Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 300 [Parte 2]: Vinícius e Isabela ficarão com Chay durante viagem de Mel


Com certa dificuldade, Yasmin sobe os degraus da escada com o auxílio de Victor.
   — Vamos parar um pouquinho — ela pede no corredor com dificuldade em respirar.
   — Você está bem? — pergunta Victor com preocupação.
   — Estou, só fiquei cansada.
   — Se isso não fosse piorar a situação, eu te carregaria até o quarto — ele dá um sorrisinho.
   — É, mas nem tente, por favor.
   — Não vou tentar.
A loirinha passa a mão pelo cabelo e decide:
   — Vamos indo.
Os dois seguem em direção ao quarto dela e assim que adentra no cômodo, ela senta na cama.
   — Você tem certeza de que está bem? — questiona Victor analisando o rosto dela.
   — Tenho, pode ficar tranquilo.
Ele suspira e senta ao lado dela.
   — Só por você estar aqui, uma parte de mim já fica tranquila.
Yasmin sorri e passa a mão pelo rosto dele.
   — Senti sua falta nesses dias — assume. — Mesmo com as visitas.
   — Eu senti o mesmo. — Ele beija a palma da mão dela. — Foi até difícil de me concentrar em outras coisas com você internada.
   — Pois é, mas graças a Deus tudo acabou bem. Agora você acredita nele, né? — comenta a loira distraidamente.
   — Como é? — Victor surpreende-se com o que ela diz.
   — É que foi praticamente um milagre a bala não ter acertado nenhum órgão, né? — diz Yasmin coçando o braço para não ter que olhar no rosto do namorado.
   — Ah, sim! Verdade. 
   — Então agora você acredita em Deus? — Mesmo com o vacilo, ela não desiste de obter uma resposta.
Victor dá de ombros.
   — Não sei. É difícil de quebrar tudo aquilo que eu pensava, né? Eu não acredito, mas agora também não desacredito. 
Yasmin ri com incredulidade, mas logo para.
   — Bom — diz depois de alguns instantes —, já é um avanço, né?
   — Com certeza — concorda Victor rindo.
Ainda sorrindo, ela levanta lentamente e caminha até o closet.
   — Vou trocar de roupa. 
Victor assente e continua sentado na cama. Embora Yasmin tenha recebido alta, a fragilidade dela permanece deixando-o intrigado e receoso. 
   Minutos depois, a jovem retorna usando uma regata branca e shorts de algodão no lugar da calça jeans e camiseta.
   — Você se incomoda de eu tirar um cochilo? — pergunta deitando bem devagar na cama.
   — Claro que não — responde o loiro ficando em pé. — Eu posso voltar...
   — Fica — pede Yasmin. Victor estranha completamente o comportamento dela, pois eles nunca foram dos mais carinhosos um com o outro e em poucos minutos Yasmin admitiu ter sentido falta dele e pediu que ele ficasse. 
   — Tudo bem. — Ele rodeia a cama e deita ao lado dela. Yasmin move-se sem pressa buscando uma posição confortável e nesse momento sua blusa levanta até o peito. — Yasmin — fala com perplexidade.
   — O que foi? — A loirinha vira a cabeça para olhar para ele.
   — Você... você está sangrando — conta o rapaz olhando aterrorizado para a barriga dela.
Com rapidez, a menina olha para o próprio abdômen e vê uma mancha de sangue em seu curativo. Inevitavelmente fica assustada nos primeiros segundos, mas depois da sensação inicial acalma-se.
   — Não é nada demais — comenta levantando novamente. 
   — Mas está saindo sangue! 
   — É normal, Victor — explica Yasmin indo para o banheiro. Sem pensar duas vezes, ele levanta e vai atrás dela. — O médico disse que é normal sair um pouco de sangue nos primeiros dias. Faz parte da recuperação. O problema é se começar a sangrar muito, mas isso aqui é normal.
Ela pega uma maletinha com itens de primeiros socorros, que foi posta ali por Sandra, e olha para o namorado.
   — As minhas enfermeiras me ensinaram como trocar o curativo — fala.
   — Que bom, né? — responde Victor ainda sem acreditar que aquilo é normal.
Yasmin remexe nos objetos, mas não tira nada da maleta.
   — O que eu estou querendo dizer — ela volta a encarar o namorado —, é que eu vou trocar o curativo agora.
   — Eu sei — ele responde parado no batente da porta.
   — Tem pontos.
   — Eu sei — repete o loiro.
   — Você não vai se importar de ver? — questiona a loirinha diretamente. — Lá na fazenda você preferiu se afastar.
Victor entra por completo no banheiro e ao chegar perto de Yasmin acaricia a bochecha dela.
   — Se teve uma coisa que eu aprendi com isso tudo é que eu nunca mais vou ficar longe de você quando você estiver machucada. Mesmo que isso doa em mim — acrescenta lembrando do que sentiu na fazenda. — Eu não vou mais me afastar.
Yasmin dá um leve sorriso e após pegar tudo o que precisa, troca seu curativo com cuidado e paciência.

