o Ben chegar aqui e fazer o que fez, Grazi. Ele falou algumas coisas que também não se encaixam muito... eu não sei o que pensar.
— Muito menos eu — responde a ruiva. — Mas espera aí, como o Ben sabia que o Samuel estaria aqui? — Malu morde o lábio e desvia o olhar. — Você contou?
— Não falei que o Samuel estaria aqui, mas disse que eu viria. Não é difícil chegar à conclusão de que o Samuel também viria, já que a Jaqueline é mais amiga dele do que minha. Na verdade, nem minha amiga ela é.
— É verdade. E o que vocês vão fazer agora?
— Não faço a mínima ideia. Quero conversar com o Ben, mas ele não atende o celular. Também quero conversar com o Samuel, mas não sei pra onde ele foi.
— Eu sei — responde Graziele olhando para trás de Malu. A morena vira e enxerga Samuel conversando com Alexandre a alguns metros delas.
— Vou lá colocar todos os pingos nos is.
— Cuidado com o que você vai falar, Malu — alerta Graziele.
— Eu sei me virar, pode deixar. Me dá isso aqui — ela toma o drink da mão de Graziele e o entorna em um único gole. — Ok, agora sim. — Após devolver o copo para a amiga, encaminha-se até Samuel.
Devido ao avanço das horas, a lanchonete do hospital onde Lorena está internada em observação está completamente vazio, por exceção de Jonas e Maísa. O casal de namorados está sentado na mesa mais distante do balcão de atendimento, em silêncio. Maísa fita com intensidade a televisão presa em um suporte na parede. No telejornal da madrugada, o âncora e um comentarista dialogam sobre as consequências das investigações que estão ocorrendo no cenário político. Entre os nomes citados por eles, está o do dono do hospital que Bernardo trabalha e também amigo de Edson. Jonas está com o rosto apoiado em uma das mãos e observa Maísa com serenidade. Eles ficam longos minutos desse jeito, até que a reportagem acaba e Maísa deita sobre a mesa. Seu namorado começa a fazer carinho em seu cabelo e ela fecha os olhos.
— O pedido de vocês está pronto — diz a funcionária da lanchonete e Jonas levanta. Maísa endireita-se e fica olhando ele caminhar até o balcão. Seus pensamentos estão bem distantes dali, mas ainda assim ela sente alívio e gratidão por Jonas estar com ela nesse momento.
— Sanduíche pra você e Coca-Cola pra mim — ele fala colocando os itens sobre a mesa.
A loira traz para mais perto o prato com o sanduíche de peito de peru que pediu e pega o alimento com guardanapos. Jonas abre a latinha do refrigerante e toma um longo gole.
— Não vou conseguir comer — diz ela largando o sanduíche no prato.
— Você mal comeu na festa — observa Jonas.
— Estou sem apetite.
Jonas bebe mais um gole de refrigerante e deixa a latinha ao lado do sanduíche dela.
— Por que você está assim? — pergunta esticando os braços sobre a mesa para pegar nas mãos dela.
— Estou preocupada.
— Sua mãe já está bem, Maísa. Só mais algumas horas de observação e ela vai poder voltar para casa.
— Não é só a minha mãe que me preocupa — ela sussurra.
— O que mais?
— Tem muitas coisas acontecendo, Jonas.
— Que coisas? — o rapaz pergunta e Maísa solta suas mãos para massagear a nuca. — Que coisas, Maísa? — insiste ele.
— Coisas sérias, Jonas.
Eles ficam em silêncio por alguns segundos.
— É por isso que você tem estado assim ultimamente, né?
Maísa olha para ele.
— Assim como?
— Eu tenho te observado, você tem estado muito distraída ultimamente, sempre com o olhar distante, abatida. Pensei que fosse pelos vestibulares, mas não é só isso, né? — A garota abaixa o olhar e sacode a cabeça. — Me fala o que está acontecendo com você — pede Jonas acariciando o braço dela.
— É a minha família — sussurra Maísa. — Ninguém sabe que eu sei.
— O que você sabe?
Maísa respira fundo e não fala nada. Jonas permanece olhando para ela, esperando seu tempo de resposta. Instantes depois, a jovem aponta para a televisão e diz:
— Sabe essas investigações sobre corrupção? — Jonas lembra da reportagem que ela estava vendo e assente. — Uma hora ou outra elas vão chegar no meu pai.
