Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 303: Vinícius fica sabendo a verdade sobre Mel e Reinaldo


Reunidos à mesa de jantar, Lucas, Nathália e Malu jantam.
   — O Samuel tem vindo com frequência aqui em casa? — questiona Lucas com ar de naturalidade.
   — O Samuel veio aqui em casa? — Nathália ergue os olhos do prato.
   — Veio — seu esposo confirma.
Malu dá de ombros sem preocupação.
   — A gente costuma se encontrar em outros lugares — fala.
   — Ah! Eu me surpreendi ao vê-lo descer com você.
   — Hum. — Malu prefere não comentar sobre o que estava fazendo com Samuel no andar de cima.
   — Acho tão bonitinho vocês dois — comenta Nathália engolindo uma garfada de escondidinho.
   — Ele é legal — ri sua filha.
   — Ele já te pediu em namoro? — pergunta Lucas.
   — Ai, Lucas, pra que tanta encanação com isso? — Nathália rebate. — Eles são jovens, estão felizes, deixa os dois viverem sem rótulos.
Malu deixa os talheres sobre o prato e bate palmas.
   — Bravo, mãe! Bravo!

Na manhã seguinte, após uma noite inquieta, Isabela acorda logo cedo. Ela escova os dentes, lava o rosto e coloca um cardigã antes de sair descalça de seu quarto. Sem fazer nenhum barulho, caminha pelo corredor ouvindo unicamente um dedilhado suave que ecoa pelas paredes do apartamento. Ao chegar na sala avista Chay sentado no sofá com um velho violão nos braços. Ele está de olhos fechados, concentrado na melodia, e não percebe a presença dela. Imóvel, a adolescente analisa com atenção cada detalhe e movimento do pai. A maneira como seus dedos percorrem com agilidade, mas ao mesmo tempo delicadeza, as cordas do instrumento; seus cílios compridos muitíssimo parecidos com os de Vinícius; o nariz anguloso; a boca entreaberta, balbuciando palavras ininteligíveis; os ombros caídos demonstrando cansaço; o cabelo crescendo bagunçado sobre as orelhas, com alguns fios grisalhos.
   Chay para de tocar repentinamente e abre os olhos com um brilho rejuvenescedor. Ele se espanta ao ver Isabela, que está com os olhos marejados.
   — O que foi, filha?
A jovem corre em sua direção e Chay coloca o violão no chão um segundo antes dela se jogar em seus braços, chorando compulsivamente.
   — Isa, o que foi? — pergunta abraçando-a com cuidado.
Com as mãos segurando com força a camisa amassada dele e o rosto escondido em seu peito, Isabela soluça:
   — Eu sinto tanta a sua falta, pai!
Nesse momento, Chay percebe que por trás de toda a grosseria que ela vem emanando ultimamente, há apenas uma adolescente sensível e delicada. Ele não consegue falar nada, somente aperta a filha com força em seus braços e beija demoradamente o cabelo dela.

Bem distante dos sentimentos deles, Mel acorda na chácara de Maria. Ela olha ainda sonolenta para o lado e encontra o lugar de Reinaldo vazio. Um sorriso inconsciente aparece em seu rosto ao lembrar da noite que passou com ele entre os macios lençóis. Tirando alguns fios dos olhos, repara em algo no pé da cama. 
   — Que amor — sussurra pegando um buquê de flores silvestres recém colhidas. 
Mel deixa o quarto após fazer suas higienes matinais, usando outro vestido longo, os cabelos soltos pelas suas costas e uma vivacidade que ilumina seu belo rosto. Logo no corredor encontra com Susie. O cabelo da mulher continua espetado em todas as direções e seu corpo pequeno e magro está coberto por roupas pretas.
   — Bom dia, Mel! — Assim que sorri, uma alegria inunda o espaço.
   — Bom dia! — responde a morena com o mesmo entusiasmo. 
   — Estão todos lá fora organizando as coisas para o aniversário da Dona Maria — conta a japonesa caminhando com Mel pelo corredor.
   — Nossa, se eu soubesse teria acordado mais cedo pra ajudar. O Reinaldo nem me falou nada. — De imediato, ela se sente culpada.
   — Não se preocupe — pede Susie. — O Régis também não me acordou. Digamos que gentileza seja o forte dos homens dessa família — ela sorri.
   — Não no caso do Reginaldo, né? — As palavras fogem da boca de Mel. — Quer dizer, eu não quis...
   — Relaxa — ri Susie. — Ele é uma exceção mesmo!
Mel ri, mas seu sorriso dura pouco, pois Regina vira no corredor e quase esbarra nela.
   — Ah! — exclama a mulher olhando para as duas. — Finalmente vocês acordaram, né?
   — Sim — Susie responde ainda com a voz agradável —, e estamos cheias de disposição para ajudar.
   — Assim espero. — Ela lança um olhar torto para Mel e passa por elas.
   — Eu hein! — sussurra a empresária abraçando o corpo dela.
   — Ela é assim mesmo — tranquiliza a japonesa.
   — Parece que comigo ela pega ainda mais pesado. 
Susie desvia o olhar, demonstrando desejo de contar algo que não pode. O gesto não passa despercebido por Mel, mas ela prefere não falar nada. 

