Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 296: Victor entra às escondidas no quarto de Yasmin


Mel passa um dos braços pelos ombros de Reinaldo e lança um olhar cortante na direção da filha.
   — Eu chamei o Reinaldo, filha.
   — Eu não estou querendo ser grosseira — fala Isabela embora seu tom de voz não indique isso —, mas por que você veio?
Felipe dá uma risada forçada.
   — Muito curiosa essa minha namorada. — Ele abraça Isabela e acrescenta no ouvido dela: — Se controla.
   — Eu vim prestar minha solidariedade, Isa — responde Reinaldo dando um sorriso gentil à ela.
   — Ah, muito gen...
   — Muito obrigado, Reinaldo! — corta Vinícius reconhecendo a falsidade no tom de voz da irmã.
Reinaldo assente sorrindo para ele. Um silêncio constrangedor instala-se entre eles e Reinaldo fica visivelmente envergonhado.
   — Vamos conversar lá fora — chama Mel empurrando-o para a porta.
Marina acompanha quando os dois saem e comenta com o irmão.
   — O Vinícius acha que ele e a Mel são mais do que bons amigos.
Victor parece não dar muita importância.
   — Hum. Não devem ser só amigos mesmo, ele não precisava vir aqui.
   — É — concorda Marina. — A Isabela que não gosta dele.
   — A Isabela é enjoada — ele sorri e Marina faz o mesmo.
   — A Isabela te fazendo sorrir? Sei não, acho que a Yasmin ficaria com ciúmes.
Ao ouvir o nome da namorada, o rapaz logo fica sério.
   — A Yasmin está internada. 
Vendo a melancolia dele, Marina trata de dizer:
   — Por ora.

O final de semana passa rápido — não para aqueles que sofreram nas mãos de Augusto e os familiares deles. Às seis horas da manhã, Jaqueline desperta em seu quarto aconchegante. 
   — De que adianta ficar adiando esse momento? — fala para si tentando encontrar ânimo para sair da cama. Ela afunda a cabeça no travesseiro e fecha os olhos, os ocorridos do último dia da fazenda invadem sua mente e ela tem que se esforçar para lembrar das palavras de Brian: Quando o desespero bater, lembre-se dos bons momentos. — Bons momentos — ela fala para si e sorri ao lembrar do aconteceu entre ela e Brian na cachoeira.

O som estridente do despertador de Vinícius ecoa pelo quarto dele e com os olhos inchados de sono e de choro, Marina se estica e desliga a função.
   — Você esqueceu de desligar — resmunga para o namorado que continua dormindo ao seu lado. Ela apoia a cabeça na cabeceira da cama e passa a mão no rosto, sentindo os olhos fundos e inchados. — Nossa! Eu preciso de uma boa noite de sono pra ontem, mas isso não colabora — diz olhando para os seus machucados e sentindo um incômodo na nuca.
   — Está tudo bem? — pergunta Vinícius acordando. Seus cachos bagunçados cobrindo um dos olhos.
   — Está.
   — Então volta a dormir, minha linda. 
Marina sorri e lentamente se acomoda sob o cobertor ao lado do corpo do namorado. 

Enquanto Nícolas toma banho, Luíza confere mais uma vez sua roupa em frente ao espelho.
   — Tem certeza que está bom? — pergunta virando para Daniel, que coloca sapatos sociais. 
   — Lu, eles não vão se importar com a sua roupa. É só um depoimento!
Ela assente.
   — Eu sei, mas quero passar uma boa imagem.
   — Você passa uma boa imagem até de pijama.
Luíza sorri e caminha até ele.
   — Você é muito especial! — Ela senta ao lado dele. — Bem que você falou das chances de encontrarem o corpo carbonizado do Augusto.
   — Pois é. Mas é só sustentar a história que o César nos passou e tudo ficará bem.
   — Sim! Ele não vai mais atormentar a gente.
   — Nós não podemos relaxar, Lu. A Marisa ainda está a solta.
   — Você não tem nem noção de onde ela possa estar? — questiona a psicóloga.
   — Não — responde Daniel com pesar na voz. — Ela fugiu logo depois da gente sair para ir até a fazenda. Mas não vai demorar muito para nós a encontrarmos.
   — Assim espero! Ela tem que voltar para aquela clínica psiquiátrica e nunca mais sair de lá — encerra Luíza.

