Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 338: Felipe e Isabela viajam a São Paulo
— Quer que eu te leve em casa? — ele pergunta com os olhos bastante vermelhos e inchados.
— Não precisa — responde Maísa passando a mão pelo rosto dele. — Vai pra casa, descansa.
— Obrigado.
— Qualquer coisa me liga, tá?
— Sim, você também. — Maísa dá um leve sorriso e desvia o olhar. — Você está bem? — questiona Jonas observando com atenção o rosto dela. — Parece um pouco preocupada.
— É toda essa situação — mente a loira. — Eu fico preocupada com você, com sua mãe, com toda a sua família.
Jonas dá um leve sorriso.
— Você é muito especial pra mim, sabia? — Ela sorri sem mostrar os dentes. — Não sei como lidaria com essa situação se não estivesse com você.
— Você é forte, conseguiria passar por isso — garante a loira.
— Mesmo assim, com você parece mais simples. Ou melhor, menos complicado. — Eles sorriem e Maísa se joga nos braços dele. Ela tenta falar alguma coisa, mas é sufocada por lágrimas que ameaçam surgir a qualquer instante em seus olhos.
— Tchau — diz se afastando dele.
— Tchau. — Eles dão um beijo curto e seguem caminhos diferentes.
Sozinha em seu quarto, Jaqueline relembra da passagem de Brian pelo Brasil, dos momentos que eles passaram juntos, de cada detalhe do corpo dele, desde seus músculos até o brilho de seus olhos claros. A saudade deixa seu peito apertado, assim como a possibilidade de estar esperando um filho dele.
— Isso não pode estar acontecendo — ela fala colocando as mãos sobre seu abdômen. — Não pode. — A loira arranha a própria pele e vira de lado, libertando as lágrimas que fazem sua garganta doer.
O táxi que Jonas pegou no parque para em frente a sua casa. Ele paga ao taxista e entra no casarão sem olhar para os lados. Antes de abrir a porta principal, para e passa mais uma vez as mãos nos olhos na tentativa de disfarçar a cara de choro.
Ele gira a maçaneta, passa pelo hall de entrada repleto de plantas e paralisa ao ver quem está na sala de visitas.
— O que está acontecendo aqui? — pergunta alternando o olhar entre sua mãe e sua ex-namorada.
Os olhos de Isabela demonstram espanto, embora Diana permaneça com o rosto sereno.
— Oi, meu filho — diz com a voz fraca. — Eu chamei a Isabela para tomar chá comigo.
— Por quê? — questiona o rapaz descendo dois degraus até o centro da sala. — Quer dizer, não esperava por isso.
— Noite passada eu sonhei com ela, então resolvi chamá-la. A Bela aceitou meu convite de imediato.
Jonas olha para a garota, que permanece em silêncio.
— Entendi — ele responde ainda fitando Isabela.
— Como vai, Jonas? — pergunta a jovem apenas para atenuar o clima.
— Bem, na medida do possível. — Ele fala e enxerga piedade no rosto de sua ex-namorada.
— É melhor eu ir — Isabela fala para Diana. — Já está anoitecendo e o... o meu pai está me esperando — desconversa para tampar o furo que ia dar.
— Ah, sim — Daiana abre um sorriso, mas seus olhos continuam tristes. — Manda um abraço para ele.
— Claro. — Isabela levanta do sofá e Diana tenta fazer o mesmo para abraçá-la, mas se desequilibra.
— Mãe! — Jonas segura ela com firmeza. Diana recupera o equilíbrio, arruma o lenço em sua cabeça e diz para Isabela:
— Viu? É assim que eu estou agora. — Ela se senta novamente com a ajuda de seu filho.
— Mas é só uma fase — Isabela responde e volta a se sentar ao lado dela. — Eu tenho certeza que a senhora vai se recuperar disso tudo.
— Eu também — diz Diana. — Tenho fé que isso é só uma fase ruim da minha vida. Um momento delicado.
Isabela assente e finge não perceber os olhares de Jonas.
— Sim. Até mais, Dona Diana!
A mulher dá uma risada fraca.
— Bela, você não precisa me chamar de Dona. Esqueceu os momentos que a gente já passou nessa casa? — Isabela olha de relance para Jonas. — Você é quase uma filha para mim.
A garota sorri.
— Eu tenho muito carinho pela senhora.
Diana sorri e se volta para Jonas.
— Você leva ela até a portão, meu filho?
Isabela abre a boca para dizer que não precisa, porém prefere não contestá-la. Jonas assente.
