Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 317: Briga de Isabela e Maísa repercute entre os jovens

O carro de Douglas entra em uma rua deserta de um bairro periférico.
   — Onde você está me levando, Douglas? — Graziele questiona espremendo o rosto contra o vidro na tentativa de enxergar alguma coisa do lado de fora.
   — Tem um lugar que eu e os moleques costumamos vir depois das festas. Acho que você pode gostar. 
   — Quero só ver — provoca a ruiva dando um leve sorriso. 
Minutos depois, o rapaz estaciona o carro em frente a uma quadra cheia de entulhos.
   — Aqui era uma praça antigamente — conta Douglas abrindo a porta do carro. Graziele faz o mesmo, ainda mais pálida do que o normal, e desce na calçada cheia de tijolos quebrados.
   — Vem — chama Douglas desviando de um pedaço do que foi uma parede. A ruiva segue ele com as pernas trêmulas e os olhos vermelhos. 
   O rapaz caminha entre as ruínas até a única parede que permanece firme. A tinta original já não existe, mas sobre ela há vários desenhos e pichações.
   — Sabe qual é o nome dessa praça? — questiona Douglas olhando para os desenhos.
Graziele demora bastante tempo para responder e quando o faz, sua voz está rouca e abafada por lágrimas sufocadas:
   — Praça dos Amores Roubados.
Douglas fica espantado, tanto por ela conhecer a resposta quanto pela sua reação. Ele se aproxima dela rapidamente e pergunta com certa preocupação:
   — Está tudo bem, Grazi?
A ruiva não responde e dá alguns passos até estar diante ao muro. Alguns desenhos estão sobrepostos a outros, mas ela não precisa procurar muito para encontrar o que deseja. Bem a sua frente estão os desenhos de um coração e um círculo e logo mais abaixo uma frase. Ela percorre os dedos trêmulos pela superfície, os olhos enchendo-se de lágrimas com rapidez.
   Assustado com o comportamento dela, Douglas volta a se aproximar da ruiva e pergunta:
   — Grazi, o que foi?
Ela enxuga uma lágrima que cai e conta:
   — Foi aqui que o Thiago me pediu em namoro.
O rapaz fita o frase que Graziele tocou "Quer namorar comigo?" e exclama:
   — Eu não sabia disso! Juro que não fazia ideia, Grazi.
   — Tudo bem — garante a ruiva enxugando as lágrimas. — Tudo bem.
   — Ei, não fica assim — pede Douglas puxando ela para um abraço apertado. 
Os dois permanecem juntos por longos minutos, ele reconfortando e fortalecendo cada pequena parte dela. Aos poucos, Graziele acalma-se e vira lentamente a cabeça.
   — Você tem sido muito especial pra mim.
   — Eu estou aqui pro que você precisar.
Ela assente e dá um beijo demorado na bochecha dele.
   — Eu queria que as coisas fossem mais fáceis pra gente — sussurra baixinho.
   — A gente pode tornar as coisas fáceis — responde Douglas segurando com firmeza o corpo dela.
   — Mas isso — ela gesticula para o muro — sempre vai estar entre a gente.
   — Não mais — ele garante com os lábios roçando no lóbulo da orelha dela.
   — O que você quer dizer com isso?
Douglas afasta Graziele o suficiente para encarar os olhos dela.
   — Eu conversei com o Thiago.
O corpo da ruiva paralisa.
   — Como?
   — Eu falei pra ele o que tem acontecido entre a gente.
   — Fala exatamente o que você disse pra ele — pede Graziele.
   — A verdade, Grazi. Mesmo a gente se curtindo, não conseguimos ficar por causa dessa situação entre nós três.
   — E o que ele disse?
   — Que não querficar entre nós dois.
   — Ele disse isso?
   — Sim. — Douglas afasta-se dela e começa a caminhar pelo lugar. — Ele disse que por ele está tudo bem.
   — Quando isso aconteceu? — questiona a ruiva indo atrás dele.
   — Um dia depois da gente ter dormido lá no estúdio.
A ruiva assente e se recorda que Thiago trocou de lugar, indo para mais longe dela, logo na segunda-feira seguinte ao ocorrido.
   — Agora faz sentido — sussurra para si.
   — O quê? — Douglas olha por cima do ombro.
   — Nada. — Ela dá de ombros e chega mais perto dele. — Então... o que você acha disso tudo?
   — Não vou negar, ruivinha. Eu fico feliz. Finalmente eu não me sinto mal por estar com você.
Graziele dá um sorrisinho. 
   — Isso é verdade.
   — Sim. — Ele sorri também e coloca as mãos na cintura dela, trazendo o corpo dela lentamente para si. — Não me sinto mal por te tocar assim — diz apertando os dedos contra a pele dela. — Não me sinto mal por falar assim pertinho de você — acrescenta falando no ouvido dela. — E não também não vou me sentir mal quando fizer isso.
Aos poucos, ele abaixa o rosto até o dela. O coração de Graziele martela em seu peito, mas ela não se move e aceita os lábios de Douglas aos seus. Ela passa os braços pelos ombros dele e o aperta contra seu corpo, intensificando o beijo que tanto desejou e idealizou. 
   O rapaz mordisca o lábio dela entre o beijo e acaricia sua nuca enquanto a outra mão permanece firme nas costas da ruiva.

