Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 298 [Parte 2]: Yasmin e Marina se encontram após transfusão


Vinícius pensa por um instante e cede:
  — Ok, não vou falar nada.
Isabela sorri e dá um abraço apertado nele.
   — Obrigada, obrigada!

Após o intervalo, a sala do terceiro ano A tem aula de biologia. A professora relembra as teorias da evolução e os manda fazerem desenhos relacionados ao assunto. Assim que ela explica a atividade, os olhos de Lorenzo brilham. Alguns estudantes sentam juntos para realizar a tarefa, outros se isolam e um falatório normal de sala de aula começa. Em certo momento, Maísa chama a professora de seu lugar. Jonas ergue os olhos e a observa disfarçadamente tanto que nem Pedro nem Jaqueline, que estão ao seu lado, reparam.
   — É melhor você ir até lá — aconselha Laís à amiga. — Ela não vai te ouvir com essa conversa toda.
Maísa revira os olhos e levanta.
   — Professora — ela para ao lado da mesa da senhora —, posso ir ao banheiro?
   — Você já terminou as suas imagens?
   — Falta só colorir.
   — Ok, vai.
A loira segue em direção à porta e sai sem quase ninguém notar.
   O riso de Mayara ecoa pela sala e a maioria olham para ela.
   — Isso está ridículo! — ela fala para si mesma sem reparar nos olhares. Lorenzo levanta os olhos por poucos segundos e volta a se dedicar ao próprio desenho enquanto Iago observa ao redor e fala para a loira:
   — Acho que você falou um pouquinho alto.
Mayara mira os colegas e comenta rindo:
   — Não sou Picasso, gente!
   — Pelo o que eu ouvi falar — Pedro diz —, você realmente não gosta de Picasso.
Luciana e Jaqueline riem enquanto Jonas levanta da carteira.
   — Não como você gosta — rebate Mayara com os olhos cintilando de maldade.
   — Ui! — exclama Daniela rindo com os outros. — Podia ter dormido sem essa.
Pedro mostra o dedo para ela e a professora não nota, pois está conversando com Jonas:
   — Esse é o seu desenho? — indaga ela.
   — Se a senhora só deixar eu sair se tiver terminado, vou entregar assim.
   — É porque você não tem um bom comportamento em sala de aula, Jonas.
   — Mas tenho direito de urinar.
A senhora o encara duramente.
   — Vai, mas se quando você voltar der trabalho, vou zerar sua atividade.
Jonas larga seu desenho sobre a mesa de Amanda e sai da sala. Ele caminha pelo corredor deserto, ouvindo os burburinhos das outras salas, rumo ao banheiro feminino. Há alguns metros do banheiro, passa por um carrinho de faxina e quando está na porta do espaço, para e olha para trás, para o carrinho.
   Maísa sai do box e se encaminha para a pia de mármore. Ela se analisa no espelho enquanto abre a torneira e ao se olhar novamente toma um susto.
   — O que você está fazendo aqui? — pergunta ainda olhando no espelho. A imagem de Jonas refletida logo atrás da sua.
   — Por que você não está falando comigo? — ele rebate com outra pergunta.
   — Eu estou falando com você. — A loira vira-se de frente para ele, ficando encostada na pia.
   — Você me ignorou no intervalo e saiu andando com a Laís.
   — Ela é minha amiga.
   — E a gente está junto. — Ele se aproxima dela. — Maísa, não mente pra mim. Eu sei que tem alguma coisa acontecendo. 
O rapaz tenta acariciar o braço dela, mas a jovem empurra o braço dele.
   — Para!
   — Viu? Eu falei que tinha alguma coisa! — exclama Jonas dando um passo para trás.
   — Eu já estou sabendo.
Ele encolhe os ombros.
   — Sabendo do quê?
   — Você ainda se faz de bobo. — Maísa dá uma risada seca.
   — Não estou me fazendo de bobo.
   — Não é o que parece.
   — Custa me falar o que aconteceu? — ele pergunta ficando irritado.
   — Eu sei que você tava de papinho com a Isabela mais cedo!
Jonas fica alguns minutos apenas encarando Maísa.
