Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 292: Isabela fica sabendo dos motivos que levaram Anelise e Nícolas à fazenda
Próximo da hora do almoço, Yasmin arrasta Victor até a cozinha sem a mínima delicadeza.
— Você precisa colocar gelo nesse olho — ela resmunga com a voz áspera.
Diante da animosidade da namorada, o loiro apenas assente e se apoia na mesa. A loirinha pega duas pedrinhas de gelo no congelador e as enrola em um pano de louça. Ela se aproxima dele e pressiona o pano contra o olho esquerdo do jovem.
— O Vinícius caprichou — comenta.
— É — concorda Victor sentindo o olhar latejar.
— Foi merecido!
Ele olha para ela e fica em silêncio.
— Onde vocês estavam com a cabeça? — indaga a garota depois de alguns instantes.
— Era só uma zoeira.
— Vocês disseram a mesma coisa sobre anteontem e a Marina acabou machucada, a gente pensou que vocês tivessem aprendido a lição.
— A gente aprendeu, mas a gente já tinha comprado o sonífero, então a gente não podia deixar passar. E ninguém esperava essa reação do Vinícius!
— Então era para isso o sonífero — conclui Yasmin lembrando da conversa que teve com Isabela. — E você falando para a Isa que tinha insônia.
Victor dá de ombros.
— Eu não podia falar a verdade.
— Ridículo! — Ela sacode a cabeça. — O Vinícius tinha que ter batido no Felipe também.
— É, só eu que me ferrei.
— Cala a boca que você mereceu.
— Hum.
Passa-se mais um tempinho, o gelo já está quase todo derretido, e Yasmin fala:
— Você não vai pedir desculpas para o Vinícius?
— Não sei.
— Não sabe? — ela repete em tom de indignação.
— Eu não quero tomar outro soco e eu sei que não posso retribuir.
Yasmin ri de maneira sarcástica.
— Era só o que faltava, né? Você devolver o soco que o Vinícius te deu.
— É por isso que eu prefiro deixar passar um tempo, sem contar que hoje é o aniversário da Malu, eu não quero estragar mais ainda o clima.
— Você nem se importa com isso.
O gelo derrete por completo e Yasmin se vira para a pia, mas não chega a se afastar pois Victor segura em seu braço e a abraça. O rapaz busca os lábios dela e eles iniciam um beijo lento. Yasmin envolve os ombros dele e eles ficam assim por alguns minutos, até que ela o afasta e vai até a pia.
Vinícius entra na cozinha nesse momento e não olha na direção do loiro. Ele caminha até o armário e começa a procurar por algo enquanto Yasmin se vira e fica olhando para os dois. Então, Victor fala:
— Vinícius, foi mal!
O filho de Mel ergue a cabeça, os cabelos já cacheados novamente.
— O que você falou?
— Foi mal — repete Victor. — Eu não pensei que você fosse ficar tão p*to.
— Pois é, eu fiquei. — Vinícius volta a se inclinar e olhar para dentro do armário.
Victor olha para Yasmin e ela levanta as sobrancelhas, incentivando-o a continuar.
— Eu sei que passei do ponto e eu não quero que fique um clima estranho entre a gente, afinal de contas a gente veio para curtir os últimos dias de férias.
— Acontece que apenas você e o Felipe estão curtindo. — Vinícius volta a olhar para ele. — Porque eu não sei se você percebeu, mas ninguém ali do nosso grupinho gostou das ações de vocês. A Yasmin e a Isabela sempre deixaram claro, desde o começo, que não gostavam disso, a Marina acabou se machucando e eu... eu dei um soco em você!
— A gente pensou que vocês fossem ser mais participativos.
— Mas nós não somos.
Victor troca o peso do corpo de uma perna para a outra.
— Olha, Vinícius — fala começando a ficar impaciente —, eu que tive a ideia porque lembrei que uma vez a Marina fez... Como é o nome? — Ele olha para a namorada. — Quando fica cacheado.
— Babyliss — responde a loirinha.
— Pois é — Victor encara novamente Vinícius —, eu lembrei que a Marina fez babyliss no seu cabelo, todo mundo riu e você não ficou tão bravo.
— A situação foi completamente diferente! — exclama o outro rapaz alterando a voz, o que deixa Yasmin receosa de que ele parta para cima de Victor mais uma vez. — Eu deixei a Marina fazer, vocês me doparam!
