Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 320: Mel e Isabela têm conversa importante


Com uma das mãos Arthur afaga o cabelo da filha enquanto a outra lhe dá sustentação.
   — Não fica assim — pede com a voz suave. — Ano que vem, quem sabe, você não começa a fazer faculdade lá?
O corpo de Marina enrijece. 
   — Pai — ela diz se afastando dele —, o senhor sabe que eu não gosto de falar nisso.
Arthur permanece segurando nas mãos dela.
   — Eu sei, meu anjo, mas é uma ideia bem possível.
Marina não responde e enxuga as lágrimas, falando em seguida:
   — Vamos?
   — Você não quer ver o avião dele subindo? — estranha o cantor.
   — Prefiro não prolongar esse sofrimento.
Arthur dá um leve sorriso e passa um dos braços pelos ombros da filha.
   — Então vamos embora, meu amor.
Os dois rumam para uma das saídas do aeroporto.

Vinícius e Isabela concordam sobre a decisão e resolvem ligar para o seu pai.
   — Coloca no auto-falante — pede Isabela ao irmão e Vinícius atende ao pedido.
   — Oi, pai! — fala segundos depois.
   — Oi, Vinícius! — Chay responde com a mesma empolgação. — Tudo bem?
   — Sim, um pouco cansado de ontem, mas nada demais.
Chay ri.
   — É, ontem foi um pouco desgastante mesmo. 
Isabela sinaliza para o irmão perguntar o que eles tanto querem saber e Vinícius assente.
   — Pai — chama com a voz um pouco mais séria.
   — Oi.
   — Hoje de manhã, eu e a Marina vimos algumas notícias sobre a festa e tinha uma falando do senhor.
   — O que dizia? — pergunta Chay sem esboçar nenhuma reação.
Isabela e Vinícius trocam um olhar de apreensão e ele prossegue:
   — Dizia que o senhor tinha saído acompanhado por uma mulher misteriosa.
Chay dá uma leve risada.
   — É verdade — responde.
   — Quem é ela, pai? — Vinícius pergunta de imediato.
   — É uma ex-modelo que eu conheci lá na festa. Nós saímos, ficamos juntos, mas não é nada demais. Eu não vou aprofundar mais, porque tenho certeza que o celular está no auto-falante e a Isabela está do seu lado.
   — Claro que não — Vinícius tenta mentir, mas Isabela fala ao mesmo tempo que ele.
   — Estou!
Chay ri, dessa vez mais energicamente.
   — Eu sabia, filha.
   — Quem é ela, pai? — ela repete a mesma pergunta de Vinícius.
   — Eu falei, uma ex-modelo que eu conheci na festa — Chay diz com calma.
   — Eu quero nomes.
   — Não vou falar o nome, filha. Vocês iam começar a pesquisar sobre ela, sendo que foi só uma noite.
   — Poupe-me dos detalhes — Isabela exige e seu pai sorri.
   — Eu sei.
   — Mas então — fala Vinícius —, foi só uma noite mesmo?
   — Sim, filho. Só que vocês não veriam problema caso fosse algo a mais, né? Sua mãe está namorando o Reinaldo, nada mais natural e saudável eu seguir a minha vida também.
   — Nós sabemos — responde o jovem enquanto Isabela fecha a cara. — É que seria bizarro ficar sabendo de tudo pela mídia e não pelo senhor. Apenas isso.
   — Eu concordo. Podem ficar despreocupados, quando eu estiver realmente com alguém, vocês ficarão sabendo por mim. Assim como a Mel fez.
   — Tudo bem.
   — Mas e aí, vocês não querem vir aqui em casa?
Vinícius abre a boca para responder, mas Isabela é mais rápida:
   — Onde essa mulher estava? Não, obrigada.
   — Filha — Chay pronuncia com tranquilidade, mas com um toque firme de autoridade. 
   — É verdade, pai.
   — Não, não é — ele discorda. — Nós dormimos em um hotel. 
   — Hum. — Isabela cruza os braços e se afasta de Vinícius, que fala:
   — Talvez eu vá aí mais tarde, pai.
   — Ok, qualquer coisa me liga.
   — Tá bom. Beijo!
   — Beijo! Se cuidem.
   — O senhor também. — Eles riem.
   — Tchau, Isa — despede-se Chay. A garota não responde, apenas resmunga algo ininteligível.
   — Ela também está dizendo tchau — engana Vinícius e eles desligam. O jovem senta no sofá e deixa o celular ao seu lado. — Não é nada sério.
   — Eu preciso pensar.
   — Isa...
   — Eu preciso pensar, Vinícius. — Isabela sobe as escadas com rapidez e Vinícius deita a cabeça no sofá, soltando um suspiro de frustração.