A temperatura da sala de jogos da mansão dos pais de Jaqueline fica elevadíssima com o que ocorre dentro dela. A jovem e Brian trocam beijos intensos e carícias ousadas deitados em um grande sofá já sem várias peças de roupa.
   — Jaque? — chama Enzo, o irmão dela, abrindo a porta.
O casal se assusta e se afasta com tamanha rapidez que parece ter recebido uma descarga elétrica. Jaqueline olha sobressaltada para o irmão e fica aliviada ao ver que ele usa uma venda nos olhos.
   — Enzo, o que você está fazendo aqui? — pergunta alcançando seu vestido sob a mesinha de centro e o vestindo enquanto Brian coloca a camisa.
   — Eu estava te procurando — responde o menininho tateando os móveis para chegar até perto dela. No caminho ele esbarra no americano, que veste sua bermuda.
   — Oi — diz o jovem em seu idioma.
   — É o Brian? — pergunta Enzo tirando a venda do rosto. — Oi, Brian! — cumprimenta em português ao ver o rapaz, que agora está completamente vestido.
   — Por que você estava atrás de mim? — pergunta Jaqueline sentando no sofá de maneira casual, como se nada tivesse acontecido. Brian faz o mesmo.
   — Eu queria te mostrar isso — conta Enzo sacudindo a venda em frente o rosto da loira.
   — O que é que tem?
   — Hoje a gente fez uma brincadeira lá no colégio para saber como os cegos, quer dizer, deficientes visuais, veem.
   — Eles não veem — observa Jaqueline.
   — É, você entendeu.
   — Ah, que legal! — exclama Jaqueline mesmo sem ter o menor interesse no assunto. Ela passa a mão no cabelo, colocando os fios no lugar antes que seu irmão questione sobre eles.
   — O que vocês estavam fazendo? — pergunta Enzo olhando para Brian. O americano fita Jaqueline, que explica em tom monótono:
   — Ele não te entende, Enzo.
   — Que chato isso! — reclama o garotinho cruzando os braços.
   — O que foi? — pergunta Brian por causa do comportamento da criança.
   — Nada demais — responde Jaqueline e olha para o irmão. — Você vai ficar aqui?
   — Vou, por quê?
Jaqueline tem que fazer muitíssimo esforço para não fazer careta.
   — Por nada.
   — Tá bom. — Enzo senta entre a irmã e Brian e começa a enrolar a venda no pulso.
Brian indaga:
   — Ele vai ficar aqui?
   — Vai — responde Jaqueline com desânimo. 
   — Ah! — Ele lamenta. — Já que a gente não vai poder terminar o que começamos, eu vou brincar com seu irmão. Ele sabe jogar videogame, né?
A loira olha com descrença para ele, sem acreditar que ele realmente queira jogar com Enzo.
   — Sabe — responde com estranhamento.
   — Então fala pra ele que eu quero jogar com ele.
Minutos depois, Jaqueline está de braços cruzados no sofá acompanhando Brian e Enzo jogarem videogame. 
   — Que morte horrível! — ela fala para si mesma e deita a cabeça no sofá.
Cleuza, sua mãe, passa pelo corredor e volta até a sala.
   — O que está acontecendo aqui? — pergunta sorrindo.
   — A gente está brincando! — grita Enzo com entusiasmo enquanto Brian cumprimenta a mãe de Jaqueline com um sorriso. A mulher retribui e Jaqueline se junta a ela.
   — Mãe, tira o Enzo daqui — pede a jovem.
   — Por quê?
   — Porque eu quero ficar com o Brian, né?
Cleuza olha para dois.
   — Mas eles estão se divertindo tanto, filho.
   — Mãe!?
   — Desculpa, Jaque, mas eu não posso. — Ela volta a observar os dois e dá um sorriso de encantamento. — O Brian é um amorzinho, né? Seria um bom namorado pra você.
   — É — concorda Jaqueline encostando na parede. — Pena que ele não mora no Brasil.
Cleuza olha para a filha e enxerga um lampejo de infelicidade passar pelos olhos dela.

Sozinha em seu escritório, Mel disca o número de Chay e o aguarda atender.
   — Oi, Mel.
   — Oi, Chay! Tudo bem?
   — Sim e com você?
   — Também!
   — Fiquei sabendo que a Yasmin recebeu alta.
   — É verdade — afirma Mel. — Agora ela vai se recuperar em casa.
   — Tomara que ela não fique com nenhum trauma, né? Não só físico quanto mental!
   — Não ficará — torce a empresária. — Então, Chay, eu vou fazer uma viagem esse final de semana e queria saber se você não quer chamar as crianças pra passar esses dias com você.
   — Nesse final de semana? — repete o cantor.
   — Isso! É que assim, é aniversário da mãe do Reinaldo...
   — Sua sogra? — ele ri.
   — Daí — continua Mel como se ele não tivesse falado nada — eu estou querendo ir à festa, que vai ser no interior de São Paulo. Só que como ainda está recente todo esse ocorrido eu não quero deixar a Isa e o Vini sozinhos.
   — Entendo — concorda Chay. — Está corrido pra mim por causa dos shows, mas eu fico sim com eles. Com certeza!
   — Ai, que alívio! Eu estou precisando descansar um pouco, estou cheia de pepinos lá na grife.
   — Coisa séria?
   — Um pouco — Mel responde massageando a nuca. — Nós íamos promover uma festa de divulgação da campanha Do jeito que eu sou hoje, mas com os acontecimentos nós tivemos que adiar.
   — Nossa, que complicado!
   — Pois é. Eu e a Sophia nem contamos nada pras meninas ainda, estamos deixando a poeira baixar.
   — Aham, então eles continuam sem saber do Reinaldo também, né?
   — Sim.
   — E o que você vai falar pra eles sobre a viagem?
   — Vou falar que vai ser uma viagem de negócios. — Ela suspira. — Eu estou me sentindo tão mal por estar ocultando isso deles.
   — Fica calma, Mel — pede Chay. — Você não está fazendo nada errado.
   — Eu sei, mas é complicado, né? Quero muito poder compartilhar isso com eles.
   — Quando chegar o momento certo nós iremos contar.
   — É. — Ela passa a mão na testa. — Mas então, mais tarde eu quero falar pra eles sobre a viagem, posso dizer que eles vão passar o final de semana com você?
   — Pode! 
   — Obrigada, Chay. De verdade.
   — Que isso, Mel! Não é mais que a minha obrigação, né? — Eles riem. — Sem contar que vai ser um prazer ter os meus dois pimpolhos aqui comigo.
Os dois permanecem conversam por mais um tempo até que desligam.