— Dopar é uma palavra muito forte.
— Mas foi o que vocês fizeram! Cara, vocês me deram sonífero, você tem noção da seriedade disso, Victor?
— Se a gente não tivesse te dado você poderia acordar enquanto a gente fazia.
— Meu Deus, você está querendo se justificar! — indigna-se Vinícius e a única garota no cômodo resolve intervir:
— Ele só está querendo pedir desculpas.
— Mas ele não me parece arrependido.
Yasmin olha para Victor e o aguarda dizer que está arrependido, mas isso não ocorre.
— Só parece — ela mente lançando um olhar torto para o namorado.
— Olha, eu vou te desculpar, Victor — ele fala olhando para o cunhado. — Mas só por causa da Marina e da Yasmin. Eu não quero que fique um clima estranho entre a gente, mas eu estou muito chateado com você. Apenas isso! — O rapaz pega uma barrinha de cereais e sai com rapidez da cozinha.
— Você é muito babaca! — exclama Yasmin com raiva. — Se eu fosse o Vinícius não tinha te desculpado.
— Ainda bem que ele não é você — ri Victor e a loirinha revira os olhos. Ela tenta sair também, mas Victor puxa as pontas do cabelo dela, o que causa revolta nela.
— Tira as mãos de mim! — ela urra olhando para ele.
— As mãos eu tiro, mas a boca não. — Dito isso, o loiro beija Yasmin. Durante o beijo, ele se aproxima dela e une todas as partes de seus corpos, exceto as mãos que ele coloca para trás.
Yasmin ri da situação e o abraça.
— Sério — ela fala entre os beijos —, eu não sei o que eu vi em você.
Sentada em um dos sofás da sala de estar, Malu recebe os abraços de Marina e Isabela.
— Parabéns, Maluzete — ri a menor.
— Parabéns, amiga de loucuras e ressaca.
A morena filha de Nathália e Lucas ri e retribui o abraço das duas.
— Olha — diz Isabela se afastando —, eu comprei um presente pra você.
— Sério? — surpreende-se Malu.
— É, eu pesquisei com a Grazi e com o Samuel as suas bandas favoritas e tcharam! — Ela pega ao lado do sofá uma cesta com diversos CDs, DVDs e Blu rays.
— Caraca! — exclama Malu pegando a cesta. — Que demais, Isa! E o Samuel me veio com senhazinhas — ela ri e nem Isabela nem Marina entendem.
— Que bom que você gostou.
— Gostei mesmo — sorri Malu. — Genial!
Aos poucos, Aline vai despertando e o quarto de Iago vai ganhando foco ao seu redor. Ela joga o cobertor de um super-herói o qual nunca ouviu falar, calça os seus chinelos e caminha com sua necessaire para o banheiro. Depois de fazer suas higienes matinais, coloca um suéter de Iago e sai do quarto.
O garoto está encostado no corredor usando um suéter quase idêntico ao dela, apenas a cor difere.
— Você gostou desse modelo, né? — ela ri.
— Gostei. — Ele dá um selinho nela. — Dormiu bem?
— Dormi, mas teria dormido melhor se você tivesse dormido comigo — ela fala sem rodeios.
— Aline — sorri o garoto.
— Vai dizer que o quarto de hóspedes é melhor que o seu? Duvido — ri a jovem e dá um beijo nele. Enquanto se beijam, eles ouvem um ruído próximo e a voz melodiosa de uma mulher.
— Pelo visto o dia começou bem para os pombinhos!
Os dois se afastam rapidamente e Aline olha para a mulher, que aparenta ter uns quarenta e poucos anos, os cabelos de cor de fogo e armados combinam perfeitamente com sua pele clara e iluminada. Um vestido longo e estampado cobre seu corpo e os pés estão descalços.
— Você deve ser a famosa Aline, não? — Ela sorri para a adolescente.
— Sim — ela responde sem acreditar que essa mulher pode ser a mãe de Iago, pois eles têm estilos completamente diferentes.
— Eu sou a Beth, mãe do Iago.
O queixo de Aline cai sem que ela perceba e tanto Iago quanto Beth sorriem.
— Não parece, né? — ele comenta.