Com a ajuda de seu despertador, Maísa acorda. Ainda deitada em sua cama, checa suas notificações. Ela entra na conversa com Jonas pelo Whatsapp e lê:
   — Estou doido pra ver mais tarde. E não, não é porque você vai estar de biquíni. — Ela ri e vira de barriga para baixo no colchão. — Será que ele realmente está gostando de mim? — se pergunta com a voz abafada pelo travesseiro.

Enquanto enche uma xícara com café, Vinícius ouve atentamente Chay contar o que houve com Isabela. Ele olha da cozinha, que é integrada com a sala, a irmã adormecida no sofá.
   — Eu não imaginava que ela ainda sofria com a minha saída de casa — comenta Chay apoiado na pia.
   — Ainda é difícil pra ela, pai — Vinícius beberica a sua bebida. — A Isa sempre foi mais... vulnerável. 
   — Sim. Vocês dois são bastante sensíveis. — Ele suspira e abaixa a cabeça.
   — Pai, não fica assim — pede Vinícius indo até ele e colocando uma mão em seu ombro. — O senhor não tem que se culpar por nada. 
   — Eu não queria que vocês sofressem! — desabafa o cantor. — Eu e sua mãe nunca quisemos isso.
   — A gente sabe — garante Vinícius. — Eu entendo que a situação não é fácil. Ainda mais agora — acrescenta pensando em suas suspeitas.
   — O que você quis dizer com isso? — pergunta Chay olhando para o filho, que dá de ombros.
   — Eu penso em muitas coisas, vejo outras.
Chay estreita os olhos.
   — Você já está sabendo, Vinícius?
O rapaz fica surpreso.
   — Então é verdade? — sussurra.
Chay constata que ele se referia a apenas especulações. 
   — Nada — responde virando-se de costas para o filho, fingindo lavar as mãos. — Nada demais. 
   — Então eu estava certo! — Vinícius não se deixa enganar. Ele volta para o balcão onde estava e toma um longo gole de café. Embora já tivesse quase certeza, a confirmação o deixa em choque.
   — Vinícius, por favor, eu não falei nada demais.
   — Pai, não adianta tentar me convencer de que eu não estou certo.
O homem suspira e olha para baixo.
   — Sua mãe vai me matar!
   — Fica tranquilo, eu vou continuar fingindo que não sei de nada — garante o jovem.
Chay olha intensa e demoradamente para o filho, que retribui com firmeza. Ele se aproxima do jovem e o abraça com força.
   — Isso não é errado, pai — fala Vinícius no ombro de Chay.
   — Eu sei.
Eles continuam abraçados.

Depois de terem tomado uma xícara de café com torradas, Mel e Susie saem do casarão para se juntarem aos demais. Logo na entrada, Mel repara em uma moto de motocross.
   — Uau! — exclama indo até o automóvel. — Eu não notei nela ontem. De quem é? — pergunta para Susie.
   — É minha — responde a japonesa com simplicidade.
   — Sua?
   — Sim. — Ela ri. — Por que você acha que a Dona Maria não gosta de mim?
   — Eu... eu não...
   — Mel? — ri Susie. — Todo mundo percebe, não precisa ficar constrangida. 
A empresária dá de ombros, ficando tímida.
   — Ela não gosta de você por causa de uma moto? — questiona olhando novamente para o veículo.
   — Eu faço motocross — conta Susie. — A Dona Maria é de outra geração, ela pensa que eu sou um ser humano ruim por causa disso — ela sorri. — Eu tento ignorar.
   — Agora faz sentido porque ela te trata daquele jeito — fala Mel. — Alguma coisa começou a fazer sentido.
Susie pega na mão de Mel.
   — Tudo é muito novo pra você ainda, é só isso.
Regina desce as escadas da varanda e passa por elas, olhando novamente com raiva para a empresária.
   — Não tenho muita certeza disso — comenta Mel.
Reinaldo surge repentinamente por trás de Mel.
   — Bom dia, moças bonitas!
Mel fica um pouco mais aliviada pela chegada dele.
   — Você não tem culpa de nada — fala Susie dando um leve sorriso para ela. — Vou procurar o Régis! 
Ao ficar sozinho com Mel, Reinaldo pergunta com estranheza:
   — O que foi?
Ela se vira de frente para ele.
   — Nada demais — responde envolvendo os ombros dele. — Ela só estava me contando que a sua mãe não gosta dela por causa do motocross.
Reinaldo sorri.
   — É verdade. — Ele fica sério novamente. — Se era isso que vocês estavam conversando, por que ela disse que você não tem culpa de nada? Não faz sentido.
Mel engole em seco, embora não goste de Regina não quer falar nada para Reinaldo antes de entender o que se passa.
   — Reinaldo...
   — Mel, confia em mim.
Ela abaixa a cabeça e apoia a testa no peito dele.
   — Já está quase tudo pronto — fala Regina aparecendo novamente.
Mel olha assustada para ela e se aproxima ainda mais de Reinaldo, que segura em sua cintura com força, sentindo sua energia ficar mais pesada.
   — Que bom! — ele sorri para a irmã, que retorna para o interior do casarão. Reinaldo segura com delicadeza o rosto de Mel. — É alguma coisa com a Regina, não é? — questiona com astúcia. 



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