A lua já brilha no céu quando Isabela chega com sua cadelinha Nina na mansão de Henrique e Larissa. A jovem é levada por Graziele até o quarto da ruiva, onde esta começa a se arrumar para ir à festa com Douglas.
   — Se o Phil não estivesse tão velho — comenta Isabela sentada em uma grande poltrona no closet —, eu até shipparia ele com a Nina.
Graziele ri e continua se maquiando ao dizer:
   — O Phil já está muito velho pra Nina, seria pedofilia canina.
As duas riem.
   — Que horror! — exclama Isabela. — Mas o que não é nada horror é a sua roupa. — Ela olha para as peças penduradas na porta do armário: uma legging disco preta e uma blusa cropped branca. — Ousada, não?
   — É como eu me sinto — sorri Graziele. — Hoje eu quero perder a linha.
   — Vai com calma, Grazi — pede Isabela com precaução. — É a primeira vez que você vai sair só com o Douglas.
   — Eu sei, estou um pouco receosa por causa disso, mas nada que me faça recuar.
   — Entendi! Mas e aí, se rolar oportunidade, você pretende ficar com alguém?
Graziele dá de ombros e confere o delineado em seus olhos. 
   — Não sei. Não estou com cabeça pra isso, acho. Ainda é tudo muito confuso. Não sei o que pensar.
   — É, só curte a festa! — ri Isabela.
   — Sabe o que seria legal? — pergunta a ruiva virando para a amiga.
   — O quê?
   — Você ir na festa!
Isabela gargalha.
   — Nem pensar!
   — Hoje eu sei que você não vai, mas em uma próxima por que não? Vai ser super legal te ver lá, Isa! — Ela ri. — Não faz nenhum um pouco seu estilo.
   — E você quer me ver sofrer, né? — ri a morena.

Sozinhos no quarto dele, Iago e Aline conversam.
   — Confesso que eu estou nervosa — diz a jovem passando as mãos na saia.
   — Por quê? — pergunta Iago fechando os botões de uma camisa xadrez sobre uma regata.
   — Porque é um jantar da sua família, né?
   — Relaxa, é só a minha tia e o meu primo que virão.
   — Eu sei, mas eu não conheço nem o seu pai!
Iago ri.
   — Hoje você vai conhecer. — Ele caminha até ela e segura em suas mãos. — E eu tenho certeza de que ele vai adorar você.
Aline sorri e passa a mão pela gola da camisa dele.
   — Assim espero. 
Eles se aproximam um do outro e quando estão prestes a se beijar ouvem a campainha.
   — Eles chegaram! — exclama Iago e dá um selinho nela. — Vamos lá?
Decepcionada com o beijo e nervosa pela situação, Aline assente.
   — Vamos.
O jovem pega na mão dela e eles saem do quarto. Conforme vai chegando mais perto da sala, o estômago de Aline agita-se ainda mais.
   — Fica calma — pede Iago sentindo a mão dela suar. O nervosismo dela começa a passar para ele, pois essa situação é inédita para ele e sua família, visto que ele nunca teve namorada nem algo parecido.
   Ao chegarem na sala de estar, encontram-se com Beth, Osmar, Júlia e Antenor.
   — Oi, Iago! — sorri Júlia. 
   — Oi, tia! — Ele solta a mão de Aline para abraçar a tia. — Oi, Antenor. 
A criancinha recebe um beijinho dele na bochecha.
   — Apresenta a Aline pro seu pai e pra sua tia, filho — sugere Beth observando o embaraçamento da adolescente.
   — Ah, é — Iago está tão perdido quanto Aline. — Pai, tia, essa é a Aline.
   — Prazer, Aline — sorri Osmar esticando a mão para ela.
   — Prazer — responde a jovem retribuindo o sorriso e o aperto de mão.
   — Oi, Aline! — Júlia vai até ela e a abraça.
   — Seu filho é lindo — elogia Aline olhando para Antenor, que agora descansa nos braços de Beth.
   — Obrigada! Puxou o pai — comenta Júlia olhando para a criança.
   — É? Ele vai vir? 
Iago e seus pais ficam tensos e Aline não compreende o motivo.
   — Ele faleceu — conta Júlia com tranquilidade.
   — Ah, me desculpa — pede Aline com culpa. — De verda...
   — Tudo bem — interrompe Júlia. — O que tem de entrada, Beth? — pergunta a jornalista e Aline fica aliviada por ela não ter ficado chateada.
   — Desculpa — repete a jovem para Iago quando os adultos iniciam uma conversa. — Eu não sabia.
   — Tudo bem — garante Iago. — A minha tia não ligou e você não sabia, não teria por quê alguém fica chateado.
   — Nossa, já comecei mal! — reclama Aline consigo mesma.
   — Relaxa — pede o rapaz fazendo carinho na mão dela.

Esparramada em um sofá da sala de estar, Marina relê um livro da saga Harry Potter. A porta principal da mansão é aberta e Brian entra. Assim que ela vê quem é, fecha o livro e levanta.
   — Oi! — ele sorri indo até ela.
   — Lembrou que mora aqui? — questiona Marina com acidez.
   — Eu nunca esqueci. — O americano segura na nuca dela e dá um beijo em sua testa.
   — Não é o que parece — rebate Marina afastando-se dele.
   — Você está brava, Mari?
   — Ainda tem dúvida?
Brian suspira.
   — É por causa da Jaqueline, né?
   — É óbvio! Ou melhor, não é por causa dela diretamente, e sim por sua causa.
   — O que foi que eu fiz?
   — Você só fica com ela.
Brian sorri.
   — Está carente, Mari? — pergunta tentando abraçá-la, mas Marina desvia e rodeia a mesinha de centro.
   — Não venha com piadinhas! Eu não vou ficar mendigando sua atenção, Brian. Se você quer aproveitar seus últimos dias aqui no Brasil com a Jaqueline, fica com ela. Aliás, por que você não se hospeda na casa dela?
   — Marina — ele fala ficando sério. — Não fala desse jeito.
   — Falo sim — rebate a jovem. — Estou cansada disso. Você veio pro Brasil pra passar as férias comigo, mas só fica com ela. 
   — Não é bem assim — ele devolve. — Sem contar que não estava nos meus planos me apaixonar por ela.
O queixo de Marina cai.
   — Então quer dizer que você está apaixonado pela Jaqueline?
   — Pensei que isso estivesse claro.
A morena sacode a cabeça, tanto de indignação quanto de mágoa.
   — Não acredito que isso está acontecendo, Brian! — Ela se encaminha para a escada, mas Brian segura em seu braço antes que ela possa subir.
   — Marina, você não pode estar falando sério.
   — Mas eu estou! — devolve a garota puxando o braço e sentindo as costelas doerem. — Eu pensei que a sua passagem por aqui fosse ser mais divertida. Quer dizer, divertida pra nós dois porque pra você está sendo bem divertida, né? 
   — Por favor — pede o americano segurando na nuca dela —, não vamos brigar. Olha, no caminho pra cá eu vim preparando uma coisa pra nós dois.
Marina olha demoradamente pra ele.
   — Que coisa?
   — Não posso falar agora porque é surpresa.
A irmã gêmea de Victor bufa.
   — Faça mil favor!
   — É sério — garante Brian. — Olha, toma um banho, veste uma roupa bonita que você não vai se arrepender.
   — Brian...
   — Acredita em mim — ele pede olhando profundamente para ela. — Você sabe quem eu sou, Mari. Sabe o quanto eu me importo com você.
   — É que...
   — Deixa isso pra lá! Só faz o que eu te pedi, eu tenho certeza de que você não se arrependerá.
A jovem reflete sobre o que ele diz por um tempo considerável.
   — Tudo bem, mas se você...
   — Confia em mim — repete o loiro e dá um outro beijo na testa dela. — Você não vai se arrepender. Agora vamos nos arrumar.
Juntos e em silêncio, os dois sobem as escadas e vão para os seus respectivos quartos.