Após acordar, tomar um banho e se vestir totalmente de preto, Victor sai de seu quarto e desce as escadas correndo. Ele vai até a cozinha e pega um sanduíche na geladeira e é surpreendido por uma das empregadas.
   — Bom dia, Victor.
   — Bom dia — ele responde sem se lembrar do nome dela.
   — Não vai tomar nada antes de ir para o colégio? — pergunta a mulher olhando para as mãos dele.
   — Não e eu não vou pro colégio — conta o rapaz indo para o corredor.
   — Não?
   — Não, tenho uma coisa pra fazer. — Victor tira óculos escuros do bolso da calça e desaparece comendo o sanduíche.

Com a mochila pendura em um dos ombros, Maísa passa pela porta de sua sala e encontra Laís aos beijos com Alexandre.
   — Eita, vocês estão perdendo a vergonha, hein? — ela comenta rindo ao jogar sua mochila sobre a própria mesa.
   — Curtiu as férias, Maísa? — ri o jovem colocando uma das mãos na cintura de Laís.
   — Curti muito! — A loira olha para o fundo da sala onde Jonas se encontra. Ele gesticula para que ela se aproxime e Maísa sorri. — Vou ali falar com o Jonas.
   — Ele manda e você vai — observa Alexandre, que viu o movimento do outro. — Cuidado, hein! Com a Isabela era assim. — Ele ri, mas Maísa não o acompanha. 
   Bufando, Maísa chega ao lugar de Jonas, que está em pé apoiado na mesa.
   — Que tromba é essa? — ele indaga trazendo-a para perto de si.
   — As pessoas insistem em me comparar com a Isabela — reclama Maísa nos braços dele.
Jonas franze a testa.
   — Você é alta, loira e marrentinha já a Isabela é pequena, morena e doce. Não vejo semelhanças! — Ele sorri e Maísa continua séria.
   — Não é por isso e você sabe.
   — Não sei, por que você não me diz?
Maísa recebe um beijo no queixo antes de responder:
   — É por sua causa, né Jonas? O povo acha que só porque você fez a Isabela de trouxa que vai me fazer também.
   — Eu não fiz a Isabela de trouxa — corrige Jonas com seriedade. — Eu errei com ela e isso...
   — Não interessa o que aconteceu! — Maísa interrompe. — Eu não sou a Isabela e você não vai fazer o que fez com ela comigo. — Ela puxa os fios acima da nuca dele. — Eu que mando nessa relação, você não acha?
O rapaz não chega a responder, pois Pedro chega.
   — E aí, gente bonita — ele olha sem disfarçar para o corpo de Maísa e acrescenta: — e gostosa.
   — Me respeita, moleque! — exige a loira despejando sua raiva nele.
Jonas dá um leve sorriso e gira Maísa, deixando as mãos cruzadas na barriga dela.
   — Eu respeito quem se dá ao respeito — devolve o ficante de Daniela. — Mas e aí, acho que a gente tem que comemorar, né? — Nenhum dos outros dois parece entender. — Você finalmente decidiu quem quer, se é o Jonas ou o Samuel.
   — Nossa! — A loira revira os olhos. — Como você é desagradável, hein Pedro?
   — Gente — fala Jonas apertando os braços ao redor da cintura de Maísa —, hoje é só o primeiro dia de aula, né? 
   — É — concorda Pedro sentando em uma mesa. — Mas já que a gente falou no Samuel, vocês têm notícias dele?
   — Claro! — responde Jonas com ironia. — Ontem a gente passou a noite inteira conversando.
Maísa sorri de leve.
   — Falei com ele no começo das férias — conta enquanto faz carinho distraidamente nos braços de Jonas. — Ele ia para a fazenda do Chay com a Malu e o pessoal.
   — É, disso eu fiquei sabendo — responde Pedro. — A Jaqueline também ia, né?
   — Disso eu não sei.
   — Ia — confirma Jonas.
   — Eles sumiram desde que chegaram lá — comenta Pedro coçando a orelha.
   — Deveria estar muito bom que eles até esqueceram do resto — brinca Jonas fazendo os dois rirem. Ele olha para a porta e fala: — Uau! Ela não está com cara de quem aproveitou muito.
Pedro e Maísa viram instantaneamente para a porta e se assustam ao verem Jaqueline.
   A outra loira vai para o seu lugar, que também é no fundo da sala, e se junta a eles.
   — Oi.
   — O que aconteceu com você, Jaque? — pergunta Pedro com preocupação. Ele, Jonas e Maísa acompanham atentamente o relato de Jaqueline sobre os acontecimentos na fazenda.
   — Caramba! — exclama Maísa empurrando os braços de Jonas. — Não acredito nisso!
   — Meu Deus, que doideira! — choca-se Pedro.
   — Car*lho, eu não sei nem o que pensar — Jonas comenta.
   — Mas a Yasmin está bem? — pergunta Maísa.
   — Acho que está, o Brian me disse que a transfusão deu certo. 
   — Ainda bem!