— O que você quer dizer com isso?
— O que eu disse — ela dá de ombros. — O meu pai está envolvido nisso. Eu não sei até que ponto, nem se ele é culpado, mas... uma hora vai chegar nele.
— Como você tem certeza disso?
— Eu ouvi uma conversa deles quando estava chegando do aniversário da Yasmin, depois li uns e-mails dele e juntei as peças. Um hospital particular foi construído com dinheiro público desviado pelo partido do meu pai. Quem foi o responsável por isso eu não sei, mas meu pai está no meio.
— Isso é sobre aquele empresário que está sendo investigado?
— Sim, ele é amigo do meu pai.
— Nossa, Maísa. — Ele passa a mão no rosto, deixando toda sua preocupação visível. — Meu pai me disse algumas coisas sobre isso.
— Que coisas?
— Nada, deixa pra lá. São só boatos, coisas que ele ouviu por aí.
— Jonas, me fala o que você sabe — exige Maísa com urgência na voz.
— Droga, não devia ter dito nada.
— Agora já começou, termina.
Ele bebe outro gole de refrigerante e conta:
— Meu pai ouviu falar que essa investigação está quase chegando ao fim, que o círculo está cada vez mais fechado ao redor dos suspeitos.
O rosto de Maísa empalidece-se ainda mais.
— Ai meu Deus! Será que eles já sabem da participação do meu pai?
— Seu pai tem realmente alguma participação nisso?
— Não sei, eu não sei. Você entende por que eu tenho estado tão desnorteada ultimamente? Além do fato do meu pai poder ser preso, estamos lidando com o fato dele ser corrupto. Você tem noção disso, Jonas? O meu pai! Ele sempre foi uma pessoa tão íntegra, tão correta. Seria uma decepção muito grande para mim.
— Calma — pede Jonas. — Talvez ele só tenha se envolvido com as pessoas erradas, não vamos tirar conclusões precipitadas.
— Eu estou com tanto medo. — Ela esconde o rosto entre as mãos e Jonas arrasta sua cadeira para o lado dela.
— Não fica assim — diz envolvendo o corpo dela com seus braços. — Você não deveria ter guardado isso por tanto tempo. É de enlouquecer qualquer um.
— Eu não tinha pra quem contar.
— Contasse pra mim!
— Eu tentei, mas no dia que eu ia te contar você me disse que sua mãe tinha raspado a cabeça. Não era o momento. Você não estava em condições de ouvir os meus problemas.
— Então você resolveu guardar pra você tudo isso e ainda ouvir os meus problemas? Maísa, olha para mim — ele pede segurando no braço dela.
— O que foi?
— Nós estamos juntos. Eu sei que posso contar com você e quero que você sinta o mesmo que eu.
— Eu sei que posso contar com você.
— Mas ficou guardando esse peso só pra você.
— Não era o momento — ela volta a dizer.
— Era o momento que você precisava de mim e você não permitiu que eu te ajudasse. Eu já errei muito com a Isabela, me deixa fazer o certo com você.
Maísa assente e esconde o rosto no pescoço dele.
— Não conta pra ninguém.
— Não vou contar — promete Jonas.
— É melhor eu ligar para o pessoal e avisar que você está bem, né? — comenta Isabela saindo do banheiro do quarto de Felipe.
— Eu pensei em mandar uma mensagem, mas acho que o sinal de internet não pega lá — responde o moreno.
— Não mesmo. — Ela pega o celular de Felipe, o que está mais próximo. — Desbloqueia aí, por favor. — Com a tela liberada, ela procura o número de Victor e liga para o jovem.
— Alô? — atende Victor e Isabela mal consegue ouvir a voz dele por causa da música alta no fundo.
— Oi, Victor. Sou eu, Isabela.
— Ah, oi, Isabela.
— Só estou ligando para avisar que nós chegamos bem e que o Felipe está bem. Não foi um corte fundo — diz olhando para o namorado que adormece na cama.
— Já tinha até esquecido dele — brinca Victor e ri.
— Idiota. Avisa pra Yasmin, ela estava super preocupada.
— Tá bom.
— Aproveita a festa pela gente, tá? Tchau.
