Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 342: Mel surpreende Chay

Chay ri com ar de obviedade.
   — Claro que não, Isa. O que eu poderia saber?
   — Não sei — responde Isabela. — É isso que eu quero saber — diz olhando profundamente nos olhos de Chay.
Ele sorri e volta a prestar atenção em seu violão.
   — Você está muito intensa, filha.
   — É, deve ser isso mesmo.
Chay não precisa olhar para Isabela pra saber que ela não se convenceu nenhum pouco com o que ele disse.

Já de noite, Jaqueline caminha de um lado para o outro do quarto de Luciana, contando detalhes de sua conversa com Gabriel na sorveteria.
   — Eu não sei o que ele tem na cabeça! — exclama indignada. — De onde já se viu querer assumir um filho que você sabe que não é seu? Um filho, Luciana! Estamos falando de um filho!
   — Confesso que eu fiquei chocada com essa atitude dele — Luciana assume sentada em sua cama. — Não pensei que ele fosse responsável a ponto de tomar uma atitude dessas.
   — Ele não é! — discorda Jaqueline. — É por isso que ele tomou essa atitude. Ele não tem noção do que falou!
   — Ele não te disse que pensou e repensou? Eu acho que ele tem noção sim.
   — Não sei se eu fico com raiva — fala Jaqueline sentando em uma poltrona — ou se fico feliz.
   — Acho que você tem que ficar feliz — Luciana opina. — Ele te ama de verdade, cara. Pra querer dar esse passo com você.
   — Ele é idiota, isso sim. Ai, meu Deus! — Ela esconde o rosto entre as mãos.
Luciana passa a mão no cabelo e diz:
   — Você sabe como resolver isso, né?
   — Sei? — A loira olha para sua amiga.
   — Faz o teste.
   — Eu estou com medo — assume Jaqueline.
   — Eu sei, mas antes de se preocupar com o Gabriel ou em contar para o Brian você tem que ter certeza se está ou não grávida.
   — Eu não quero ver o resultado.
   — Eu vejo por você.
   — Você não vai conseguir disfarçar. 
   — Jaqueline, você tem que fazer o teste!
A loira começa a chorar e esconde novamente o rosto.
   — Eu estou tão, mais tão arrependida!
   — Agora já foi, Jaque, não adianta ficar chorando pelo leite derramado. É arcar com as consequências.
   — É. — Jaqueline abaixa a cabeça, deitando sobre suas coxas. — Quer saber de uma coisa? — Ela levanta repentinamente e chega a ficar tonta. — Me dá essa p*rra de teste. Vou logo fazer isso.
   — Você tem certeza? — indaga Luciana vendo ela se aproximar da cama.
   — Uma hora eu vou ter que fazer, não vou? Não vou ficar nesse sofrimento. Me dá o teste que você comprou!
Luciana assente, alcança o teste de farmácia em uma gaveta da mesinha de cabeceira e o entrega para sua melhor amiga.
   — Boa sorte — deseja. Jaqueline agradece, pega o teste e caminha com as mãos geladas para o banheiro.

Uma ruga de concentração se forma na testa de Jonas enquanto ele lê com atenção um texto de sociologia sentado diante de sua escrivaninha. Em suas costas, deitada na cama, Maísa tira um cochilo. O rapaz está tão concentrado que não percebe que o sono da namorada começa a ficar turbulento. 
   Maísa franze a testa e balbucia em alguns momentos. Ela vira a cabeça para os lados, ficando cada vez mais inquieta. Somente quando a loira pronuncia "Não" em voz alta e clara é que Jonas olha para ela.
   Ele levanta, estranhando o comportamento dela, e se aproxima cautelosamente da cama.
   — Não, não — repete Maísa sacudindo a cabeça. — Não, não leva ele. Não, não.
   — Maísa? — chama Jonas com delicadeza, porém ela continua sonhando. — Maísa — diz com mais firmeza e segura nos braços dela. — Maísa. — Ele aperta a pele da loira, que desperta sobressaltada. — Você está bem?
Maísa olha ao redor, reconhecendo o ambiente em que está. Ela suspira ao constatar que a prisão de seu pai não passou de uma pesadelo.
   — Desculpa — pede relaxando no travesseiro.
   — Você está bem? — Jonas repete a pergunta, preocupado com ela.
   — Sim, eu só tive um pesadelo.
   — Parece que foi bem horrível, né.
   — Foi — ela garante. — Mas passou. Passou — repete para si mesma.
Jonas faz um carinho na perna dela.
   — Posso voltar a ler o texto de amanhã?
Maísa sorri.
   — Pode.

