Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 304: Mel fica sabendo o porquê da irmã de Reinaldo não gostar dela


Os olhos de Reinaldo permanecem fixos em Mel.
   — Tudo é muito novo pra mim ainda — ela repete o que foi dito por Susie. — É só isso.
Ele dá um leve sorriso.
   — Eu não acredito em você — fala sem rodeios e solta o seu rosto. — Mas se você não se sente confortável em falar, não tem problema. Eu também não estou entendendo o por quê da Regina te tratar assim.
   — Esquece isso — pede Mel dando um selinho nele. — Hoje é aniversário da sua mãe, é só isso que importa. 
Ele pega na mão dela e chama:
   — Vem, vou te mostrar como as coisas estão.
Sendo guiada por ele, Mel rodeia o casarão e fica admirada ao encontrar uma enorme tenda montada no campo.
   — Uau, que lindo! — exclama.
   — Isso é porque você ainda não viu dentro. — E segurando na mão dela, Reinaldo caminha pelo gramado até a entrada da tenda.

Alguns raios de Sol insistentes conseguem passar pela cortina e se espalham pelo rosto de Vanessa. A jovem acaba despertando com a claridade e olha ao redor. O quarto de hotel alugado por Mayara entra em foco em seus olhos sonolentos e ela se encolhe preguiçosamente na cama. 
   — Não vai levantar? — pergunta a jovem de cabelos platinados surgindo de uma pequena sacada.
   — Não hoje — ri Vanessa.
Mayara também ri e se joga na cama ao lado dela.
   — A vista lá da sacadinha é linda — comenta tirando os fios rebeldes do rosto de Vanessa.
   — Hum.
   — Você não quer ir ver? — pergunta a loira beijando a têmpora da outra.
   — Isso é um convite? — sorri Vanessa abrindo os olhos. Ela não consegue não se deslumbrar com a beleza de Mayara vista de tão perto.
   — É praticamente uma intimação.
Elas sorriem e levantam ao mesmo tempo da cama, caminhando rumo à sacada.
   — Ei — Mayara para e se vira para a namorada. — Você não acha melhor vestir alguma coisa?
Vanessa olha para o seu completamente desnudo corpo cor de âmbar.
   — Pensei que você gostasse — provoca.
   — Não quero que outras pessoas tenham a oportunidade de gostar também — ri Mayara.
Vanessa puxa o lençol da cama e se enrola nele.
   — Assim está bom?
   — Excelente. 
As duas saem na sacada e como o espaço é pequeno, ficam bem coladas uma na outra, o que não é problema para elas.
   — A gente poderia se mudar pra cá, não acha? — comenta Vanessa olhando com admiração para o céu.
   — É isso o que você quer? — pergunta Mayara passando a mão pelos cachos do cabelo dela.
   — Eu quero viver com você — responde a morena, virando-se de frente para ela.
   — Você sabe que isso seria possível, né?
   — Você acha?
   — O dinheiro que a minha família me dá é o suficiente para nós duas — analisa a loira passando a mão pelo rosto de Vanessa.
   — Seria um sonho.
   — É possível. — Mayara beija o queixo dela. — Só que você sabe o que teria que fazer pra isso acontecer, né?
Vanessa suspira e volta a encarar o céu.
   — Eu não quero ter que romper com a minha família. Não é justo eu ter que escolher entre quem eu sou e aqueles que eu amo.
   — Sim — concorda Mayara. — Por isso, por enquanto, vamos viver desse jeito. — Ela passa os braços pela cintura de Vanessa. — Por mim já está de bom tamanho.