— Quem diria que eu, hippie nas décadas passadas, iria ter um filho tão engomadinho assim, né? — Ela ri abraçando o filho. — Ele puxou o pai. É uma pena o Osmar não está aqui para conhecer a nora dele.
— Mãe!?
Aline ri e coça a bochecha, ficando envergonhada.
— Chega de constrangimentos, né? — ri a artista plástica. — Vamos tomar café! — Ela passa o outro braço pelos ombros de Aline e os três caminham rumo à sala de jantar. — Vocês acordaram tão tarde que acho que é mais inteligente esperar o almoço. — Eles riem.
No meio da tarde, após terem almoçado, os jovens começam os preparativos para o aniversário de Malu. Nícolas é o mais entusiasmado com o clima de festa e ajuda em tudo que pode. Alguns deles estão sentados no tapete da sala enchendo balões enquanto outros penduram e outros colam fotos de Malu pelo casarão, principalmente na sala.
— De quem foi a ideia de jirico de colocar fotos dela grudadas na parede? — questiona Jaqueline com uma fotografia da aniversariante nas mãos.
— A Graziele que trouxe — responde Samuel ao seu lado.
— Só podia ser!
O rapaz ri.
— Apenas faça o seu trabalho, mocinha.
No segundo quarto de Maísa, ela e Jonas conversam.
— Quando você vai me apresentar aos seus pais? — pergunta o rapaz que está deitado no tapete indiano com a cabeça apoiada em uma almofada estampada.
Diante de uma das prateleiras do cômodo pequenino, Maísa responde com outra pergunta:
— Você quer conhecer meus pais?
— Quero, principalmente para não precisar entrar escondido na sua casa.
Ela ri.
— Você não entrou escondido hoje.
— Porque eles não estão em casa.
— Relaxa. — A loira pega um livro e senta no tapete perto dele. — Quando você merecer, eu te apresento.
Jonas ri.
— Quando eu merecer?
— Sim! — Ela deixa o livro sobre a mesinha amarela ao seu lado e pega o celular. — Hoje é aniversário da Malu.
— É? Bom pra ela, né? — Ele ri.
— Não sei se eu mando parabéns ou não.
— Qual é o problema?
— A gente não está tão próxima desde... ah, você sabe.
— Desde que você ficou com o meu ex-melhor amigo que estava ficando com ela?
Maísa lança um demorado e penetrante olhar para Jonas.
— É por essas e outras que você não merece ser apresentado aos meus pais?
Jonas ri e estica o braço para acariciar o joelho dela.
— Ei, para com isso!
— Sai — pede Maísa empurrando a mão dele.
O jovem ri mais um pouco e opina:
— Eu acho que se você quer mandar, manda. Aposto que aquela... garota não vai se importar de qualquer forma.
Ela pensa por um instante.
— Vou mandar! Pelo menos a minha consciência fica tranquila, eu estou tentando nos aproximar, a culpa não será minha se o clima continuar estranho.
A noite se aproxima com rapidez e enquanto termina de se aprontar, Malu conversa com Ben por telefone. Como prefere ter praticidade e agilidade para se arrumar, ela deixa o celular no auto-falante.
— Poxa, Maluzinha, você não colaborou comigo, né? — ri Ben.
— Como assim? — indaga a morena fazendo um delineado nos olhos em frente ao espelho.
— Como eu vou te abraçar e dar parabéns sendo que você está em uma fazenda onde Judas perdeu as cuecas?
Malu ri.
— Quando eu voltar você poderá me abraçar, mas os parabéns você pode me dar agora mesmo.
— Verdade — Ben ri. — Então lá vai! Parabéns, Malu, esse é o primeiro aniversário seu que eu acompanho e eu estou muito feliz por isso, embora eu não vá ganhar bolo — ele ri. — Foi muito bacana a gente ter se conhecido, você é uma garota incrível e eu fico muito feliz por poder contar com a sua presença e também por ter transado com você no banco de trás do meu carro.
Malu cai na gargalhada, curvando-se de tanto rir.
— Você é tão idiota, Ben! Mesmo assim, obrigada.
— Imagina — ele sorri.
— Falando sério agora, eu também gostei de ter te conhecido, apesar dos pesares, você é muito importante no meu presente e espero que continue sendo no futuro. Eu só...
