Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 297: Yasmin fica sabendo por que Victor não ficou ao seu lado após ter sido baleada


   — Vocês nem iam chamar a gente pro café? — pergunta Vinícius parando sorridente no alto da escada. 
Mel e Chay desviam o olhar da filha e fitam o outro herdeiro.
   — A gente sabia que vocês iriam aparecer — ri Chay. — Marina, minha norinha! — Ele solta a mão de Isabela e sobe os degraus até a jovem e Vinícius. — Como você está? Eu fiquei sabendo que você se machucou bastante.
Marina assente e começa a conversar com Chay. Isabela olha de relance para Mel e termina de descer as escadas indo para a sala de jantar. Vinícius solta a mão da namorada e caminha até a mãe.
   — Vamos? — chama oferecendo um dos braços à ela. 
   — Vamos. — Mel sorri levemente. Os dois seguem para a cozinha com Chay e Marina logo atrás.
   — Mãe?
   — O que foi?
   — Não leva muito a sério o jeito da Isabela, tá?
Mel fica surpresa.
   — Oi?
   — Não fica pensando muito sobre o comportamento dela. Nem ela sabe o que está fazendo. Aliás, a senhora não precisa da nossa autorização pra nada.
   — Vinícius.
   — É verdade — ele prossegue. — Eu e a Isabela somos seus filhos e a sua felicidade é o mais importa pra gente. Não largue mal dela por nossa causa, ok?
   — Eu não estou entendendo por que você está dizendo isso — fala Mel, pois não contou nada a respeito de Reinaldo ainda.
   — Mãe, eu posso não saber exatamente o que está acontecendo, mas eu posso sentir. 
   — Eu...
   — Não precisa explicar nada agora — ele interrompe com calma. — Quando a senhora se sentir confortável nos conta.
Mel fica emocionada com a simplicidade e sentimentalidade do filho.
   — Obrigada — sussurra apertando a mão dele.