Usando apenas uma bermuda de tactel, Gabriel caminha pela área externa de sua casa na companhia de Jaqueline.
   — Eu não estou nem conseguindo te ver direito — ele comenta olhando para ela.
Jaqueline sorri por baixo dos óculos escuros e chapéu de praia.
   — Acredite, é melhor assim.
   — Qual é o problema com a sua cara? Está economizando para mais tarde? — brinca o rapaz.
   — É que como eu saí atrasada, não deu tempo de passar um reboco na pele, entendeu? — a loira ri.
   — Ah, qual é, Jaque? Quantas vezes eu já não te vi sem maquiagem? Ou acordando? — acrescenta dando um sorriso nostálgico.
   — Eu sei — ela responde tentando não ficar desconfortável. — Acontece que hoje eu estou acabada, a noite foi intensa.
   — Com o Brian?
   — Quem dera! — Jaqueline comenta. — Eu fiquei jogando videogame com o Enzo.
Ele ri com incredulidade.
   — Não acredito! 
Os dois chegam aos fundos da mansão, onde diversos funcionários contratados por Jaqueline acertam os detalhes para a pool party dele.
   — Pois é — fala a garota analisando a decoração atentamente.
   — Então, quer dizer que as vezes você tira a máscara de bruxa má e brinca com o caçulinha? 
   — É, pra variar um pouco.
Os dois riem. Minutos depois, após Jaqueline ter conferido todos os detalhes juntamente com Gabriel, eles param sob a sombra de uma árvore na calçada em frente à residência.
   — Não quer ficar direto para a festa? — ele convida em tom de despreocupação. — Os meus pais vão almoçar e depois vão pra casa dos meus avós. Não quer ficar?
   — E as minhas coisas?
   — Alguém traz pra você.
Jaqueline sorri.
   — Não, prefiro chegar na hora como os demais convidados.
   — Você não é como os demais convidados.
   — Gabriel — ela pede.
   — O quê? — O rapaz encolhe os ombros rindo. — Você foi a organizadora da minha festa!
   — Sei — sorri a loira.
   — Aliás, você é excelente com esses negócios — elogia o aniversariante.
   — Obrigada. Você não é o primeiro a me dizer isso.
   — E aposto que não serei o último.
Eles sorriem um para o outro e o carro de Jaqueline chega.
   — Te vejo mais tarde — fala a jovem dando um abraço nele.
   — Obrigado por tudo! — Gabriel aperta ela em seus braços.
   — Não precisa agradecer, é o meu presente pra você. — Ela ri e entra no automóvel.

Durante a tarde, Vinícius sai de seu quarto no apartamento de Chay vestido com uma bermuda laranja, regata branca e nos pés, uma sandália de couro.
   — Vai sair? — pergunta Isabela vendo-o pegar os óculos escuros, a carteira e o celular na mesinha de centro.
   — Vou encontrar a Marina na praia — seu irmão responde.
   — Manda um abraço pra ela — pede Chay assistindo televisão.
   — Ok. — O rapaz dá um beijo na testa de Isabela, que desde o almoço descansa no sofá com Nina, e caminha até a porta. — Tchau!
   — Tchau! — respondem pai e filha enquanto Nina abana o rabinho para ele.
Vinícius sai do apartamento e entra no elevador, apertando o botão do térreo. Ele se olha no espelho e sacode os cachos, dando uma bagunçada a mais nos fios.

Abraçados próximos à porta, Mel e Reinaldo trocam beijos apaixonados e intensos. Ao mesmo tempo que suas línguas entrelaçam-se em um ritmo harmonioso, suas mãos deslizam pelo corpo do outro como se já o conhecesse há tempos. Mel sente cada partícula de seu corpo vibrar com o toque firme, mas ao mesmo tempo delicado de Reinaldo. Eles dão alguns selinhos e mordidinhas e ficam se olhando em silêncio por longos minutos, tempo suficiente para suas respirações normalizarem-se.
   — Vamos para a festa? — ele convida limpando o batom borrado do rosto dela.
   — Vamos, estou ansiosa para comer o bolo — ri Mel.
De mãos dadas, eles deixam o quarto e partem rumo à tenda do lado de fora.

Meia hora depois de Vinícius ter saído, a porta do apartamento de Chay volta a se abrir, desta vez para receber Felipe.
   — Oi, Felipe! — cumprimenta Chay levantando do sofá enquanto a cadelinha de sua filha faz festa ao redor do adolescente.
   — Oi, Chay, tudo bem?
   — Sim. Vou deixar vocês à vontade. — Ele caminha para o interior do apartamento e Isabela levanta do sofá.
   — Ainda de pijama? — pergunta Felipe olhando para o corpo dela.
   — Sim, hoje o dia será desse jeito.
Felipe abraça ela e beija demoradamente seus lábios.
   — Você está bem? — questiona em seguida, já que Isabela não retribuiu o beijo com a mesma energia de costume.
   — Mais ou menos — responde a jovem pegando na mão dele. — Mas eu não quero falar sobre isso, pode ser?
   — Claro — Felipe garante. Ela o guia até o sofá, onde os dois se acomodam. — Cadê o Vinícius?
   — Foi para a praia encontrar com a Marina — Isabela responde recebendo carinhos dele em seu cabelo.
   — Ah! Você não quis ir?
   — Não estou no clima. — Ela coça os olhos e deita a cabeça no peito dele. — Pra falar a verdade, eu não estou com disposição para fazer nada.
   — Então ficaremos fazendo nada juntos — sorri Felipe no exato momento em que Nina pula no sofá e se junta à eles.

O contato da água do mar com o corpo de Marina causa uma sensação prazerosa na jovem, ainda mais porque é seu primeiro mergulho totalmente sozinha. Ela se permite boiar por alguns instantes, nada em outros, mas na maior parte do tempo fica brincando com os braços dentro da água, sem acreditar no que está fazendo. Após se deslocar à nado alguns metros, retorna a superfície com a suavidade de uma mergulhadora profissional. Ela ergue a cabeça e fecha os olhos, apenas sentindo o calor do Sol aquecer seu rosto. Em seguida, desaparece sob as águas e volta a mergulhar.

