Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 336: Casais ficam abalados após vestibular
— Bom dia, maninha.
— É hoje — sussurra Isabela com o rosto escondido na camisa de algodão de Vinícius.
— Vai dar tudo certo — garante seu irmão fazendo carinho nas costas dela. — Não tem aquela música — ele começa a cantar: — vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, se a gente colocar a nossa fé em ação, vai dar tudo certo?
— Não sei, é gospel?
— Acho que é religioso, mas eu conheço pelo Zezé di Camargo e Luciano.
— Hum. É o que eu quero que aconteça.
— Vamos tomar café? — ele chama pegando nas mãos dela.
— Vamos.
Os dois tomam café juntamente com Mel. Em seguida vão para a sala conferir o que levarão para o vestibular e Mel vai até eles.
— Queria dar uma palavrinha com vocês — diz a empresária.
— Não pode demorar muito, mãe — responde Isabela fechando sua bolsa.
— Não vai — garante Mel. Eles olham para ela, que continua: — Eu só quero desejar uma ótima prova pra vocês. Sei que vocês estão preparados. Fiquem calmos, vai dar tudo certo.
Vinícius assente, visivelmente relaxado, enquanto Isabela concorda com a cabeça, agitada.
— É verdade, a senhora está certa. Nós estamos preparados!
Mel se aproxima ainda mais de sua filha caçula e segura nas mãos dela.
— Fica calma, Isabela. Você sabe o quanto é inteligente e o quanto se preparou para isso. Não deixe o nervosismo estragar todos os seus anos de preparação. Vai lá, responde tudo com calma e eu tenho certeza que você vai passar.
Isabela assente.
— Obrigada, mãe!
Elas se abraçam e Mel olha para Vinícius.
— Pra você não preciso falar nada, né?
O rapaz sorri.
— É. — Ele faz um carinho no ombro de sua mãe. — Vamos, Isa?
— Vamos — responde a morena pegando sua bolsa. Ela respira fundo e fala: — Vamos lá!
Desde que acordou, Anelise está arrumando e conferindo as contas da casa.
— Eu deixo o Bernardo dois meses administrando as coisas e vira essa bagunça! — ela reclama sentada no tapete, sozinha no apartamento, rodeada por pastas com contas pagas, faturas que ainda faltam pagar e alguns envelopes fechados.
A jornalista fecha mais uma pasta e respira fundo. Ela encosta no sofá e refaz o coque em seu cabelo.
— Meu Deus! — exclama ficando em pé de imediato ao ver o relógio marcar dez horas e quarenta e sete minutos. — Preciso comprar alguma coisa pra almoçar. Ela calça seus chinelos, alcança a bolsa e a chave do carro antes de sair as pressas. Ao entrar no elevador, confere sua roupa e solta o cabelo. — Não, está muito quente — diz mudando de ideia e prendendo os fios em um rabo de cavalo bem alto.
O elevador chega à garagem e Anelise sai arrastando os chinelos. Ela se espanta quando vê que o carro de Bernardo está na vaga dele.
— Bernardo? — chama se aproximando da janela do motorista. Bernardo está com a cabeça apoiada no banco e os olhos fechados. Anelise dá batidinhas no vidro e ele abre os olhos. — O que você está fazendo aqui? — ela pergunta quando ele abre a porta. — Você não disse que depois que saísse do plantão ia almoçar na casa da sua mãe?
— Estou cansado, resolvi vir direto pra casa — responde o clínico-geral. Ele dá um beijo sem graça na esposa e começa a caminhar para o elevador.
— O que aconteceu com você? — indaga Anelise indo atrás dele. — Isso não é só cansaço.
— A gente pode conversar lá em casa?
— Eu estava indo... deixa pra lá. — Eles entram no elevador. — Então — ela fala instantes depois —, o que aconteceu?
Sentado no sofá, Bernardo passa a mão no rosto.
— As coisas estão pesadas lá no hospital.
— Por quê? — pergunta Anelise tirando umas pastas do sofá para poder sentar ao lado dele.
— Parece que o empresário dono do hospital está sendo investigado por corrupção,
— Corrupção?
— É. Estão rolando boatos que o hospital foi construído com dinheiro público, roubado pelo partido que ele é filiado.
— Nossa, mas isso é muito sério!
— É, mas as coisas podem ficar ainda pior.
— Como assim?
— Pelo o que eu fiquei sabendo isso é só uma das coisas ilegais que esse empresário andou fazendo. Tem muitas coisas que podem afundar ele e os políticos que estão envolvidos nisso.