Os braços de Victor estão apoiados no balcão da recepção do hospital, que está bem vazio no começo da manhã. Ele se inclina sobre a estrutura, falando bem próximo da atendente, que aparenta ser uns setes anos mais velha do que ele. 
   — Me ajuda, por favor.
A moça desvia os olhos do intenso olhar que ele despeja nela.
   — Desculpa, mas eu não posso.
Diante do tom de hesitação que há em sua voz, Victor rebate:
   — Eu preciso da sua ajuda. — Ele fala ainda mais baixo, como um sussurro: — Por favor.
A respiração da funcionária fraqueja.
   — Os meus chefes não podem saber.
   — Eles não saberão. É que eu preciso muito saber onde ela está. — Ele morde os lábios corados desviando o olhar, demonstrando preocupação. 
   — Como é mesmo o nome da paciente?
Victor volta a fitá-la.
   — Yasmin Abrahão Borges.
   — Ela é sua namorada?
Vendo o embaraçamento da moça que parece se arrepender da pergunta, Victor dá um leve sorriso.
   — Não. Ela é namorada de um amigo meu. Ele está muito nervoso, não sai da capela do hospital por nada. Eu só quero ajudá-lo. — Ele umedece os lábios. — Você me entende, não é mesmo?
Ainda olhando para os lábios dele, a moça assente.
   — Entendo. — Ela pisca com rapidez e digita algumas palavras no computador. — Eu vou te ajudar.
   — Muito obrigado! — Victor sorri e depois de ouvir atentamente o andar e o quarto em que Yasmin está, fala à atendente: — Você com certeza ajudou muito o meu amigo. — Ele estica as mãos sobre o balcão e toca no braço dela. — Muito obrigado. É... — Ele desvia o olhar timidamente... — você tem namorado?
   — N-não.
Victor sorri.
   — Então não haveria problemas se você me desse o seu telefone, não acha?
A atendente sorri e anota o seu nome e o número de seu celular em um papelzinho que entrega a Victor. 
   — Aqui. Você vai me ligar, né?
   — Com certeza — garante Victor. — Agora eu preciso ir, o meu amigo está precisando da informação que você me deu. — Ele pisca para ela e se afasta com o papel entre os dedos.
   Victor vira em um corredor e anda os mais rápido que seus pés permitem. Ao passar por uma lixeira joga o papel com o número da atendente sem ao menos olhar para os dígitos. 