Na cozinha do casarão de seus pais, Luciana enche uma bandeja com diversas guloseimas com a ajuda de Jonas.
   — Não sei que graça vocês vêm em paçoca — ele comenta olhando para o item na bandeja.
   — É gostoso! — Luciana pega uma caixa de bombons suíços e fecha a geladeira. Ela se aproxima dele e coloca a caixa na bandeja.
   — Fecha os olhos — pede o rapaz.
   — Por quê? — Luciana ri.
   — Fecha os olhos.
   — Jonas.
Ele ri.
   — Confia em mim.
Luciana revira os olhos e faz o que ele pede. 
   — Agora abre a boca — continua Jonas.
   — O que você vai aprontar?
   — Relaxa, eu não vou te beijar.
Eles riem e Lucana brinca:
   — Poxa, que pena. — Ela se assusta ao receber um beijo dele na bochecha.
   — Só pra não falar que eu sou mal — gargalha Jonas.
   — Uau! Então, já posso abrir os olhos?
   — Não, espera. — Lentamente, ele coloca uma pequena trufa na boca dela.
Luciana sorri e fecha a boca, sentindo o doce derreter em sua língua.
   — Nossa, que delícia.
   — Isso sim é doce de verdade, não paçoca — ele ri.
   — Cada um tem o seu charme — gargalha Luciana e seu pai entra na cozinha elegantemente vestido com um terno. 
   — Oi, pai — Luciana endireita-se e se afasta um pouco de Jonas. O sorriso do rapaz desaparece de imediato e ele tenta não encarar o pai dela.
   — Oi, Lu. — O senhor caminha até um dos armários. — Você não vai se aprontar para o culto?
   — Eu não vou, pai — responde a jovem. — Avisei a mãe.
   — Por que você não vai? — ele pergunta lançando um olhar para Jonas.
   — Porque a Jaqueline está precisando da nossa companhia.
   — O que aconteceu com ela?
   — Problemas emocionais — responde Luciana de maneira evasiva. 
   — E que horas ela chega?
   — Ela já está aqui, no meu quarto. — Luciana pega no braço de Jonas. — Aliás, nós já estávamos subindo.
Jonas assente e pega a bandeja com as guloseimas.
   — Tchau, pai! — Luciana fala e Jonas faz um aceno com a cabeça. Os dois desaparecem da cozinha com rapidez.
   — Nossa, o seu pai é uma das poucas pessoas que me dá medo — ri Jonas no andar de cima minutos depois.
   — É só saber como falar com ele — pondera Luciana e eles sorriem. A garota gira a maçaneta da porta de seu quarto e entra.
   Jaqueline está sentada na cama dela com uma caixa de lenços ao seu lado e os olhos bastante vermelhos.
   — Olha o que a gente foi pegar pra você — fala Jonas adotando uma voz animada.
   — Não quero comer nada — responde a loira torcendo o nariz.
   — A gente pegou os seus doces favoritos — argumenta Luciana sentando na cama. 
Jonas senta do outro lado de Jaqueline e coloca a bandeja em sua frente, acrescentando:
   — A gente quer adoçar a sua vida.
   — Sério, gente, eu não quero comer — Jaqueline pula a bandeja e caminha até a sacada. Luciana levanta, mas Jonas diz:
   — Deixa que eu falo com ela. — O garoto segue Jaqueline até a sacada e para ao seu lado. — Jaque, você não acha que está sofrendo muito por pouco?
   — Pouco? Eu não acho que é por pouco. A gente tava construindo um negócio bacana, poxa.
   — Eu sei, mas não é o fim do mundo. Vocês vão continuar se falando, só não vão se ver.
   — Uau, que animador — ironiza Jaqueline.
   — Ok, não vou falar mais nada. Só vamos voltar lá pra dentro e comer os doces?
   — Eu não quero comer.
   — Mas eu quero! — ele sorri.
   — Pode ir.
   — Eu quero que você vá comigo, ué. — Ele entrelaça seus dedos nos dela. — Vem, Jaque. Você não quer que o seu amigo fique com lombriga de doces, né?
Jaqueline acaba sorrindo.
   — Ok, vamos!

