Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 293: Terror na fazenda
Daniel está em um sono profundo em seu quarto confortável e luxuoso. Ao contrário dele, Luíza permanece bem acordada, olhando a rua movimentada através da janela. Um bipe em seu celular desperta sua atenção e ela caminha até a mesinha de cabeceira.
— Ai, meu Deus! — exclama largando o celular na cama. — Daniel! Daniel, acorda! Daniel!
O engenheiro desperta abruptamente com os gritos dela.
— O que foi, Lu? — pergunta esfregando os olhos. Trêmula da cabeça aos pés, Luíza apenas aponta para o seu celular sobre os lençóis.
Daniel pega o aparelho e seu sono desaparece por completo.
— O que é isso?
— Acabou de chegar — conta Luíza com a voz fraca. Os dois fitam a imagem de uma das mãos de Nícolas.
— Calma — Daniel pede levantando da cama.
— Como eu vou ter calma? — Luíza sai do estado de choque e fala com a voz esganiçada. — Eles pegaram o Nícolas, Daniel!
— A gente não pode ter certeza — rebate o engenheiro e arquiteto tentando manter a racionalidade diante do ocorrido. — Essa foto pode ter sido tirada quando o Augusto buscou o Nícolas no colégio.
— E como a gente pode ter certeza? Não há como! — Ela gira e corre para o closet. — Eu não vou ficar com essa dúvida, não mesmo!
— O que você vai fazer? — pergunta Daniel acompanhando a esposa colocar um sobretudo preto por cima da camisola.
— Eu vou atrás do Augusto e da Marisa. Agora! — Ela pega um par de botas de cano curto e sai do quarto com rapidez.
— Você não vai sozinha! — Daniel alcança algumas peças de roupas e vai atrás dela.
Samuel bate a porta do banheiro com força ao passar, sem se importar em fazer barulho pois sabe que ninguém ouvirá por causa da música alta. A festa de Malu invade a madrugada, todos os funcionários dormem em seus aposentos longe do casarão e na sala todos dançam ao som de I'll show you, Justin Bieber. Malu sobe na tampa do vaso sanitário e puxa Samuel. Eles se beijam com voracidade, ele a pega no colo e a senta sobre a pia. Sem interromper os beijos pra lá de quentes, abre a primeira gaveta e retira um preservativo.
— O que é isso? — indaga Malu rindo.
— Uma dica do Felipe — ri Samuel. — Mas não vamos ficar falando disso — ele pede abrindo os botões de sua camisa.
— Não mesmo — concorda a morena puxando ele para perto novamente.
Minutos depois, Luíza e Daniel chegam ao prédio em que Augusto está morando com Marisa. Eles subornam o porteiro e conseguem subir sem serem anunciados.
— Vou tentar arrombar a porta — avisa Daniel ao sair do elevador.
— Espera — pede Luíza passando a frente dele. Ela gira a maçaneta e a porta abre. — Pelo visto eles não temem ser encontrados.
Os dois entram e veem Marisa sentada em um poltrona na sala assistindo televisão. O cabelo dela está bagunçado e ela tem a aparência de quem não toma banho há dias.
— Vejo que tenho visitas — fala sorrindo para o casal. Luíza e Daniel ficam espantados com o estado físico dela, pois ela não se parece nem um pouco com a madame que costumava ser anos atrás. — Então vocês viram a minha mensagem — conclui com um sorriso doentio. — Eu mandei logo que o Augusto desapareceu. Eu fiquei entediada e resolvi mandar uma fotinha que achei do Nícolas no celular dele.
— Como assim o Augusto desapareceu? — questiona Luíza chegando mais perto dela.
— Sumiu, foi embora, puf — ri Marisa com os dentes apodrecidos.
— Ela está blefando — resmunga Daniel. — Ele deve estar se escondendo nesse covil. — Ele entra em um corredor e começa a procurar pelo pai.