   — Gente, o que é isso? — pergunta Marina entrando no banheiro com Laís.
   — Vocês estão doidas?
As duas correm até Isabela e Maísa, que continuam atracadas, e tentam separá-las.
   — Para com isso, Isabela! — pede a cunhada da jovem.
   — Maísa, solta ela! — Laís grita tentando segurar nos braços da prima.
Jaqueline entra logo em seguida e se assusta com o que encontra.
   — O que é isso?
   — Ajuda aqui — pede Laís e a loira corre para apartar a briga.
Juntas, as três conseguem afastar Isabela e Maísa.
   — O que deu em vocês? — questiona Marina olhando de uma para a outra, que ofegam descabeladas e com os braços vermelhos.

Em inglês, Yasmin, Felipe, Victor e Vinícius zoam Brian.
   — Quantos anos vocês tem pra estar usando gravata, Brian? — questiona Felipe rindo com o namorado da irmã.
   — Eu estou elegante — retorque o americano rindo com eles.
   — Não está feio — opina Yasmin. — Só acho que está demais pro evento, mas se é o seu estilo...
   — Obrigada, Yasmin.
   — Ganhou uma defensora — ri Vinícius.
   — Desde que se recuperou — fala Victor —, a Yasmin tem estado mais humana.
   — Mais humana? — repete a loirinha rindo. — Eu sempre fui humana, Victor.
   — Eu já cheguei a duvidar — provoca Felipe e os cinco caem na gargalhada. 
   — Gente!
Eles giram suas cabeças e encaram Jaqueline.
   — O que aconteceu? — indaga Brian passando um braço pelas costas dela.
   — Uma coisa que é do interesse de vocês quatro — conta a jovem olhando para Yasmin, Victor, Felipe e Vinícius.
   — O que a Isabela fez dessa vez? — Felipe pergunta astutamente. 
   — Ela e a Maísa brigaram no banheiro feminino. 
   — Como? — Vinícius é pego totalmente de surpresa. — Por quê?
   — Não sei direito — responde a loira. — A Marina e a Laís estão lá conversando com elas, mas pelo o que eu entendi foi por causa do Jonas.
Vinícius prende o ar e Yasmin olha para o irmão, que contrai a mandíbula enquanto Victor observa a reação de todos com um sorrisinho.

Próximo da porta do banheiro, Maísa ouve Laís:
   — O que deu na sua cabeça? Sair no tapa com a Isabela na "festa de aniversário" dela?
   — Você tinha que ouvir as coisas que ela me falou, Laís. Eu perdi a cabeça!
   — O que ela disse de tão absurdo pra você dar um tapa nela? Você não é assim, Maísa.
   — Pois é. Isso é pra você ver o quanto ela me irritou. Ela disse que eu estava com ciúmes do Jonas, que ele ficaria com ela se ela quisesse!
   — Não é totalmente mentira — opina Laís.
   — Meu Deus, Laís! Até você?
   — Ok, ok. Calma, Maísa! 
Daniela, que estava indo ao banheiro, aproxima-se das duas.
   — Está tudo bem, gente? Vocês parecem tensas.
   — A Maísa e a Isabela acabaram de brigar lá no banheiro.
   — Brigar de brigar? — surpreende-se Daniela. — Fisicamente?
   — Não dá pra perceber? — indaga Maísa esticando seus braços com alguns vergões vermelhos.

Com o corpo apoiado na lateral do carro dele, Graziele continua trocando beijos intensos com Douglas. Eles não ficam um só segundo sem se tocar, como se receassem que o outro desaparecesse caso se distanciem. Graziele dá beijos nas tatuagens do pescoço dele enquanto sente as mãos do rapaz deslizarem por suas costas. Douglas beija o ombro dela por cima da roupa social e abre a porta do carro atrás dela ao mesmo tempo.
   — Vamos pra um lugar mais quente — diz percebendo que ela está arrepiada. No entanto, a razão para o comportamento dela é o toque dele e não o frio.
   — Pra mim está bom aqui — ela responde passando a mão pelo cabelo dele.
   — É porque os seus cabelos são de fogo — ri Douglas dando um selinho nela.