O cachorro da família de Henrique e Larissa, Phil, corre pelo jardim enquanto a filha do casal está deitada na grama juntamente com Malu. Ela conta para a amiga sobre a noite que passou com Douglas e o que ocorreu durante a manhã. Ao mesmo tempo que fala, as lembranças passam por trás de seus olhos:
   Os intensos raios de Sol inundam o quarto de Douglas e Graziele é despertada por eles. Ela esconde os olhos com as mãos e vira de barriga para baixo na cama, tentando fugir da claridade. O rapaz levanta com rapidez da cama e fecha as cortinas, falando:
   — Foi mal, esqueci que o Sol bate aqui de manhã.
Graziele sorri e tira os dedos dos olhos para espiá-lo.
   — Tudo bem. Eu só não queria ter que levantar agora.
   — Mas você não precisa levantar agora — rebate Douglas caminhando de volta para cama. A ruiva analisa o corpo e as tatuagens dele, que deita ao seu lado e completa: — A gente pode ficar o tempo que você quiser aqui.
Graziele dá um selinho e uma mordidinha nos lábios dele.
   — Eu preciso estar no condomínio depois do almoço.
   — Algum motivo especial? — indaga Douglas brincando com uma mecha do cabelo dela.
   — Sabe o Brian, aquele americano ex-namorado da Marina, ele vai embora hoje e a gente está preparando uma despedida pra ele. Ah, meu Deus, como eu esqueci? — Ela senta com urgência na cama e Douglas fica assustado.
   — O que foi?
   — A gente tem que escrever uma espécie de carta pra ele. Até agora eu não escrevi a minha.
   — Eu tenho um caderno e uma caneta aqui, se você quiser.
   — Ai, eu quero.
Graziele recebe os objetos de Douglas e se apoia na cabeceira da cama dele. Ela começa a pensar no que escreverá e o rapaz levanta.
   — Aonde você vai? — indaga a ruiva erguendo a cabeça.
   — Vou fazer alguma coisa pra gente comer — responde Douglas passando a mão no cabelo bagunçado.
   — Não, fica mais um pouco aqui comigo.
Douglas sorri e retorna para a cama.
   — Pensei que você fosse querer um espaço pra escrever.
   — Não, eu consigo escrever e receber uns beijinhos ao mesmo tempo.
Eles sorriem e Douglas passa os braços ao redor do corpo de Graziele, aconchegando-a em seu peito.
   — Eu posso fazer isso sem nenhum esforço — ele sorri dando um beijo no ombro dela. Com os dedos tatuados, tira os fios alaranjados do pescoço dela e passa a distribuir beijinhos em sua nuca. 
   O toque dele deixa Graziele arrepiada e conforme as carícias vão aumentando, torna-se mais difícil para ela se concentrar na mensagem para Brian.
   — Ok — ela larga o caderno e a caneta sobre a cama e olha para Douglas. — Não consigo fazer os dois ao mesmo tempo.
   — Quer que eu vá fazer o nosso café? — ele ri.
   — Não, quero que você fique exatamente onde está — responde a ruiva sentando no colo dele. Ela se inclina e começa a beijá-lo intensamente.

Confortavelmente sentada em um dos sofás da sala de visitas de sua casa, Yasmin conversa com seu namorado.
   — Você não está achando estranho o clima sem o Brian? — ela comenta.
   — Estou achando o clima ótimo — gargalha Victor.
   — Credo, não fala assim! — Ela ri. — Eu já estava considerando ele membro do grupo.
   — Que grupo?
   — Nós seis, ué! 
Victor ri.
   — Somos um grupo?
   — Óbvio, Victor! — A campainha toca e Sandra vai atender. — Você faz cada pergunta que só Jesus na causa — ela ri e levanta.
Sorrindo, Victor faz o mesmo no momento em que Antônio, o antigo morador de rua que foi ajudado por Yasmin, passa pela porta.
   — Oi, Seu Antônio! — sorri Yasmin indo até ele. 
Os dois se abraçam e Antônio fala:
   — Que bom ver que você está bem.
   — Ah, sim, já estou muito melhor! — Yasmin leva o senhor até o sofá e eles se sentam juntos com Victor.
   — Eu demorei para vir porque não queria te atrapalhar, imaginei que muita gente já estava te visitando.
   — Foi mais ou menos assim — sorri Yasmin.
   — Mas você está se recuperando bem, né? — preocupa-se o senhor.
   — Sim, a minha família está dando todo o suporte que eu preciso.
   — Não só a sua família, né? — Victor diz acariciando o braço dela e Yasmin assente, sorrindo.
   — É verdade.