Sozinhas na sala, Luíza e Marisa encaram-se e a psicóloga não fica intimidada pelo brilho maligno nos olhos da madrasta de seu esposo.
Na fazenda, Graziele sacode a cabeça enquanto dança com Isabela e Yasmin. Ela perde o equilíbrio, tropeça e esbarra em Thiago.
— Desculpa — pede olhando para ele.
— Tudo bem. — O rapaz tenta se afastar, mas a ruiva pega no braço dele.
— Vamos dar um trégua, pelo menos hoje — ela propõem com tristeza na voz.
Thiago fita os olhos dela com muita intensidade até que sacode a cabeça e diz:
— Eu prefiro do jeito que está. — Ele puxa o braço e caminha para o outro lado da sala.
— O que vocês fizeram com o meu filho? — Luíza pergunta chegando ainda mais perto de Marisa, que apenas ri. — O QUE VOCÊS FIZERAM COM O MEU FILHO? — berra a psicóloga.
— Ei, ei, ei — ri Marisa levantando-se aos poucos. — Vamos com calma, franguinha! Tudo em seu tempo, não acha?
— Cadê o Nícolas? — Luíza exige saber e empurra Marisa com ódio.
— Não toca em mim! — Marisa ordena e dá as costas à Luíza, rodeando o sofá.
— Me responde, sua vagabunda! — Com rapidez, a irmã caçula de Mel corre até Marisa e ergue a mão para puxar o cabelo dela, no entanto a mulher é mais veloz.
No instante seguinte, Luíza está no chão com Marisa sobre si e a lateral do rosto ardendo do forte tapa que recebeu.
— Eu te avisei para não tocar em mim — lembra Marisa com a voz baixa. Seu rosto transparece toda a loucura que existe em seu interior. — E eu não gosto de ser contrariada, você sabe, né?
Luíza tenta sair do aperto dela, mas como Marisa é maior e mais pesada, não consegue nenhum resultado satisfatório.
— Eu tenho nojo de você — fala parando de se debater. — Nojo!
Marisa sorri, passa os dedos pela bochecha de Luíza e ergue a mão no ar, preparando-se para dar outro tapa na psicóloga. Contudo, ela tomba para o lado antes de acertar o rosto de Luíza, que olha para os lados com confusão, até que o vê.
Daniel está parado segurando firmemente um abajur, o olhar de desprezo em Marisa. Ele coloca o objeto novamente em uma mesinha de canto e estica a mão para a esposa.
— Vem!
Luíza fica em pé novamente e olha para a desacordada Marisa.
— Ela te machucou? — indaga Daniel acariciando a bochecha dela. O gesto é idêntico ao da madrasta dele, mas as intenções e os sentimentos envolvidos são completamente opostos.
— Não muito. Cadê o Augusto? — ela pergunta com urgência.
— Ela estava falando a verdade, ele saiu.
— Mas que merda! — xinga Luíza. — O que a gente faz agora?
Antes de Daniel responder, eles ouvem um ruído vindo do chão e olham para Marisa, que ri de maneira macabra.
— Esperem só para ver o que vai acontecer quando o Augusto pegar aquele fedelho.
Tanto Luíza quanto Daniel fica assustados com as palavras dela.
— Do que você está falando? — ele questiona.
Ainda rindo de forma doentia, Marisa fala:
— O que vocês tanto temem aconteceu. — Ela tosse e massageia a nuca onde Daniel a golpeou. — O Augusto foi para a fazendinha do Chay.
O casal ignora a gargalhada que ela solta em seguida e sai em disparado pela porta.
Sozinha em um corredor do casarão, Graziele chora silenciosamente de cabeça baixa. Vinícius aparece e caminha até ela com preocupação.
— Grazi? O que houve? — pergunta colocando uma mão em seu ombro.
A ruiva funga e ergue os olhos até ele.
— Adivinha? — pede sorrindo melancolicamente.