Marina ajuda Isabela a se recompor ainda no banheiro.
   — Só faltou ela rasgar o meu vestido — esbraveja a menor.
Encostada na pia, Marina encara a intensamente ao perguntar:
   — O que ela falou que você disse é verdade?
   — Sim.
Marina respira fundo.
   — Por que você falou isso, Isa?
   — Porque é verdade. — Ela ri e coloca novamente seu chapéu. — Se eu quisesse, o Jonas ficaria novamente comigo.
   — Ele está com a Maísa!
   — Eu sei, mas ele fica sempre de piadinhas pra cima de mim.
   — Uma coisa é ele fazer piadas, Isa, outra completamente diferente é ele realmente ficar com você.
   — Você quer que eu fique com ele pra te provar isso? — ri a jovem para a perplexidade de Marina.
   — Você não está falando sério, está?
   — Claro que não, né? — Isabela sorri. — Eu tenho namorado, lembra?
   — Parece que você não está lembrada. Aliás, parece que você não lembra mais nem quem você é.
   — Ai, Marina, não começa você também.
Quando a namorada de Vinícius vai continuar seu raciocínio, a porta do banheiro abre-se e diversas pessoas adentram no espaço.
   — O que vocês estão fazendo aqui? — Marina pergunta espantada.
Yasmin, Felipe, Vinícius e Victor estão parados diante das duas.
   — A gente já soube o que aconteceu — fala Yasmin enquanto o namorado dela tranca a porta.
   — As notícias voam mesmo — analisa Isabela. — Aposto que foi a Jaqueline.
   — Explica como isso aconteceu, Isa — Vinícius pede tentando compreender a história.
   — A Maísa veio me dar lição de moral, a gente se desentendeu e ela me deu um tapa — resume Isabela.
   — A Maísa é louca? — indaga Yasmin. — Sair batendo nos outros assim?
   — Ele não me parece o tipo que bate em alguém por qualquer motivo — aponta Victor encostado na porta de um box com os braços cruzados. — Aposto que a grande anã provocou.
   — Conta a história inteira — pede Marina para Isabela.
   — Não tem o que contar.
   — O que você quer dizer com história inteira? — pergunta Yasmin.
Marina hesita, pois não quer contar o que Isabela disse, prefere muito mais que a própria diga.
   — Fala, Mari — pede Vinícius colocando uma das mãos no quadril dela.
A morena olha para Isabela, pedindo silenciosamente que ela fale alguma coisa, porém a jovem continua imóvel e silenciosa.
   — A Maísa perdeu o controle quando a Isabela disse que ela estava agindo por ciúmes porque sabia que o Jonas ficaria com ela caso ela quisesse.
Paira sobre eles um silêncio denso, até que Victor diz com a voz tranquila:
   — Não disse que a grande anã tinha provocado.
Após a fala dele, todos começam a falar ao mesmo tempo.
   — Por que você fez isso, Isa? — Yasmin não compreende.
   — Porque ela é louca — ri Victor.
   — Não precisa falar assim, né? — Marina corta.
   — Você só abre a boca pra falar besteira — Isabela devolve.
   — Pelo menos eu não saio recebendo tapas de ninguém pelo o que eu digo — Victor responde.
   — Gente, para com isso — pede Vinícius.
   — Eu não sei o que vocês estão fazendo aqui — diz Isabela ainda encarando Victor. — Esse é um banheiro feminino.
   — A gente teve que vir pra ver o que a bebezona aprontou dessa vez — diz o loiro.
   — Eu não sou bebezona!
   — Não vão começar outra briga — Yasmin intervém.
   — Vai começar a chorar agora ou bater o pé, Isabela? — Victor indaga ignorando o comentário da namorada.
   — PAREM COM ISSO! 
Todos ficam em silêncio e olham para Vinícius.
   — Meu Deus do céu, isso aqui pareceu uma feira! — reclama o rapaz.
   — Você tem razão — fala Felipe, que até então não tinha se pronunciado. O clima volta a ficar pesado quando ele e Isabela trocam um olhar. — Vocês podem sair um instante.
Yasmin olha para a amiga e diz:
   — Mas...
   — Eu quero trocar uma palavra com a Isabela.
Victor desapoia-se do box e vai até a namorada.
   — Vamos sair.
   — A gente está lá fora — fala Marina entrelaçando os dedos com os de Vinícius. Os quatro saem do banheiro e Felipe volta a trancar a porta, isolando ele e Isabela.