Com uma mochilinha preta nos ombros, Malu sai da mansão em que mora no instante em que um carro prateado de luxo estaciona em sua calçada. Ela para e fica observando o motorista abrir a porta e descer do veículo.
   — Samuel?
   — Olá! — ele sorri e rodeia o carro, parando na frente dela.
   — Roubou o carro de quem?
   — Roubei não, pedi emprestado — ele corrige. — É da minha mãe.
   — E ela deixou? — Malu fica espantada.
   — Deixou, porque... — ele pigarreia e tira algo do bolso — agora eu sou habilitado.
   — Não acredito! — Malu puxa a documentação da mão dele e analisa com atenção. — É falsa?
   — Claro que não — ele ri. — Eu vinha fazendo aulas antes da gente ir pra fazenda — conta Samuel. — Essa semana fiz a prova e passei!
   — Por que você não me contou nada? — questiona ela devolvendo a CNH para ele.
   — Porque eu queria ver essa sua cara de choque.
   — Você é muito idiota, Samuel!
Ele ri e abre a porta do passageiro para ela.
   — Sou um idiota habilitado.
   — Palhaço! — Malu entra no carro e ela mesma bate a porta. Rindo, Samuel também entra no veículo e eles saem para a festa de Gabriel.

Após terem caminhado alguns minutos Marina e Brian chegam ao topo de uma rocha na praia. Ela usa um vestido por cima do maiô molhado e ele carrega uma prancha de surff. 
   — A vista daqui é linda! — comenta o americano.
   — Verdade — apoia a jovem encantada com a visão.
   — Lembra de quando a gente subiu em uma pedra dessas lá nos Estados Unidos?
   — Lembro — ri Marina. Ela se recorda nitidamente de uma frase dita por ele: "Eu sempre vou escolher você" e fica emocionada com tudo o que mudou desde então. — Parece que faz tanto tempo.
   — É. E aqui estamos nós dois, né? — Ele olha para a morena. 
   — Sabe, Brian, eu já pensei muito sobre tudo o que aconteceu e eu não me arrependo de nada — ela comenta. — Acho que tudo o que aconteceu deveria ter acontecido.
   — Concordo. A gente foi feliz enquanto durou — acrescenta lembrando do beijo intenso que eles trocaram em seu país de origem.
   — Nós ainda somos felizes — fala Marina pegando na mão dele.
Brian puxa ela para um abraço apertado, selando o companheirismo dos dois. Eles permanecem assim até o celular dela começar a tocar em sua bolsa.
   — Deve ser o Vinícius — palpita Marina revirando a bolsa atrás do celular. — Oi, Vini! — fala ao atender.
   — Oi, amor. Já cheguei, cadê vocês?
   — Estamos na rocha mais alta — ri Marina. — Já estamos descendo.
   — Ok, espero vocês perto do quiosque.
Como a praia é pequena e há somente um quiosque, Marina sabe exatamente onde ir.
   — Tá bom. — Eles desligam e ela fala para o ex-namorado: — O Vini chegou. Vamos descer?
   — Vamos.
Tomando cuidado, os dois descem a rocha. O coração de Marina acelera quando ela vê Vinícius, mesmo à distância.
   — Oi — fala sorridente ao parar na frente dele.
   — Oi. — Vinícius sorri com doçura, mas seu olhar permanece sério.
   — E aí? — Brian fala em seu idioma.
   — E aí, Brian!
O americano olha para o mar e diz:
   — Vou dar uma surfada.
   — Ok — responde Marina bagunçando o cabelo dele. O loiro corre para o mar carregando a prancha de surff e Marina chega mais perto do namorado. — Como você está? — pergunta acariciando o rosto dele. 
Vinícius coloca uma das mãos na nuca dela e a beija delicadamente.
   — Vamos sentar em algum lugar — pede. — Eu tenho um negócio importante pra te contar.