No meio da manhã, Mel recebe Chay em sua casa.
   — Desculpa por fazer você vir com tanta urgência — pede dando um abraço nele.
   — Tudo bem — Chay responde.  Eu demorei porque passei no apartamento pra deixar as malas, não queria vir direto do aeroporto com toda aquela bagagem. 
Mel sorri e o guia até o sofá.
   — Eu precisava conversar com você e por telefone não dava.
   — O que está acontecendo, Mel? — indaga o cantor sentando diante dela. — Você está nervosa. Não vai me dizer que... foi alguma coisa com a Yasmin? Ela piorou?
   — Não, não tem nada a ver com a Yasmin.
   — Então foi com as crianças? — Chay move-se com nervosismo. — O que está acontecendo, Mel?
   — Fica calmo! — pede a morena erguendo as mãos. — Todo mundo está bem. As aulas deles começaram hoje, mas eu deixei que eles faltassem. Os dois estão dormindo lá em cima, a Marina também está aqui. A Lua e o Arthur chegam só hoje a tarde da Grécia, não conseguiram um voo antes. Eu ofereci o quarto de hóspedes para o Victor, mas ele preferiu ficar sozinho em casa.
   — Então qual é a urgência?
   — O... — Mel pensa em suas palavras. — O Reinaldo foi no hospital e a Isabela... bem, ela não reagiu muito bem.
   — O que aconteceu? — questiona Chay franzindo a testa.
   — Ela foi muito grosseira com ele, Chay.
   — Sério? — Ele se surpreende. — Mas eles já sabem?
   — Não! Eu não contei ainda, só que eu acho que eles já desconfiam.
   — Ah, entendi!
   — Acontece, Chay, que a Isabela não está falando direito comigo desde então.
O cantor junta as sobrancelhas.
   — Como assim?
   — Ela está brava comigo! Eu não sei o que fazer, porque não posso falar diretamente com eles ainda. Não depois do que eles passaram, ainda está muito recente.
   — Sim, com certeza! 
   — Mas esse clima estranho não pode... — Ela para de repente. — Você está ouvindo isso?
   — O quê? — questiona Chay.
Mel levanta do sofá e olha na direção da escada.
   — Parece que eu ouvi um grito. — Ela ouve novamente e Cha pula do sofá.
   — Eu ouvi agora. 
Os dois não falam mais nada, apenas trocam um olhar e correm para o andar de cima. Os gritos vêm do quarto de Isabela e conforme eles se aproximam passam a identificar as palavras.
   — Isabela! — exclama Chay passando correndo pela porta.
A garota está deitada na cama e continua repetindo:
   — Yasmin, acorda! Por favor, acorda! Não me deixa! Por favor!
   — Filha? — Ele chama segurando nos ombros dela. — Isabela, acorda.
Em um sacolejo, Isabela desperta. Seus olhos correm pelo quarto, tomando consciência de onde está. Quando eles se fixam em Chay, a jovem solta um suspiro de alívio.
   — Pai! — exclama com os olhos cheios de lágrimas. — O senhor voltou?
   — Sim, cheguei horas atrás. — Ele puxa Isabela do meio dos lençóis e a abraça. — Como você está?
   — Bem. Não sei — ela responde enxugando as lágrimas. É nesse instante que seu olhar chega em Mel. — Algumas coisas estão mudando por aqui — conta olhando para o pai. 
Chay vira a cabeça e encara Mel, que ergue as sobrancelhas dizendo silenciosamente "Eu não disse?". Vinícius entra no quarto às pressas.
   — Eu ouvi gritos — diz e para ao ver Chay sentado ao lado de Isabela. — Pai?
   — Oi, filho! — Ele levanta e corre para abraçar o outro filho. — Como você está? — pergunta passando a mão pelo cabelo do rapaz. 
   — Bem — responde Vinícius ainda confuso. Ele estica o pescoço e fita Isabela. — Você estava gritando?
   — Eu tive um pesadelo — conta a garota. — A Yasmin morria.
Mel lamenta com os olhos e Chay volta para perto da filha.
   — Calma, meu amor. Já passou! Você está bem e em casa.
   — Que bom que o senhor voltou — sorri a menina. — Estava com saudades!
O coração de Chay fica amolecido.
   — Eu também estava com saudades de vocês. E preocupado também!
Vinícius dá um leve sorriso e fala para a mãe:
   — Vou voltar para o quarto.
   — A Marina está bem?
   — Está, a gente ficou preocupado com os gritos, vou lá falar pra ela o que foi. — Ele olha mais uma vez para Isabela e sai do quarto.

Depois de muito esperar, Victor consegue driblar os médicos e entra na área restrita em que Yasmin está. Como ele verificou, o corredor está vazio. Não querendo perder tempo, passa por diversos quartos e fileiras de cadeiras e quando finalmente está quase no quarto de Yasmin, duas enfermeiras saem do quarto dela. Rapidamente, Victor se joga em uma cadeira e abaixa a cabeça com uma das mãos na testa. 
   As duas enfermeiras conversam.
   — Tadinha dela, né?
   — Pois é, eu fiquei com tanta pena.
   — Nossa, imagina quando a família receber a notícia?
   — Prefiro nem imaginar! Pensa, sua filha não lembrar de você?
   — Sem contar que amnésia é algo que não tem como saber quando a pessoa vai se recordar. Deve ser horrível! Querido — diz parando na frente de Victor —, está precisando de ajuda?
O rapaz ergue a cabeça, os olhos vermelhos.
   — N-não — responde com a voz fraca. — O médico da minha mãe me mandou esperar aqui.
   — Ah, sim! — Ela e a outra enfermeira voltam a andar e conversar. Victor fica parado, pregado na cadeira.
   — Amnésia? — ele repete sozinho. — A Yasmin está com amnésia? — O loiro fica mais alguns minutos parado onde está, depois quando se lembra que ninguém pode vê-lo ali, levanta e entra no quarto de Yasmin.
   Seu cérebro não consegue processar a imagem que vê.
   Yasmin está deitada em um cama hospitalar que cabe duas de si com diversos tubos enfiados em seu corpo e vários aparelhos ao seu redor. Seu corpo nunca pareceu tão frágil aos olhos de Victor.
   — Yasmin? — ele chama com suavidade caminhando até a cama. A loirinha continua de olhos fechados, dormindo silenciosamente. Ele ergue uma das mãos e faz carinho no cabelo dela. — Ainda bem que você não pode ser ver. Não iria gostar da própria aparência. 
   O rapaz inclina-se e dá um beijo na testa dela. Em seguida, olha ao redor e caminha até a janela, ainda muito pensativo.
   — Não é possível que ela esteja com amnésia. Não é possível!

