Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 325: Mel e Chay conversam sobre Júlia

Chay demora uma fração de segundo para responder.
   — Pois é, é uma surpresa para todos nós.
Vinícius e Isabela estão tão perplexos que sequer abrem a boca.
   — Boa noite — cumprimenta Júlia com educação.
   — Boa noite — respondem Mel e Reinaldo. O empresário observa a situação com o olhar atento.
   — A mesa de vocês já está pronta — informa a funcionária para Chay e Júlia.
   — Ah, sim, obrigado — responde o cantor e volta a olhar para a sua ex-mulher. — Nós já vamos entrando.
   — Ok — Mel dá um leve sorriso. Chay continua olhando para ela no segundo seguinte, mas logo desvia o olhar para os filhos.
   — Se vocês quiserem dar uma passada na nossa mesa, fiquem à vontade.
   — Tá bom — responde Vinícius enquanto Isabela apenas assente.
   — Vamos, Júlia?
   — Vamos. Até mais, gente!
   — Até mais! — Novamente, só Mel e Reinaldo respondem.
Quando seu pai e a primeira namorada dele já estão dentro do restaurante, Isabela finalmente fala:
   — Ai meu Deus! Isso aconteceu mesmo?
   — Pelo visto sim — responde Vinícius.
   — Essa... essa é a nova namorada do Chay? — indaga Reinaldo confuso.
   — Não! — exclama Mel. — Não — repete mais comedida. — O Chay não se envolveria com a Júlia de novo. Ele não faria isso.
   — Desculpa, Mel, mas qual é o problema com essa tal de Júlia? Ela me pareceu muito simpática.
   — Reinaldo, ela é aquela garota que eu te falei que infernizou o meu namoro com o Chay na nossa adolescência. 
   — Ah! — exclama Reinaldo compreendendo. 
   — Ela era tão terrível assim? — indaga Vinícius, pois não consegue encaixar essa ideia com a Júlia que conhece.
   — Sim, mas não é momento para a gente falar sobre isso, né? — Mel sorri, visivelmente mais calma. — Nós viemos para jantar, né?
   — Claro — responde Reinaldo. — Vou ver se a nossa mesa já ficou pronta.

Em um espaço no primeiro andar do casarão em que Laís mora com os pais, ela, sua prima Maísa e os amigos Alexandre, Aline, Iago e Lorenzo reúnem-se para fazer maratona de séries.
   Iago, Lorenzo e Maísa estão agachados na frente de uma grande estante, escolhendo qual série vão assistir. Laís e Alexandre desceram com a desculpa de pegar pipoca, mas todos sabem que eles foram namorar. Aline permanece deitada no enorme sofá e observa Iago, recordando da conversa que ele e Isabela tiveram na sexta-feira.
   — Semana que vem eu tenho um campeonato — ele conta com entusiasmo.
   — Campeonato? — Isabela franze a testa.
   — Eu faço esgrima, lembra?
   — Ah! — exclama a morena. — É verdade, você disse na primeira vez que a gente se falou.
   — Pois é — ele sorri. — Faz tempo que eu não participo de nenhum, dessa vez eu resolvi me arriscar.
Isabela sorri.
   — É aberto para o público?
   — Sim.
   — Então eu posso ir? — ela pergunta.
   — Claro que pode! — exclama Iago sorridente. — Seria muito legal se você fosse.
   — Então está combinado — Isabela sorri. — Eu vou estar lá torcendo por você.

Uma música da cantora Beyoncé ecoa no quarto de Yasmin, que levanta de sua cama com cadernos da escola. Ela caminha até seu armário e enfia os cadernos de qualquer jeito. Nesse momento, papéis caem aos seus pés e ela solta um xingamento como reclamação. Após se cerificar de que os cadernos também não cairão, a loirinha agacha-se e recolhe as folhas.
   — Nossa — ela deixa escapar ao visualizar um esboço de um vestido de noiva que ela desenhou. O olhar da loirinha escorrega para a mesa ao lado do armário, onde há algumas folhas sulfites em branco.