O táxi chamado por Douglas para em frente a um galpão abandonado e ele e Graziele descem. Ela conhece bem o lugar, pois já foi a uma festa ali. Festa a qual, inclusive, Malu e Ben também estavam. Uma outra informação sobre o galpão causa desagrado na ruiva.
   — Foi pra cá que o Thiago veio depois da festa junina, né? — comenta com o rapaz. — Foi aqui que tudo aconteceu.
   — Foi — confirma Douglas. Rapidamente ele alegra sua expressão e fala: — Mas hoje nós viemos curtir, lembra?
   — É verdade — Graziele sorri, mas seus olhos continuam frios e melancólicos.
   — Ruivinha — chama Douglas pegando na mão dela.
   — O que foi? — Ela olha para ele.
   — Lembra dos perrengues que você passou lá na fazenda? Hoje é dia de você extravasar tudo aquilo. Nós vamos curtir, ficar loucões. É pra isso que nós viemos! — Ele aperta os dedos dela. — Não é?
Graziele recebe toda a energia dele e assente.
   — É — confirma sorrindo. — Vamos curtir e ficar loucões!
Os dois riem e Graziele começa a caminhar para dentro do galpão, mas Douglas a puxa pela mão.
   — Só queria te dizer mais uma coisinha antes da gente entrar.
   — O quê? — indaga a garota. 
Douglas aproxima o rosto do dela e sussurra em seu ouvido:
   — Você está um pedaço de mau caminho hoje.
Graziele sente o rosto arder e agradece por estar de noite e escuro, assim Douglas não vê sua vermelhidão.
   — Cala a boca — pede e o puxa para dentro do galpão. 
Ao entrar, é envolvida pela fumaça de diversos tipos de substâncias e pela batida envolvente que ecoa pelo espaço. Ela se recorda das primeiras festas que foi com Thiago e de como o cheiro lhe causava irritação; a música, dor de cabeça; e as pessoas como Douglas, repulsa. Dessa vez, nada disso ocorre, pelo ao contrário, em meio aquela multidão de corpos suados e tatuados ela se sente em casa. Então era isso que o Thiago sentia pensa olhando admirada ao redor.
   — Hoje eu vou curtir por você e por mim — sussurra pensando no ex-namorado.
Douglas segura no pulso dela e a guia para um grupinho onde Fabrício e outros de seus amigos estão. Graziele, que conhece quase todos, se enturma com rapidez.

Iago e Aline ficam sozinhos novamente no quarto dele, mas dessa vez trocam beijos quentes encostados no armário. Ele envolve o corpo dela com os braços firmes e Aline dá mordidinhas em seu pescoço, abrindo agilmente os botões de sua camisa xadrez. Eles voltam a se beijar com volúpia e Iago escorrega uma das mãos pelas costas dela até abaixo da lombar, sem oposição de Aline. Os beijos vão ficando ainda mais acalorados e o interior da garota começa a se agitar como nunca. A porta do quarto é empurrada repentinamente.
   Iago e Aline separam-se rapidamente e olham para a porta, tendo que abaixar o olhar para ver quem é.
   — Antenor — fala o garoto indo até a criancinha. — O que você está fazendo aqui? — indaga com curiosidade ao pegar na mão dele e o trazer para dentro do quarto.
Aline sente-se envergonhada, embora Antenor tenha apenas dois anos. Ela arruma as próprias roupas e observa Iago fechar novamente a camisa que ela abriu.
   — Sua mãe viu que você saiu da sala? — pergunta Iago sentando o primo em sua cama.
   — Viu — responde Antenor. — O que é aquilo? — pergunta apontando para a estante ao lado do armário. Tanto Iago quanto Aline olham para a direção em que ele aponta e o garoto responde:
   — São os meus HQs. Histórias em quadrinho.
   — Quero ver! — Antenor dá a entender que vai pular da cama, mas Iago é mais rápido e o segura.
   — Eu pego pra você. — Ele deixa a criança sentada na cama e caminha até a estante sob o olhar de Aline, que tem a impressão de que ele ficou com medo que Antenor bagunçasse sua grande coleção.
   — Deixa eu ver — pede a criança olhando para as HQs que Iago leva até ele. O garoto escolheu as edições mais recentes, logo, as mais fáceis de encontrar caso algo ocorra com as que ele tem. 
Antenor começa a folhear as revistinhas com um cuidado que surpreende Iago. Aline apoia-se no armário e cruza os braços.
   — O que é isso? — pergunta a criança apontando para os balões de diálogo.
   — É o que eles estão falando — seu primo responde.
   — E o que eles estão falando?
Iago sorri e pega a HQ das mãozinhas dele.
   — Vou ler pra você. — Iago começa a contar histórias para Antenor e Aline murcha por completo, vendo sua próspera noite ir por água abaixo.