A porta do quarto abre de repente e Samuel passa por ela com um sorriso no rosto. Ele veste uma camisa de botões preta com as mangas dobradas até os cotovelos, uma calça jeans escura e botas de cano curto igualmente pretas. O visual deixa Malu sem ar.
— Você está falando sozinha? — pergunta ele e a garota aponta para o celular em cima da cama. Ao ver a foto de Ben na tela, Samuel fica mais sério.
— Eu vou esperar lá fora — diz dando meia volta.
— Não precisa! — discorda Malu. — A gente já estava se despedindo.
— Eu não quero atrapalhar nada.
— Você não está atrapalhando — responde a jovem incomodada por Ben estar ouvindo o diálogo dos dois. Samuel encosta na parede mais distante do celular, como se o próprio Ben estivesse ali e ele quisesse distanciamento. Malu continua: — Então, Ben, eu só queria que a gente se visse mais, mas como eu sei que as vezes isso não é viável, eu compreendo. Eu tenho um carinho muito grande por você e espero que a nossa amizade cresça ainda mais.
— Com certeza — responde o rapaz e Malu percebe que a voz dele mudou diante da presença de Samuel. — A nossa amizade vai ficar cada vez mais forte. — Ele respira fundo. — Então tá, Malu, curte a sua festa aí na fazenda, comemore com as vacas e...
— Vou comemorar muito com a Jaqueline! — ri Malu e mesmo sem entender Ben ri também. Samuel apenas sacode a cabeça e dá um sorrisinho.
— Seja feliz hoje e sempre, Maluzinha!
— Obrigada, Ben! Pode ficar tranquilo que eu vou curtir "ben" a festa.
Os dois gargalham e se despedem. Assim que desliga o celular, Malu olha para Samuel e fala:
— Viu como o seu irmão é legal?
As palavras dela atingem Samuel como um caminhão sem freio. Ele gira e caminha até a porta, mas Malu corre até ele e segura em seu braço.
— Ei — fala obrigando-o a olhar para ela. — Hoje é meu aniversário, lembra? Você não pode ficar bolado comigo.
Samuel olha intensamente para os olhos dela e dá um leve sorriso em seguida.
— Vai apelar para o psicológico?
— Se funcionar. — Malu sorri e o beija.
O quarto de Daniel e Luíza está iluminado apenas por um abajur e ele se aproveita da luz emitida pelo objeto para ler um livro. A psicóloga sai do banheiro enxugando o rosto em uma toalhinha branca e fala:
— Eu estou ansiosa para amanhã.
— Eu também — confessa Daniel abaixando o livro. — Ainda acho que você não deveria ir.
— E deixar você sozinho nessa? — Ela ri. — Não mesmo.
Daniel sorri enquanto ela deixa a toalhinha sobre uma cômoda e deita na cama.
— Vamos ser positivos e torcer para tudo dar certo.
— Essa é a questão — ela fala se aninhando nos braços dele. — O que é dar tudo certo nesse caso?
Ele fica sério.
— Nós sairmos de lá bem — responde por fim.
— E eles?
Daniel demora novamente para responder.
— A gente tem que pensar somente na gente.
— É — Luíza concorda. Todos os músculos de seu corpo estão tensos. — Eu só estou pensando no Nícolas, eu sou capaz de qualquer coisa para manter o nosso filho bem.
— Eu também. Fico feliz por ele estar a salvo lá na fazenda do Chay e da Mel.
Luíza sorri.
— Agora a fazenda é só do Chay, ficou para ele na separação de bens — explica. — Mas voltando a falar do Nícolas, ele está se divertindo muito lá.
— É, ele me contou aquela hora que a gente ligou para a Anelise. — Apenas quando fala do filho é que Daniel consegue sorrir. — Ele vai ficar bem e nós também.
Após terem jantado juntas na mansão da morena, Mel e Sophia tomam vinho na sala de estar.
— Fiquei sabendo que a Anelise foi para a fazenda com o Nícolas — comenta a loira. — Desde quando ela é babá do seu sobrinho? — Ela ri, mas Mel não a acompanha.
— Quem dera fosse apenas isso — responde a morena. — Anelise praticamente foi esconder o Nícolas lá na fazenda.
Sophia endireita-se no sofá.
— Que história é essa, Mel?