Com diversos lençóis ao seu redor, Graziele assiste televisão na sala de estar após seus pais saírem para trabalhar. A campainha toca e ela se encolhe entre os panos.
   — Dona Graziele — chama a empregada ao voltar da entrada —, tem um rapaz querendo falar com a senhora.
   — Comigo? — Ela se endireita. — Quem é?
   — Sou eu.
A empregada se vira para trás com susto e Graziele sorri.
   — Douglas! 
Ele caminha até ela e a puxa do sofá, dando um abraço apertado nela. Com a proximidade, Graziele sente o cheiro de bebida, cigarro e outras coisas.
   — O que você veio fazer aqui? — indaga colocando as mãos nos ombros dele.
   — Vim te ver — ele responde ainda com os braços ao redor da cintura dela. — Fiquei sabendo do que aconteceu. Você está bem?
   — Você está me sufocando — ri a ruiva.
   — Ah, desculpa — ele pede e a solta.
Graziele sorri e dá uma boa olhada nele, seus dedos ainda entrelaçados com os dele.
   — Eu estou bem. E você?
   — Eu estou excelente! — Ele dá um grande sorriso. — Mas estou preocupado com você.
   — Por quê?
   — Por causa de tudo o que você passou, né? Vem, senta.
Graziele ri e deixa Douglas acomodá-la entre os lençóis novamente. Ele se senta ao lado dela e em nenhum momento solta sua mão.
   — Eu estou bem, Douglas — garante a ruiva. — O pior já passou, graças a Deus!
Douglas apoia a cabeça no sofá e fecha os olhos.
   — Eu fiquei muito preocupado com você e com o Thiago. — A ruiva continua em silêncio, apenas admirando o rosto exótico de Douglas e as tatuagens em seu pescoço. — Imagina se alguma coisa acontecesse com vocês? — Ele abre os olhos repentinamente e surpreende o olhar dela. — O que foi?
   — Nada. — Graziele sacode a cabeça e se arrasta para mais perto dele. — Só estou feliz por você estar aqui. Foi muito legal lá na fazenda, mas também muito pesado. O tempo todo.
   — O tempo todo? — Douglas franze a testa.
   — É, por causa do Thiago. Você sabe — ela dá de ombros —, ele prefere que a gente fique longe.
   — Não sei como ele consegue — comenta Douglas.
   — É, porque eu mesma não... O que você quis dizer com isso? — questiona a ruiva olhando atentamente para ele.
   — Ah. — Douglas dá de ombros. — Está sendo difícil pra ele também, né? Ele é forte, muito forte! Porque se fosse comigo, eu não conseguiria ficar longe de você. 
Graziele sorri e aperta os dedos dele.
   — Só que não é você. Você não está longe de mim, você não vai se afastar, né?
   — Claro que não — garante Douglas. — Se depender de mim, nós vamos ficar ainda mais juntos.
Graziele se lança nos braços dele e afunda seu rosto em seu pescoço, mesmo que os aromas não agradem seu nariz.
   — Obrigada por continuar ao meu lado.
   — Não precisa agradecer, ruivinha. Eu faço isso porque gosto de você.
   — Eu também. — Ela ri e se afasta. — Quem diria que a gente ia se dar tão bem, né?
   — É mesmo.
   — Você dava em cima de mim e eu ficava irritada — lembra a jovem.
   — Eu só queria saber se eu tinha chances com você — ele ri.
   — Eu estava com o Thiago! — gargalha Graziele. — É óbvio que você não teria chances.
   — E agora que você não está mais?
Graziele para de sorrir e retribui o intenso olhar de Douglas.
   — Você está falando sério?
   — Pode ser que sim, pode ser que não. 
Ela dá um tapinha no peito dele.
   — Para de palhaçada, Douglas.
   — Eu estou falando sério — ele diz segurando no pulso dela. — Você me daria uma chance?
   — Sério? — Graziele fica espantada. — E-eu não saberia.
Douglas ri e dá um beijo na mão dela.
   — Estou brincando com você, tolinha. Eu não ficaria com você. — Ele se inclina sobre ela. — Só se você quisesse ficar comigo.
A proximidade deixa Graziele ofegante.
   — Douglas.
Ele ri novamente e beija a bochecha dela, perto demais da boca.
   — Chega de brincadeira. Não tem nada para eu comer? Quer dizer, além de você.
   — Douglas!? — Ela sorri e se endireita no sofá, sentindo o rosto queimar. — Você não tem comida em casa, não?
   — Se eu tivesse vindo de casa.
   — Como assim?
   — Eu vim de uma festa.
Graziele revira os olhos.
   — Você está virado?
   — Sim, mas não fica com essa cara de drama, ok? Eu estou acostumado — ele sorri. 
   — Você é maluco — diz a ruiva sacudindo a cabeça.

