Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 308: Mel conta aos filhos que está namorando Reinaldo

Chay hesita, coça o cabelo e fala:
   — Agora não dá, Mel.
   — Por quê? — ela questiona surpresa e desapontada. — Eles não estão em casa?
   — Estão, mas...
   — Chay, isso é muito importante! — Mel tenta passar por ele, porém o cantor segura em seu ombro.
   — O futuro do Vinícius também é importante.
   — Do que você está falando?
Chay sai do apartamento e fecha a porta.
   — Ele não queria que eu falasse pra mais ninguém, mas... você é mãe, então... — Chay conta sobre a prova de gastronomia que Vinícius fará nas próximas horas, porém não diz que é para uma escola francesa. — Você entende por que a gente não pode ter essa conversa com eles agora?
   — Claro — responde Mel. — Isso desestabilizaria o Vinícius.
   — Exatamente.
A empresária passa a mão no cabelo e segura sua mala.
   — Então eu vou indo.
   — Ok. A gente pode conversar de noite — Chay sugere.
   — Ótimo. Eu te ligo.
   — Tá bom.
Mel vira e caminha em direção ao elevador.
   — Mel — chama Chay correndo até ela.
   — O que foi?
   — A viagem foi boa? — questiona ele. — Digo, a família do Reinaldo te recebeu bem?
   — Sim. Claro que eles têm alguns defeitos, mas que família não tem? — Mel sorri.
   — Verdade — concorda Chay. — Fico feliz que tudo tenha dado certo pra vocês.
   — Obrigada, Chay!
Eles se abraçam e Mel entra no elevador com sua bagagem.

Ainda com o uniforme do colégio e mochila, Jonas desce do carro de seu pai e sobe a calçada.
   — Acho que eu vou guardar o carro logo — fala seu pai e ele assente.
   — Ok, eu entro por aqui.
Um fração de segundos depois do veículo de seu pai sair, um outro carro para cantando pneus. Jonas, que abria o portão principal, olha sobressaltado para trás.
   — Que merda é essa? — questiona quando a porta se abre e Samuel surge. — O que você está fazendo aqui?
   — Eu preciso conversar com você — fala Samuel parando na frente dele.
   — Ai, Samuel, me deixa em paz.
   — Eu estou falando sério!
   — Eu também — retruca Jonas. — Eu acabei de almoçar e não quero ter uma indigestão.
   — Olha, Jonas, eu passei horas na praia tentando entender o que está se passando comigo e, sinceramente, eu não sei o que fazer. Por favor, você sabe que eu não viria aqui se não fosse grave.
O outro encara demoradamente ele e percebe a seriedade do assunto.
   — O que aconteceu?
   — A gente não pode entrar? — questiona Samuel. — A história é longa.

Poucas horas após o almoço, Vinícius despede-se de Chay para ir até o tal concurso de culinária.
   — Boa sorte, meu filho — deseja o cantor dando um abraço nele.
   — Obrigado!
O jovem pega uma mochila preta e sai do apartamento do pai enquanto Isabela continua dormindo silenciosamente no sofá da sala.
   — Fica calmo, fica calmo — Vinícius repete para o seu reflexo no espelho do elevador.
Quando chega ao térreo ele sai e pega o táxi que está à sua espera.

Sophia está concentrada lendo textos de uma colunista e não percebe quando Yasmin passa pela porta de seu escritório.
   — Mãe? — chama a loirinha.
A empresária ergue a cabeça e visualiza a filha com duas folhas sulfites nas mãos.
   — O que foi, Yas?
   — Eu perdi o sono hoje cedo e vim aqui para o seu escritório — começa.
   — Ah, então foi você — ri Sophia. — Pensei que tivesse sido o seu pai que fez bagunça nas minhas coisas.
   — Desculpa — pede Yasmin de imediato.
   — Tudo bem, você pode — brinca a loira. — Você está com desconto porque foi baleada. Ai, credo, não gosto nem de brincar com isso!
Yasmin sorri e se aproxima ainda mais da mesa.
   — Então, eu queria te mostrar umas coisas que eu fiz nesse tempo.
   — Ok, me mostra.
A jovem coloca as folhas sobre a mesa e empurra para a mãe. Sophia analisa atentamente o que tem nas folhas e olha demoradamente para a filha.
   — Você fez isso? — pergunta.