Horas mais tarde, no início da noite, Vinícius chega à mansão dos pais de sua namorada. A primeira pessoa com quem ele se encontra é Victor, que está largado em um dos sofás fazendo um dever de casa.
   — E aí, Vinícious— ele ri e olha para o recém chegado.
   — E aí, cara — Vinícius responde com a voz cansada e se joga no sofá ao lado do cunhado.
   — O que aconteceu com você? — estranha o loiro, deixando seu caderno de lado.
O namorado de Marina passa as mãos pelo rosto, demonstrando bastante desgaste físico e emocional.
   — O clima tá difícil lá em casa.
   — Por causa do namorado da sua mãe?
   — Também. Não sei se você ficou sabendo, mas o meu pai saiu com uma mulher ontem da festa da MelPhia.
   — Por que eu saberia? — sorri Victor.
   — Porque está em um monte de site de fofocas, foi assim que a gente ficou sabendo.
   — Ah! Então o Chay está de namorada nova e vocês ficaram sabendo pela internet?
   — Não. Eu e a Isa conversamos com ele hoje e ele disse que foi só uma noite.
   — Então qual é o problema?
   — O problema é que eu sempre soube que o meu pai estava saindo com outras mulheres, né? Não seria possível que ele não tivesse ficado com ninguém desde o divórcio, mas parece que a Isabela não estava seguindo a mesma linha de raciocínio que eu.
   — O que ela aprontou dessa vez?
   — Nada — responde Vinícius com simplicidade. — Mas ela não saiu do quarto desde ficou sabendo da notícia. Acho que ela está pensando a respeito, sabe? Tentando entender e aceitar tudo isso, mas não tem sido fácil pra ela.
   — Se ela tentasse...
   — Mas ela está tentando. Eu vejo isso. Acontece que tem duas Isabelas, sabe? Ai! — Ele deita a cabeça no sofá. — Eu fico no meio de tudo isso, sempre tentando entender o lado de todo mundo, mas isso está me desgastando.
Victor fica surpreso com o desabafo.
   — Nossa, se você que é você está desse jeito... A situação tá f*da.
   — Pois é. — Vinícius ergue a cabeça. — Mas e aí, cadê a Mari? Estou precisando conversar um pouco com ela.
   — Vish, boa sorte então.
Vinícius franze a testa.
   — Por quê?
   — Ela não está muto diferente da Isabela.
O outro continua sem entender.
   — Do que você está falando, Victor?
   — Desde que chegou do aeroporto, a Marina tem estado bem esquisita. Agora ela está lá no quarto.
Vinícius solta um suspiro e levanta.
   — Ok, vou ver como ela está.
O irmão de Isabela sobe as escadas e Victor fica encarando o dever com pesar. 
   — Vamos lá, Victor — diz para si mesmo pegando o caderno. — Sua conta bancária ainda não está como a dos seus pais.