   — O que é que tem? — ele pergunta em seguida. — Eu só conversei com ela.
   — Bem próximos, né?
   — Hã? Quem foi que... foi o Alexandre, não foi? — adivinha ele.
   — Não interessa!
   — Foi sim. — Ele afirma. — O Vinícius não falaria nada.
   — Por que você está tão bravinho? Não queria que eu soubesse? — retorque Maísa com raiva e Jonas sacode a cabeça.
   — Não é isso, eu só não gosto de ninguém fazendo fofoquinha sobre mim.
   — Não interessa, Jonas! O assunto não é esse. — Ela cruza os braços. — Por que você estava de conversinha com a sua ex?
   — Eu queria saber como ela estava depois do que aconteceu.
Maísa começa a rir.
   — Como você se preocupa com ela, né? 
   — Me preocupo mesmo, eu tenho um carinho pela Isa.
A loira balança a cabeça sentindo o sangue ferver por seu corpo. 
   — Você é patético, Jonas! — Ela caminha rumo à saída, mas não chega até lá já que Jonas segura em seu braço.
   — Patética é essa situação, Maísa. — O jovem empurra ela contra parede e prende o seu corpo. — Eu estou com você, não estou? Então por que ter ciúmes?
   — Não é ciúmes — responde a garota. — É questão de respeito. Você não me respeita! Fica de papinho com a Isabela no corredor do colégio, pra qualquer um ver, sendo que todo mundo sabe do passado de vocês e de como a história terminou.
Jonas fica mais sério do que anteriormente e demora para responder.
   — Desculpa — ele pede fitando intensamente os olhos dela. — De verdade, desculpa.
Maísa não fala nada e não recusa o beijo dele. O rapaz passa os braços com força ao redor da cintura dela e a traz para ainda mais perto de si. Eles se beijam vorazmente e Jonas guia Maísa até a pia, onde a deixa sentada. 
   — Ultimamente — ele fala beijando o pescoço dela — eu não tenho desejado ninguém, só você. — Maísa puxa o cabelo dele e volta a beijá-lo. As mãos frias de Jonas deslizam por baixo do uniforme dela e aperta sua pele. A loira amolece nos braços dele e o puxa pela camisa, dando um chupão em seu pescoço. 
   Quando seus pulmões começam a clamar por oxigênio, eles se afastam. Jonas fica acariciando a coxa dela e Maísa joga a cabeça para trás e começa a gargalhar.
   — O que foi? — pergunta Jonas dando um selinho no pescoço dela.
A loira olha para ele e questiona com naturalidade:
   — Você acha que é assim? Faz merda, pede desculpa, a gente se pega e vai ficar tudo bem? 
Jonas estranha.
   — Do que você está falando? 
Maísa empurra Jonas e pula da pia.
   — De que adianta você ter pegada, mas não ter respeito? Eu não quero isso pra mim. — Ela dá um selinho nele e sai do banheiro sem nenhuma resistência de Jonas, que fica incapaz de se mover tamanho o susto.
   Maísa tropeça na placa de interditado que está na porta do banheiro e retorna para a sala. Ao sentar com Laís novamente, ouve da prima:
   — Por que você demorou tanto?
   — Tive uns imprevistos. 
Jonas entra e bate a porta com força. Ele caminha até o fundo da sala sendo observado por Laís.
   — Esse foi seu imprevisto? — questiona a morena para Maísa. — Não acredito que depois do que...
   — Laís — interrompe a loira impaciente —, não se mete! Eu sei o que eu estou fazendo.
Diante da animosidade da prima, Laís assente e fica em silêncio.

Durante a tarde, Yasmin é preparada por uma de suas enfermeiras para receber visitas. Com cuidado, a cama é dobrada até que ela esteja sentada.
   — Quer que eu penteie o seu cabelo? — oferece a funcionária.
   — Quero — responde Yasmin sorrindo. 
A enfermeira pega uma escova em um pequeno armário branco e passa a desembaraçar os fios loiros de Yasmin.
   — Você tem bastante visitas hoje — comenta a enfermeira.
   — É?