Sozinhos no quarto de Jonas, ele e Samuel conversam sobre o que Malu revelou.
   — Uau! — exclama Jonas. — Eu não esperava por isso, mesmo vindo da Maria Luíza. Ela não tem cara de sapatão.
   — Jonas? Desde quando lésbica tem cara?
   — Ah, algumas têm! — ri o rapaz. — Mas e aí, o que você acha disso?
   — Não sei. Eu sinceramente não sei. O que você acha?
   — Eu acho que pode até ser bom.
A opinião dele deixa Samuel espantado.
   — Como?
Jonas se mexe na cama e olha para Samuel na poltrona.
   — Imagina, você poderia dormir com mais de uma. A Malu não ia se importar, ia até gostar! — Ele ri. — Convenhamos, isso é sexy!
Samuel dá um leve sorriso.
   — A questão não é tão simples assim, né?
   — Ah, não é tão ruim quanto parece — opina Jonas. — Ela ficou com a Mayara, beleza. Agora ela está ficando com você.
   — Eu sei, mas... é estranho pensar que ela já beijou outra garota.
   — Eu continuo achando sexy!
   — Pensa com a cabeça de cima, Jonas — pede Samuel e eles riem.
   — Viu, cara, pelo menos você já está rindo.
   — É, mas continuo preocupado.
   — Preocupado com o quê? Você e a Maria Luíza estão juntos, você fica feliz com isso, de que importa saber que ela ficou com outra garota? É passado mesmo.
   — Como você reagiria se soubesse da noite pro dia que a Maísa ficou com uma garota?
   — Falaria para ela repetir a dose junto comigo — responde Jonas com obviedade e eles caem na gargalhada. — Mas falando sério agora, eu acho que você está dando muita bola pra isso.
   — Eu ainda fiz a merda de contar pra minha mãe.
   — Vish, aí fica mais complicado.
   — É, ela já não gostava da Malu, agora então. Ela acha que é pecado esse lance.
   — Bizarro. Mas e aí, decidiu o que você vai fazer?

Com uma roupa bem fresca e tênis confortáveis, Marina encontra-se com Thiago em frente à casa dele.
   — E aí, vamos dar uma volta? — fala sorrindo.
   — Vamos. 
Eles começam a caminhar pela calçada lado a lado.
   — Pra onde você quer ir? — pergunta Marina.
   — Não sei, pensei em andar pelo condomínio mesmo. Eu só quero conversar com alguém, sabe? Alguém que não seja o meu terapeuta — eles riem.
   — Entendi. Vai dar pra gente conversar muito, né? Esse condomínio é tão grande!
   — Sim, eu poderia te contar toda a minha vida e ainda não teria assunto se a gente fosse caminhar por tudo.
Marina ri.
   — Até que sua ideia é muito boa. Eu nunca andei por aqui, sabe? Só no caminho para a minha casa, pra casa do pessoal e uma vez eu fui no parquinho.
   — Então eu tenho certeza que nós iremos nos divertir muito — brinca Thiago.

A noite cai com rapidez trazendo consigo uma brisa suave e refrescante. Chay reúne-se com os filhos na sala de estar de seu apartamento. Isabela ainda está com cara de sono e Vinícius permaneceu boa parte do tempo calado desde que voltou de sua prova. Chay respeitou o seu espaço e não fez nenhum questionamento.
   — Já que vocês dois estão aqui — fala para os filhos —, eu tenho um convite pra vocês.
   — Que convite? — pergunta Isabela.
   — A sua mãe chamou nós três para um jantar lá na casa de vocês.
   — Na casa que já foi nossa — Isabela resmunga e Vinícius indaga ao pai:
   — Algum motivo especial para o jantar?
O cantor hesita.
   — É algo importante.
Os adolescentes ficam tensos de imediato e Chay ri.
   — Calma, gente! É algo importante, mas bom para todo mundo.
   — Quero só ver — comenta Isabela levantando.
   — É algo sobre aquilo? — pergunta Vinícius ao ficar sozinho com o pai.
   — Você logo saberá, filho. — O cantor levanta do sofá e aconselha: — Se eu fosse você iria tomar banho, daqui a pouco a gente sai.
   — Ok.
Vinícius fica alguns minutos olhando Nina brincar no tapete até que levanta e vai para o seu quarto.