— Tudo bem. Vamos, Isabela?
— Tchau, Don... Diana — ela sorri.
— Tchau, minha querida.
Isabela e Jonas caminham juntos até a porta principal. No hall, o rapaz segura no braço dela.
— Obrigado por ter vindo.
— Vim pela sua mãe — responde Isabela asperamente.
— Eu sei — Jonas sorri. — Não disse o contrário. Mas eu fico grato por ela.
Isabela assente.
— Você já pode me soltar, Jonas.
Ele tira a mão do corpo dela.
— Obrigado — repete. Isabela abre a porta e sai para a varanda sob o olhar dele. Ela para no último passo da varanda. Jonas fita as costas dela intensamente.
— Droga — Isabela sussurra e se vira para ele, dizendo: — Se você precisar de apoio, pode contar comigo.
Jonas sacode a cabeça, seus olhos voltando a se encher de lágrimas. Para o espanto da garota, ele se aproxima dela com rapidez e a abraça.
— J-Jonas — ela gagueja desorientada.
— Desculpa. — Ele solta ela tão rápido quanto o tempo do abraço. — Desculpa.
— Tudo bem, eu só fiquei... espantada. — Ela pega em uma das mãos dele. — Fica bem, tá?
Jonas assente e enxuga as lágrimas. Com o coração acelerado e apertado, Isabela deixa a varanda e cruza o caminho arborizado até o portão. Ela fecha a pesada porta de madeira e atravessa a rua correndo, entrando no carro de Evaldo.
— Estava quase dormindo — sorri Felipe. — Tudo bem, Isa?
— O Jonas chegou de repente — conta a garota.
— É, eu vi ele entrando, sorte que ele nem notou o carro aqui.
— Ele está desolado! — exclama Isabela largando o corpo no banco. — A família toda está, pra falar a verdade. Embora a Diana esteja lidando com positividade. Agora o Jonas... ele está acabado.
— Até eu estou com pena dele — confessa Felipe. — Que barra, né?
— Sim. — Isabela enxuga uma lágrima que insiste em cair e fala para o motorista: — Pode ir.
Evaldo assente e coloca o veículo em movimento.
— Não fica assim — pede Felipe. Ele envolve Isabela com delicadeza e proteção.
— Nada como um bom banho! — Marina sorri ao sair do banheiro com uma toalha no cabelo. Vinícius retribui o sorriso, esparramado na cama dela.
— Gostou?
— Amei — ela responde sentando ao lado dele. O contato com seu cobertor e travesseiro, juntamente com o cheiro agradável de Vinícius, traz uma paz interior imediata para ela.
— Fico feliz. — Ele admira o rosto dela com encantamento. — Te acho tão bonita.
Marina ri.
— Assim? Com o rosto lavado, cheia de olheiras e com o rosto ressecado?
— Você não precisa de maquiagem pra ser linda. Já ouviu a música que tem o seu nome?
— O meu nome?
— Sim. Marina, do Dorival Caymmi.
— Sei que vou soar como uma ignorante, mas eu nunca ouvi falar desse cantor. — Eles riem. — Por que você não canta pra mim?
Vinícius e começa a cantar acapela:
— Marina morena, Marina você se pintou. Marina, faça de tudo, mas faça o favor: Não pinte esse rosto que eu gosto, que eu gosto e que é só meu. Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu.
A jovem sorri.
— Gostei, é interessante. Um pouco machista, mas vou relevar isso.
— Ele nasceu no começo de mil novecentos, leve isso em consideração.
— Ok — ela ri. — Você concorda com a música?
— Tirando a parte que ele fala que o rosto é só dele, sim.
— Então eu sou bonita com o que Deus me deu?
— Agora que eu citei Dorival Caymmi parece mais verdade? — ri Vinícius. — Você é linda sem maquiagem, com essa camisa velha, toalha no cabelo. Simplesmente linda — conclui como se estivesse hipnotizado pela beleza dela.
Marina sorri e tira a toalha do cabelo, que cai molhado como cascata em seus ombros.
— Você vai dormir aqui?
— Como queira — responde Vinícius e eles riem.
O final de semana passa rápido e mais uma semana inicia-se. Os alunos do terceiro ano do Colégio Otávio Mendes ficam a cada dia mais ansiosos para o exame nacional do ensino médio e a sala dos orientadores torna-se mais movimentada do que nunca.
Graziele e Thiago estão sentados em um banco no térreo antes das aulas começarem na terça-feira.
— Falta menos de um mês — comenta a ruiva.