— Thiago, né? — Ela assente e é abraçada por ele. — Não fica assim — aconselha. — Ele está passando por um momento complicado.
— Eu sei, mas dói! — chora a adolescente. — Você não tem ideia de como dói, Vini.
O rapaz aperta ela em seus braços, falando com sua voz suave:
— Não fica assim. Isso não faz bem nem pra você, nem pra ele. — Segurando o rosto de Graziele entre as mãos, acrescenta: — Olha, hoje é aniversário da sua melhor amiga, dia de comemorar, se divertir. Não fica assim, por favor.
Ela assente e fecha os olhos quando Vinícius com os polegares enxuga suas lágrimas.
— Eu vou ali no meu quarto — ele fala pegando nas mãos dela —, quando eu voltar, vou te ver lá na sala dançando, certo?
Graziele sorri, ainda com os olhos marejados e o nariz vermelho.
— Certo.
Vinícius dá um beijo na testa dela e caminha até o seu quarto. Ao entrar no cômodo, depara-se com Felipe.
— E aí, cara? — fala o moreno.
— Hum. — Vinícius caminha até o armário.
— Vinícius, você vai ficar me ignorando? — O outro não responde. — Vamos conversar e colocar todos os pingos nos "is" então?
O rapaz vira e olha para ele.
Daniel dirige seu carro pelas ruas velozmente, tomando uma das saídas da cidade. Após fazer uma curva acentuada, aperta um botão no painel e liga para César. A ligação cai na caixa de mensagem e ele fala:
— César, eu estou indo para a fazenda do Chay, onde o Nícolas está, você sabe o endereço. O Augusto foi para lá. Eu não sei o que vai acontecer — Luíza estremece ao seu lado —, então quando você ouvir essa mensagem você já sabe o que fazer.
— O que você quis dizer com "você já sabe o que fazer"? — indaga Luíza assim que ele desliga.
— Nada demais — ele tenta tranquilizá-la. — Só algumas precauções que eu e o César decidimos tomar.
— Que precauções? — insiste ela em saber.
— Nada com que você tenha que se preocupar agora — Daniel encerra o assunto.
De mãos dadas com Nícolas, Anelise caminha pelo corredor de acesso aos quartos.
— Sua mãe não pode nem sonhar que você ainda está acordado — comenta.
— Mas eu não estou com sono.
— Não é o que os seus olhinhos vermelhos estão dizendo — ri a irmã de Chay.
Ao passarem pelo quarto de Vinícius, Felipe e Victor, eles captam vozes masculinas alteradas.
— Era só o que me faltava — resmunga Anelise. Ela olha para Nícolas e manda: — Vai para o quarto e escova os dentes, tá? Daqui a pouco eu estou indo lá.
Vendo a expressão séria dela, Nícolas não rebate.
— Tá bom — responde e segue as indicações.
Anelise respira fundo e entra no quarto, vendo Vinícius e Felipe um de frente para o outro, discutindo.
— O que é agora? Segundo round?
Encostada em um sofá, Yasmin toma suco despreocupadamente, olhando os amigos dançarem. Ela vê quando Malu sai do corredor seguida de perto por Samuel. Os dois pegam direções opostas e a loirinha vai até a aniversariante.
— Rosto corado, bochechas vermelhas, suor no rosto — aponta analisando a amiga. — Vocês são uma maquininha?
Malu ri.
— São os hormônios da idade.
As duas gargalham.
— Me dá isso aqui! — Malu puxa o copo de suco das mãos de Yasmin e o entorna. — Preciso me recuperar.
A loirinha cai na gargalhada.
— Poupe-me dos detalhes sórdidos.
Com as mãos na cintura, Anelise ralha com Vinícius e Felipe:
— Sério, eu não sou babá de vocês. Eu vim aqui para cuidar do Nícolas, não de vocês. Nem filho eu tenho, agora eu vou ter que ficar resolvendo briguinha de dois marmanjos?