Na manhã seguinte, durante a aula de português, todos os jovens conversam enquanto realizam exercícios e alguns perambulam pela sala. Yasmin e Victor saíram de seus lugares no fundo e estão sentados com seus amigos. Marina e Felipe conversam com entusiasmo, Yasmin e Vinícius fazem a atividade juntos enquanto Isabela conversa com Iago e Victor faz os exercícios sozinhos. 
   Quando Iago sai para ir ao banheiro, Isabela arrasta sua cadeira para mais perto de Victor.
   — Ei.
O loiro continua encarando seu caderno, mas responde:
   — O que foi?
   — Eu tenho observado o jeito que você tem olhado para o Vinícius desde a tal conversa sobre a França.
   — Do que você está falando? — Victor vira para o rosto para fitá-la.
   — Sabe a maneira como o gato olha para um passarinho que está sentado perto dele?
   — Sei.
   — Então, você é o gato e o Vinícius é o passarinho.
Victor sorri e larga a caneta sobre o caderno.
   — Tirando a parte que você me chamou de gato, não entendi nada.
A garota revira os olhos.
   — Vou deixar bem claro, Victor. Parece que você está esperando o momento certo para atacar o meu irmão e eu quero saber por que.
   — O Vinícius merecia um guarda-costas melhor do que você, não acha?
Isabela não sorri com ele, ao contrário, fica ainda mais séria. Ela espia se os outros continuam concentrados no que estão fazendo e volta a olhar para Victor.
   — Você acha que é verdade?
   — O que é verdade? — pergunta o loiro sem o ar de deboche.
   — O Vinícius ir para a França.
A expressão de Victor se fecha por completo.
   — Do que você está falando, Isabela? Eu pensei que fosse só uma vontade, mas você está querendo me dizer que ele realmente vai para a França?
   — Não, claro que não! — exclama a garota e Felipe olha para ela. Victor volta a escrever em seu caderno e Isabela finge que está ajudando-o. Quando o namorado dela volta a conversar com Marina, ela retoma o assunto: — Eu não sei se ele vai para a França.
   — Então por que você me perguntou se é verdade? — questiona Victor aos sussurros.
   — Eu queria saber o que você sabe. 
   — Eu não sei de nada, apenas desconfio.
   — Desconfia do quê?
   — Que o Vinícius quer estudar gastronomia na França, mas não vai por causa da Marina. E o que você sabe? Você não estava anteontem lá na lanchonete quando esse papo aconteceu. — Isabela conta o quanto achou estranho o comentário de seu pai e Victor exclama: — Ah!
   — Pois é. Eu quero saber por que o meu pai disse que é irônico. É como se ele e o Vinícius já tivessem conversado sobre isso antes. Eu sinto que tem alguma coisa acontecendo. 
   — É, quando eu tentei conversar com o Vinícius sobre isso ele ficou todo esquisitão. 
   — Será que a Marina sabe de alguma coisa?
   — Definitivamente não. Ela teria me contado. 
   — Assim como o Vinícius está me contando o que está acontecendo? — ironiza Isabela.
Victor ri.
   — Querida, se a sua ligação com o seu irmão é uma bosta, a minha com a minha irmã não é, ok? Nós somos gêmeos, estamos ligados. Não é isso que o povo diz? 
   — É impressionante como você consegue estragar o clima, né?
   — Estava rolando um clima entre a gente? 
Isabela revira os olhos mais uma vez e diz:
   — Enfim, eu quero investigar mais sobre esse assunto, você me ajuda?
   — Talvez o Vinícius não queira que a gente descubra, você não quer respeitar essa decisão dele?
   — A única coisa que eu quero é entender essa situação.
   — Ok, eu te ajudo. Agora, você não quer voltar a conversar sobre o clima que estava entre a gente? — Ele sorri, enrolando uma mecha do cabelo dela.
   — Ei, ei! — exclama Felipe e os dois olham para ele, assim como Yasmin e Vinícius. — Se vai me trair, Isa, me trai com alguém mais bonito que eu, né?
   — É por isso que ela está conversando comigo — responde Victor e todos eles riem.
   — Vocês estão atrapalhando a minha atividade, ok? — Yasmin fala e Victor bagunça o cabelo dela.
   — Oh, sorry, nerd!
A loirinha fuzila o namorado com o olhar, mas acaba sorrindo ao receber um selinho dele.
   Isabela ri com amigos e observa o irmão, que conversa algo com Marina.