Yasmin passa a língua pelos lábios ressecados e fala:
   — Quando eu mais precisei de você, você não estava comigo.
   — Yasmin, tinha muitas pessoas que gostam de você ao seu lado. A Isabela, o Felipe, a Malu...
   — Eu sei! — exclama a garota e tenta acalmar sua respiração. — Eu sou muito grata a eles — acrescenta falando mais baixo —, mas você não esteve comigo.
Victor apoia as mãos na lateral da cama dela.
   — Yasmin — diz abaixando o olhar —, você não sabe o que eu senti quando te vi daquele jeito. — A loirinha continua em silêncio. — Eu nunca senti algo tão forte como aquilo. Você estava sangrando sem parar. Eu... eu não consegui te ver daquele jeito. Foi forte demais pra mim. Eu nunca me senti mais inútil e impotente como naquele momento. Você, minha coisinha, estava sangrando até a morte e eu não podia fazer nada.
   — Você poderia ficar do meu lado — rebate Yasmin amargamente.
   — Eu não consegui! — Victor quase grita. — Desculpa, mas eu não consegui. Foi forte demais pra mim te ver naquela situação. Eu não queria estar ali, não queria que aquilo estivesse acontecendo com você, não queria ficar perto porque não queria que aquilo fosse real. Na minha cabeça, se eu não visse não seria real. Desculpa, desculpa — ele repete. — Eu fui egoísta, eu sei. É que aquilo era muito doloroso pra mim. Eu não queria te ver daquele jeito.
   — Eu não sei o que te dizer — confessa Yasmin. — Eu sei que pra você não deve ter sido fácil mesmo, mas... Victor, imagina como eu estava me sentindo? Eu tinha certeza que eu ia morrer. E se isso tivesse acontecido, eu não teria uma última imagem sua porque você virou as costas pra mim! 
   — Não fala assim — ele pede. — Você não sabe o quanto eu tenho sofrido com essa situação.
   — Não mais do que eu — Yasmin não se abala. — Sou eu quem está internada, sou eu quem está com pontos, sou eu quem fica transitando entre o consciente e o inconsciente. 
Ainda com a cabeça abaixada, Victor fala:
   — Eu preferia estar ai. 
   — Não diz isso — pede a loirinha. — Eu sei que não é verdade.
Ele ergue a cabeça e encara o rosto dela.
   — Você não sabe o que eu estou sentindo, não queira falar por mim.
Yasmin balança a cabeça.
   — O que você está fazendo aqui?
   — Eu vim te ver.
   — Creio que não esteja no horário de visitas — ela observa. — Se tivesse eu saberia, eu acho.
   — Não, não está — ele confirma. — Eu dei em cima da secretária para descobrir onde você estava e consegui invadir aqui. 
   — Muito esforço para alguém que me largou na grama à beira da morte.
   — Para de repetir isso! — Victor aperta o colchão com força. — Eu fiquei desesperado quando te vi sangrando, eu sou humano, Yasmin. Desculpa se eu não agi do jeito que você esperava!
Ela olha para a janela e morde a boca. Eles ficam em silêncio por alguns minutos e Victor aproveita para se acalmar.
   — Yasmin — chama mais controlado.
   — O que você ainda quer comigo?
   — Tudo. — Ele pega na mão dela. — Por favor, me perdoa. Eu jamais pensei que você fosse reagir assim. Eu me sinto muito mal por fazer você sofrer assim, mas eu não tive culpa. Foi muito forte pra mim te ver naquele estado e eu paralisei. Me perdoa, por favor!
Yasmin enxerga através dos olhos dele todo o seu sofrimento e cede. 
   — Tudo bem. Com uma condição.
   — O que você quiser.
   — Me conta o que houve desde que eu cheguei aqui — ela pede dando um leve sorriso.
Victor endireita-se, mas continua segurando na mão dela.
   — Você não sabe de nada?
   — Eu sei que levei um tiro e que fui operada. Sei que tem mais coisas por trás disso, mas ninguém me contou ainda. Eu quero saber tudo, Victor.
Ele assente.
   — Ok, eu vou te contar.
A porta do quarto é aberta e os dois se assustam.
   — O que você está fazendo aqui? — pergunta o médico de Yasmin.
   — Eu vim visitá-la — responde Victor com naturalidade.
   — Não está no horário de visitas.
   — Não? — Victor mostra-se surpreso e mesmo ainda estando chateada com ele Yasmin tem que se controlar para não rir. — Como não? A moça me deixou entrar.
   — Que moça? — O médico estreita os olhos e Victor solta a mão de Yasmin, indo até ele.
   — Uma moça. — Ele olha para fora do quarto. — Cadê ela? Ah — volta a olhar para o médico —, já que eu não posso ficar aqui, vou indo. 
O loiro dá uma última olhada em Yasmin e sai rapidamente do quarto.
   — Espera aí — chama o médico —, você não pode...
   — Doutor? — sussurra Yasmin. — Doutor!
Ele para na porta e olha para ela.
   — Sim?
   — Eu acho que tem alguma coisa errada comigo — ela inventa tentando se mexer um pouco. 
   — O quê? — pergunta o médico retornando para dentro do quarto. Yasmin inventa uma desculpa qualquer e consegue manter o doutor dentro do quarto para que Victor possa fugir sem problemas.