Um macacão floral cobre o corpo esguio de Marina e esconde seus machucados. Ela está parada no centro do quarto de hóspedes de sua casa, vendo Brian fazer login em sua conta no Skype.
   — O que está acontecendo? — ela pergunta.
   — Isso faz parte da minha surpresa — responde o americano usando uma camisa jeans e bermuda.
A morena continua observando-o com cara de tédio. Sua expressão muda por completo quando Brian sai da frente do notebook e ela é capaz de ver a imagem na tela.
   — O que é isso? — questiona levando as mãos à boca.
   — Surpresa! — exclamam vários dos seus amigos na tela.
   — Eu resolvi reunir todos eles pra gente bater uma papo — explica Brian. — Como antigamente.
   — Não acredito nisso! — exclama Marina caminhando para perto do notebook. — Não acredito nisso! — repete com perplexidade vendo os rostos de todos os seus amigos. A maioria está bem diferente, mas todos ainda mantêm o sorriso sincero e acolhedor.
   — Como você está? — pergunta George, um rapaz que é bastante amigo de Victor.
   — Estou bem — responde Marina com os olhos marejados.
   — Você parece tão abatida, amiga — comenta Aria, a melhor amiga de Marina nos Estados Unidos. Inclusive, é ela quem substitui a jovem como capitã das líderes de torcida.
   — Nós sofremos uma tentativa de assalto e fomos feitos reféns — explica Marina contando a história de conhecimento público.
   — Meu Deus! — exclama Ashley com horror.
   — É bem Brasil mesmo — brinca Peter, outro amigo de Victor.
   — Não fala assim — corta Marina. — O Brasil não é isso que você pensa!
   — Calma — ele pede sorrindo —, foi só uma brincadeira.
   — Mas não teve graça.
   — Você está bem patriota, hein? — comenta Lauren, a garota que era capitã antes de Marina.
   — Ela mudou bastante, gente — conta Brian. — Mas continua sendo a nossa Marina, linda, intensa e amorosa.
   — Vocês já reataram? — indaga Peter e os dois riem.
   — Eu tenho namorado, Peter — Marina conta mais uma vez.
   — Eu sei, mas não perco a esperança de ver o meu casal favorito junto novamente!
Eles riem e Brian e Marina sentam no tapete.
   — Mas me falem de vocês — pede Marina. — Desde que eu vim pra cá, nós nunca mais nos reunimos novamente.
   — Agradeça isso ao Brian — fala Lauren —, se não fosse ele isso não aconteceria.
Marina olha de relance para o loiro ao seu lado e dá um leve sorriso.
   — É impressão minha ou eu vi um sorriso apaixonado? — brinca Peter e eles caem na gargalhada no Brasil e nos Estados Unidos.

Ao som de um rap, Graziele e Douglas dançam com Fabrício, Rick, Fábio e mais duas meninas. Douglas já consumiu substâncias lícitas e também algumas ilícitas ao passo em que Graziele ingeriu apenas as lícitas, mais especificadamente bebida alcoólica, de diversos tipos. Ela até que está acostumada a beber, mas não a misturar bebidas, por isso fica mais animada rapidamente. Ela dança entre Douglas e uma outra garota e vira uma garrafa de cerveja.
   — Hoje eu quero me acabar de dançar! — grita erguendo a garrafa e dando gargalhadas. Douglas também ri, dá uma tragada em um cigarro suspeito e beija o ombro dela.
   — É isso aí, ruivinha!
Graziele ri e tira o cabelo do rosto suado sem parar em nenhum momento de dançar.