Com um copo de suco na mão, Daniela retorna para perto de Pedro, que dança junto com Jonas na pista.
   — Demorou, Dani — comenta Pedro dando um beijo na lateral da testa dela. — Pensei que tivesse caído no vaso.
   — Nossa, que engraçado — ironiza a garota e recebe um beijo do rapaz. Jonas ri e desvia o olhar deles quando eles começam a se beijar. — Mas rolou um negócio que me fez demorar.
   — O quê? — pergunta Pedro fazendo carinho na mão dela e Jonas volta a prestar atenção neles.
   — Quando eu tava chegando no banheiro, encontrei com a Laís e a Maísa. — Ao pronunciar o nome da loira, Daniela passa a receber toda a atenção de Jonas. — A Laís tava acalmando a Maísa.
   — Por quê? — Pedro faz a pergunta que passa pela cabeça de seu amigo.
   — Ela e a Isabela saíram no tapa no banheiro.
Jonas arregala os olhos.
   — Como é?

Longe deles, mas também na pista de dança, Malu tenta bater o cabelo ao som da batida eletrônica, mas o máximo que consegue é girar uma ou duas vezes a cabeça e arrancar gargalhadas intensas de Samuel e Thiago.
   — Ai, fiquei tonta! — exclama tateando as cegas. Ainda sorrindo, Samuel segura o corpo dela para que ela não caia.
   — Vai querer ficar bancando a drag — ri Thiago.
   — Nossa, vi vários Samuels, Thiagos e Grazieles agora — diz a morena segurando com força nos braços de Samuel.
   — Ver vários de mim e do Thiago é até aceitável — responde o rapaz —, mas ver a Graziele já é demais, né? — Ele ri.
   — A vida tem dessas coisas.
   — Falando nisso, cadê ela? — pergunta Samuel. — Faz um tempinho que eu não a vejo.
Thiago também fita o rosto de Malu, que por uma fração de segundos demonstra uma hesitação intensa.
   — Acho que está lá embaixo com os pais dela — mente sem olhar para nenhum dos dois.
Sua hesitação foi brevíssima, mas suficiente para Thiago perceber que ela está mentindo.

Isabela apoia as mãos na pia atrás de si e evita o olhar de Felipe. O rapaz caminha até parar na frente dela e pergunta:
   — Você ainda acha que eu não tenho motivos pra dizer que não te reconheço mais?
Isabela vira de costas para ele e se observa no espelho.
   — Eu só consigo ver eu mesma.
O coração dela dispara quando Felipe posiciona-se bem atrás de si e coloca as mãos em sua cintura.
   — Não é possível que você não veja que essa não é você. — Como é bem mais alto que ela, sua cabeça fica acima da dela e eles se olham através do espelho.
   — Eu sei que estou fazendo coisas que nunca fiz antes, mas continuo sendo eu mesma.
   — Não — diz Felipe com firmeza e gira o corpo dela de frente para o seu. — Você acabou de brigar com a Maísa, amor.
   — Você me chamou de amor — ela observa dando um leve sorriso.
   — É o que você é pra mim. Isso não mudou e não vai mudar. Eu e todo mundo só queremos que você volte a ser a nossa Isabela. Você sempre foi contra qualquer tipo de violência, Isa.
   — Eu sei, mas foi ela quem me bateu.
   — Porque você disse que ela estava insegura porque se você quisesse o Jonas voltaria pra você — ele lembra com a voz mais grave.
   — Eu não disse voltar, disse que ele ficaria comigo.
   — Dá na mesma. Você realmente acha isso?
   — Sim, mas isso nunca vai acontecer. Eu não quero ficar com o Jonas! Sei que foi ele quem terminou comigo, mas muita coisa aconteceu depois disso e agora eu não quero mais ele.
   — Então por que você ficou jogando isso na cara da Maísa?
   — Porque me irritou ela vir falando que era "só um conselho" sendo que tava na cara que não era por isso que ela tava falando.
   — Isso é o que você acha, Isa. Porém, conhecendo a Maísa, mesmo pouco, sei que há grande chances dela estar realmente só te aconselhando.
   — Ok, sou eu quem faço tudo errado mesmo! Já entendi!
   — Ei, não precisar ficar na defensiva. Eu estou do seu lado.

   — Pensei que você estava me odiando.

   — Eu nunca vou te odiar, Isa. Você só me irrita muito as vezes, mas isso é normal.

Eles riem e Isabela acaricia o braço dele.

    — Então estamos de bem de novo?

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