Marina está sentada no meio da cama de Vinícius. Ela arruma a regata dele, cobrindo partes íntimas de seu corpo e ergue a cabeça ao ouvir a porta bater.
   — E aí? — pergunta para o namorado. — Está tudo bem com a Isa?
   — Está — responde Vinícius caminhando até o seu armário. Ele pega um vestido longo de Marina e joga para ela. — Ela só teve um pesadelo.
Marina levanta da cama com um sorriso entristecido.
   — E quem não está tendo pesadelos com tudo o que aconteceu?
Ela tira a regata dele e Vinícius tenta ignorar os hematomas espalhados pelo corpo dela. A morena coloca o vestido e o ouve dizer:
   — Eu que o diga, né?
Marina se vira para ele. Os dois se olham intensamente.
   — Até quando você vai ficar evitando essa conversa? — pergunta a jovem.
   — Como assim? — Vinícius evita o olhar dela coçando a cabeça.
   — Os seus sonhos.
   — Marina...
   — Eu sempre fiquei assustada com o que você sonha as vezes — confessa a morena sentando lentamente na cama —, mas dessa vez... dessa vez foi terrível, Vinícius!
Ele demora para responder e suspira.
   — Eu sei. Eu mais do que ninguém estou assustado com isso. 
   — Eu continuo achando que você deve procurar ajuda. Uma orientação.
   — Tenho medo de piorar as coisas! — assume Vinícius abaixando a cabeça. — Eu não quero desenvolver isso, Marina. Não quero ficar prevendo tragédias!
   — Vinícius. Olha, eu não acreditava nessas coisas antes de te conhecer. Isso é real e eu tenho medo que por você. 
   — Olha — diz o rapaz indo até ela —, vamos esquecer isso?
   — Eu não sei se consigo.
   — Nem eu, mas vamos tentar. Vamos parar de falar nisso.
   — Mas...
   — Marina, por favor. Eu estou te pedindo.
Diante do profundo olhar dele, a jovem cede.
   — Tudo bem. Não vou mais comentar sobre isso. 

Abraçados, Chay e Isabela descem atrás de Mel para tomarem café da manhã.
   — Pai, a gente precisa ter uma conversa.
   — É? — indaga Chay olhando para a nuca de Mel, praticamente vendo a ex-mulher revirar os olhos.
   — Sim, uma conversa séria.
   — Eu também acho que a gente tem que conversar — ele concorda. — Mas agora não é momento para isso, você não acha?
   — Eu acho! — Mel para no pé da escada e olha para os dois. — Você precisa descansar, filha.
   — Não tem como descansar com alguns questionamentos na minha cabeça.
Chay e Mel se olham e encaram a filha.