— Como você está se sentindo? — ele pergunta.
— Nervosa, como todo mundo deve estar. — Eles riem. Graziele observa as pessoas ao redor e vê quando Maísa e Laís chegam. Laís está com o ar animado e alerta como de costume, porém sua prima demonstra enorme cansaço e fragilidade. As duas sobem os degraus para o primeiro andar e cruzam com Samuel. O rapaz não esconde o espanto ao ver a loira.
— Bom dia — fala se juntando a elas.
— Bom dia! — responde Laís e Maísa acena com a cabeça.
Samuel coloca as mãos nos bolsos da calça jeans.
— Maísa, posso falar com você um instantinho?
— Pode.
— Quer que eu coloque sua mochila lá na sala? — Laís se oferece.
— Valeu. — Maísa entrega sua mochila para a prima, que vai para a sala. — O que foi, Sam?
— Eu que te pergunto. O que está acontecendo com você, Maísa?
A loira dá de ombros.
— Nada, ué.
— Nada? Você tem se olhado no espelho ultimamente? — ele pergunta com seriedade.
Maísa dá um leve sorriso.
— Você vai acabar com a minha auto-estima desse jeito.
— Você é linda e sabe disso. O que eu estou querendo dizer é que você está cada dia mais desanimada, Maísa. Pra baixo, sempre aérea.
— São os vestibulares.
— Mentira — acusa Samuel. — Se fosse os vestibulares, você estaria prestando a atenção nas aulas.
— Mas eu presto atenção nas aulas.
— Outra mentira. Eu venho te observando, Maísa, e você sempre está com o olhar distante em quase todas as aulas.
— Você fica me observando? Quem não está prestando atenção na aula aqui?
— Eu estou preocupado com você. E não sou o único.
Maísa cruza os braços na frente do corpo, adotando uma postura defensiva.
— Do que você está falando?
— Jonas. Esse nome te soa familiar?
— Para de rodear e fala logo o que você quer, Sam.
— Eu estava preocupado com você, mas não comentei com ninguém. Nem com o Jonas. Só que ontem ele reclamou comigo que tentou falar com você o final de semana inteiro e você não retornou as ligações dele. E ontem você não veio no colégio.
— Estava com dor de cabeça.
— E passou o final de semana inteiro com dor de cabeça? A dor de cabeça era tanta que não podia atender o telefone?
— Espera aí. — Maísa ergue uma das mãos. — Eu estou no meio do corredor, discutindo a minha relação com o Jonas com você?
Samuel balança a cabeça.
— Eu só quero o seu bem, Maísa. — Ele vê um lampejo de desespero passar por trás dos olhos dela, mas logo a expressão da loira volta a se fechar.
— Obrigada. Mais alguma coisa?
Frustado com o resultado da conversa, o rapaz sacode a cabeça em negativa.
— Não.
Maísa passa por ele em silêncio e vai para a sala. Samuel se apoia na parede e fecha os olhos com força, soltando um suspiro.
Ele abre os olhos assustado após receber um selinho rápido.
— Dormindo encostado na parede? — sorri Malu. Todo o baixo astral de Maísa desaparece de seus pensamentos ao ver o sorriso iluminado da morena. — O gato comeu sua língua?
— Não. Ela continua aqui e se você quiser usá-la... — ele deixa a frase no ar e Malu ri.
— Larga de ser despudorado, menino. — Ela olha ao redor. — Tá vendo aquelas meninas do primeiro ano ali? O que elas vão pensar? A gente não pode sujar a inocência delas.
Samuel cai na gargalhada.
— Elas já perderam a inocência faz tempo, Malu. Te garanto.
— Como você tem tanta certeza? — Malu estreita os olhos. — É o passado falando?
Ainda sorrindo, ele passa os braços pela cintura dela, o que faz a mochila da jovem cair no chão.
— Foi mal. — Ele se abaixa para pegar e Malu faz o mesmo. Quando ele levanta a cabeça, acerta em cheio o nariz dela.
— Ai, meu Deus. — Malu leva as mãos até o nariz.
Com a mochila dela presa em uma das mãos, Samuel pergunta assustado:
— Machucou?
— A-acho que e-está sangrando.
Ele arregala os olhos.
— Senhor! Desculpa, Malu, desculpa. Deixa eu ver — ele chega mais perto de Malu. Lentamente, ela tira as mãos do rosto e Samuel não vê diferença nenhuma em seu nariz. — Mas...
— Rá! — ela exclama rindo. — Pegadinha da Malu!