   — Sim.
   — Quem está aí? — questiona a loirinha com curiosidade.
   — Ah, eu não sei os nomes. — A enfermeira dá de ombros.
   — Descreve eles então!
A mulher assente e começa a pensar.
   — Bom, tem um rapaz magrinho de cabelo cacheado.
   — Vinícius — Yasmin conclui.
   — Um outro moreno alto.
   — Felipe. Ele é meu irmão, sabia?
   — Sério? Muito bonito! — elogia a mulher sorrindo.
   — É, quem mais?
   — Uma garota pequenininha com o cabelo comprido e castanho.
   — Isabela. Ela é minha melhor amiga e também namorada do meu irmão.
A enfermeira sorri novamente.
   — Os seus pais — continua. — Foi difícil eles entrarem, hein?
   — Por quê?
   — Tem alguns fotógrafos lá fora. Não muitos.
Yasmin arregala os olhos.
   — Eles já sabem?
   — Pelo visto sim. — Ela abre a boca, mas não continua.
   — O que mais? — pergunta Yasmin interessadíssima.
   — É... eu não posso contar.
   — Por quê?
   — Eu estou aqui para cuidar de você, não ficar te alimentando de fofocas.
   — Mas se você sabe algo a meu respeito é praticamente seu dever me contar — analisa Yasmin. — Você não acha? Eu tenho o direito de saber o que estão falando de mim.
A mulher pensa por um momento.
   — Ok, eu vou te contar, mas você não pode falar pros meus chefes que eu te falei.
   — Claro — promete a loirinha.
   — Então — ela repousa a escova na lateral da cama —, eu li uma matéria falando que você foi baleada em uma tentativa de assalto da fazenda do Chay.
   Tentativa de assalto?
   — É o que a mídia está dizendo. Onde eu li disseram que foi o assessor da sua mãe que confirmou.
Yasmin franze a testa, sua mente trabalhando em alta velocidade.
   — Por que eles falariam que foi uma tentativa de assalto? — se pergunta em voz alta e a enfermeira não fala nada. — Não importa! — Ela sorri voltando a se animar. — Tem mais alguém pra me visitar?
   — Só mais uma menina.
   — Como ela é?
   — É morena, nem alta nem baixa e tem a pele bem clara.
   — Ah, deve ser a Malu — deduz Yasmin. — Então vieram o Vinícius, a Isabela, o Felipe, os meus pais e a Malu. Não veio mais ninguém? — questiona ficando desapontada. — Uma outra menina branca e morena e um rapaz loiro?
A enfermeira pensa.
   — Não. Se bem que... tem um rapaz loiro no corredor! — conta. — Só que ele não parece conhecer a sua família, está distante.
Yasmin sorri.
   — Como ele é?
   — Alto, branco e tem o cabelo claro. 
Ainda sorrindo a jovem pergunta:
   — Ele é extramente lindo?
A enfermeira ri.
   — Sim, parece um galã da tevê. 
Yasmin gargalha, mas logo para e coloca as mãos na barriga.
   — O que foi? — indaga a enfermeira abandonando o ar lúdico. — Sentiu alguma coisa?
   — Não — responde a loirinha. — É que eu tenho medo dos pontos abrirem.
   — Fica tranquila — pede a funcionária. — É só você não fazer esforço.
Yasmin assente.
   — Tá bom.
A enfermeira arruma o cabelo de Yasmin sobre os ombros dela e comenta:
   — Pronto! Você já está linda para receber suas visitas.
   — Obrigada — a jovem sorri agradecida.
   Minutos depois a porta abre e Isabela entra com Vinícius e Felipe.
   — Yasmina — ri Felipe parando ao lado dela.
   — Oi — ela responde olhando para os três.
   — Você está bem melhor hoje — elogia Isabela.
   — Obrigada, estou me sentindo melhor mesmo. E vocês, como estão?
   — Bem — Vinícius responde. — A gente foi pro colégio hoje.
   — Sério? E como foi?
   — Normal — ele simplifica.
   — Ninguém perguntou nada? — Yasmin estranha.