A festa na piscina em comemoração ao aniversário de Gabriel ocorre com perfeição, tudo saindo como o planejado por ele e Jaqueline. O DJ é o responsável pelas músicas bem animadas que agitam os jovens. Alguns deles mergulham, outros conversam à beira da piscina e os demais se espalham pela parte externa da propriedade em conversas empolgadas regadas por bebidas e petiscos.
   O quarteto formado por Jonas, Maísa, Pedro e Daniela reúne-se em um canto da enorme piscina. A loira fica incomodada com a quantidade de pessoas andando para lá e para cá, principalmente por não conhecer boa parte delas. Por outro lado, os três parecem bem confortáveis. 
Pedro e Daniela começam a se beijar ao som de uma música eletrônica enquanto Jonas impulsiona-se para fora da piscina, sentando ao lado de Maísa.
   — Não quer mergulhar? — pergunta tirando alguns fios de cabelo do rosto dela.
   — Agora não — Maísa ajeita o grande chapéu e instantes depois recebe um selinho de Jonas. Eles sorriem um para o outro e ela desvia o olhar, vendo nesse momento Mayara.
   — O que ela está fazendo aqui? — pergunta com curiosidade, pois desconhece qualquer ligação entre a loira e o aniversariante.
   — Ela quem? — Jonas fica confuso.
   — Daniela! — A jovem interrompe a conversa do outro casal. — Olha quem está ali.
A morena segue a indicação de Maísa e também fica surpresa ao ver Mayara.
   — Ué, não sabia que ela ia vir.
   — Vamos lá falar com ela?
   — Vamos — responde Daniela indo até a borda da piscina.
   — Sério? — Jonas não esconde a frustração.
   — Você conversa com os seus amigos, eu converso com os meus — rebate Maísa ficando em pé. Ela e Daniela seguem em direção à jovem de cabelos platinados e Pedro aproxima-se do amigo rindo.
   — É, cara, a Maísa não é a Isabela não.
   — Idiota! — Jonas joga água no rosto do amigo, que ri ainda mais.
Maísa e Daniela abordam Mayara, que está na companhia de Vanessa. Após se cumprimentarem — Mayara apresentando Vanessa como sua namorada — Maísa comenta:
   — Não sabia que você era próxima do Gabriel.
   — Nem somos tanto — ri Mayara. — É que a minha prima é da sala dele, então eu vim com ela.
   — E eu aproveitei para vir também — ri Vanessa.
   — Foi o que aconteceu com a gente — fala Daniela sorrindo.
   — Ah, não! — exclama Mayara abrindo um sorriso ao olhar além das duas. — Olha quem está chegando!
Daniela e Maísa olham para trás e também sorriem vendo Aline caminhar até elas.
   — Oi, gente! — fala a jovem dando abraços em todas.
   — Pensei que a senhorita não fosse vir mais — confessa Maísa.
   — Não acordei no clima para festas, mas pensar em ficar em casa me deixou mais para baixo — ela dá um sorrisinho.
   — Aconteceu alguma coisa com você? — questiona Vanessa com curiosidade.
   — Eu terminei com um garoto que eu tava ficando — Aline conta olhando para as pessoas na piscina.
   — Você e o Iago terminaram? — Mayara não consegue controlar o espanto e sua voz sai mais alta do que ela pretendia.
Aline olha com constrangimento ao redor, vendo alguns convidados encarando-a, entre eles Humberto e Marcelo.
   — É — responde baixinho.
   — Nossa, eu shippava tanto vocês!
Aline dá de ombros, sentindo o coração ficar apertado ao lembrar de Iago, e não fala mais nada.
   — É por isso que ela está aqui hoje — fala Daniela abraçando a jovem. — Nós temos que fazer ela esquecer o máximo possível o Iago!
   — Opa, vamos começar agora então! — anima-se Vanessa. — Vem, vamos pegar uma caipirinha — chama pegando na mão de Aline.
   — Não, eu não quero beber hoje.
   — Vai, amiga — empurra Maísa. — Você está precisando.
Ainda relutante, Aline é levada por Vanessa até a mesa com drinks.

Ao som de um sertanejo local, Reinaldo e Mel dançam no espaço entre as mesas na tenda. Régis e Susie fazem o mesmo e animam ainda mais Maria, que come um pequeno pedaço de bolo.
   — Fiquei feliz por ter ganhado o primeiro pedaço — sorri Mel.
   — A minha mãe gostou bastante de você — Reinaldo comenta antes de rodopiá-la, arrancando aplausos de Maria, que ri com alguns de seus bisnetos.
   — Que bom! Ela é uma senhora muito especial — opina a empresária retornando para os braços dele.
   — Sim, respeito muito ela. Não foi fácil criar a gente depois que o meu pai morreu.
   — Você nunca falou muito sobre isso — comenta Mel.
Reinaldo demora para responder.
   — Esse não é o melhor momento para falar sobre isso, Mel — ele sussurra para ela.
   — Claro, desculpa! 
Ele afaga o rosto dela.
   — Não precisa se desculpar.
Mel sorri e olha para o lado, onde Denise e Regina conversam em uma mesa. Ela abraça Reinaldo com mais força e se deixa levar pelos movimentos dele.