Samuel bate com a mochila nas pernas dela.
— Sua palhaça! Quase me matou do coração. Pensei que tivesse quebrado o seu nariz.
— Você só é capaz de quebrar uma coisa do meu corpo — diz Malu com seriedade. — O meu coração. — Ela cai na gargalha em seguida e Samuel faz o mesmo.
— O que eu fiz para merecer isso?
— Você fez um bem para a sociedade, qual eu não sei, mas tenho certeza de que foi um bem. Sabe por quê? Quando a gente faz o bem, a vida retribui.
— Deixou de ser palhaça para ser filósofa? — Eles gargalham e Malu puxa Samuel para a sala.
Já acomodados dentro da sala de aula, Marina conversa com Felipe e Isabela enquanto Victor e Vinícius testam um jogo novo no celular do loiro.
— Estão empolgados para a viagem? — pergunta Marina para o casal.
— Sim! — Isabela responde sorridente. — Nós vamos fazer a ponte aérea hoje a noite.
— Já? Pensei que vocês fossem amanhã mesmo, já que é super rápido.
— Foi o que eu sugeri para a Isa — Felipe comenta antes de dar um bocejo.
— É porque os portões abrem logo de manhãzinha. Mesmo com a ponte aérea sendo super rápida, nós teríamos que acordar bem cedo e eu não abro mão da minha noite de sono, né?
— Ué, não era você que estava se entupindo de café para estudar até tarde, grande anã? — indaga Victor entrando na conversa.
— Volta para o seu joguinho, Victor — pede a morena.
— Olha isso, cara! — exclama Vinícius concentrado no jogo. O gêmeo de Marina volta a prestar atenção na tela de seu celular e Isabela faz um carinho no rosto de Felipe.
— Você dormiu bem? — indaga.
— Acho que você está precisando do café da Isabela — brinca Marina e eles riem.
Jonas entra e caminha para o seu lugar no fundo da sala. Quando ele passa por eles, Isabela olha em sua direção e os dois trocam um olhar intenso.
Sentada na carteira de Alexandre na parte da frente da sala, Maísa observa o ex-casal.
— Quando você vai fazer o teste de farmácia, amiga? — Luciana pressiona Jaqueline.
— Fica quieta — pede a loira vendo Jonas se aproximar.
O cabelo de Anelise está preso em um coque frouxo e o olhar da jornalista concentrado na tela de seu notebook. Seus pés repousam na mesinha de centro ao lado de uma xícara de café vazia.
— Alô? — fala instantes depois quando seu celular toca. — Oi, Beatriz — cumprimenta sua colega de trabalho. — Está em cima da minha mesa, pode pegar lá. É, ao lado do computador se eu não me engano. Eu estou respondendo alguns e-mails agora, só vou a tarde. Tá bom. Beijos, tchau!
Bernardo entra no apartamento minutos depois com o rosto vermelho de raiva.
— Bê? Está tudo bem? — pergunta Anelise espantada.
— Está tudo uma merda! — Bernardo joga sua maleta no sofá e caminha para a cozinha. Sua esposa continua surpresa, ela deixa o notebook sobre a mesa de centro e segue ele.
— Aconteceu alguma coisa no hospital?
Bernardo está parado diante da pia com as mãos apoiadas no mármore e os olhos fechados.
— Eu vim de carona com a Maristela — conta e se vira para Anelise com o olhar fervendo de raiva. — Sabe por quê?
— Por quê?
— Bateram no meu carro — conta Bernardo com o rosto ficando cada vez mais púrpura.
— Como? Bateram no seu carro? — Anelise não esconde o choque. — Como isso foi acontecer?
— Um cara bateu com a caminhonete dele. Meu carro estava estacionado, Anelise. Estacionado!
— E aí?
— E aí que o meu carro foi para o conserto.
— O cara vai pagar?
— Sim, a gente entrou em um acordo.
Anelise suspira.
— Menos mal, né?
— Meu carro só vai ficar pronto daqui a quinze dias! Você tem noção disso, Ane? — Ele se lamenta e senta em uma cadeira. — Está tudo dando errado na minha vida!
— Também não é para tanto.
— Não é para tanto? — repete Bernardo. — Eu posso ser demitido a qualquer momento por causa dessa investigação e agora ainda batem no meu carro parado!? Não vejo o que pode piorar. O banco pedir nossa apartamento, você se separar de mim?
— Nada disso vai acontecer — garante Anelise dando um afago no ombro dele. — Mas... você acha mesmo que você pode ser demitido?