Suados e com bastante energia ainda, Marina e Thiago continuam caminhando pelo condomínio. Ele faz desabafo sobre Graziele e Douglas.
   — Nossa, por essa eu não esperava mesmo — opina Marina. — A Graziele com o Douglas. Ele tentou me assaltar uma vez, sabia?
   — Como?
   — Eu estava na praia com o Vinícius e de repente surge um assaltante atrás de mim com uma arma nas minhas costas. No fundo era só uma "brincadeira" desse Douglas. Nem arma ele tinha, eram só dedos dele mesmo.
Thiago sorri.
   — É bem a cara dele fazer isso mesmo.
   — Eu e o Vinícius nos cagamos de medo — ri Marina. — Mas enfim, eu acho sacanagem isso, sabe? Deles dois. Tudo bem, eu entendo que eles podem realmente estarem afim um do outro e tal, mas... sei lá, ele é seu amigo e ela é sua ex-namorada. Acho isso muito bizarro!
   — Imagina como eu me sinto? Eu entendo os dois, mas é muito complicado. Eu ainda gosto dela, poxa!
   — Então por que vocês não estão juntos?
   — Porque nem sempre gostar é o melhor.
   — Ai, Thiago, esse tipo de filosofia não combina com você.
Ele ri.
   — Mas é verdade. Eu estou me tratando, não seria legal ela ficar perto de mim agora.
   — Você acha mesmo que a Graziele se importa com isso?
   — Eu me importo. Marina, tem dias que nem me aguento! Eu fico mal-humorado, grosseiro, e o pior é que eu não tenho controle. Eu não quero que ela sofra com isso.
   — Eu me coloco no lugar dela — comenta a jovem. — Fico imaginando se o Vinícius tivesse um problema como o seu e quando ele finalmente começasse um tratamento, terminasse comigo. Eu ia me sentir muito mal por não poder estar com ele nesse momento que ele mais precisa de mim.
   — É, aí você iria se consolar com o amigo dele e vocês ficariam.
Marina pensa imediatamente em Felipe.
   — Eca!
   — Pois é.
   — Sabe uma coisa que eu não entendo.
   — Hum?
   — A Graziele fez o maior escarcéu pra você se tratar e tal e agora está se envolvendo com o Douglas? Pelo o que eu sei ele usa muito mais que um cigarrinho de tabaco.
   — É. Acho que é assim... Olha, o que eu vou falar pode parecer meio frio, mas não é.
Marina ri.
   — Ok, pode falar.
   — Comigo era diferente porque a gente se conhece desde sempre, sabe? A gente cresceu junto, fomos a primeira paixão um do outro. Agora com o Douglas, eles não tem a mesma sintonia, sabe? Sem contar que ela sabe que o Douglas já não tem solução.
   — Todo mundo tem solução quando quer.
   — Exatamente. O Douglas dificilmente vai querer se tratar e ninguém jamais conseguiria convencê-lo.
   — Acho que entendi. Mas continuo achando uma grande besteira você e a Graziele continuarem separados. Por que, cá entre nós, ela só está com o Douglas porque você não quer ficar com ela.
   — Não fala assim — pede Thiago.
   — Mas é verdade! Todo o universo vê o quanto vocês ainda se gostam. 
   — Para de falar besteira, Marina! — ri Thiago. — Ah, sabe quem mora essa mansão? — pergunta passando em frente a uma mansão imponente.
   — Não — responde Marina olhando para o jardim iluminado.
   — Aquele apresentador da televisão.
   — Nossa, Thiago, sei muito. Só tem um apresentador em toda a televisão, né? — Eles riem.

Usando apenas uma bermuda abaixo da cintura, Micael sai do banho enxugando o cabelo em uma toalha.
   — Está tudo bem? — pergunta para Sophia, que está sentada na cama deles olhando fixamente para dois croquis em sua frente.
   — Vem cá — pede a loira. — Eu quero te mostrar algo.
Micael aproxima-se da esposa.
   — O que é?
   — O que você acha desses modelos? — questiona entrando os croquis para ele.
   — Lindos. Por quê? A MelPhia agora quer investir em vestidos de noiva?
   — Não, não são da MelPhia.
   — Você quer lançar uma coleção paralela? — pergunta Micael ainda admirando os vestidos.
   — Esses desenhos não são meus.
   — Não? — Ele olha para ela. — Os traços são bem parecidos com os seus.
Sophia sorri e conta:
   — Amor, a Yasmin que fez esses croquis.
   — O quê? — Micael não consegue controlar o espanto. — A Yasmin?
   — Sim. Não é magnífico?
   — Sim! Mas... mas desde quando ela desenha desse jeito?
   — Não sei. Ela falou que estava com insônia, daí foi ao meu escritório e começou a olhar umas revistas de vestido de noiva. Depois de ter olhado várias, ainda não tinha encontrado o vestido do jeito que ela imaginou, por isso resolveu ela mesma desenhá-lo. Assim surgiu isso!
   — Caramba, isso é talento em sua forma mais pura! — comenta Micael ainda embasbacado. 