Com uma latinha de cerveja na mão, Gabriel deixa a festa e entra em sua casa. Embora haja bastante agitação do lado de fora, o interior permanece tranquilo e deserto. Ele caminha pela sala até a escada e sobe sem se importar em deixar um rastro de água. Ao chegar no andar de cima, parte para o seu quarto, onde pega seu celular. Quando está saindo do cômodo Jaqueline surge no fim do corredor.
   — Está me seguindo? — pergunta sorrindo e chegando mais perto dela, que usa um short jeans com o biquíni. 
   — Queria saber se você está gostando da festa. — A loira pega a latinha da mão dele e toma um grande gole.
   — Como não gostar? Você caprichou em tudo! Fui até buscar meu celular pra tirar foto.
Jaqueline ri.
   — Então vamos fotografar agora.
Ela se aproxima mais dele e os dois tiram uma selfie. Assim que vê a foto, Jaqueline comenta rindo:
   — Nós somos muito lindos!
Gabriel olha para ela e os seus narizes ficam a poucos centímetros um do outro.
   — Nós somos muito lindos juntos.
O sorriso de Jaqueline vai diminuindo progressivamente assim como a distância entre eles. Gabriel fecha os olhos e quando acha que seus lábios vão se encontrar com os dela, Jaqueline vira a cabeça.
   — Não dá, Gabriel.
   — Por que não? — ele questiona com um ínfimo tom de sofrimento na voz.
   — Eu estou com o Brian.
Gabriel paralisa.
   — Vocês estão namorando?
A loira dá um sorriso nervoso e coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha, respondendo:
   — Não, a gente...
   — Então qual é o problema? — rebate Gabriel segurando na nuca dela.
   — Não faz isso — pede a jovem com receio de que ele roube um beijo seu. — Eu não estou namorando o Brian de fato, mas a gente está junto e eu não me sinto confortável em ficar com outro.
   — Ele não vai ficar aqui.
   — Eu sei, mas ele ainda está — rebate Jaqueline afastando-o.
   — E quando ele for embora? — questiona o aniversariante cheio de esperança.
   — Hã? — Ela fica surpresa pelo que vê no rosto dele.
   — E quando ele for embora, eu tenho chances com você?
Jaqueline dá outra risada nervosa.
   — Não sabia que eu era tão importante pra você.
   — Você foi minha primeira namorada, Jaque.
   — Sim, mas a gente terminou — ela lembra. 
   — Só que eu ainda gosto de você.
Jaqueline ri, agora com irritação.
   — Você foi o primeiro a vir com o papinho de que era bom a gente dar um tempo.
   — Porque eu queria ficar com outras e não queria te trair! Você também disse que se sentia assim.
   — Deixa isso pra lá — pede Jaqueline. — É passado, a gente acabou e pronto.
   — Mas eu quero ter um futuro com você!
   — Gabriel.
   — É verdade. Foi bom a gente terminar, porque não era o momento certo da gente namorar. O problema nunca foi o que a gente sente um pelo outro.
Ela passa a mão no rosto.
   — Eu não sei o que te dizer.
   — Só responde a minha pergunta.
   — Que pergunta?
   — Quando o Brian for embora, você me dá outra chance?
Jaqueline demora para falar.
   — Não consigo te responder agora. Vamos deixar as coisas acontecerem.
Ele assente.
   — Tudo bem. Só não vamos deixar o que aconteceu agora atrapalhar a nossa parceria.
   — Com certeza.
Jaqueline dá um leve sorriso e sai o mais rápido que pode dali, ainda com a latinha de cerveja dele nas mãos.

Em silêncio, Vinícius e Marina acompanham o entardecer na praia. Ele está com a cabeça deitada no colo da namorada e recebe carinhos no cabelo enquanto afaga distraidamente a perna dela.
   — Às vezes eu sinto vontade de fugir, sabe? — ele comenta de repente.
   — Fugir? — repete a jovem com os olhos no mar.
   — É, dar um tempo dessa situação.
   — O "pior" nem aconteceu ainda, Vini — sorri Marina.
   — Eu sei, mas sei lá é o que eu sinto.
   — Entendi.
   — Quando eu penso nisso, lembro que se é difícil pra mim, imagina para os meus pais?
   — Não deve ser nada fácil.
   — Exatamente, daí eu fico culpado por pensar nisso.
Marina sorri.
   — Esse é o seu problema. — Ela pressiona o ombro dele e ele entende o sinal de sair do colo dela. O rapaz deita na areia e ela faz o mesmo, apoiando as mãos e o queixo na barriga dele. — Você pensa muito, Vini. E cobra uma responsabilidade de si que não precisa.
   — Não é bem assim.
   — É sim. Você não percebe porque está aí dentro de si — ela sorri —, mas eu percebo. — Marina levanta a cabeça para ficar com o rosto mais perto do dele. — Você não precisa ficar sempre se preocupando com os seus pais, eles são adultos e sabem o que estão fazendo.
   — Eu só quero ajudar.
   — Vai chegar o seu momento de ajudar. — Ela beija o queixo dele. — Ainda não é esse. 
Vinícius sorri e beija os lábios dela. O casal permanece longos minutos trocando beijos na areia até que se distanciam.
   — O Sol se pôs e a gente nem viu direito — ri Vinícius passando os dedos pelo cabelo dela.
   — É um razão para a gente passar outra tarde dessas na praia — Marina sorri e senta.
   — O Brian que não deve ter gostado muito — comenta ele sentando ao lado dela.
   — Por quê?
   — Depois que eu cheguei, ele surfou um pouco e logo foi embora.
   — O que você queria? Que ele sentasse e conversasse sobre o novo namorado da sua mãe com a gente? — A jovem ri ao imaginar a situação.
   — Engraçadinha.
   — A gente aproveitou bastante a praia antes de você chegar — comenta Marina.
   — Espero que não da maneira como a gente está aproveitando. — Ele dá um selinho nela para deixar claro o que quer dizer.
Marina entende perfeitamente e ironiza:
   — Engraçadinho.
Eles sorriem e voltam a se beijar lentamente, iluminados pela luz crepuscular. 

