Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 335: Marina se apavora com vestibulares e é consolada por Victor
Sophia responde sem hesitação o questionamento da filha.
— Sim, designer de moda. Aqui mesmo no Rio você tem várias opções. A PUC, que você vai fazer o vestibular quinta, tem também a UVA, Universidade Veiga de Almeida, que foi uma das primeiras a abrir o curso de moda, a faculdade do Senai. — Eu não sei o que pensar. Nem cheguei a cogitar em investir nisso que eu faço de vez em quando. Aliás, eu achei esses dias um croqui e me inspirei para fazer outro.
— Sério? Me mostra então! — pede Sophia e as duas ficam conversando por mais um tempo sobre o assunto.
Largado no sofá do apartamento de seu pai, Vinícius tenta tocar uma gaita de boca que encontrou sobre a mesinha de centro. Chay dá algumas dicas para ele enquanto faz um chá.
Minutos depois, quando Vinícius já está mais acostumado com o instrumento, Chay senta-se ao seu lado e coloca duas xícaras com o chá.
— Gelo no chá? — indaga sorrindo ao pegar a xícara de vidro.
— Se você quiser tomar chá quente nesse calor, eu posso trocar o seu — ri Chay.
— Não, pra mim está ótimo assim. — Eles riem e bebericam a bebida.
— Está nervoso?
Vinícius olha para ele.
— Nervoso com o quê?
— Com o vestibular de quinta.
— Não, vou fazer só para testar meus conhecimentos mesmo. Não tem gastronomia na PUC — conta tomando mais um gole do chá gelado.
— Ah, é verdade! E quando você vai receber o resultado daquela prova que fez pra escola francesa?
Vinícius fica mais inquieto ao ser questionado sobre isso.
— Só no começo do mês que vem.
— Até lá só ansiedade, né? — sorri Chay.
— É! Se bem que eu acho que não tenho motivos para ficar ansioso. Já sei qual será o resultado.
Seu pai gargalha e toma mais chá.
— Cuidado com a auto-confiança, Vinícius.
— Não, o senhor entendeu errado — sorri o adolescente. — Eu acho que o meu resultado vai ser negativo.
— Não precisa se subestimar também.
— Mas é verdade. É muito concorrido. Me falaram que eles admitem bastante jovens anualmente, mas mesmo assim acho que as minhas chances são mínimas.
— Eu tenho certeza que o que for melhor pra você vai acontecer. Mas vem cá, caso você não seja aceito lá na França, você tem outros planos?
— Claro que eu tenho, pai. Fiz minha inscrição para outras escolas de gastronomia aqui no Brasil. Quer dizer, a escola fez junto comigo.
— Eles dão bastante apoio, né?
— Não sei o que eles dão mais, apoio ou pressão.
— Ah, mas vocês não devem se importar com isso. Na realidade, por que vocês todos têm que seguir para uma faculdade? Olhem só para mim.
— Nem todos têm o talento que o senhor tem, pai.
— Você tem. — Vinícius ri com leveza e continua tomando seu chá. — Por que você não vai para o lado da música, filho?
— Música pra mim é hobbie, pai. Eu jamais tornaria essa paixão uma profissão.
— Uma pena para o Brasil — sorri Chay. — Pra mim você e a Marina deveriam formam uma dupla de mpb.
— Nossa, sonhou longe agora, hein? Se eu não quero trabalhar com música, a Marina muito menos.
— Isso porque o Arthur canta e compõe e a Lua produz!
— É, mas ela nem aceita que canta bem.
Chay dá um leve sorriso e eles ficam em silêncio por alguns minutos. Vinícius volta a tentar tocar gaita e seu pai fica observando-o enquanto toma chá.
— Como vocês vão ficar, Vinícius?
— Hã? — O jovem apoia a gaita de boca em sua coxa.
— Como você e a Marina vão ficar? Você talvez vá para a França e ela para os Estados Unidos.
Dessa vez Vinícius bastante inquieto.
— Desculpa, pai, mas não quero falar sobre isso.
— Não faz bem guardar as coisas apenas para si, Vini — fala Chay afagando o ombro dele.
— Eu sei, mas eu não gosto de ficar falando, porque se torna ainda mais real. Prefiro deixar quieto na minha mente, como se fosse só um pensamento insignificante.
Chay assente.
— Eu entendo. Deve ser muito difícil estar na situação de vocês. Não consigo nem imaginar ficar longe da Mel quando a gente estava mais ou menos com a idade de vocês.
— Mas vocês agora estão longe — Vinícius observa dando um leve sorriso.
— Mas a gente viveu muita coisa boa. Seria muito injusto vocês se distanciarem antes de terem aproveitado todo o amor de vocês.
— Pai, não era para a gente está conversando sobre isso, lembra?
— Ah é, desculpa — responde Chay e eles riem.
Com os pés descalços, Marina pula os degraus da escada de sua casa e se arrasta até a cozinha. Em suas mãos está uma garrafinha térmica com café.
— Eu não aguento mais! — ela exclama ao chegar à cozinha e encontrar Victor, que prepara um sanduíche com peito de frango.