Degustando do silêncio no primeiro andar de sua casa, Isabela lê um livro deitada na cama. Duas batidas na porta rompem a calmaria e a adolescente se assusta.
   — Entra — fala fechando o livro.
Mel abre e passa pela porta enquanto Isabela faz uma cara feia e senta na cama.
   — O que foi, mãe? — pergunta com frieza.
A empresária ignora o tom de voz da filha e senta diante dela.
   — Eu vim saber como você está.
   — Bem.
   — Isabela, vamos ser verdadeiras uma com a outra, filha. O seu comportamento ontem deixou claro que você não está bem.
   — Eu não quero mais ficar falando sobre isso.
   — Mas até agora a gente não falou sobre isso e agora vamos falar — diz Mel com firmeza. — Eu estou preocupada com você, filha.
   — Preocupada? — surpreende-se Isabela. Ela esperava que sua mãe fosse dizer furiosa, chateada, mas não preocupada.
   — Sim. A gente não tem conversado mais, eu não sei o que está se passando com você e ontem você me aparece vestida com aquela roupa que não tem nada a ver com o seu estilo? Como eu não vou me preocupar?
   — Eu usei aquela roupa porque eu quis.
   — Não foi por isso e você sabe bem — discorda Mel. — Só que isso não vem ao caso. Eu só quero deixar claro pra você que eu posso estar em um relacionamento novo, com uma pessoa que você mal conhece e que você não aprova, mas eu continuo sendo eu mesma. Continuo sendo a sua mãe, a sua amiga, a sua parceira. — Mel emociona-se. — Me dói te ver agindo desse jeito, como se eu fosse uma estranha.
   — Não estou agindo assim — fala Isabela tentando não chorar. — Eu só preciso de um tempo para aceitar e entender o que está acontecendo. Eu nunca imaginei ver a senhora com outra pessoa, mãe, e agora sou obrigada a tirar foto com o seu novo namorado? Está tudo acontecendo muito rápido, eu não sei como lidar com isso.
   — Eu sei, meu amor, pra mim também está sendo um pouco assustador. Mas eu estou feliz e quero que você fique feliz comigo também! 
   — Tá bom — Isabela responde olhando para as próprias mãos.
   — Posso contar com o seu apoio? — pergunta Mel segurando nos dedos dela. O toque surpreende Isabela, pois já faz alguns dias que elas não têm contato físico. Além disso, o gesto faz renascer a cumplicidade que há entre elas e que esteve escondida de Isabela.
   — Pode — responde a jovem erguendo a cabeça e olhando para a mãe.
77   — Posso te dar um abraço?
Com os olhos vermelhos, Isabela se joga nos braços da mãe e a abraça com toda a sua força.

Ao chegar em frente ao quarto da namorada, Vinícius dá duas batidinhas na porta.
   — Quem é? — ouve Marina perguntar.
   — Sou eu.
   — Entra.
O rapaz gira a maçaneta e adentra no quarto dela, encontrando a jovem deitada de barriga para cima em sua cama.
   — Oi — Marina sorri ao olhar para ele e se senta. 
Vinícius acomoda-se diante dela e apoia uma mão em sua coxa.
   — Como você está? — indaga.
   — Mais ou menos. — Marina se aproxima mais dele e beija os seus lábios lentamente. Em seguida entrelaça seus dedos nos dele e fica encarando para as suas mãos unidas.
   — O que foi? — pergunta Vinícius dando um beijo na lateral da testa dela.
   — Estou triste, Vini.
   — Pela ida do Brian?
   — Também.
Marina suspira e deita atravessada na cama.
   — Na realidade é muito maior que o Brian.
   — Quer desabafar? — questiona Vinícius deitando ao lado dela. Os dois ficam encarando o teto enquanto falam.
   — Por um bom tempo eu não quis desabafar sobre isso com você.
   — Sobre o quê?
Ela demora um bom tempo para responder, mas Vinícius aguarda com tranquilidade.
   — Eu não quero viver aqui, Vini.
   — Por quê?
   — Eu não me sinto em casa.
   — Você sabe como mudar, Mari.
   — Como? — ela sussurra.
Os olhos serenos fitando o teto branco, Vinícius responde:
   — Faça o que os seus pais esperam que você faça.
   — Não sei se eu consigo.
   — Você sabe que é aceita em qualquer faculdade nos Estados Unidos.
   — Não foi o que eu quis dizer.
   — O que você quis dizer?
   — Não seria simples ir — ela fala e vira a cabeça para o lado, observando o perfil do namorado —, você ficaria aqui.
Vinícius retribui o olhar dela.
   — Eu não posso largar tudo pra te seguir, amor.
   — Eu sei. Não estou te pedindo isso — responde a morena com a voz tão calma quanto a dele.
Eles ficam em silêncio e voltam a encarar o teto simultaneamente. 
   Minutos se passam até que Marina diz:
   — Queria viver em um mundo paralelo em que fosse possível juntar nós dois e Estados Unidos.
Vinícius vira de lado e pousa a mão carinhosamente na barriga dela.
   — Eu vou te amar não importa o país que você esteja.
Marina dá um leve sorriso.
   — Eu não preciso dizer que o meu coração sempre será seu. Você sabe, né?
   — Acho que sei.
Eles começam a rir e permanecem rindo por alguns minutos.
   — Quando você chegou — fala Marina em seguida —, parecia tenso. O que aconteceu?
Vinícius solta um suspiro ao se recordar de seus próprios problemas.
   — Estou cansado de ficar sempre no meio das situações tentando mediar a todos.
   — Tem a ver com a Isabela, o seu pai e a sua mãe?
   — O que mais poderia ser?
Marina apoia o cotovelo na cama e olha diretamente para o namorado.
   — Se você quiser pode fugir e passar um tempo escondido aqui no meu quarto.
   — É uma ótima ideia, ninguém pensaria que eu estaria aqui — ele ironiza e os dois gargalham. — Mas o que eu tenho vontade de fazer as vezes?
   — O quê?
   — Me esconder embaixo do seu cabelo e ficar aqui até que tudo se resolva — ele responde puxando alguns fios dela para cobrir seus olhos.
Marina sorri e abaixa a cabeça, dando mais um beijo apaixonado no namorado.