Deitada em sua cama, Malu faz um enorme esforço para continuar a leitura de um livro de filosofia, mas não há nada que faça sua concentração retornar para o livro. Sua mente vagueia por diversas lembranças:
Maria Luíza está pulando e cantando sozinha na pista com uma latinha de cerveja em uma das mãos e um spray laranja na outra. A mesma loira que deu em cima de Victor na festa de Marina se aproxima dela com um copo com luzes laranjas cheio de vodka e começa a dançar em torno de Malu. A jovem observa a presença da garota de cabelo platinado até a cintura e continua dançando na sua. A loira se aproxima de Malu, dançando bem próximo a ela.
   — A festa está perfeita, né? — grita para Maria Luíza ouvir.
   — Hã? 
A loira se aproxima de Malu, repetindo no ouvido dela:
   — A festa está perfeita, né?
   — Ah! — Malu compreende o que foi dito e concorda: — Verdade.
Jogando o longo cabelo para um lado, a loira sorri encantadoramente para Maria Luíza, que retribui. 
   — Me dá um gole da sua cerveja? — pede ainda sorrindo.
   — Você vai descobrir os meus segredos — brinca Malu rindo.
   — Não seria uma má ideia — rebate a loira e depois morde o lábio inferior, lançando um olhar intenso na direção de Malu, que desvia o olhar em seguida. — Só um golinho! — insiste. Malu volta a olhar para ela e entrega a latinha. Depois de beber um grande gole, a loira devolve para Malu. — Qual é o seu nome? 
   — Maria Luíza, mas todos me chamam por Malu — responde a morena voltando a ficar tranquila. — E o seu?
   — Mayara, mas todos me chamam por Mayara. — As duas riem e Mayara se aproxima ainda mais de Malu.
[...]
   — Eu nunca fiquei com nenhuma menina — responde Malu com sinceridade. 
   — Ah, desculpa! — pede Mayara em tom de desânimo. — Pensei que você estava curtindo.
Ao ver que a loira entendeu sua frase de maneira errada, Malu se apressa em dizer:
   — Não! Eu estou curtindo, é que eu não quero que aconteça aqui na frente de todos. 
Mayara sorri e pega na mão de Malu. As duas saem da pista e caminham pelo gramado.
   — Para onde nós estamos indo? — pergunta Malu. Mayara olha para ela e responde:
   — Para um lugar que você nunca vai esquecer.
Malu sorri com a ousadia e continua seguindo Mayara. 
[...]
Em seu quarto, Mayara fecha a porta e olha para a sua cama, encontrando Malu deitada sobre os lençóis. A morena senta na cama e sorri ao ver a loira se aproximar. Mayara senta na frente de Malu e começa a acariciar a coxa dela, subindo para a cintura. Malu retribui o carinho e passa uma mão no rosto de Mayara. As duas trocam um olhar quente e Mayara puxa Malu para mais perto. 
   — Aqui está bom para você? — pergunta com a boca no pescoço de Malu.
   — Está bom — responde Malu sussurrando —, mas pode ficar muito melhor.
Elas sorriem e Mayara atende ao pedido de Malu, iniciando um beijo em seus lábios. No inicio, o beijo é calmo e tranquilo, mas depois ganha intensidade e Mayara puxa Maria Luíza para o seu colo. Malu entrelaça as pernas no quadril da loira, fechando as mãos em torno do pescoço dela. As duas voltam a se beijar e Mayara aperta as coxas de Malu. 
[...]
   — Eu pensei que a gente ainda tinha chances — fala Mayara olhando para Maria Luíza.
   — Achou tanto que estava ficando com a sua amiguinha Vanessa!
   — Foi ela que me beijou.
   — E você aceitou! — grita Malu. — Não tenta mentir pra mim, Mayara, eu sei muito bem o que vi.
   — Assim como eu sei muito bem que vi você beijando o Samuel. Isso porque vocês vivem se implicando e você jura de pé junto não gostar dele. Imagina se gostasse, não é!?
   — Sim, a gente se beijou mesmo! Sabe por quê? Porque ele me consolou porque eu estava morrendo de ódio de ter visto você com a boca naquela... garota.
   — Ah, então ele te consolou por que você estava com ciúmes de mim com a Vanessa? — fala Mayara tropeçando até Malu. — Que legal você sentir isso — ironiza —, então por que recusa todas as minhas investidas? Hein?
Malu passa a mão no cabelo escuro.
   — Porque eu não sei direito o que eu sinto em relação a você, ok? É por causa disso. Aquela vez que a gente ficou foi legal, foi bacana, mas eu acho que acabou. Eu não sinto mais atração física por você. Só que ao mesmo tempo eu não quero ver você ficando com outra, ou outro. É muito confuso pra mim, dá pra entender? Sem contar o fato de eu estar nessa situação com uma menina. E agora o Samuel tem se aproximado cada vez mais... Eu não sei.
[...]
Caminhando lado a lado por um dos shoppings da cidade, Malu e Samuel conversam enquanto comem sorvete. Ele segura algumas sacolas de lojas de roupa.
   — Eu fiquei surpresa quando você me chamou pra te ajudar a fazer compras — diz a garota. — Eu não sou a mais fashionista do mundo, não esperava.
   — Eu sei que você é sincera, não deixaria eu comprar uma roupa ridícula. Por isso te chamei.
   — Aham, sei — ela ironiza. — Sei que você queria ficar perto de mim, isso sim.
[...]
   — Malu, para de me afastar da sua vida. 
   — Me solta, Samuel. 
   — Eu quero voltar a sair com você, a me divertir ao seu lado, a trocar indicações de bandas. 
   — Não, me solta!
   — Não é possível que um beijo ridículo possa mudar tudo.
   — Samuel, me larga!
   — Se eu pudesse voltar no tempo, nem teria ido ao carnaval fora de época. Se eu soubesse que te perderia, não tinha beijado a Maísa. 
   — Sério que não passou pela sua cabeça quando beijou ela que isso aconteceria? — indaga a garota com sarcasmo, sem parar de se chacoalhar. 
   — Eu agi por instinto. O meu corpo quis o dela, então rolou. 
   — Nossa, que lindo! Agora me solta. 
   — Só que o meu corpo sempre quis o seu. Na verdade, desde que a gente se aproximou, porque antes eu te odiava, mas isso não vem ao caso. 
   — Não, não vem. Me solta!
   — Eu só estou te pedindo para me dar mais uma chance. 
   — SAMUEL, ME SOLTA— berra Malu. Duas empregadas e o motorista chegam correndo até a sala. 
   — Tira as mãos dela — exige o motorista, pegando nos braços de Samuel. 
   — Não — fala o garoto sendo arrastado para longe de Malu. — Eu não quero me afastar dela. 
Malu massageia a área que ele apertou e fala:
   — Você mesmo provocou isso. 
   — Eu errei, eu sei! Só que eu me arrependi — ele fala tentando sair do aperto do motorista. — Eu não consigo mais ficar longe de você. Eu não aguento mais essa distância. Eu tentei aceitar que você não faz mais parte da minha vida, mas não consigo te tirar da cabeça. Você não sai dos meus pensamentos, Malu. Não há um dia sequer que eu não sinta sua falta. — Ele para de resistir e conclui em um sussurro: — Eu estou apaixonado por você. 
Malu, a frente das empregadas, fica perplexa ao ouvir a declaração de Samuel.
[...]
O quarto de Samuel está com todas as luzes apagadas e as cortinas fechadas, o que faz com que o cômodo mergulhe em uma vastidão negra, e a temperatura é bem elevada, não em virtude de estar tudo fechado, e sim por causa de Malu e Samuel que se beijam e trocam carícias íntimas na cama, unidos como se fossem um único ser. A garota também está sem blusa, mas permanece com sutiã e as peças inferiores. Samuel beija o pescoço dela e desce para a região do colo, deixando Malu arrepiada.
   — Samuel — ela chama e ele ergue a cabeça. Devido à ausência de luz, ela percebe que ele está olhando para ela por causa do hálito quente que ele sopra em seu rosto. — Feliz aniversário. 
O rapaz sorri e tenta dar um selinho nela, porém beija o seu queixo. Na segunda tentativa, acerta os seus lábios e dá um longo beijo.
   — Obrigado. 
   — Esse não foi o presente — conta Malu e empurra ele contra as almofadas. — Eu sou o seu presente.
   — Convencida — ri Samuel sob ela com as mãos em seus quadris.
   — Você não quer? — provoca Malu.
   — Você sabe a resposta — diz o rapaz acariciando a pele dela por sobre a calça.
Malu inclina-se e fica com o tronco em contato com o dele.
   — Quero ouvir da sua boca — sussurra no ouvido do aniversariante.
Samuel puxa o cabelo dela, obrigando Malu a olhar para o teto, e morde o queixo dela antes de responder em seu ouvido:
   — Eu quero você. O meu corpo clama pelo seu. — Ele a joga na cama ao seu lado e cruza suas pernas com as dela. — Eu preciso de você. Agora.
[...]
Trancados em um dos quartos, Malu e Samuel trocam beijos e carícias intensas. 
   — O Victor vai querer matar a gente — ela comenta deitada em uma cama apenas de sutiã e coberta até a cintura. — Oh! — Um suspiro seco escapa de seus lábios e ela se contorce no lençol, apertando com força as beiradas da cama.
   Do meio do cobertor surge a cabeça de Samuel.
   — Por quê? — ele pergunta dando um selinho abaixo do umbigo dela.
Com as bochechas coradas e um pouco de suor acumulado na raiz dos cabelos, Malu ri.
   — Ué, nós estamos na cama dele.
Samuel também ri.
   — A culpa não é nossa do Thiago estar lendo no meu quarto e a Graziele dormindo no seu. 
   — Verdade. — Ela empurra a cabeça dele para baixo, dizendo: — Agora volte pro seu lugar, por favor. 
Samuel ri sob o cobertor e minutos depois Malu volta a soltar alguns suspiros, gemidos e exclamações de prazer.
[...]
Do outro lado do mesmo andar, Malu e Samuel riem e se beijam pelo corredor. Eles procuram às cegas um lugar para namorar e quando abrem a primeira porta que encontram tomam um susto.
   — Aqui já está sendo ocupado — ri Mayara com as mãos na cintura de uma garota do terceiro ano B. Malu fica espantada, pois para ela Mayara ainda estava namorando Vanessa, mesmo assim ri e puxa Samuel para fora. 
   — Credo! — exclama o rapaz, no corredor.
   — O que foi? — questiona Malu dando um selinho nele.
   — Eu achava que era fofoca esse lance da Mayara também ficar com meninas. 
Pelo tom de voz dele, Malu fica atenta e dá um passo para trás.
   — Por que o espanto? Você tem alguma coisa contra a isso?
[...]
Malu ri.
   — O que é que tem, Samuel? Homossexual é só aquele que você vê na televisão? Não pode existir no círculo ao seu redor?
   — Não é isso, é que eu acho estranho. É a Mayara!
   — E daí? Ela não vai deixar de ser a Mayara agora que você sabe que ela é lésbica.
   — Eu sei, mas é que eu acho bizarro.
Malu para de mexer no cabelo e olha para ele.
   — Sabe o que está parecendo? Que você é daqueles que é homofóbico, mas não assume!
   Malu vira de barriga para baixo em sua cama e esconde a cabeça embaixo do travesseiro.
   — Que inferno! — grita com a voz abafada.