Mesmo com o anoitecer se aproximando, a festa de Gabriel continua a todo vapor. Em um canto do espaçoso quintal, Mayara conversa com Vanessa.
   — Desde que eu contei lá na sala que estou namorando uma menina e a notícia se espalhou pelo colégio, tem algumas pessoas me olhando torto.
   — Não liga para elas — pede a morena passando os dedos pelo braço dela.
   — Como não vou ligar? São pessoas que querendo ou não passam por mim todo dia.
   — Só que existem pessoas preconceituosas no mundo, o que você vai fazer? Brigar com todas elas? — Ela dá um selinho namorada. — Deixa isso pra lá.
   — É que me irrita, Vanessa.
   — Você só está dando importância pra isso porque está bêbada — observa Vanessa.
   — Eu também fico incomodada quando estou sóbria!
   — Ok, mas enquanto elas não falarem nada, finja não ver. A partir do momento que elas te disserem algo homofóbico, reclame na direção. É isso o que o faço!
Mayara dá um leve sorriso.
   — Parece simples na teoria.
   — Nada é simples na vida.
   — Filósofa. — Elas riem. 

Ao lado da piscina, Samuel e Malu dançam ao som de um rap. Ela faz gestos com as mãos e esfrega o corpo no de Samuel, que envolve a cintura dela com firmeza. Eles trocam beijos quentes e não se importam em fazer coreografias bregas e engraçadas.
   — Gabriel! — chama Malu quando o rapaz passa perto deles. Samuel revira os olhos.
   — Oi, Maluzinha. — Ele dá um beijo na bochecha dela.
   — Feliz aniversário!
   — Obrigado — sorri o aniversariante sem olhar em um só momento para o outro rapaz.
   — Nós estamos adorando a festa — fala Malu. — Não estamos, Sam?
   — Ô — ele responde em tom de ironia.
   — A saída fica no mesmo lugar que você entrou — rebate imediatamente Gabriel.
   — Estou me sentindo tão leve e amada entre vocês dois — comenta Malu abraçando os dois, que acabam rindo. — Ah, moleque, consegui fazer os dois rirem.
   — Você é muito boba — ri Gabriel dando outro beijo nela. — Vou ali falar com o Fernando.
   — Ok — responde a jovem voltando a dançar com Samuel.
O aniversariante passa por vários amigos e contorna a piscina, cruzando com Maísa e Jonas, que caminham para um corredor na lateral da mansão.
   — Agora lembrei da casa da Jaqueline — comenta Maísa —, que a gente se beijou no quartinho de dispensa.
Jonas ri ao lembrar.
   — Verdade.
   — Não mudaram muitas coisas desde lá, né?
   — Só o quanto eu gosto de você — ele confessa. — Cresceu a cada dia.
   — Uau, daqui a pouco você está me amando — ri Maísa.