Durante o intervalo, Jaqueline vai até a sala do terceiro ano B. Os amigos de Gabriel riem ao vê-la entrar e Marcelo fala:
   — Está vindo aqui com bastante frequência, né Jaquelinda?
A loira mostra o dedo do meio para ele e olha para seu ex-namorado.
   — Vem aqui comigo rapidinho.
Gabriel nem hesita e a segue até o andar de cima, que é sempre mais deserto.
   — Pensou sobre a minha proposta? — ele pergunta ao ver Jaqueline parar perto da biblioteca.
   — Pensei.
   — E?
   — E eu continuo achando que você é idiota por querer assumir um filho de outro. Mas admiro a sua coragem e... obrigada por se sacrificar dessa forma por mim.
   — Não é um sacrifício, Jaque. Eu quero isso!
   — Mas não vai precisar! — Jaqueline abre um sorriso de orelha a orelha. — Eu fiz o teste de farmácia e EU NÃO ESTOU GRÁVIDA.
   — Sério?
   — Sim! Sério, seríssimo, mais sério do que isso não existe. Eu não estou grávida! Não vai ter bebê, não vai ter conversa com o Brian, não vai ter você querendo ser pai. Nada! 
   — Nossa.
   — Qual é, Gabriel? Até parece que você não está contente.
   — Ah, eu estou feliz por você já que você não queria, mas eu já estava empolgado com a ideia.
Jaqueline começa a rir, mas Gabriel não a acompanha.
   — Você está falando sério? — ela pergunta parando de rir. — Meu Deus, você realmente queria isso? 
   — Ia ser legal, você, eu, uma criancinha. Depois a gente poderia encomendar outra e depois mais uma.
   — Quando a gente namorava e você dizia que queria ter três filhos, era sério mesmo?
   — Sim — ele sorri. — Mas tudo bem, as coisas acontecem como tem que acontecer, né? Vou lá comprar alguma coisa pra comer. 
Jaqueline segura no braço dele, impedindo-o que se afaste.
   — Você realmente tem vontade de construir uma família comigo?
   — Você sabe o que eu sinto por você.
Ela solta o braço dele.
   — Desculpa.
   — Desculpa?
   — Por não conseguir retribuir isso.
   — Antigamente você conseguia — ele comenta e Jaqueline enxerga dor em seus olhos.
   — Acho que eu vou comprar alguma coisa pra comer. — A loira sorri timidamente e se afasta com rapidez.

Marina termina de comer um sanduíche e limpa a boca com o guardanapo de Vinícius, pois é o que está mais perto. O jovem ergue os olhos da tela do celular e surpreende Isabela, que o encarava. A garota desvia o olhar com rapidez e pega o primeiro copo de suco que encontra.
   — Eca — ela observa o suco —, odeio abacaxi com o hortelã.
   — Mas eu adoro — Felipe fala —, por isso que esse suco é meu. — Ele sorri e pega o copo das mãos dela.
Vinícius estranha o comportamento da irmã e comenta com Marina:
   — A Isabela está estranha comigo. Não só ela, o Victor também.
   — Isso é coisa da sua cabeça, amor — ri Marina. — Nem tem motivos para eles ficarem estranhos com você, né?
Vinícius não imagina o porquê de Isabela estar diferente com ele, mas tem uma ideia bem clara do motivo de Victor. A conversa deles na sala da mansão de Lua e Arthur ainda está bem viva na cabeça dele.
   — Não, não tem — ele responde sem olhar nos olhos de Marina.

A cabeça de Chay está agitadíssima e ele corre de um lado para outro na gravadora. Ele é pego totalmente de surpresa enquanto bebe café perto de uma máquina da bebida.
   — O que você está fazendo aqui?
   — Relembrando os velhos tempos — Mel sorri e as pupilas de Chay dilatam instantaneamente. — Falando sério agora, eu vim falar com você.
   — Comigo?
   — Não conheço outro Roobertchay — ela ri.
   — Está brincalhona hoje, hein? — O cantor joga o copo de café já vazio no lixo. — Vamos lá para o estúdio, não deve ter ninguém lá agora.
Mel vai atrás de Chay pelos corredores da gravadora. Quando eles estão no estúdio, mais à vontade, Chay pergunta:
   — Então, o que foi?
   — Queria ver o rosto do meu ex-marido, não posso? — Chay fica sem reação e ela gargalha. — Brincadeira de novo. — O sorriso desaparece do rosto dela: — O que eu quero mesmo saber é até quando você e o Vinícius iam me esconder que ele fez uma prova de uma escola de gastronomia francesa.

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