— A gente não estava discutindo — responde Felipe.
— Ah, não?
— Não, a gente só estava conversando, se acertando.
— Não foi o que me pareceu.
— É que a gente se excedeu um pouco — explica Vinícius passando a mão na nuca, que está tensa demais para a situação.
— Só que eu já estou cansada de excessos, Vinícius! Eu e o Nícolas chegamos ontem e já teve briga no café da manhã, discussão na sala, agora discussão no quarto... Vocês são sempre assim? Porque nas reuniões de família não parece!
— Nós não somos assim — responde Felipe. — Você conhece a gente, Ane.
— Por isso mesmo estou surpresa. Caramba, quando...
— Espera aí — pede Vinícius indo até a janela.
— Espera aí nada — devolve Anelise —, eu estava indo colocar o...
— É sério, tia — ele interrompe novamente e estreita os olhos contra o vidro da janela. — Tem alguém chegando.
Anelise fica em estado de alerta e Felipe repara.
— Como assim? — ela pergunta parando atrás dele.
— É um homem — comenta Vinícius —, não estou conseguindo reconhe...
— É o Augusto — interrompe Anelise. Ela gira com rapidez e começa a caminhar de um lado para o outro. — A gente precisa fazer alguma coisa. Ele não pode encontrar o Nícolas.
— Como assim, tia?
— Olha, a verdade é que eu e o Nícolas viemos para cá pra tirar ele do alcance do Augusto, pai do Daniel. Agora ele encontrou a gente e eu não posso deixar que ele toque no Nícolas!
— C-como? — Felipe não entende nada.
— Eu não tenho tempo pra explicar agora, nós precisamos agir — fala Anelise com pressa. — O Nícolas não sabe de nada.
— Eu fujo com o Nícolas! — Felipe e Anelise olham para Vinícius sobressaltados. — Onde ele está, tia?
— No nosso quarto.
— Ok, eu fujo com ele pela janela. — Ele caminha até a porta e mesmo não gostando da ideia, Anelise não o impede pois não consegue pensar em algo melhor. No entanto, Felipe o faz.
— Leva isso — diz pegando uma cartela de remédio no armário.
— O que é isso? — indaga Anelise com preocupação.
— É o sonífero que a gente deu para o Vinícius — explica Felipe falando rapidamente. — Dá pro Nícolas, assim ele não fica assustado com as coisas.
— Ok. — Vinícius pega o remédio e sai do quarto correndo.
— Não tem perigo ele tomar esse remédio, né? — A preocupação de Anelise quanto a isso não diminui.
— Não, é só um sonífero, Ane. Fica tranquila! Vamos falar pro outros, antes que o Augusto entre.
— Vamos!
Ao abrirem a porta do quarto, ouvem gritos vindo da sala e trocam um breve olhar antes de saírem em disparada para lá.
— Que grito foi esse? — Nícolas pergunta para Vinícius, que está de costas para ele dissolvendo um comprimido do sonífero em um copo de água.
Com os batimentos cardíacos descompassados, Vinícius responde com a voz mais calma que consegue:
— Faz parte da brincadeira que eu te falei, lembra? E a gente vai ter que se esconder.
— Eba! Então vamos logo. — A criança corre para a porta, mas Vinícius puxa sua blusa antes que ele saia.
— Não, ainda não. Primeiro você tem que tomar isso aqui — diz entregando o copo para Nícolas.
— Água?
— Água? Não! Isso é um suco mágico. Vai, toma! — ele apressa temendo que Augusto os encontre.
— Toma primeiro — Nícolas empurra o copo para ele. Como está com pressa, Vinícius não encontra outra saída e beberica a água batizada. Em seguida, entrega novamente o copo para o primo. — É pra tomar tudo? — pergunta o garotinho e o rapaz confirma com a cabeça.