Durante o intervalo, Maísa e Jonas conversam sobre o ocorrido na fazenda. 
   — Sabe uma coisa que eu andei pensando? — ela comenta.
   — Que coisa? — pergunta Jonas tomando um gole de Coca-Cola.
   — O Samuel poderia ter morrido nesse confusão.
Jonas ri.
   — Claro que não, Maísa.
   — É sim! A Yasmin não foi baleada? O Samuel poderia ter sido baleado e morrido também. E sabe o resultado disso? Você ia ficar culpado para o resto da vida.
   — Como é o negócio aí?
   — Ele ia morrer e você nunca mais teria chances de se acertar com ele.
   — Maísa, você está viajando.
   — Não e você sabe disso — ela retorque com convicção. — Se eu fosse você, me acertaria com ele.
   — Mas você não é eu e eu não sou você. A única coisa que eu penso nessa bagunça toda é que a Isabela poderia ter se machucado sério.
O queixo de Maísa despenca sem sair do lugar.
   — Não acredito nisso, Jonas. — Ela levanta do degrau que eles estão sentados. — Você... você é patético!
A loira desce rapidamente as escadas e vira em um corredor.
   — Maísa — ele chama ficando em pé. — Mas que merda!

Reunidos na mesa do café da manhã, Sophia, Micael e Felipe conversam.
   — Hoje a gente vai poder ver a Yasmin — comemora Felipe passando geleia em um torrada.
   — Graças a Deus! — Sophia comemora. — Mal vejo a hora de ver a minha filhinha.
   — Quero muito que ela receba alta logo — fala o rapaz com ansiedade e Micael pondera:
   — Vamos com calma, filho. 
   — Nossa e eu fui tão babaca com ela nos últimos dias! — ele comenta passando a mão na testa.
Sophia pergunta:
   — Como assim?
   — Eu e o Victor tivemos a ideia de fazer pegadinhas com eles lá na fazenda. A gente comprou um monte de coisa pra ajudar na brincadeira e começamos a gravar. A Yasmin ficou muito p*ta, se...
   — Olha a boca! — alerta Sophia.
   — Foi mal. Então, a Yas ficou muito brava e a gente chegou até a brigar. Se eu soubesse o que iria acontecer.
   — Mas não tinha como você prever, filho — consola Micael. — Agora vamos pensar no futuro e torcer para que a recuperação da Yasmin ocorra bem.

Após buscar Marina na mansão de Mel, Brian parte com ela para a casa da jovem.
   — Como foi na pousada? — pergunta Marina. 
   — Foi maravilhoso — responde o americano.
   — Ainda não entendi por que você quis sair do hospital direto pra uma pousada.
   — Eu precisava de um tempo, Mari — explica Brian. — Um tempo para digerir tudo o que aconteceu. Quando que eu ia imaginar que uma coisa dessas aconteceria na minha vinda ao Brasil?
   — Ninguém imaginaria — comenta Marina e pensa nos sonhos de Vinícius.
   — Mas eu só fiquei lá porque sabia que você ia ficar com o Vinícius. Eu não te deixaria sozinha.
Marina sorri levemente.
   — Eu tenho um irmão também, né?
   — Ah, o Victor não conta. — Os dois caminham pelo condomínio. — Ele está bem desequilibrado, né?
   — Vai passar — Marina é econômica nas palavras. — Tudo isso vai passar.

Durante a tarde, juntamente com Sophia e Micael, o filho do casal, Isabela, Vinícius e Malu aguardam o horário de visitas começar no hospital. Felipe chama o cunhado para um canto e conversa com ele.
   — Está acontecendo alguma coisa com a Isa? — pergunta.
   — Por quê? — retorque Vinícius.
   — Ela está estranha — Felipe fala. — Está mais séria, mais irritada. 
Vinícius suspira.
   — É. Ela está brava com a minha mãe.
Felipe olha demoradamente para Vinícius.
   — Não vai me dizer que é por causa do Reinaldo?
O outro assente.
   — Exatamente.
Felipe coloca uma mão no rosto e Vinícius fica olhando para ele. Desde que retornaram da fazenda, eles têm se relacionado normalmente. Ambos preferiram deixar as desavenças na fazenda.
   — Não acredito nisso — comenta Felipe. — Ela está chateada por uma coisa que nem sabe que é verdade?
   — É, mas nós temos nossas desconfianças, né?
   — Sim, mas enquanto a Mel não confirmar nada, não tem por que ela ficar agindo assim.
   — Nem quando a minha mãe confirmar — rebate Vinícius. — Eu e a Isabela não temos que ficar nos metendo na vida amorosa da minha mãe.
   — Eu sei, mas a Isabela não pensa assim. Ela ainda sofre com o divórcio dos seus pais.
   — Eu também sofro. Acontece que a gente não pode ficar idealizando uma coisa que não existe mais. E agora que a minha mãe parece estar com outro... o jeito é aceitar, né?
   — Sim — concorda Felipe. — Até porque ninguém aqui é mais criança pra ficar fazendo birra porque a mãe está de namorado novo.
   — É, mas pelo jeito vai ser difícil com a Isabela.
   — Quando a Mel assumir, se é que tem alguma coisa pra assumir, pode contar comigo, tá? — Felipe coloca uma mão no ombro do amigo. — Vou tentar conversar com a Isa.
   — Valeu, cara — agradece Vinícius assentindo.