Já cansada de ouvir as histórias que Iago conta para Antenor, Aline interrompe:
   — Eu já vou indo.
   — Hã? — Iago olha surpreso para ela.
   — Eu vou indo.
   — Mas você não ia dormir aqui? — pergunta o garoto olhando para a mochila que Aline trouxe justamente com essa intenção.
   — É que eu estou com dor de cabeça, então eu prefiro ir pra casa — ela mente.
   — Eu tenho um remédio ótimo aqui, você pode...
   — Eu prefiro ir, Iago — ela interrompe novamente. O rapaz levanta e caminha até ela.
   — Está tudo bem?
A inocência dele deixa Aline ainda mais irritada.
   — Não — assume. — Não está tudo bem.
   — O que aconteceu? — pergunta Iago assustado.
Aline olha por sobre o ombro dele para Antenor.
   — É melhor a gente conversar lá fora.
   — Tudo bem.
Ela pega seus pertences e sai do quarto.
   — Eu já volto, tá bom? — fala Iago para o primo e vai atrás dela. No corredor, eles se encaram. — O que houve? — pergunta Iago.
   — Eu estou cansada. Apenas isso.
   — Cansada do jantar? — Ele não compreende e Aline vai ficar cada vez mais nervosa.
   — Cansada disso tudo, Iago. Dessa situação.
   — Eu não estou te entendendo — diz o garoto visivelmente confuso e assustado.
   — Acho que eu não nasci pra isso — fala Aline mais para si do que para Iago. — Não nasci pra viver essas coisas.
   — Desculpa, Aline, mas eu não estou te entendendo.
   — Eu estou cansada de nós dois, Iago! — Ela desabafa. — Cansada de viver nesse conto de fadas que parece não sair do lugar. Eu gosto de você, mas... pra mim não dá mais.
Com os olhos lacrimejantes, Aline dá meia volta e sai correndo. Paralisado, Iago ouve ela se despedir de seus pais e de sua tia e ir embora.
   Assim que a porta bate, Beth surge no corredor às pressas.
   — Filho, o que aconteceu? — pergunta esbaforida. 
Iago balança a cabeça e leva um tempo para encontrar as palavras.
   — Eu não sei fazer nada direito, mãe. 