Com medo de sentir alguma dor, Yasmin faz respirações curtas ao acordar e permanece de olhos fechados até ter a garantia que a ação de respirar não lhe causa transtornos. 
   Ao ver a namorada acordar, Victor fica animado mas também preocupado. Ele mantêm distância da cama por medo de assustá-la. Mesmo assim, quando os olhos dela se encontram com os seus, ela demonstra espanto.
   — O que é isso? — pergunta a loirinha com a voz fraca.
As mãos de Victor começam a suar.
   — Calma, Yasmin — ele pede com a voz hesitante. — É... pode parecer estranho pra você agora, mas... mas eu sou seu namorado. 
O loiro observa a reação dela sem respirar e fica apavorado ao ver a boca de Yasmin se entreabrir. Ela parece buscar palavras para dizer, mas não encontra nada de imediato. Seu olhar vaga pelo quarto e volta a encarar o rapaz.
   — O que está acontecendo, Victor?
Sem pensar, Victor caminha até a cama dela.
   — Victor? Você lembra o meu nome?
Yasmin continua com uma expressão de perplexidade no rosto.
   — É claro que eu lembro o seu nome, Victor. O que está acontecendo?
   — Peraí — ele pisca com rapidez —, você não tá com amnésia?
   — Eu? Não, eu me lembro bem do que aconteceu. Eu estou aqui porque fui baleada.
   — Ai, Yasmin! — suspira Victor com alívio. — Nossa, você não tem noção de como eu fiquei.
   — Realmente não tenho.
   — Eu ouvi as enfermeiras que saíram do seu quarto lamentando — ele continua sem tê-la ouvido. — Eu pensei que elas estivessem falando de você, mas pelo visto não estavam. Mas então... — Seu olhar observa atentamente o rosto dela. — Por que você reagiu daquele jeito ao me ver?
   — Eu não esperava te ver aqui — conta Yasmin. — Não depois do que aconteceu lá na fazenda.
   — Como assim, Yas?
   — Você me largou lá na grama. Você não quis ficar do meu lado.
As palavras dela o atingem como um soco.
   — O que você está falando, Yasmin? — indaga em um sussurro. 


Comentários

  1. Isa é bom mesmo da um gelinho na mãe!! Não tiro suas razões de não gostar do Reinaldo. Lembre-se " Você nao é obrigada a nada". Eu tbm passei pela mesma situação que você não tinha santo que fizesse eu gostar do meu padastro. E vendo você me identifico dei um bom tempo um gelo na minha Mãe e fui morar com meu pai. Quando eles se separaram minha mãe agradeceu aos céus por ter se livrado de um traste que no começo mostrou uma coisa e no fim foi outra!
    #Eu_apoio_você_morar_com_o_Chay

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  2. Renata, como você pode fazer isso comigo??? Eu tenho coração e você está destruindo ele... Kkkk. Brincadeira, não, sério... como você consegue escrever tão bem???
    Quando eu pensei que a a Yas estava com amnésia, comecei a chorar... mas, não era nada disso!
    E esse final... isso é o que? Para esmagar de vez o meu coração!!
    Eu necessito do porco e do proximo... capítulo!

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  3. Isa você está super certa em ficar brava com sua Mãe afinal você não é obrigada a conviver com pessoas que você não gosta

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  4. A isa até pode está brava, mais e um direito da Mel em se envolver com outra pessoa, mais isso não significa que eu não sou a favor da volta de chamel ok

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  5. Ter padrasto não é a pior coisa do mundo , continua logo Re

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  6. Ter padrasto é muito legal, temos que acabar com essa imagem de que todo padrasto e madrasta são pessoas más, que não vão gostar dos filhos do parceiro. E é imaturidade da Isabela se ela ficar contra o relacionamento da Mel com o Reinaldo. Tudo bem demorar um tempo para aceitar, isso é normal já que ela sempre teve a visão da Mel com o Chay, mas ela é filha e a felicidade da mãe dela tem que vir acima de tudo e não há dúvidas de que a Mel está sim feliz com o Reinaldo.

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    Respostas
    1. Não é imaturidade pelo menos da minha parte eu nao acho " Ela não é obrigada a aceitar uma pessoa que ela não gosta." Todo mundo sabe que nem todos os padatros são ruins mas tem outros que são sonso como esse Reinaldo que está mostrando um príncipe que na final da noite o sapo aparece! Seria uma boa ela passar um tempo fora com pai pra esquecer tudo que aconteceu pra depois aceitar a história da Mel.
      Mel precisa sim receber um pouco de gelo da filha e tentar entender o sentimentos dela! Não é todos os dias que são de alegrias ha outros que são de tristeza
      Eu não tiro de forma alguma as razões da Isa de ser grossa com a Mãe... E que essa conversa seja para comunicar que ela passará um tempo com o Pai


      #Eu_Apoio

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    2. A Isabela realmente não é obrigada a aceitar quem ela não gosta, mas é obrigada a respeitar e ser educada com todos, assim que a Mel e o Chay a educaram. E em momento algum o Reinaldo foi "um sapo" até agora, nem sonso.

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