Depois de ter deixado os filhos no hospital, Mel partiu para um restaurante, onde aguarda por Reinaldo. Alguns minutos depois do horário marcado, o empresário chega.
   — Oi, Mel! — fala dando um selinho nela. — Desculpa o atraso!
   — Tudo bem, eu já te fiz esperar tantas vezes — ela ri.
   — É que eu andei muito ocupado nas últimas horas — ele justifica.
   — Alguma problema com a empresa? — questiona Mel.
   — Não, alguns afazeres pessoais mesmo.
A morena aguarda pela continuação, mas Reinaldo não fala mais nada. 
   — Então, vamos pedir? — ela indaga.
   — Vamos. — Quando o garçom afasta-se com seus pedidos, Reinaldo pergunta: — Então, como anda as coisas?
   — Bem. Não tão bem quanto eu gostaria, mas bem.
   — O que houve? Não me diga que a Yasmin piorou?
   — Não, a Yasmin está bem, graças a Deus — tranquiliza-o Mel. — É a Isabela. Ela não está falando comigo direito.
Reinaldo não responde de imediato.
   — É por minha causa, né?
   — É — Mel responde baixinho. — Não por sua causa exatamente, mas por causa do nosso relacionamento. Todo mundo já está desconfiando.
   — Mel. — Ele estica a mão por cima da mesa e toca nos dedos dela. — Eu não quero causar problemas na sua vida, ainda mais com os seus filhos.
   — O Vinícius já sabe — ela conta.
   — Sabe?
   — Sim. Ele sempre foi mais sensível pra tudo e eu acho que ele sentiu alguma coisa, porque hoje de manhã ele falou certas coisas. 
   — E aí?
   — Ele me apoia — ela responde sorrindo. — Uma parte de mim fica aliviada, embora eu já esperasse por essa reação dele. Agora a Isabela... eu não sei como agir.
   — Tenta conversar com ela, expor os seus sentimentos, seus pensamentos.
   — Eu quero fazer isso, mas eles estão tão a flor da pele por tudo o que aconteceu que eu prefiro esperar mais um pouco. — Ela entrelaça seus dedos nos dele. — Eu só queria te pedir duas coisas.
   — Se tiver ao meu alcance — sorri Reinaldo.
   — A primeira é desculpa pelo comportamento da Isa no hospital.
   — Está tudo bem — ele garante. — Na hora foi constrangedor, mas passou.
Mel sorri.
   — A outra é um pouco mais delicada. 
   — Pode falar.
   — Eu queria te pedir pra não desistir da gente.
Reinaldo sorri.
   — Você está falando sério?
Mel puxa a mão e esconde o rosto.
   — Isso é ridículo, né? — Ela ri. — Desculpa, é que...
   — Mel — chama Reinaldo. — É claro que eu não vou desistir da gente. — Ela abaixa as mãos e olha para ele. — Eu gosto cada dia mais de você e estou disposto a enfrentar qualquer coisa ao seu lado. Eu só não quero causar mal estar entre você e os seus filhos. 
Mel fica se sentindo abobalhada.
   — Eu só queria ter certeza — fala rindo. 
   — Você pode ter toda a certeza do mundo. Eu estou de corpo e alma com você.
Ela sorri e toma coragem de fazer a pergunta que ecoa em sua cabeça:
   — Quais são os afazeres pessoais que te ocuparam tanto essa manhã?
Reinaldo encosta na cadeira.
   — Eu não quero te encher com os meus pepinos.
   — De corpo e alma, lembra? — Mel sorri.
   — Verdade — ele também sorri. — É que está uma correria na minha família.
   — Por quê?
   — O aniversário de noventa anos da minha mãe está chegando — conta Reinaldo. — E todos os filhos se reuniram pra fazer uma festança.
   — Nada mais justo! Não é todo mundo que chega a essa idade, né? — ri Mel.
   — Pois é. Acontece que eu fiquei responsável por toda logística do negócio e você imagina como é complicado conseguir empresas que cheguem até o lugar em que a minha mãe mora?
   — Você nunca me falou onde a sua mãe mora — observa Mel sorrindo.
   — Em uma cidadezinha do interior de São Paulo — conta Reinaldo. — É uma área rural. Sabe, eu e os meus irmãos crescemos, nos tornamos bem sucedidos e tentamos trazer minha mãe para viver no nosso conforto, né? Ela chegou a morar um ano comigo.
   — E aí? — pergunta Mel interessada.
   — Você acredita que a velha ficou louca? — Eles riem. — Não tem como mudar uma pessoa, né? Eu posso oferecer todo o luxo da cidade grande para ela, mas nada a fará tão bem quanto a tranquilidade do interior. 
   — E ela mora sozinha? — espanta-se Mel.
   — Não! — Reinaldo responde de imediato. — Um sobrinho meu mora com ela. A gente jamais deixaria ela morar sozinha.
   — É — concorda Mel. Ela fica pensativa por alguns segundos. — Reinaldo?
   — Oi.
   — É... eu... eu poderia ir com você no aniversário da sua mãe?
Ele sorri sem acreditar no que ouviu.
   — Você está falando sério? — pergunta novamente e Mel arrepende-se.
   — Foi só uma ideia que passou pela minha cabeça, eu vou entender se...
   — Seria fantástico, Mel! — ele interrompe sorridente. — Eu pensei muito nisso, mas... sei lá, você é tão ocupada e agora com esses últimos acontecimentos eu pensei que você não fosse aceitar. — Seus olhos brilham e ele continua parecer não acreditar. — Nossa, seria maravilhoso se você fosse. 
Também sorrindo, Mel garante:
   — Então pode avisar a Dona Maria que eu vou!