— O que você quer dizer com afundar? — indaga Anelise com a voz trêmula.
— Que ele pode ter os bens confiscados, pode ser preso. Estão dizendo também que o dinheiro que mantém o hospital funcionando é sujo, e se isso for verdade. — Ele morde o lábio. — Se isso for verdade o hospital vai fechar as portas, Anelise.
Anelise fica incapaz de responder o que quer que seja.
— Deveria ter comprado mais barrinhas, porque eu fiquei com fome pra car*lho — tagarela Malu enquanto Samuel dirige seu fusca até um barzinho onde os jovens marcaram de se reunir no intervalo para o almoço do vestibular. — Por que eles escolherem um lugar tão longe da faculdade?
— Pelo o que a Yasmin me disse é para evitar o "clima de vestibular" — responde Samuel.
— Saquei. Sacanagem isso de vestibular de um dia só, né? Pra mim tinha que ser tipo ENEM.
— Pra você ficar nervoso dois dias? É melhor passar por tudo num dia só mesmo.
— Eu não acho, mas enfim, a gente não vai ficar falando sobre isso, né? Não quero nem comentar sobre a prova da manhã.
— Ok.
Minutos depois, Samuel estaciona em frente ao barzinho e desce com Malu. Isabela, Vinícius, Felipe, Yasmin, os gêmeos, Thiago e Graziele já estão sentados em uma mesa na calçada.
— E aí, gente bonita que vai passar na PUC! — ri Malu ao se juntar a eles. Ninguém responde com o mesmo entusiasmo que ela e Yasmin pergunta:
— Como você pode rir nesse dia tenso?
— Estou rindo para não chorar, amiga — responde a morena sentando ao lado de Graziele.
— Vocês foram tão mal assim? — Isabela indaga, mas Marina não deixa as duas responderem.
— A gente combinou de não falar sobre a prova, né?
Felipe, Samuel e Thiago ficam surpresos com a reação dela. Vinícius engole seu bolinho de bacalhau e fala alguma coisa no ouvido da namorada.
Bem mais séria do que de costume, Graziele batuca na mesa com ansiedade enquanto aguarda o prato principal chegar. Ao lado dela, Victor encara a rua com o olhar distante e Thiago mexe no celular em silêncio. Felipe está bem concentrado, mas faz algumas brincadeiras com a namorada, que demonstra confiança. Os únicos que não demonstram nenhuma alteração com o desempenho na prova são Vinícius e Samuel.
O grupo almoça, fica mais alguns minutos conversando até que Isabela fala:
— É melhor a gente ir.
— Sim, já está na hora — concorda Yasmin.
Eles dividem a conta e levantam.
— Vinícius — chama Marina segurando no braço dele.
— Hum?
A garota fica um pouco distante dos demais com o namorado e fala:
— Só me diz que tudo vai acabar bem.
Vinícius sorri e dá um abraço apertado nela.
— Acabar não é a palavra certa. Nada vai acabar — fala no ouvido dela. — Absolutamente nada.
Eles se soltam e trocam um olhar cheio de significado.
— Vamos, minha humanas? — fala Felipe oferecendo o braço a Isabela.
— Vamos, meu exatas. — Eles sorriem e caminham até o carro.
Malu, Samuel, Thiago e Graziele vão para o fusca dele.
Yasmin e Victor sentam lado a lado no banco de trás do carro dirigido por Ulisses. Ele busca a mão dela e eles entrelaçam os dedos com força.
Instantes depois, Samuel, Ulisses e Evaldo dirigem de volta à PUC-RIO.
Por volta das quatro horas da tarde, o carro de Reinaldo para em frente à mansão de Mel.
— Tem certeza que você tem que ir? — ela pergunta quando eles se encontram na varanda.
— Duas semanas passam rápido — sorri Reinaldo. — Assim espero.
Os dois riem e se beijam.
— Aproveita Madrid por mim, ok? — pede Mel passando a mão pelo rosto dele.
— Não vou poder aproveitar nem por mim — ri Reinaldo. — Já estou cansado só de pensar nas reuniões que vou ter. Mas fazer o que né, é isso que eu amo fazer.
Mel sorri e dá mais um beijo em Reinaldo.
— É o preço que a gente tem que pagar por fazer o que a gente ama.
— Sim. Me conta como o Vinícius e a Isabela foram no vestibular, ok?
— Pode deixar. — Eles dão um longo abraço e Reinaldo caminha para seu carro sob os olhares de Mel.