Sem saber quantas já bebeu, Graziele pega maisuma latinha de cerveja das mãos de Rick e se volta para Douglas.
   — Vamos lá para fora! — grita acima da música. — Eu preciso de um pouco de ar puro!
Ele assente e passa um braço pela cintura dela. Os dois cambaleiam por entre as pessoas até a entrada do galpão e mergulham na noite úmida. 
   — Que delícia! — exclama Douglas respirando fundo.
   — Eu sei que eu sou uma delícia — ri Graziele caminhando pelo espaço.
   — Estava falando do ar, mas pode ser de você também — ele explica rindo e indo atrás dela.
Graziele apenas ri e bebe mais um gole. Ela começa a cantarolar uma das músicas que ouviu durante a noite e remexe o corpo lentamente. Douglas apoia uma das mãos na estrutura do galpão e se inclina tragando profundamente outro cigarro. A ruiva rebola sensualmente, rindo, e olha para trás estranhando ele não ter comentado nada.
   — O que foi? — pergunta indo até ele. 
Douglas ergue a cabeça e endireita o tronco, encostando na parede do galpão.
   — Nada. 
Graziele fica bem perto dele e sente a baforada que ele solta. Ela fecha os olhos e respira fundo, entreabrindo os lábios e sentindo a fumaça inundar seus pulmões.
   — Faz de novo — pede parando na frente de Douglas. Seu olhar analisa o rosto dele e ela umedece os lábios. — Sopra na minha boca.
Douglas ri e olha para o lado, ignorando o pedido dela.
   — Olha pra mim! — exige a ruiva segurando no queixo dele. — Sopra na minha boca — repete.
   — Você não quer isso — ele responde encarando ela.
   — Eu quero — ela ri.
   — Não, não quer.
   — Você não pode falar por mim! — grita tentando pegar o cigarro da mão dele, mas Douglas não permite.
   — Você está bêbada! — ele também grita empurrando os braços dela.
   — E você está drogado!
   — Eu estou acostumado a isso, você não.
   — Mas você pode me acostumar. — Ela gira e apoia as costas no peito dele. — Não pode? — pergunta deitando a cabeça no ombro dele.
   — Graziele, Graziele — ele cantarola ainda mantendo o cigarro atrás do corpo para ela não pegar. — Você não sabe o que está fazendo.
   — Sei, sim — ela responde e volta a ficar de frente pra ele. — Ou será que não? — Ela gargalha. Seus lábios e nariz encostam no pescoço dele. — Você tem um cheiro bom, sabia? — Ela chupa a pele dele, fechando os olhos. — O gosto também — comenta em seguida sorrindo. 
Douglas sorri e fecha os olhos. Aos poucos ele sente o hálito de Graziele misturar-se ao seu. No entanto, não permite que ela o beije.
   — Toma — fala colocando o cigarro entre eles.
   — Oi?
   — Você não queria?
   — Queria — ela responde sorrindo.
   — Então toma. Eu estou te dando. 
Graziele pega o cigarro e o ergue na altura dos olhos, analisando-o intensamente. Então, ela o joga para o lado e sorri de maneira desafiadora para Douglas.
   — O que você tem de errado? — ele ri. — Não era isso que você queria?
   — Eu sou fraca! — grita Graziele abrindo os braços. — Ou melhor, eu sou forte! Vocês é que são fracos — diz pressionando o dedo indicador no peito dele. 
   — Sou mesmo — ele concorda segurando no pulso dela.
Graziele ri e se joga nos braços dele. Sem hesitar, Douglas passa os braços tatuados ao redor do corpo dela. Eles ficam abraçados durante um bom tempo, as respirações ofegantes. A ruiva passa os dedos pela nuca dele e Douglas afunda o rosto no pescoço dela, ficando inebriado por seu cheiro. Aos poucos, Graziele afasta-se dele.
   — Vem — chama pegando em sua mão —, vamos voltar lá pra dentro!

Isabela ainda passou na casa do namorado antes de retornar para a sua depois que deixou Graziele. Então, ela decidiu tomar um banho e ouviu de Mel:
   — Você não vai jantar com a gente?
   — Eu já jantei na casa da Sophia — respondeu e foi para o primeiro andar com Nina.
Após ter jantado somente com o filho, Mel descansa na sala de estar juntamente com ele, que mexe distraidamente em seu celular. 
   — Será que a Isabela ainda vai descer? — pergunta para Vinícius.
   — Acho que sim — responde ele.
   — Eu quero conversar com vocês.
O rapaz abaixa o celular de imediato.
   — É? Sobre o...
   — Sobre negócios — Mel interrompe. Como se sua palavra tivesse poder convocatório, Isabela aparece no topo da escada e desce.
   — A mãe quer falar com a gente — conta Vinícius e ela se junta a eles.
   — O que foi? — pergunta sem olhar diretamente para Mel.
   — Eu vou fazer uma viagem esse final de semana — a empresária não faz rodeios.
   — Pra onde? — indaga Vinícius.
   — Pra São Paulo. Eu preciso resolver um problema que aconteceu em uma loja de lá.
O lado curioso de Isabela é mais forte e ela pergunta:
   — Que problema?
   — Nada com que vocês devam se preocupar.
   — Tudo bem — responde Vinícius. — A gente vai ficar bem.
   — Eu sei que vão, porque vocês vão ficar com o seu pai.
   — Hã? — Isabela franze a testa.
   — Eu não quero deixar vocês aqui sozinhos depois do que aconteceu.
   — Aquilo já passou, mãe — tranquila Vinícius.
   — A gente não é mais criança — Isabela resmunga.
   — Pensei que vocês quisessem ficar com o seu pai — comenta Mel com estranhamento.
   — Eu quero — Isabela responde. — É sempre bom ficar com o meu pai — ela pronuncia cada palavra com bastante clareza como se quisesse ferir Mel, mas não obtém o resultado esperado.
   — Que bom — sorri Mel. — Eu falei com o Chay e ele vai preparar tudo lá no apartamento dele pra vocês irem. 
   — É, vai ser bom pra gente — opina Vinícius.
   — Com certeza — concorda Mel.
   — Com certeza mesmo! — Isabela afirma e levanta. — Quem sabe não dure mais do que um final de semana, né? — comenta subindo a escada.


Comentários

  1. Que P-E-R-F-E-I-T-O!!!
    Muito lindo a cena da Yas e do Victor... você precisa fazer mais cenas deles!!
    Eu gosto da Jaque com o Gabriel, mas as vezes gosto dela com o Brian... acho que a ela merece como todos ser feliz, a Luciana também, ainda não superei aquela história com o garçom.
    Grazi bebendo a até querendo fumar, em que mundo estou mesmo? Kkkk
    Agora, sobre Aline e Iago eu já li várias vezes... Eu amo eles! O fim deles foi tipo, nãoooooo!
    Já disse aqui que eu gosto da Mel com o Reinaldo, acho que a Isa está sendo egoísta!
    Enfim, amei, como sempre amo!

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  2. Isabela, Isabelaa! ♡ Cadê Belipe Renata?

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  3. Briga Mel e isa?
    Como será esse fim de semana
    Não quero que a isa more com o chay

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  4. Tenho muita saudade da Mel com o Chay.😢😢😢

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  5. Eu quero barraco de Mae&Filha isso sim kkkk
    Isa sou sua fã !!! As vezes é fácil falar que a pessoa é infantil o difícil mesmo e passar pela situação!!

    Cada um tem jeito de agir!

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