Cuidadosamente arrumada por suas enfermeiras, Yasmin aguarda ansiosamente para receber visitas. Ela sorri de felicidade ao ver Isabela e Malu passarem pela porta.
   — Amiga! — exclama a menor correndo até a cama. — Como você está?
Malu fecha a porta e para do outro lado da cama ouvindo Yasmin responder:
   — Estou melhor. — Ela olha para as duas. — E vocês?
   — Também.
   — Você está bem mesmo? — pergunta Yasmin examinando Malu com o olhar. — Eu não me lembro direito sobre o seu estado quando... quando eu estava na grama.
   — Eu estou ótima, Yas — Malu responde. — O tiro acertou de raspão a minha orelha.
   — Nossa, que sorte!
   — Sim, você também teve, né? A bala passou pela sua barriga sem atingir nada!
   — É — concorda Yasmin sorrindo. — Quem mais está aí?
   — O Vini, o Felipe e os seus pais — responde Isabela.
   — O Victor não está? — indaga a loira.
   — Não — responde Isabela baixinho.
   — Mas ele virá te ver em breve — fala Malu para animar a amiga.
   — Ele já veio — conta Yasmin.
   — Hã? — Isabela franze a testa.
Yasmin conta:
   — Hoje de manhã, quando eu acordei, ele estava aqui no meu quarto. — Vendo as expressões de desconfiança das amigas, ela acrescenta: — Eu não estou delirando. Ele seduziu uma secretária e descobriu onde eu tava, depois entrou escondido aqui. 
   — Nossa! — exclama Malu.
   — É, a gente discutiu.
Isabela indigna-se.
   — Não acredito que o Victor invadiu o seu quarto para discutir com você!
   — Não foi bem assim — fala Yasmin para o alívio da morena. — Eu que queria umas satisfações. Não foi bacana ele ter me deixado lá na grama e se afastado.
   — O que ele disse? — pergunta Isabela.
   — Que não suportou me ver sangrando.
   — Nossa! — repete Malu. — Realmente, ele ficou bem esquisito, né Isabela?
   — Foi — concorda a menor.
   — O que ele fez? — indaga Yasmin olhando de uma para a outra.
   — Isso que foi estranho — analisa Malu. — Ele não fez nada. Depois que ele te deitou na grama, ele não falou mais com ninguém e parecia... sei lá, não estar no próprio corpo.
Yasmin ri e dá uma tossida.
   — Que história é essa?
   — Ele ficou distante o tempo todo — explica Isabela. — Até na hora de fazer o teste de sangue.
A loirinha estranha.
   — Que teste de sangue?
Isabela e Malu se olham imediatamente. 
   — Você não sabe? — pergunta a ficante de Samuel.
   — Sei do quê, gente? — Yasmin questiona ficando agitada.
   — Calma — pede Isabela.
   — O que aconteceu? — exige saber a filha de Sophia e Micael.
Malu e Isabela trocam um olhar decidindo quem irá contar. Diante do silêncio da outra, Isabela começa:
   — Você perdeu muito sangue e... e foi necessária uma transfusão.
Yasmin arregala os olhos.
   — Uma transfusão? — repete.
   — É. Você sabe o seu tipo sanguíneo?
   — A negativo — responde a loirinha.
   — E você sabe o que isso significa? — questiona Malu.
   — Que eu só posso receber sangue A negativo — fala Yasmin. — Eu lembro disso da aula de biologia.
   — É — confirma Malu —, mas você não se lembra de que o O negativo também pode doar pra você.
   — Ele é o doador universal, lembra? — Isabela tenta forçar a memória da amiga.
   — Por que a gente está tendo essa aula de biologia de novo? — questiona Yasmin ainda agitada.
   — Pra você entender o quão difícil seria você arranjar um doador compatível — explica Malu.
   — Seria? Não foi difícil então — observa Yasmin. — A minha mãe chegou a tempo e doou pra mim? — ela tenta adivinhar.
   — Não — responde Isabela. — Só Deus sabe o que teria acontecido se a gente tivesse que esperar pela Sophia.
   — Todos nós fizemos exame de compatibilidade — conta Malu. — Quer dizer, os que têm mais de dezesseis e cinquenta quilos.
   — Já sei onde vocês querem chegar — fala Yasmin. — Um de vocês foi compatível e doou sangue pra mim, não foi? — As duas assentem. — Quem foi? Quem foi a pessoa que salvou a minha vida? 
Após hesitar, Isabela conta:
   — Foi a Marina.