Após muito dançarem na improvisada pista de dança, Mel e Reinaldo sentam para descansar um pouco.
   — Você dança muito bem — elogia Maria pegando na mão dela.
   — Obrigada — Mel responde sorrindo. — O seu filho que é um ótimo parceiro — acrescenta olhando para Reinaldo.
   — Já cansaram? — pergunta Régis juntando-se a eles. — É a idade, né?
   — Lembre-se que você é o mais velho — brinca Reinaldo e eles riem.
Mel, ainda sorrindo, beberica o suco do empresário e olha ao redor. Ela vê quando Denise levanta da mesa que dividia com Regina e sai da tenda. Suas emoções estão bem confusas, mas assim mesmo ela levanta.
   — Vou ao banheiro. — Ela dá um selinho em Reinaldo e se afasta.
A empresária sai da tenda e segue Denise até o interior do casarão

Sentada em um dos diversos bancos que foram colocados no quintal, Aline bebe água com os pensamentos distantes. Ela se assusta quando Fernando se junta a ela.
   — Oi — ele fala dando um sorriso simpático.
   — Oi, Fernando. 
   — Está tudo bem?
   — Sim — mente a jovem. 
   — Eu tava lá conversando com os meninos, daí te vi sentadinha aqui, sozinha.
   — Estava pensando em algumas coisas.
   — Coisas do coração? — adivinha ele.
Ela ri.
   — Fernando, o que você quer?
   — Nada. — Ele dá de ombros. — Eu fiquei sabendo que você e aquele garoto da sua sala terminaram.
   — Claro que você ficou sabendo — resmunga Aline lembrando dos olhares de Humberto e Marcelo.
   — É verdade?
   — Sim — responde a jovem olhando para ele. — Eu e o Iago terminamos.
   — Por quê?
Aline se mexe com desconforto no banco.
   — Digamos que nós éramos... incompatíveis em alguns aspectos.
   — Ah, sim. — Ele ri e olha para o chão.
   — Qual é a graça?
Fernando balança a cabeça.
   — Nada demais, eu só lembrei de uma coisa que aconteceu lá na fazenda.
Aline fica irritada.
   — Fernando, aquele...
   — Não foi a nossa ficada — ele a tranquiliza. — Estava lembrando de outra coisa.
   — Ah. — Ela fica envergonhada pelo seu comportamento, por isso resolve ser mais amigável. — O que você estava lembrando?
   — Você ficou sabendo que a Yasmin deu um doce "envenenado" pra Marina lá na fazenda?
   — Vagamente — responde Aline. — A Laís comentou por alto comigo.
   — Claro, a fofoqueira da Laís — ele ri.
   — Ela é minha amiga.
   — Desculpa. Mas então, fui eu que entreguei o doce para a Marina, claro que eu não sabia de nada, né? Daí — ele ri ao lembrar — eu pedi um beijo da Yasmin em troca do favor, só que eu acho que ela já estava ficando com o gringo e por isso não quis. Sabe o que ela me disse como desculpa?
Sorrindo, Aline responde:
   — Não.
   — Que você tinha sapinho e como eu tinha ficado com você, ela não queria arriscar pegar também.
Eles começam a rir.
   — Não acredito que a Yasmin disse isso! — exclama Aline.
   — Pois é, e eu acreditei ainda. Idiota!
   — Com certeza. — Ela bebe mais um gole de água. — Eu, com sapinho.
Eles sorriem e trocam alguns olhares.

Como têm aula no dia seguinte, Malu e Samuel decidem ir embora da festa de Gabriel. Eles andam de mãos dadas pelo corredor e Malu para ao passar por um porta fechada.
   — Eu nunca entrei na casa do Gabriel — comenta com Samuel.
   — Nem eu. — Ele tenta voltar a andar, mas ela segura sua mão com força.
   — Você não tem curiosidade para saber como é a casa do seu inimigo? — ri de maneira desafiadora.
   — Não — ele responde com obviedade. — Vamos embora, Malu.
   — Vamos só dar uma espiadinha — ela pede indo até a porta e girando a maçaneta. — Olha, está aberta, é um sinal. — Vem — chama. — Imagine ficar com a sua garota na sala do seu inimigo... pode ser até sexy — brinca e começa a rir.
   — Desculpe, mas eu não tenho essa fantasia — responde o rapaz colocando as mãos no bolso sem se mexer um centímetro.
   — Vem, Samuel! Eu vou entrar sozinha então. — Ele permanece parado e ela revira os olhos. — Affs! 
Malu passa pela porta e mergulha em um espaço completamente escuro. Tateando ao redor percebe que é um corredor e então começa a caminhar pelo local.
   — Você é completamente louca — ouve instantes depois e se vira sorrindo.
   — Mudou de ideia? — pergunta para Samuel, vendo somente o vulto dele.
   — Não ia te deixar sozinha.
   — Oh, fofinho! Vem.
Eles continuam a caminhar e alguns metros depois chegam à sala de estar da mansão.
   — Uau! — exclama Malu admirada com a decoração toda feita em tons de cinza, preto e branco. — Que chique!
   — É — concorda Samuel sem reparar em muitos detalhes.
Malu caminha até o centro e analisa os itens na mesinha.
   — Tem uma foto do Gabriel pequeno — conta rindo. Sua risada cessa repentinamente. — Ouviu isso?
Samuel, que observava os retratos de uma parede, olha para ela.
   — Ouvi o quê?
   — Uns barulhos. — Malu dá passos lentos até o sofá, de onde acha que vem os ruídos.
A jovem paralisa com os olhos atrás do móvel.
   — O que foi, Malu? — questiona Samuel caminhando até ela. Ele para assustado ao ver Mayara e Vanessa deitadas no tapete seminuas e entrelaçadas.
   — Oi — fala Mayara completamente bêbada e Vanessa ri. 
Samuel sacode a cabeça e sai correndo.
   — Sam! — chama Malu. Ela olha de relance para as duas e diz: — É melhor vocês saírem daqui, podia ser o dono da casa. — Assim que termina o alerta, vai em disparada para o corredor escuro. 
Correndo o mais rápido que consegue, sai da mansão e parte para o jardim de entrada. Ela chega na rua no instante que os faróis do carro de Ruth são acesos. 
   — Samuel! — chama correndo até o veículo. Ela abre a porta e se joga no banco do passageiro. Tendo a garantia de que ele não partirá sem ela, Malu permite-se respirar fundo. Em seguida olha intensamente para ele e questiona: — Por que você saiu daquele jeito?