Após terem um jantar não muito agradável, Mel, Chay e os seus filhos reúnem-se na sala de estar para tomarem café. Eles conversam sobre assuntos banais, os quais Isabela não faz nenhum comentário, até que Vinícius pergunta:
   — Então, qual é a notícia que a senhora tem para a gente, mãe?
Mel passou todo o jantar pensando em como contaria para os filhos que está namorando de novo, mas mesmo assim não achou um jeito que a deixasse menos nervosa do que se encontra.
   — É algo que aconteceu na minha vida — fala sentindo o coração palpitar.
   — Que algo? — Vinícius pergunta tão nervoso quanto ela. 
Isabela permanece em silêncio, mas seu olhar demonstra uma intensa inquietação. Chay diz:
   — Antes da Mel contar, eu quero que vocês saibam que isso não muda em nada a nossa relação. Nem a minha com a Mel, nem a minha com vocês, nem a dela com vocês.
   — Entendemos, não é Isa? — Vinícius pergunta para a irmã.
   — É.
Mel umedece os lábios.
   — É... Algum meses atrás eu conheci uma pessoa.
   — Não pode ser! — Isabela exclama e Vinícius segura no braço dela.
   — Isa, deixa a mãe terminar.
Nervosa, Mel agradece ao filho:
   — Obrigada. Então, a gente foi se conhecendo melhor e... e agora nós estamos juntos.
   — É aquele cara, não é? — questiona Isabela. — Aquele tal de Reinaldo.
   — Sim, é ele.
Isabela respira rapidamente e leva uma mão à boca, seus olhos enchendo-se de lágrimas.
   — Isso é algo natural — comenta Chay. — Uma hora ou outra, eu ou a sua mãe conheceríamos outras pessoas. A vida continua após um divórcio, mesmo que o casamento tenha durado anos como o nosso.
   — A gente compreende — responde Vinícius pálido. Embora já soubesse da verdade, é difícil para ele ouvir direto de Mel.
   — Não! — retorque Isabela. — Eu não entendo! — Lágrimas escorrem pelo rosto dela que fica em pé. — Como a senhora pôde fazer isso com a nossa família?
   — Isabela, eu...
   — Eu não quero te ouvir. Eu não quero ouvir ninguém! — A jovem sai correndo aos prantos da casa e todos levantam para ir atrás dela.
   — Deixa comigo — pede Vinícius e segue a mesma direção da irmã.
Mel olha para Chay com os olhos marejados.
   — Eu não queria que isso tivesse acontecendo.
   — Calma, vai ficar tudo bem. — Chay dá um abraço reconfortante nela.

O carro da mãe de Samuel para em frente a mansão de Lucas e Nathália, o que deixa Malu bastante surpresa. Ela, que ouvia música deitada na grama, surge do meio do arbustos e dá de cara com Samuel no portão.
   — Malu? — Ele se surpreende pela aparição repentina dela.
   — O que você veio fazer aqui? — questiona a morena.
   — Não parece óbvio? — ele rebate do outro lado da grade. — Eu vim falar com você.
Malu abre o portão e fica frente a frente com ele.
   — Não sei se estou pronta para ouvir o que você tem pra me dizer — sussurra.

De mãos dadas, Marina e Thiago viram correndo uma esquina. Ele solta a mão dela e se apoia em um poste ofegando.
   — Não tenho fôlego para fazer mais isso — comenta puxando ar para dentro dos pulmões.
Marina ri e olha para os lados.
   — Fazia tanto tempo que eu não tocava campainhas e saia correndo!
   — Você sabe que há câmeras em todo o canto e que eles podem facilmente descobrir que era a gente, né?
   — E o que eles vão fazer? Chamar a polícia! — Ela ri. — Vai, Thiago, foi engraçado — fala dando um tapinha no braço dele.
   — Isso foi!
Os dois riem e ela pega na mão dele.
   — Vem, vamos dar uma volta pra recuperar o fôlego.
   — Pelo menos a noite não está abafada — comenta Thiago quando eles viram uma outra esquina.
   — Graças a Deus, né! — Ela ri e tira o cabelo do rosto. — Ai, ai, é tão bom fazer essas criancices às vezes.
   — É verdade.
   — Sabe o que eu pensei agora? — pergunta a jovem parando de caminhar. — Da outra vez que a gente saiu, também corremos loucamente.
Thiago ri.
   — Sim, mas dessa vez foi bem mais inofensivo.
   — Com certeza! — ela concorda. Os dois voltam a caminhar e quando chegam à uma esquina dão de encontro com Isabela, que corria pelas ruas.
   — Isa? — surpreende-se Thiago.
Marina segura nos ombros da cunhada.
   — Está tudo bem com você? — pergunta preocupada vendo o estado dela.
   — A minha família desmoronou! — Isabela chora de soluçar.
   — Como assim? — Thiago estranha, mas Marina percebe perfeitamente do que se trata.
   — Não fica assim — pede e puxa a menor para um abraço apertado.
Isabela aperta Marina e chora compulsivamente.

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