— Se ficar comprovado que o dinheiro que mantém o hospital é realmente dinheiro público, com certeza.
— É, quem iria bancar as coisas a partir de então, né?
— Exatamente. Ai, que merda! — exclama Bernardo empurrando a cadeira e se levantando. Anelise dá um passo para trás. — Por que isso está acontecendo logo agora, car*lho? Isso sem contar os depoimentos que eu vou ter que dar. Eu tô muito f*dido!
Anelise pisca rapidamente.
— Como assim depoimentos?
— Você acha que eles não vão querer saber se eu tinha participação nisso? Todos os funcionários do hospital vão ter que depor e provar que não sabia que o própria salário vinha dos cofres públicos.
— Meu Deus, Bernardo! Isso tudo é muito grande, muito pesado.
— Claro que é.
— Mas uma coisa que eu não entendo é por que esse empresário foi desviar dinheiro público para construir um hospital comunitário? Não faz sentido algum.
— Vou te explicar — responde Bernardo mordendo o lábio com raiva. — Esse filho da p*ta é filiado a um partido político e ia lançar sua candidatura em breve. Como ele é muito ambicioso e o partido é formado por um bando de lixo, eles resolveram construir essa droga de hospital em uma área carente, cheia de gente sem oportunidade de educação. Qual é o resultado dessa p*rra? Eleitores fáceis! Colocaram uns três médicos recém-formados lá para atender um monte de gente e em época de campanha iam para lá fazer a cabeça daquele povo. Agora faz sentido pra você?
Anelise está em choque.
— Meu Deus.
— O que vai ser da minha carreira quando descobrirem que eu fazia parte disso?
— Mas você não sabia de nada!
— Mesmo assim. P*ta que pariu! — Ele sacode a cabeça e empurra a cadeira com força. — Que inferno!
— Bernardo, calma — pede Anelise.
— Como eu vou ter calma? Eu estou sem carro, posso ficar sem emprego e ainda ter o meu currículo manchado pra sempre!
— Você está surtando! — exclama a jornalista. — Vai tomar um banho, fazer qualquer coisa pra esfriar a cabeça, você está precisando.
— Eu só quero a minha vida de volta — responde o clínico-geral se apoiando na pia. — Por que, meu Deus? Por quê?
Anelise se aproxima dele cautelosamente.
— Bernardo? — chama com a voz controlada. — Olha pra mim, amor.
Ele ergue os olhos até o rosto dela.
— Hum.
— Isso é só uma fase difícil, ok?
— Não era assim que eu me imaginava estar com trinta anos.
— Nem sempre as coisas saem como a gente imaginava. Pelo menos a gente tem um ao outro.
— O nosso amor não é o suficiente para manter essa casa.
— Eu sei. Mas caso você seja realmente demitido, vai ganhar um dinheiro. Eu estou bem lá na MelPhia, a gente vai conseguir se virar até você arrumar outro emprego. Não vamos nos descabelar antes da hora, ok?
— Ai, Anelise. — Bernardo a puxa e a abraça com força.
Mesmo após o término das aulas do período da manhã, os alunos permanecem no colégio para a realização de um aulão durante a tarde.
Quando chega em casa, Jonas toma um banho e passa um tempo com sua mãe. Em seguida, ele pega um táxi e vai até o casarão da família de Maísa.
— Oi — ele sorri para Edson, pai de sua namorada.
— Oi, Jonas — responde o homem dando um sorriso. — Veio ver sua namorada?
Jonas dá um leve sorriso.
— A Maísa contou para vocês.
— Sim. Fico feliz por vocês, mas pensei que você fosse pedir oficialmente para mim — fala ainda sorrindo.
— Desculpa. Quando eu pedir ela em noivado, vou falar diretamente com você — responde o jovem com ousadia.
Edson gargalha e caminha até o sofá, sendo seguido por Jonas.
— Você vai ter que esperar um pouco para ver a Maísa — ele fala —, porque ela foi direto do colégio para a casa da Laís.
— Sério? Será que ela vai demorar?
— Acho que não. A gente combinou de jantar juntos essa noite. — Edson liga a televisão e deixa em um canal de notícias. — Hoje a Lorena está fazendo aniversário.
— Ah é, que legal! — diz Jonas com sinceridade.
— Se você quiser ficar pra jantar, sinta-se convidado.
— Obrigado — ele aceita. Os dois ficam quietos e olham para o aparelho de televisão, onde um jornalista e um sociólogo comentam a investigação que envolve o partido de Edson. — Você viu isso? — pergunta Jonas. — Meu pai ficou surpreso, ele conhece esse empresário aí do hospital. A gente já esteve em vários jantares com ele, ninguém esperava por isso.