Sua amiga e sócia conta tudo sobre os acontecimentos entre Daniel, Luíza, Nícolas, Augusto, Marisa e agora, Anelise.
— Meu Deus! — exclama Sophia por fim. — Mel, isso é perigoso, né? Sem falar que é muito arriscado da parte do Daniel e da Luíza!
— Sim — concorda a outra. — Mas eles estão desesperados e eu não consigo pensar em outra forma de resolver essa situação. Eles precisam encarar de uma vez por todas esse canalha do pai dele e a madrasta louca.
— Eu sei, mas eles são perigosos.
— É por isso que o Nícolas foi levado para a fazenda. Imagina se ele cai nas mãos do Augusto de novo? Nossa, não gosto nem de pensar!
— A Luíza e o Daniel ficariam malucos.
— Todos nós!
— É. Mas eles estão seguros lá na fazenda, né? Digo, não tem como o Augusto descobrir que eles foram para lá, né?
— Não — responde Mel de imediato. — A minha irmã e o Daniel tomaram todo o cuidado com essa "transferência" do Nícolas.
— Assim espero!
Alguns confetes foram espalhados pela sala de estar da fazenda e as luzes foram apagadas, sendo apenas umas lâmpadas coloridas e giratórias que iluminam o espaço e dão a sensação de casa noturna. A música está em um volume elevadíssimo e se eles estivessem na cidade, com certeza algum vizinho se incomodaria.
Thiago está agachado em um canto escuro onde há uma tomada conferindo se o seu celular já está carregado. Jaqueline não percebe a proximidade dele ao comentar com Samuel:
— Que tipo de festa não tem bebida?
— Mas tem bebida — discorda Samuel sorrindo. — Olha ali, suco, refrigerante, água.
A loira revira os olhos.
— Você entendeu o que eu quis dizer.
— Ah, é meio óbvio, né? — ele rebate falando com seriedade.
— Eu sei, mas é uma merda, você não acha? Agora a gente não pode beber, porque tem pessoas que não consegue se controlar?
— Não é assim, né Jaque? O Thiago está em tratamento.
— Exato! Ele está em tratamento, não nós.
— Mas como nós somos parceiros, vamos colaborar com ele.
Jaqueline faz uma careta.
— Patético isso!
— Para de falar besteira e vamos comer um salgadinho. — O rapaz puxa Jaqueline pelo braço até a mesa de aperitivos.
Quem também estava perto o suficiente dos dois para ouvir a conversa é Marina, que coloca um dedo na boca fingindo provocar o vômito.
— Patética é ela — resmunga sozinha servindo seu copo com Fanta uva.
— Concordo.
A morena leva um susto ao ver Thiago surgir da escuridão.
— Thiago? Você estava aí?
— Sim — ele responde. — E ouvi tudo o que você ouviu.
— Não liga para isso não — pede Marina. — A Jaqueline é ridícula, todo mundo sabe disso. Vem, vamos dançar! — Ela o leva para a pista que foi montada no meio do espaço. Lá, os dois passam a dançar juntos uma batida eletrônica.
A dança dura pouco, pois Graziele e Yasmin entram carregando um bolo para Malu e a música é interrompida. Todos rodeiam a aniversariante e começam a cantar:
— Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. — Eles repetem o trecho e Marina puxa: — Com quem será? — Os outros a acompanham. — Com quem será? Com quem será que Malu vai casar? Vai depender, vai depender, vai depender se o Samuel vai querer! — Eles continuam e por fim Felipe empurra Samuel na direção de Malu. Os dois se abraçam e ele dá um beijinho na bochecha dela.
— Vamos partir o bolo! — exclama Nícolas com empolgação e eles riem.
— O primeiro pedaço — fala Malu segurando um pratinho de plástico nas mãos — vai para uma pessoa que é muito importante na minha vida. Ela é minha parceira, minha ouvinte, minha pau pra toda obra — eles riem —, minha melhor amiga, minha ruiva linda, minha Grazi-linda.
Graziele sorri e recebe o pratinho da amiga.
— Obrigada, te amo, sua melequinha! — As duas riem.
Depois de ter conversado muito um pouco com Mel, Sophia partiu para a própria casa. Ela passa hidratante nas pernas após o banho e fala com Micael, que está deitado ao seu lado.