Ás seis horas, os candidatos que ainda estavam nas salas da PUC são obrigados a sair.
No banheiro do andar em que fez a prova, Marina lava o rosto e umedece a nuca. Sua expressão é de total desânimo e seus olhos estão vermelho, causados por um choro que ela vem controlando desde que terminou a prova.
Yasmin sai cansada e até um pouco tonta de sua sala. Ela busca um banco próximo e se senta, abaixando a cabeça para o sangue circular. Ela ergue a cabeça instantes depois e abre um leve sorriso.
Victor e Vinícius se encontram em um corredor.
— E aí, cara — fala Vinícius com a voz cansada.
— E aí. — O loiro olha para os lados. — Vamos descendo?
— Vamos.
O alívio é evidente no rosto de Isabela, que caminha entre outros candidatos até os portões de saída.
Seu namorado, Felipe, já está aguardando no carro com Ulisses. Ele fica em silêncio o tempo todo, tentando controlar a dor de cabeça. Instantes depois ouve uma batidinha na janela e enxerga Yasmin do lado de fora.
— O que foi? — pergunta abrindo a porta.
— Cadê todo mundo? — indaga a loirinha.
— Não sei.
Yasmin olha para trás e consegue identificar Victor e Vinícius entre as diversas pessoas. Os dois caminham até o carro da família Abrahão-Borges.
— Conseguimos — sorri Yasmin. — Passamos pela PUC.
— Agora faltam só os outros vestibulares — Vinícius responde passando a mão pelo cabelo cacheado.
— Não me desanima, Vinícius — ela pede sorrindo. Victor continua calado, apenas olhando para eles.
— Pelo seu humor você se saiu bem, né? — comenta o irmão de Isabela.
— Olha, bem eu não sei — ri Yasmin. — Mas acho que o suficiente para passar.
— É isso que importa, não?
— É. — Ela olha para Victor e eles trocam um brevíssimo olhar antes de Isabela se juntar a eles.
— Acabou! — ela sorri passando um braço pelas costas de Victor. O loiro retribui o meio abraço, mas continua sério.
— Gostou do seu desempenho? — pergunta a loirinha.
— Foi do jeito que eu esperava. — Isabela sorri. — Mas acima de tudo estou aliviada, acordei muito nervosa.
— Percebi — comenta Vinícius sorrindo.
— Cadê o Felipe? — pergunta Isabela.
— Está aí dentro — Yasmin aponta para a porta aberta do carro. A morena solta Victor e entra no automóvel. — Falta só a Marina, né? — comenta a loirinha quando volta a ficar apenas com o namorado e Vinícius.
— Será que ela se perdeu lá por dentro? — Vinícius sorri.
— Daqui a pouco ela aparece por aí.
Como dito por Yasmin, minutos depois Marina surge do meio das pessoas que continuam a sair da faculdade. Seus olhos estão ainda mais vermelhos e ela não fala nada quando para ao lado deles.
Os quatro ficam em silêncio por alguns segundos.
— Vamos embora? — pergunta Victor para ninguém em específico.
— Vamos — Vinícius responde. — Será que a Isa vai no nosso carro? — Victor dá de ombros e o namorado de Marina coloca a cabeça dentro do carro. Marina e Victor se olham e o queixo dela treme. Yasmin morde o lábio e desvia o olhar, não suportando ver os gêmeos no estado em que eles estão, ainda mais por saber o que isso representa para todos eles.
— Ela vai com você — Vinícius fala para a loirinha. — Vamos? — ele olha para os irmãos. Marina assente e caminha até o carro em que Evaldo está. Vinícius vai atrás dela, deixando Victor e Yasmin sozinhos.
O casal se olha e Victor se aproxima dela.
— Te amo — fala colocando uma mão na nuca dela. Yasmin assente e dá um beijo intenso nele. A mão livre de Victor desliza pelas costas dela, aproximando ainda mais os corpos deles.
Vinícius e Marina se acomodam no banco de trás do carro. Ela vira o rosto para a janela, evitando o olhar do rapaz. Vinícius faz um carinho no pulso dela e Marina aperta a mão dele, olhando em sua direção. Eles se observam e Marina, com os olhos marejados, diz:
— Me desculpa. — A jovem começa a chorar e esconde o rosto na camisa de Vinícius. Como raras vezes acontece o rapaz não encontra nenhuma palavra de consolo, apenas envolve o corpo dela com seus braços e abaixa a cabeça.
No escuro do carro, Vinícius e Marina choram silenciosamente.
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