Nícolas vira o copo e toma a água de olhos fechados. Aproveitando do momento, Vinícius cospe o gole que tomou em um potinho com canetas.
— Vamos? — ele apressa arrastando o menino até a janela.
— A gente vai sair pela janela? — indaga Nícolas entusiasmado com o que acredita ser apenas uma brincadeira.
— Sim, fica quietinho pra ninguém encontrar a gente, tá? — pede Vinícius e os dois pulam a janela. Vinícius olha ao redor e segue rumo a floresta com Nícolas, receando ir para as outras edificações da fazenda e Augusto ir procurá-los lá.
Logo que chegam à sala, Anelise e Felipe deparam-se com Augusto, que está perto do armário com uma mala ao lado e um revólver firme em uma das mãos. Os adolescentes se agrupam perto da porta, o mais longe possível dele.
— Ora, ora! — exclama Augusto olhando para os dois. — Sabia que estava faltando gente.
O olhar de Anelise cai na porta e ela se pergunta por que ninguém tentou fugir ainda.
— Se eu fosse você não faria isso — fala Augusto vendo as intenções dela. — Eu avisei aos seus amiguinhos que se eles fizeram qualquer movimento brusco, essa queridinha aqui — ele sacode a arma — vai entrar em cena.
A jornalista olha assustada para os jovens, o pânico estampado no rosto de todos, exceto no de Brian que está desorientado sem entender nenhuma palavra.
— Cresceu o meu netinho, né? — Augusto ri olhando para Felipe. — Ah, não! Não é ele. — Seu sorriso desaparece num piscar de olhos. — Cadê o Nícolas? — exige em saber de Anelise, a arma apontada para os adolescentes do outro lado da sala.
— Ele foi embora — conta a jornalista e o pai de Daniel ri.
— Você quer mesmo que eu acredite nisso?
— Ele foi embora, porque passou mal.
— E por acaso ele foi sozinho?
— Não, o Vinícius foi com ele de táxi.
Augusto olha para cada um dos adolescentes procurando por Vinícius.
— E por que você não foi com ele? — indaga voltando a olhar para ela.
— Porque eu pedi — Thiago é quem responde.
— Você? — repete Augusto com incredulidade. — Vocês acham que eu sou idiota? — Ele segura o revólver com mais força.
— Não, é verdade — garante o rapaz. — Você não deve saber, mas eu tenho problemas com drogas e bebidas e como hoje é aniversário da Malu, eu pedi para a Anelise ficar porque eu sabia que se tivesse algum adulto me supervisionando eu não beberia nada.
Augusto caminha lentamente até os jovens e todos prendem a respiração.
— Não faça nada, por favor! — pede Anelise entrando em pânico.
— Cala a boca — ordena Augusto. — Vamos ver se é realmente verdade. — Ele segura no pulso de Isabela com força e a arrasta até o armário.
Felipe fica paralisado de medo e Yasmin aperta a mão de Victor com todas as suas forças.
— Menina — ele diz abraçando Isabela por trás na altura dos ombros, colocando a arma apontada para a cabeça dela. — Menina, eu lembro de ter falado com você na frente de uma igreja, tão meiga, tão doce, tão sincera. — Ele aperta o cano da arma contra a lateral da cabeça de Isabela, que mal respira de tanto medo. — Me diz você, que não costuma mentir, é verdade toda essa história?
Os outros ficam temerosos, pois sabem que Isabela mente muito mal. Brian olha de um para o outro e de centímetro a centímetro vai chegando mais perto da porta.
— É-é — gagueja Isabela.
— É verdade? — insiste Augusto apertando o pequeno corpo dela.
— É — garante Isabela agora com a voz mais firme. — Por favor, não faça nada contra mim. É verdade, eu juro!
Augusto fica imóvel por alguns segundos, o que os deixa ainda mais assustados.