Comentários

  1. P-E-R-F-E-I-T-O!!!
    Não tenho mais como falar sobre os seus capitulos!
    Estou na sala de aula lendo e minha amiga me olhou a disse: você não para de ler esse imagine, até esquece da gente.
    E isso é verdade... estou muito viciada!

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  2. Estou começando a shippar a Mel com o Reinaldo

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  3. Não sou super a favor mais to começando a amar a Mel com o Reinaldo ta muito fofo

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  4. Amei o que o Vini falou, ele mostrou que so que a felicidade da mãe

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  5. Isa eu amoooo você!!! Estou contigo!
    Deixe te chamar de infantil, imatura, criança eles nao sabe o que você esta sentindo. Te dou total apoio passei o mesmo o que você ta passando Respire e coloque tudo o que te prende pra fora você soltar esse nó da garganta ...... Vá passar um tempo com seu Pai ter um momento pai e filha. O coitado passa dias sem te ver e nada mas justo vocês ter um tempinho há sós

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  6. Estou adorando,ta muito perfeito,mais estou sentido falta dos outros casais!!

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  7. Diferente um "Imagine ChaMel" mesmo que sejam dos filhos, sem o casal nominal. Mas, é a vida né? Casais se separam e refazem as vidas, mesmo não sendo novamente juntos. Shippar a Mel com esse tal de Reinaldo é demais pra mim, não consigo. Mas adoro o site.

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