   — Não, a Malu foi grossa com a Laís e todo mundo ficou com medo de perguntar depois disso — explica Isabela e a loirinha ri.
   — Eu fiquei sabendo de uma coisa — fala Yasmin mais séria. — A enfermeira me contou que está saindo nas notícias que eu fui baleada em uma tentativa de assalto. É sério isso?
Os três ficam em silêncio até que Felipe diz:
   — É. O César sugeriu isso e todo mundo aceitou.
   — A gente preferiu assim pra não expor a tia Luíza — completa Isabela. — Imagina a confusão que seria?
   — Eu não prefiro assim — rebate Yasmin. — Aquele homem tentou me matar e... e ninguém vai saber o que ele fez? Como a polícia vai atrás dele? Como...
   — A polícia não vai atrás de ninguém, Yas — interrompe Felipe.
   — É, agora que vocês...
   — O que ele quis dizer — Vinícius corta — é que a polícia não irá procurar o Augusto porque não precisa procurá-lo. Todos nós sabemos onde ele está.
A loirinha franze a testa.
   — Como?
   — O Augusto está morto — conta Isabela. — Nós pensamos de início que ele tinha conseguido fugir, mas encontram o corpo dele...
   — Ou o que sobrou — Felipe fala.
   — Ele morreu queimado? — Yasmin não esconde a perplexidade.
   — Morreu. 
   — Por isso não faria sentido a gente falar a verdade — comenta Isabela. — Para a mídia foi uma tentativa de assalto e como o bandido não conseguiu tocou fogo e atirou em...
   — Não precisa explicar — Yasmin não deixa ela terminar. — Eu ainda não esqueci os detalhes.
   — Ninguém esqueceu — sussurra Vinícius olhando para o chão. Eles conversam um pouco mais e o trio deixa o quarto.
   Lentamente, Yasmin tenta se ajeitar na cama e arruma os cabelos novamente. Uma fração de segundo depois a porta abre-se novamente e dessa vez é seu namorado que aparece.
   Mesmo tendo visto ele no dia anterior, uma felicidade sem tamanho invade o corpo de Yasmin e ela sorri de imediato.
   — Oi — ele fala baixinho com apenas a cabeça dentro do quarto.
   — Oi!
   — Tem uma pessoa que eu acho que você quer ver.
   — Eu já estou vendo a que eu quero — Yasmin tenta não rir com tanta força. 
Victor ri e escancara a porta. 
   Marina está imóvel ao lado dele com um leve sorriso no rosto.
   — Marina — sussurra Yasmin ficando envergonhada. 
O loiro segura no pulso da irmã e caminha para dentro do quarto com ela. Marina parece estar tão tímida quanto Yasmin.
   — Está melhor? — pergunta Victor.
   — Estou. 
   — Dá pra perceber — ele sorri e faz um carinho na mão dela. Um silêncio se instaura entre eles.
   — Vocês também foram pro colégio hoje? — pergunta Yasmin só para quebrar o gelo.
   — Sim — responde Victor. — Eu não queria, mas a Marina me obrigou. — Ele olha para a irmã esperando que ela fale algo.
   — Uma hora a gente teria que voltar — comenta a morena sem olhar para Yasmin. As duas estão confusas sem saberem como agir uma com a outra após a transfusão.
Eles ficam em silêncio por mais um tempo e Yasmin começa a ficar incomodada.
   — Victor — fala —, você pode me deixar um pouco sozinha com a Marina?
   — É... tá bom. — Mesmo com o olhar apreensivo da irmã, Victor deixa as duas sozinhas.
Elas permanecem em silêncio até que Yasmin fala:
   — Eu fiquei sabendo que foi você que doou sangue pra mim.
   — É.
   — Obrigada, Marina. 
   — De nada. — Ela olha para a porta. — Acho que eu já vou indo.
   — Espera — pede Yasmin. — Eu queria te dizer mais algumas coisas.
Marina solta um suspiro de frustração e olha para a cunhada.
   — Yasmin, não precisa de nada disso. Eu doei mesmo, não sou uma heroína por isso e está ótimo.
   — Mas eu queria te agradecer.
   — Você já agradeceu, está ótimo.