— Volta para perto dos seus amiguinhos — diz empurrando Isabela. A garota tropeça nos próprios pés e corre até os amigos, lançando um olhar nervoso à tia e ao namorado. — O que eu faço agora? — Augusto pergunta tanto para eles quanto para si mesmo. — Vim até aqui para pegar o meu netinho, mas ele não está. Nem o Daniel, nem a Luíza estão aqui para eu me divertir um pouco — ele ri e se apoia no armário, mas o revólver continua firme em sua mão.
"Sabem, não tem sido fácil a minha vida desde que o meu querido filho conheceu a vadiazinha da Luíza. Ela mudou a cabeça dele e como ele ficou todo apaixonadinho, ficou difícil de arrancar dinheiro dele. Até fugir do país eu tive que fugir! A minha filha morreu, a minha mulher ficou maluca e agora? Agora eu quero vingança. Nada mais justo, né? Quando eu soube que tinha um netinho logo quis conhecê-lo, mas está difícil conviver com esse moleque, hein? Nem conquistar uns trocados as custas dele eu consigo. Tá complicado a coisa, mas...
Seu discurso é interrompido quando Brian, de mãos dadas com Jaqueline, abre a porta e corre para fora. Sem pensar nas consequências, Samuel agarra o braço de Malu e sai atrás dos dois. Augusto engatilha a arma e atira antes deles passarem pela porta.
Yasmin e Isabela gritam, Graziele paralisa, Felipe e Thiago levam as mãos à boca enquanto Victor e Anelise não reagem.
Augusto ri e caminha até a porta, a arma agora apontada para os que ficaram.
— Pois é, acho que acertou a branquinha de cabelo preto, o que vocês acham? — pergunta rindo para eles. Com a mão livre fecha e tranca a porta de correr quadriculada.
Ele retorna para perto do armário e sorri analisando as expressões dos outros.
Do lado de fora, o quarteto corre em disparado para as outras acomodações da fazenda, onde inclusive Vera, Sandra, Evaldo e Ulisses dormem alheios aos fatos. Assim que se trancam em um dos cômodos, o quartinho de instrumentos de Chay, se olham assustados.
— Vocês estão bem? — pergunta Jaqueline que treme sem parar.
— Sim — respondem Samuel e Malu.
— Você está bem? — Ela repete em inglês para Brian, que assente.
No entanto, Samuel ofega ao olhar para Malu.
— Você está sangrando.
— O quê? — se assusta a morena. Ele leva uma das mãos até a cabeça dela e percebe que é a sua orelha que sangra.
— Acho que a bala passou de raspão aqui — comenta olhando para o sangue em seus dedos.
— Mas eu tô bem — garante Malu. — Não me atingiu! — Seus olhos começam a lacrimejar e ela leva uma mão até o braço onde há uma cicatriz. — Não me atingiu — repete e é abraçada por Samuel.
— A gente precisa fazer alguma coisa — fala Brian. — Eles ainda estão lá!
— Sim, vamos chamar a polícia — diz Jaqueline.
— Ninguém aqui está com o celular — observa Samuel e Malu diz em um sussurro:
— Os funcionários estão dormindo aqui.
— Boa! — exclama Jaqueline. — Vamos atrás deles.
— Vão vocês dois — Samuel fala. — Eu vou ficar aqui com a Malu. — Ele olha para a amiga e fala baixinho: — Acho que ela está traumatizada porque lembrou do tiro que levou no braço.
Jaqueline assente e puxa Brian para fora do quarto. Samuel abraça Malu com mais força e diz:
— Fica calma, tá? Daquela vez eu não pude agir, mas agora eu não vou deixar que nada aconteça com você.
Na sala do casarão, Augusto começa a gargalhar e Anelise fica apavorada ao ver que ele está perdendo cada vez mais a sanidade.
— O que eu faço agora? — ele pergunta olhando para eles. — Mato mais um de vocês? — Isabela se encolhe ainda mais. — Torturo o rapazinho ali? — Seu olhar cruza com o de Victor. — Você não me parece estar muito assustado, né? — Ele ri. — Não está com medo?