 Solitariamente, Denise toma uma xícara de café na cozinha quando Mel chega.
   — Oi — fala a empresária parando ao lado dela. Denise apenas assente e continua tomando seu café. — Eu te vi conversando com a Regina agora a pouco. — A mulher assente. — Vocês são amigas? — pergunta Mel em tom de naturalidade.
   — Ela é legal — Denise é vaga na resposta, o que de certo modo frustra Mel.
   — Denise, posso te perguntar uma coisa?
Denise demora tanto tempo para responder que Mel fica em dúvida se ela ouviu ou não a pergunta.
   — Pode.
   — É... você...
   — Se você tem tanta hesitação, por que quer me perguntar?
   — Porque eu preciso saber e você é a única pessoa que eu acho que vai me falar a verdade. — As palavras saem atropeladas da boca de Mel. Ela respira fundo e questiona: — Por que a Regina não gosta de mim?
Denise dá uma risada seca e bebe mais café.
   — Isso.
   — Então você sabe que tem algo.
   — Caro que eu sei — retorque a mulher e Mel fica com medo de que ela tenha uma crise nervosa. — Todos sabem.
   — Todos sabem? — Mel fica incrédula.
   — Quase todos, o seu Reinaldo e a Dona Maria não.
   — Então me conta, por favor — pede a empresária.
   — Por que você acha que eu sou a única que vai te falar a verdade?
Mel hesita.
   — Porque você parece não se importar comigo. Nem para o bem, nem para o mal.
Denise sorri levemente.
   — Não deixa de ser verdade. — Ela termina o café e lava a xícara na pia. — Então, logo que a Regina chegou e viu que a namorada nova do Reinaldo é você, ela falou algumas coisas para a gente. A Dona Maria já tinha ido dormir e você e o Reinaldo estavam lá fora.
Mel assente e indaga:
   — Que coisas?
   — Ela não gosta de você por causa da sua fama.
   — Como? — Mel não tinha pensado que poderia ser isso.
   — A Regina teme que você traga os holofotes para a nossa família, que a mídia fique sabendo de coisas que não deveriam ser expostas. 
   — Ninguém iria tão a fundo na história da família do meu novo namorado — comenta Mel. — No máximo iriam querer saber mais do Reinaldo, já que ele já é um empresário famoso.
   — Essa é a questão.
Mel franze a testa.
   — Como assim?
   — A Regina acha que o namoro de vocês vai durar pouco, mas tempo suficiente para as pessoas saberem do passado do Reinaldo. Ou seja, nada teria valido a pena. Pra ela, você só está atrás de alguém pra te fazer esquecer do seu marido e que depois de um tempo você vai se enjoar do Reinaldo.
Mel demora longos segundos para digerir tudo o que foi dito por Denise. Muitos questionamentos vêm a sua mente, mas a maior pergunta entre todas é a primeira que ela faz:
   — O que tem de tão pesado na história do Reinaldo?


Comentários

  1. Chay e mel vão voltar

    ResponderExcluir
  2. Vcs podia postar uma foto do Reinaldo? Se sim obg cnt!! Quero reconciliação de ChaMel♥

    ResponderExcluir
  3. Perfeito,to com saldade de Anelise e Bernardo

    ResponderExcluir
  4. Tenho fé em Chamel 💏💑
    Tenho fé em Thigra ❤

    Tenho saudades de Chamel e Thigra e também de Belise 💗💘💖

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Veja mais

Mostrar mais

Postagens mais visitadas deste blog

Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - 1º Capítulo: Os rebeldes se reencontram

Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 85: Isabela reencontra Jonas no primeiro dia de aula