Após terem feito os pedidos, Mel, Reinaldo, Isabela e Vinícius conversam.
   — Soube que vocês têm estudado bastante ultimamente — comenta Reinaldo. — Espero que esse jantar não atrapalhe o cronograma de vocês.
   — Imagina — Vinícius responde. — É que com a aproximação dos vestibulares a gente tem pegado mais pesado mesmo.
   — Posso imaginar.
   — Quando não estão estudando, estão com os amigos, eles nem ficam mais comigo — brinca Mel e eles riem.
   — O que vocês gostam de fazer nas horas vagas? — indaga Reinaldo com interesse.
   — Eu gosto de tocar alguma coisa e cozinhar também — responde Vinícius.
   — Ah é, sua mãe comentou comigo o quanto você é talentoso nessas duas áreas.
Vinícius ri e olha para Mel.
   — Posso imaginar o que ela andou falando.
   — Nada mais do que a verdade — diz Mel fazendo carinho no antebraço dele, que está em cima da mesa.
   Sorrindo, Reinaldo fita Isabela.
   — E você, Isabela, o que gosta de fazer?
A morena pensa por um momento.
   — Ah, geralmente eu estou lendo no meu tempo livre.
   — É? O que você gosta de ler?
   — Literatura nacional.
   — Sério? Então você vai adorar conhecer a minha biblioteca particular.
   — Você tem uma biblioteca particular? — indaga Isabela.
   — Sim e, modéstia parte, tenho um acervo bem especial.
   — Uma hora ou outra eu vou lá dar uma olhada.
Mel e Reinaldo ficam surpresos pela iniciativa da adolescente e Vinícius sorri.
   — Vai ser um prazer te receber — responde Reinaldo.

Iago aproxima-se de Aline e senta ao seu lado no sofá.
   — O que foi que você está quietinha assim? — pergunta acariciando a mão dela.
   — Nada demais.
   — Então por que você não divide comigo?
Aline se mexe no sofá.
   — Não é nada demais, Iago.
   — Não mesmo? — insiste ele. A garota vira o rosto em sua direção e eles trocam um olhar demorado.
   Aline suspira e passa a mão no cabelo.
   — Eu estava pensando em algumas coisas.
   — No quê?
A garota chega mais perto dele e questiona:
   — Você gosta realmente de mim?
   — Você está falando sério? — retorque Iago.
   — Estou.
   — Claro que eu gosto de você, Aline — ele responde em tom de obviedade. — Você é especial, inteligente, educada, além de linda. O que eu poderia querer mais?
   — Sei lá, a Isabela. Que tal?
Iago olha demoradamente pra ela.
   — Você está com ciúmes?
   — Não sei bem, talvez seja.
Ele sorri e olha para as próprias mãos.
   — Ninguém nunca teve ciúmes de mim.
   — Mas eu tenho! Tenho porque gosto de você e quero saber se você também gosta de mim da mesma forma.
   — É claro que eu gosto de você, Aline. — Ele volta a encará-la. — Gosto muito. Às vezes eu chego a pensar o que você viu em mim pra estar comigo, porque você é incrível demais.
Aline sorri.
   — Não exagera.
   — É verdade. 
Ela coça a lateral da cabeça, falando:
   — É que eu vejo você com a Isabela, o jeito que você olha pra ela, o tom da sua voz, não sei. Isso me deixa insegura dos seus sentimentos.
Iago pega nas duas mãos dela.
   — Eu te garanto que o que eu sentia pela Isabela acabou. Na verdade eu nem sei se chegou a existir alguma coisa, acho que foi só uma admiração que eu interpretei errado. Aline, é de você que eu gosto.

O corredor do primeiro andar da mansão de Arthur e Lua está completamente deserto e silencioso. Este silêncio é rompido pela risada de Marina, que sai de seu quarto falando ao celular. 
   — Cala a boca, Brian — diz ainda rindo bastante. Ela caminha descalça até o térreo e vai à cozinha. 
   Após pegar um copo de suco de pitanga, ela retorna para o andar de cima.
   — Ok, vai treinar, a gente se fala depois. — Ela desliga o celular e toma um gole do suco indo para o seu quarto. Quando passa pela porta do quarto de Victor, que está entreaberta, ouve o irmão soltar  baixinho um xingamento em inglês e um suspiro de frustração.
Tomada pela curiosidade, ela caminha em passos leves até o quarto e espia o seu interior pela fresta da porta. Sua boca se abre lentamente, mas nenhum som saí de lá.
   Marina é pega totalmente de surpresa ao ver Victor sentado na própria escrivaninha de costas para a porta, mexendo em seu notebook. O que mais desperta o sentimento de espanto nela, é o site em que ele navega. 
   O site de uma importante universidade americana.
   New York University.