— Deixa ele em paz!
Augusto desvia o olhar e encara quem gritou.
— É seu namoradinho? — pergunta para Marina, que agiu por instinto. — Responde, garota! — ordena apontando a arma para ela.
— N-não.
— Não? Então deve ser seu irmão. Soube que vocês são tudo irmão e namorado um do outro — ele ri, mas logo fica sério. — Venha aqui. Anda, garota!
— Não! — Victor dá um passo a frente, soltando a mão de Yasmin.
— Mais um movimento e eu atiro nela — avisa Augusto. — Você viu o que eu fiz com a outra, né?
Yasmin começa a chorar silenciosamente, pensando em Malu, e Marina caminha até Augusto com as pernas bambas. O homem segura no braço dela, que exclama de imediato:
— Ai! — Ela se contorce, pois ele pegou exatamente onde está machucado.
— Eu, hein! — Augusto ri. — É feita de açúcar, querida? Eu ainda não fiz nada!
— Ela está machucada — explica Victor, sentindo cada molécula de seu corpo vibrar de raiva de Augusto e também de arrependimento por ter sido o responsável pela queda de Marina.
— Ah, tadinha, vai ficar ainda pior! — O homem ri e Marina estremece. — Abra a mala! — A jovem está tão assustada que não consegue se movimentar. — Abra a mala — repete Augusto pausadamente e aponta a arma para Victor. — Quer algum estímulo?
Anelise enterra as unhas na palma das mãos tentando se controlar e lentamente Marina abre a mala que está ao lado do avô de Nícolas. Ela paralisa ao ver o que tem dentro e mal ouve quando Augusto manda:
— Pega o galão. — Todos olham para a garota, que continua imóvel com os olhos fixos dentro da mala. — Mas que coisa! Pega o galão! — Augusto mexe rapidamente a mão e dá uma coronhada na parte de trás da cabeça de Marina, que cai de joelhos no chão.
Isabela solta um gritinho e Victor cerra a mandíbula sem desviar os olhos da irmã.
— Pega o galão e começa a espalhar pela sala — instrui Augusto com o cano do revólver encostado na cabeça de Marina e os olhos em Victor, saboreando do sofrimento mudo e inexpressivo dele.
Uns pontos pretos e brilhantes dançam em frente aos olhos de Marina, resultado do forte impacto em sua cabeça. Com os dedos pálidos e trêmulos, pega um grande galão de gasolina e começa a fazer o que Augusto mandou.
Seu olhar não cruza com nenhum de seus amigos, os quais estão congelados de terror. Ela praticamente não enxerga nada a sua frente, apenas ouve a voz do namorado em sua mente dizendo:
"Eu tive um sonho essa madrugada. Um sonho muito estranho, muito vivo! [...] não foi um sonho qualquer [...] parecia uma daquelas coisas. [...] Calor. Fumaça. Fogo. [...] Eu estou começando a ficar assustado, Mari."
Seguindo as instruções de Augusto, Marina pensa em Vinícius e balbucia para si em choque:
— Calor. Fumaça. Fogo.
Ai mds que cara louco, tem que chegar alguém logo pra ajudar eles,ta muito perfeita o imagime
ResponderExcluirTadinho!
ResponderExcluir😣😣!
ResponderExcluirOMG 😨
ResponderExcluirVocê só pode estar querendo me matar do coração... Re, pelo o amor de Deus, eu estou em pânico e de nova aberta... como isso tudo pode acontecer!!!
Você precisa continuar... Você precisa postar mais
Renata, estou em pânico junto com eles! Você fez com que eu chorasse. O capítulo está incrível, mas se for pra alguém morrer, por favor, que esse alguém seja o Augusto. A Luiza e o Daniel precisam de paz! Posta esse sábado pelo amor de Deus.
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