— Não aguenta mais o quê? — pergunta o loiro sem olhar para ela.
— Estudar — responde Marina largando a garrafa sobre uma bancada.
— Para e descansa um pouco.
— Eu não posso.
Victor ergue a cabeça ao ouvir a voz chorosa dela e se espanta ao ver o rosto vermelho e os olhos marejados de sua irmã gêmea.
— Ei, não fica assim — fala com doçura. — Descansa um pouco. Não vale a pena ficar estudando durante períodos muito longos.
— Mas eu não estou estudando faz muito tempo.
— O que você está estudando? Física?
— Quem dera fosse — responde Marina com cansaço na voz. — É história. Eu estou confundindo com a história dos Estados Unidos, as datas estão todas embaralhadas na minha cabeça. Agora a pouco eu confundi a Inconfidência Mineira com a Guerra do México.
— Nossa, mas a Inconfidência não foi em 1789? A Guerra do México foi em 1840?
— Quarenta e seis — corrige Marina. — Hoje já é segunda-feira, Victor! — Ela deita sobre o balcão. — Eu não vou passar!
— Fica calma — pede o loiro indo até ela. — Fica calma.
— Por que não entra na minha cabeça? — questiona Marina ainda com o rosto apoiado na bancada. — A gente estudou isso quando era criança. Nossos pais contrataram professores particulares para a gente aprender as coisas do Brasil e agora eu estou aqui, confundindo as datas!
— Você não prestava muito atenção, né Mari — comenta Victor sem maldade.
— Eu nunca pensei que fosse precisar saber sobre a Lei Áurea!
— Marina — Victor segura nos braços dela e endireita o seu corpo. — A gente está no mesmo barco, Mari. Quer dizer, a minha situação é pior que a sua.
— Como assim? — indaga Marina enxugando o rosto.
— Nem tem engenharia aeroespacial aqui no Rio. De qualquer forma eu vou ficar longe de todo mundo, resta saber se será uma distância nacional ou internacional.
— Por que isso tinha que acontecer com a gente? — ela reclama tentando controlar o choro que ameaça voltar.
— Não sei. Vamos dar o nosso melhor, mas não tem como a gente saber o relevo do Brasil como a gente sabe o dos Estados Unidos. O que for pra ser, vai ser.
— Você parece tão calmo.
— Só pareço — ele responde soltando ela. — Pra falar a verdade, eu já perdi as minhas esperanças.
— Sério?
— Eu não vou conseguir passar. Engenharia é muito concorrido.
— É. Qualquer uma, seja a aeroespacial, a de software, mecatrônica, civil...
— Não precisa continuar — corta Victor dando um leve sorriso. Ele pega nas mãos da irmã: — Vamos apenas dar o nosso melhor, ok? E se for para a gente voltar para os Estados Unidos, ok, não era isso que você queria? Se o que você tiver com o Vinícius, o que eu tenho com a Yasmin, for forte vai sobreviver a isso tudo.
— Não acredito nisso. Eu já passei por essa mesma situação. Olha no que deu!
— Foram momentos diferentes. Mas, enfim, a gente não tem que se preocupar com isso agora. Só vamos focar nossas atenções nos vestibulares e depois colher o resultado.
Marina assente e abraça o irmão com força.
A quinta-feira chega mais rápido do que os adolescentes gostariam que acontecesse. O Sol ainda está nascendo quando Marina desperta. Ela pula da cama e vai direto para a sua sacada.
— Hoje começa a decisão do meu futuro — fala passando a mão pelo rosto ainda inchado de sono. Ela fecha os olhos e pede: — Aconteça o que for para acontecer, o for melhor para mim, para a minha família e para o Vinícius.
Minutos depois, Isabela levanta e recebe o carinho de sua cadelinha Nina.
— Hoje é um dia muito importante pra mim, Nina. Me deseja sorte? — Ela pega Nina no colo e dá um abraço nela. — Sei que você vai estar aqui torcendo por mim — ri e depois se joga na cama com a cadelinha. — Estou tão nervosa!
Vinícius caminha em passos leves até o banheiro, todos os seus pensamentos em Marina, Victor e Yasmin.
— Aconteça o que for melhor para todos nós.
Victor revira na cama algumas vezes antes de se levantar. Ele fica sentado na cama, pensativo, até finalmente ir para o banheiro.
Felipe abre os olhos e fita o teto por longos minutos.
— Ok, vamos lá! — ele pula da cama. — Que baixe todas as entidades possíveis para me ajudar nessas provas.
Assim como eles, milhares de pessoas se arrumam com os pensamentos e energias voltadas para o vestibular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Será se a Yasmin vai se separar do Victor? Aí mds to mto anciosa
ResponderExcluirEsses são os meus sentimentos com a proximidade dos vestibulares e do Enem!!! Nervosismo a mil/hora
ResponderExcluirSua história é tão maravilhosa , posta maaais. Nunca comentei aqui , mais te acompanho desde o começo
ResponderExcluirThaissa