Na manhã seguinte, as dependências do colégio Otávio Mendes começam a ser preenchidas pelos alunos que chegam para as aulas. Uma das salas do terceiro ano está praticamente vazia, por exceção de Jonas, Maísa, Pedro, Alexandre e Danilo. Os dois últimos conversam em seus lugares, Pedro copia com pressa um dever de Jonas enquanto este conversa e troca beijos com Maísa na carteira dela.
   O celular de Maísa começa a vibrar em seu colo e ela afasta os lábios dos de Jonas.
   — Ah, é a Laís. — Ela atende. — Oi, amiga. Sobe, uai — ri a loira. — Ah, tá. Tô descendo então. Ok. Tchau!
Maísa pula de sua carteira, obrigando Jonas a dar um passo para trás.
   — O que foi? — ele pergunta ainda com uma mão na cintura dela.
   — A Laís está lá embaixo com o resto do pessoal. 
   — Ok, depois a gente se fala. — Jonas tenta dar outro beijo nela, mas a jovem segura nos ombros dele.
   — Você não vai descer comigo?
Jonas ri.
   — Não, vou conversar ali com o Pedro.
Maísa troca o peso do corpo para a outra perna e diz:
   — Ah, Jonas, vamos! 
   — Maísa, você sabe que eu e os seus amigos... você sabe.
   — Legal, vamos! — Maísa pega na mão dele e o começa a puxá-lo até a porta.
   — Maísa.
   — É sério, o que é que custa?
   — Custa tempo e, principalmente, paciência. — Ele ri, mas Maísa não o acompanha.
   — Ah, Jonas, vamos! Por mim — A garota dá um selinho demorado nele e Jonas cede.
   — Ok, mas só uns minutos.

Minutos depois, Isabela, Vinícius, Felipe e Yasmin passam pelo portão do colégio. As meninas conversam a alguns passos a frente dos dois. É Isabela quem vê primeiro Jonas entre os amigos de Maísa.
   — Nossa! — exclama com espanto.
Yasmin, que cumprimentava uma colega, olha para a morena.
   — O que foi?
   — O Jonas ali com o grupinho da Laís.
A loirinha observa o que a amiga comenta e diz:
   — Ah, é por causa da Maísa, né?
   — Eu sei, mas sei lá... Acho estranho. 
   — Pelo menos ele está sendo mais sociável — alfineta Yasmin subindo as escadas.
   — É, isso é — Isabela concorda. — Só que ontem a última coisa que ele foi comigo foi sociável.
   — Amiga, entende uma coisa — pede a loirinha entrando no corredor de sua sala. — O Jonas sempre será um babaca quando o assunto é você. Simples assim! — Ela gargalha e Isabela faz o mesmo.