   — Não pra mim! — retorque a loira. — Eu não esperava por isso, então deixa eu falar?
   — O que você achou? Que eu não ia doar o sangue pra você?
   — Não, não é isso. É que... olha, de todas as pessoas foi você a única que foi compatível comigo. Isso não foi por acaso. — Marina fica quieta. — Eu queria te agradecer e te dizer que eu sempre serei grata por essa atitude. Afinal, se não você por você eu poderia estar morta nesse momento.
   — Não fala assim — pede Marina ficando arrepiada.
   — É verdade. Por isso eu estou disposta a parar de brigar com você — ela sorri. — E parar também com as implicâncias idiotas.
Marina sorri.
   — Só faz o meu irmão feliz que já está bom.
   — Já que você falou no Victor, posso te perguntar uma coisa?
A morena fica hesitante.
   — Ai, Yasmin, eu não quero ficar no meio de nada.
   — Não tô falando pra você ficar no meio de alguma coisa, só quero te perguntar uma única coisa.
   — Ok, fala — suspira Marina.
   — Como o Victor ficou?
Marina ri.
   — Como ele ficou? Ele ficou péssimo, né?
   — Me disseram que ele ficou distante.
   — É o jeito dele, né? — comenta Marina. — Eu nunca vi o Victor daquela forma. Por fora ele estava daquele jeito durão, mas por dentro ele estava desesperado. É que ele não consegue demonstrar.
   — Mas ele está melhor? — indaga Yasmin com preocupação.
   — Ah, está. Depois que você melhorou ele também está melhorando. — Ela sorri. — Agora ele tem que bater outro papo com Deus, né? — Marina congela ao perceber o que deixou escapar.
Yasmin encara atentamente ela, sua cabeça girando sem compreender o que a morena quis dizer.
   — O que você falou?
   — Nada demais — responde Marina ficando vermelha. — Eu já vou in...
   — Marina! — chama Yasmin. — Por favor, não sai agora. Eu não vou conseguir descansar se você não me explicar o que quis dizer.
A namorada de Vinícius para perto da porta e xinga Victor em pensamento por tê-la deixado sozinha com Yasmin.
   — Eu não posso te contar — fala virando para a cama. — Realmente não posso.
   — Pode sim — rebate a loirinha. — Só está você e eu aqui, ninguém vai saber do que a gente conversou.
Marina retorna para junto da cama dela.
   — Ninguém sabe sobre o que eu vi, Yasmin. Era pra continuar assim só que eu, boca aberta, deixei escapar! — Marina reclama consigo mesma.
   — Por favor, me explica. Como assim o Victor tem que bater um papo com Deus? Outro papo? O Victor é ateu!
Marina fica pensativa por um tempo até que senta na beirada da cama.
   — Ok, vou te contar, só porque você não pode se estressar agora. Mas você tem que me prometer que não vai contar pra ninguém, absolutamente ninguém.
   — Ok, eu prometo — responde a loirinha de prontidão.
   — Não, Yasmin, você tem que ter consciência do que está prometendo. Ninguém pode saber do que eu vou te contar. Por favor, a minha relação com o Victor depende disso.
Perante ao olhar suplicante de Marina, Yasmin sente a seriedade do assunto e garante:
   — Eu juro que não vou falar pra ninguém.
   — Tá, sendo assim... Ai, meu Deus!
   — Conta logo — pede Yasmin com nervosismo.
Após morder um dos lábios com apreensão, Marina começa:
   — Depois que eu doei o sangue pra transfusão, eu me perdi no hospital e fui parar em uma ala totalmente diferente. Eu estava tão confusa, perdida e abalada que nem notei quando o Victor entrou no mesmo corredor que eu.
   "Ele também não reparou em mim e eu consegui me esconder atrás de uma faxineira. Foi quando ele... ele entrou na capela do hospital. Você tem noção disso? Na hora eu pensei que ele tivesse ido lá pra se esconder de todo mundo, porque ninguém o procuraria na capela, né? Então eu entrei e me escondi no fundo. Demorou um tempo, mas ele começou a falar. Foi atrapalhado, ele não sabia o que dizer, mas teve uma hora que ele começou a pedir pra Deus te salvar. E... ele começou a chorar, chorar de uma forma que eu nunca imaginei vê-lo chorar. Ele falou que se Deus existisse era pra ele fazer com que a transfusão desse certo e você ficasse bem."