— Espera aí — pede Victor.
— O que foi?
— Você deveria ser mais cuidadosa, sabia?
— Do que você está falando? — indaga Isabela.
— Você deixou cair o pen drive do Vinícius lá na mata — conta Victor e a garota arregala os olhos.
— Sério? — Isabela toma o cuidado para não elevar muito a voz e acordar Felipe. — Como você sabe? — ela olha para sua fantasia largada no chão como se o pen drive fosse aparecer ali a qualquer momento, exatamente onde ela o deixou.
— Porque eu vi e peguei, né? — responde Victor.
— Nossa Senhora! Nem sei o que aconteceria se a gente perdesse esse pen drive.
— A gente não, você.
— Nós estamos juntos nessa, lembra?
— Lembro. Estou achando arriscado demais a gente ficar com esse negócio, se o Vinícius vir já era. Sem contar que o que adianta a gente ter o pen drive se não temos a senha para acessar o que tem nele?
— Eu ainda estou pensando o que fazer a respeito disso.
— Então pensa rápido, senão eu vou chamar a Marina para ajudar a gente.
— Victor — alerta Isabela. — Nós já conversamos sobre isso.
— É o jeito mais simples e rápido.
— E também o mais perigoso. A Marina fica fora disso.
— Então dá o seu jeito. Pra mim a gente só tem duas opções, ou chamamos a Marina ou devolvemos o pen drive. Sozinhos a gente não vai conseguir.
— Cadê toda a sua auto-confiança?
— Eu estou sendo realista.
— Deixa comigo, Victor. Eu vou pensar em uma solução.
— Tá bom, por hora o pen drive fica comigo. Você já provou que não é a melhor guardiã para ele.
Isabela revira os olhos.
— Que seja! Agora para de falar sobre isso aí na festa, vai que alguém ouve.
— Tá. Tchau, grande anã!
— Tchau. — Eles desligam e Isabela solta um suspiro. — Deus, me dá uma luz!
Victor guarda o celular no bolso e se vira para retornar para perto dos amigos. Nesse momento, tem a sensação que uma enorme pedra de gelo tenta passar por sua garganta. Vinícius está parado em sua frente com os braços cruzados.
— Que pen drive é esse que você e a Isabela tanto falam? — questiona o jovem.
— Oi?
— Eu quero saber que pen drive é esse, por que você precisa da ajuda da Marina e por que a Isabela parece ser contra isso.
— Você quer saber bastante coisa, né?
— Quem começou a se meter nos assuntos dos outros foi você — rebate Vinícius e para Victor fica bem claro que ele sabe que Isabela pegou o pen drive dele. — Eu só estou retribuindo a indelicadeza. Então, você vai me responder ou não?
— Assim como você não me respondeu, eu posso muito bem não te responder — responde o loiro.
— Você só quer receber respostas, né? — questiona Vinícius com os olhos frios.
— Não estou te reconhecendo, Vinícius. Você parece nervoso por uma coisa tão pequena. Eu só estava conversando com a sua irmã.
— Sabe por que eu estou nervoso? — indaga Vinícius chegando mais perto de Victor para ter certeza de que ele ouvirá suas palavras apesar da música. — Estou nervoso, porque não aguento mais as suas insinuações. Por que vocês não respeitam o meu tempo? Já passou pela cabeça de vocês que se eu não falei nada ainda é porque não estou pronto para isso?
— Então tem alguma coisa pra contar?
— Você não acha que tem?
— Eu sei que tem.
— Assim como eu sei o que vocês estão tentando fazer.
Eles se encaram com seriedade.
— Eu não quero esperar, porque a Marina está envolvida nisso. Quanto mais tempo passar, maior vai ser o sofrimento dela. Eu não quero ver a minha irmã sofrendo por sua causa.
Os dois estão tão concentrados um no outro que não percebem a aproximação da própria Marina.
— Do que vocês estão falando? — ela questiona parando ao lado deles. Por causa da música, a jovem ouviu apenas a última frase de Victor e por isso pergunta para o namorado: — Por que eu sofreria por sua causa, Vinícius?
Continua
ResponderExcluirAmei amei.
ResponderExcluirAcho que a Isabela e o Víctor estão entrometendo demais.
Feliz Natal