O lavabo do restaurante em que Chay, Mel, os filhos do casal, Reinaldo e Júlia encontram-se é fora dos banheiros, sendo assim compartilhado por todos os clientes do estabelecimento. Após sair do banheiro, Chay aproxima-se da pia para lavar as mãos.
   — Eu precisava falar com você.
O cantor ergue a cabeça rapidamente e primeiro enxerga Mel pelo espelho, em seguida vira o corpo e a vê cara a cara. A morena está parada a alguns metros dele com uma expressão determinada no rosto.
   — Oi? — Chay não compreende o que ela diz.
   — Eu sei que não é mais da minha conta a sua vida, Chay — diz Mel cravando seu olhar nele —, mas eu preciso saber. Você e a Júlia estão tendo algum envolvimento?

Victor massageia a nuca com uma das mãos e em seguida deita a cabeça na escrivaninha ao lado de seu computador portátil. O loiro fecha os olhos, sentindo a cabeça latejar. Mesmo bastante cansado, sente uma energia diferente ao seu redor, como se não estivesse sozinho no cômodo.
   Repentinamente, ergue a cabeça e olha para trás, surpreendendo Marina. A morena continua imóvel, observando o quarto pela fresta da porta.
   — O que você está fazendo aí? — questiona o loiro indo até a porta e escancarando-a. 
   — Você... você estava pesquisando o quê? — Marina finalmente desvia o olhar do notebook para o rosto do irmão.
   — Você estava fuxicando o que eu estava pesquisando? — Victor indaga mais curioso do que chateado.
Marina passa por ele e entra no quarto, dizendo:
   — Eu não sei o que é fuxicando. Victor... você quer ir pra Manhattan? 
   — Voltar, no caso.
   — Me responde.
Victor suspira, demonstrando novamente cansaço.
   — É uma hipótese, não é Mari? Você sabe disso.
   — Eu sei, mas... — ela continua tão perplexa que não consegue formular as frases com a mesma agilidade —, mas eu pensei que a gente só fosse ver isso ano que vem. Quando a gente recebesse os resultados dos vestibulares daqui. Quando a gente tivesse certeza que... que não vai rolar fazer faculdade aqui no Brasil.
   — Eu sei disso, só resolvi agilizar as coisas — explica Victor dando de ombros. — A verdade é que eu estou preocupado com o meu futuro. Simples assim.
   — E quem não está? — questiona Marina com desânimo sentando na cama.
   Victor senta ao lado dela e diz:
   — Nós temos que começar a pensar nas nossas melhores possibilidades.
   — E elas não estão aqui — acrescenta Marina.

Chay olha para Mel com espanto.
   — Que pergunta é essa, Mel?
   — Uma pergunta normal.
   — Não, não é normal você me perguntar se eu estou com a Júlia. — Ele sorri. — Onde já se viu isso?
   — Vocês dois estão jantando juntos! O que é que custa responder?
   — É que eu não consigo acreditar que você está me perguntando isso. É óbvio que eu não estou com a Júlia, Mel.
A empresária solta um suspiro involuntário.
   — Ufa, menos mal!
Chay sorri da reação dela.
   — Por que o interesse?
   — Não é óbvio?
   — Ciúmes? — ele ri e Mel revira os olhos.
   — Claro que não. É que, depois de tudo o que a Júlia já fez com a gente, essa ideia é... inadmissível. 
   — Inadmissível é uma palavra muito forte.
   — Chay?
   — As pessoas mudam, Mel.
Mel sacode a cabeça e cruza os braços.
   — Então você está querendo me dizer que há chances de você ficar com a Júlia?

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