Yasmin continua em silêncio mesmo quando Marina para de falar. Em sua mente vem automaticamente uma lembrança de uma conversa que teve com Victor:
   — Deve ter uma capela por aqui, vamos lá? — pergunta Yasmin olhando para os olhos dele. 
   — Não tem necessidade disso, Yas. 
   — Eu quero rezar — diz Yasmin. — Só Deus para me ouvir agora. Vamos comigo!
   — Não vou me sentir confortável dentro de uma igreja — diz Victor.
   — Por que não? 
   — Sei lá, eu sou ateu e dizem que lá é a casa de Deus. 
   — Você é ateu? — questiona Yasmin surpresa. 
   — Sou — responde Victor com tranquilidade. 
   — Como eu nunca soube disso? 
   — Isso não é hora para a gente falar sobre isso. 
   — O meu namorado não acredita em Deus e eu não sabia disso? — Yasmin se solta dele.
   — Yas, deixa isso pra lá. É só uma coisa minha. 
   — Como você não acredita em Deus? — pergunta Yasmin mais por curiosidade do que por julgamento. — Tipo, Deus é Deus!
   — Quem me garante que Deus realmente existiu?
   — Nós mesmos, nós fomos criados por Deus!
Victor dá de ombros.
   — Só acredito no que eu vejo. 
   — É estranho saber que o meu namorado não acredita em Deus. 
   — É a vida — Victor sorri carinhosamente. Yasmin se aproxima dele novamente e abraça ele.
   — Um dia eu ainda vou te fazer ter fé em Deus. 
   — Isso é impossível!
Marina começa a ficar incomodada com o silêncio e o olhar vazio de Yasmin.
   — Bom — diz —, Deus provou que existe, né? — Ela dá um leve sorriso, mas Yasmin permanece imóvel. — Você não tem nada pra dizer? — indaga depois de um tempo.
   — Impossível — sorri Yasmin ainda pensando longe.
   — Hã?
   — Eu não sei o que dizer — confessa a loirinha voltando ao presente. — Sei lá, não pensei que o Victor me amasse tanto assim. Pedir pra Deus?
   — Pois é, ele te ama de verdade. — Ela levanta da cama. — Não conta pra ele, tá? Nem pra ninguém.
   — Ok, vai ser difícil, mas eu vou tentar.
   — Yasmin!? Não foi isso que a gente combinou. Você imagina como o Victor vai reagir se ele souber que eu te contei? Ele ficaria p*to pra car*lho só por eu ter me escondido e ouvido o desabafo dele e agora eu ainda te contei. 
Yasmin assente.
   — Fica tranquila, eu juro de novo que não vou contar nada. — Yasmin dá um leve sorriso e estica a mão para Marina, que hesita, mas segura em seus dedos. — A gente compartilha muito mais que o sangue agora, temos um segredo também. — Elas riem.
   — Vamos começar de novo? — propõem Marina.
   — Sim, desde o começo — responde a loirinha.
   — Então vamos fazer direito! — Marina solta a mão de Yasmin e estica o braço para ela. — Prazer, Marina Aguiar.
Sorrindo, a loirinha aperta sua mão.
   — Prazer, Yasmin Borges.
As duas sorriem uma para a outra.


Comentários

  1. Perfeito! 😍😍😍
    Sempre quis a Mari e a Yas como amigas...
    Eu amo o Jonas e a Maísa ❤❤
    Não tem o que falar, cada capítulo é ainda mais maravilhoso!

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  2. Maravilhosooooooo!!
    Olha elaaaaaaaa!

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  3. Vc tem um horário certo pra postar ???

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  4. Amei a Marina e a Yas se acertarem, já estava mais que na hora, tomara que agr elas parem mesmo de vez com essas brigas e fiquem até amigas, aaah e continua logoo!

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