Com os ombros curvados de cansaço após mais um plantão, Bernardo sai do elevador e caminha em direção ao seu apartamento. Assim que abre a porta, depara-se com Anelise sentada na mesinha de centro com o rosto escondido entre as mãos.
   — Bom dia — fala com a voz arrastada enquanto bate a porta. 
A jornalista não responde e continua imóvel. Bernardo ergue os olhos até ela com curiosidade e pergunta:
   — Está tudo bem, Ane?
Finalmente, Anelise move-se. Ao levantar a cabeça, Bernardo percebe que ela esteve chorando.
   — O que foi? — ele indaga indo até ela com rapidez, esquecendo-se completamente da briga do dia anterior.
Anelise parece se esquecer também da discussão, pois quando o marido se agacha em sua frente, ela com rapidez segura nos braços dele. Seu olhar busca o de Bernardo com angústia, mas ela não consegue dizer nada.
   — Ane, o que houve? — insiste o médico apoiando as mãos de maneira protetora nos joelhos dela.
   — Você não viu nada de estranho quando estava chegando? — pergunta Anelise com a voz trêmula.
   — Não.
Os olhos de Anelise voltam a se encher de lágrimas.
   — Eu tava saindo pro mercado quando a Dona Maria do 527 entrou no elevador com a filha dela. A mulher disse que ela se sentindo mal e que ela ia levá-la pro hospital.
   — E aí? — incentiva Bernardo.
   — De repente a Dona Maria caiu desmaiada e começou a convulsionar. — Ela balança a cabeça, um pouco mais contida. — Foi horrível, Bernardo! Nunca tinha visto nada parecido.
   — O que aconteceu depois? — ele indaga com a voz controlada.
   — A gente parou o elevador no outro andar e socorreram ela. Chamaram o SAMU e ela foi levada.
Bernardo assente e acaricia a perna dela.
   — Você já está melhor?
   — Um pouco. Só que eu fico me lembrando... foi horrível! Ela ficava fazendo uns barulhos e se debatendo... ai, eu não consigo esquecer isso.
   — Ei, calma — pede Bernardo chegando ainda mais perto dela. — Ela deve estar bem, sendo cuidada. Uma convulsão nada mais é do que...
   — Não, não começa a falar em ternos clínicos — exige Anelise abaixando a cabeça e fechando os olhos.
   — Ok. — Ele coloca uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. — O que você quer que eu diga pra você melhorar?
Anelise sacode a cabeça, sem saber a resposta.
   — Qualquer coisa — sussurra ainda apertando os braços dele.
Bernardo fica olhando para ela por um bom tempo, aproxima o seu rosto lentamente da cabeça dela e beija seu cabelo castanho.
   — Eu te amo — fala bem baixinho. — Absolutamente nada vai mudar isso.
Anelise ergue a cabeça, entendendo a referência à noite passada e assente. Em seguida, ela se arrasta até a ponta da mesinha de centro e abraça o esposo com força.

Na hora do intervalo, Felipe e Isabela conversam afastados dos amigos. Ele se mostra orgulhoso da atitude dela perante à conversa que a jovem teve com Mel.
   — É difícil, mas eu vejo como a minha mãe está feliz — comenta Isabela recebendo um carinho dele no braço. — Isso é o que importa, né? A felicidade dela.
   — Exatamente. Aos poucos você vai se acostumando.
   — Ou não — ela ri de leve. — Mas vamos dar tempo ao tempo. Eu só não quero ficar tendo muito contato com ele, tirando isso tudo bem.
Felipe ri e beija a namorada.
   — Minha pequena grande mimada.
   — Cala a boca, Felipe.


Comentários

  1. Misericórdia eu tava apoiando a Isabela até agora,mas pow tá fazendo escândalo por nada,o paizinho dela só passou uma noitezinha com uma modelo aí Hahahsha,mas eu entendo ela,é uma merda isso de separação dos pais

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    1. O comportamento da Isabela com relação a essa separação está causando visões diferentes em todo mundo kkk

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  2. Cara,quando tu vai postar de novo?? To esperando a mooo tempão tipo se for parar de postar e tals então termina sabe mas não deixa nos nãão. Eu amo esse imagine sabe e venho quase todo dia nesse coisa pra ver se tu tinha postado e sempre a mesma coisa(pena que não tem os emogis do whats pra eu colocar revirando os olhos) mas sei lá, ce deve ter seus motivos pra não postar também, só to dizendo que é muito chato isso então não abandona o imagine pelo amore de Deus. :'(

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    1. No twitter (@AdooroRebelde) eu estou atualizando sobre o Imagine e por que não estou postando... São razões maiores do que a minha vontade, então eu só peço desculpas e paciência. Não vou acabar o Imagine e JAMAIS abandonaria ele sem ao menos dar um final a essa história que eu já estou anos escrevendo. Paciência e se tudo der certo voltarei a postar regularmente em breve ;)

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  3. Posta maiss!! To curiosa pro próximo e quero chamel junto já basta na vida real eles separados... ^-^

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  4. Por favor ja não aguento mas ver chamel separados eh de partir o coração, e nao para de postar ta quase um mês q vc não posta mas se vc não ta podendo termina o imagine msm q agente sofra mas nao deixa de postar

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    1. Não vou parar de postar, nem terminar o Imagine... Tem muita coisa por vir na história...

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