— Pois é — responde Edson visivelmente incomodado. Ela pega o controle da televisão, desliga e levanta do sofá. — Lembrei que tenho que responder uns e-mails. Fica à vontade.
— Obrigado. — Jonas estranha a mudança de humor dele e quando fica sozinho, comenta consigo mesmo: — Deixasse a televisão ligada pelo menos. — Ele respira fundo e olha ao redor, reparando nos detalhes da decoração minimalista da sala de estar. Estica-se e alcança uma revista sobre educação.
— Jonas?
Ele vira a cabeça, minutos depois, e visualiza Maísa parada ao lado do sofá.
— Oi — diz abandonando uma matéria sobre o ensino superior e se levantando.
— Que surpresa te encontrar aqui. — Mesmo com a aparência abatida, seu tom de voz demonstra alegria por vê-lo.
— Vim te ver. — Ele vai até ela. — Como você está?
— Cansada — ela sorri. — Tenho que tomar um banho e me arrumar para o jantar. Hoje é aniversário da minha mãe, sabia?
— Sim, seu pai me disse.
— Você conversou com meu pai? — ela fica surpresa.
— Ele me recebeu. Aliás, reclamou de eu não ter pedido você em namoro oficialmente — ele ri.
— E o que você respondeu? — indaga ela sorrindo.
— Falei que quando for pedir você em noivado, peço pra ele.
— Você falou isso?
— Falei.
Maísa ri.
— Espera aí, isso quer dizer que você tem a intensão de me pedir em noivado um dia?
— Se você não me chutar da sua vida, por que não?
Ela sorri e dá um beijo demorado nele.
— Vamos subir? — chama em seguida com o rosto ainda bem perto do dele. — Tenho que me arrumar.
Na sala de embarque do Aeroporto do Galeão, Isabela lê a história em quadrinho Homem de Ferro vs Chicote Negro enquanto Felipe observa através da parede de vidro um avião taxiar na pista. A adolescente coloca a HQ na coxa, marcando a página em que parou, para prender o cabelo comprido em um rabo de cavalo. Ela checa se as bagagens de mão deles ainda estão no assento ao seu lado e depois observa distraidamente as pessoas que também estão no espaço. Seu olhar pousa em Felipe e ela dá um leve sorriso antes de se levantar, segurando a HQ em uma das mãos, e caminhar até ele.
— Oi — sussurra parando ao lado dele, que está de braços cruzados.
— Oi. Tudo bem? — Felipe olha para ela.
— Sim e com você?
— Também. — Eles ficam quietos apenas olhando para fora, até Felipe perguntar: — Qual é o seu nome?
Ela dá uma risadinha.
— Isabela e o seu?
— Felipe.
— Bonito.
— Meu nome?
Isabela analisa todo o corpo dele e responde voltando a olhar para a pista:
— Você todo.
— Uau. — Ele ergue as sobrancelhas. — Ousada.
— Nem sou. Na verdade, sou apenas com aqueles com quem tenho intimidade.
— Mas nós acabamos de nos conhecer! — exclama Felipe.
— Eu sei, mas eu sinto que nós temos uma conexão.
— Tipo Rio-São Paulo?
Isabela ri.
— Tipo Rio-São Paulo.
Os dois viram a cabeça ao mesmo tempo e se encaram. Eles caem na gargalhada e Felipe descruza os braços e envolve Isabela.
— Essa é a nossa primeira viagem sozinhos.
— Espero que seja primeira de muitas.
— Assim será — ele dá um beijo no cabelo dela. — A cama do nosso quarto no hotel é enorme, sabia?
— Que bom! Vai dar para dormir bem gostoso — Isabela responde fingindo não entender as intenções dele.
— Na realidade, estava pensando em fazer outra coisa de um jeito bem gostoso.
Isabela ri e beija o pescoço dele.
— Só você e eu em São Paulo — comenta depois de um tempo.
— Só eu e você em São Paulo. — Eles sorriem e se abraçam com força.
Belipe melhor casal!😍
ResponderExcluirContinuaaa , ta maravilhoso 💜💜
ResponderExcluirFelipe e Isabela em São Paulo sozinhos vai dar certo pq eles dois estão muito safadinhos mais adooooro♥♥♥♥
ResponderExcluiruhul essa viagem da isa e do filipe promete ? Querooooooooooooo
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