— Eu estou me sentindo pesada, sabe?
— Comeu demais? — sugere Micael.
— Não — ela dá um leve sorriso. — Pesada no sentido emocional. Não sei se é algo que eu estou realmente sentindo ou só estou impressionada com as coisas que a Mel me contou.
— Eu apostaria na segunda opção — responde o cantor, que já sabe da situação. — Não tem por que se preocupar, amor. O Nícolas e todo mundo está protegido lá na fazenda.
— Eu sei, mas meu coração não entende.
Ele sorri de leve e passa a mão carinhosamente pelas costas dela.
Minutos depois de comerem o bolo e os docinhos, os jovens esbaldam-se na pista de dança. Anelise tenta convencer Nícolas a ir dormir, mas o garotinho permanece firme entre Felipe e Isabela.
— Sua mãe não vai gostar de saber que você foi dormir tarde — argumenta a jornalista.
— É só você não contar para ela! — devolve Nícolas e Isabela ri.
— Nícolas, você tem que dormir. É sério! — fala a esposa de Bernardo.
— Mas eu não estou com sono.
— Só que já está tarde pra você continuar acordado.
— Deixa ele ficar, Ane — pede Felipe. — Hoje é um dia especial.
— Mas a Luíza gosta que ele durma cedo, Felipe.
— Eu sei, mas ele está de férias. Um diazinho não vai mudar totalmente o horário biológico dele.
— Deixa, por favor — suplica o menininho e Anelise cede.
— Ok, mas é só hoje!
— Eba! — comemora Nícolas.
— Vamos pegar mais um brigadeiro? — chama Felipe.
— Vamos! — Nícolas sai correndo e o rapaz o segue, deixando Anelise sozinha com a sobrinha.
— Eu também vou comer alguma coisa — diz Anelise sem olhar nos olhos de Isabela. Ela dá um passo para o lado, mas Isabela não permite que ela se afaste mais do que isso.
— Tia — fala a morena segurando no braço dela. — Até quando a senhora vai ficar fugindo de mim?
Ao som de Work, da Rihanna, eles requebram. Samuel está parado em uma parte escura, encostado em uma parede, tomando refrigerante e olhando Malu dançar com Yasmin. Mesmo a loirinha dando um show de sensualidade e ritmo enquanto dança, ele não consegue desviar o olhar da morena. É somente quando outra loira aproxima-se dele que seu olhar abandona Malu.
— Se você não vai até a dança — fala Jaqueline —, a dança vai até você.
Samuel ri e passa a dançar com ela. A loira que dança tão sensualmente quanto Yasmin, começa a despertar o interesse dele. Em um determinado instante, ao imitar a coreografia da música, ela faz um twerk bem perto dele. Samuel respira fundo e precisa de muita força de vontade para desviar o olhar da parte posterior do corpo dela.
Movida cada vez mais pelo clima da música, Jaqueline joga o cabelo para um lado e se endireita, virando de frente para ele. Ela rebola com o quadril junto ao dele e uma mão em sua nuca. O olhar de Samuel permanece longe do dela, mas quando eles se encontram, a jovem toma uma atitude inesperada: tenta beijá-lo. Por pouquíssimo isso não ocorre, pois Samuel demora para virar o rosto.
— Jaque, não — pede segurando nos ombros dela e a afastando.
A garota pisca rapidamente e olha para ele.
— Nossa, desculpa, Samuel — pede com sinceridade. — Eu não sei o que aconteceu, acho que foi excesso de adrenalina. — Ela sorri um pouco envergonhada e se afasta dele.
Samuel respira fundo e passa a mão no cabelo, tentando acalmar o seu corpo e sua mente.
Anelise guiou Isabela até o corredor de acesso à cozinha, onde elas têm mais privacidade.
— Está acontecendo alguma coisa, né? — pergunta Isabela com sagacidade. — A senhora não veio apenas passar férias com o Nícolas aqui, não é? Tem alguma coisa muito séria acontecendo e o fato da senhora ficar me evitando só comprova que eu estou certa, porque que...
— Sim, você está certa! — interrompe Anelise.
— Eu sabia! — exclama a menor.
Anelise passa a mão no cabelo, nervosa.
— É o seguinte, Isabela, eu vou te contar a verdade, mas você tem que me prometer que não vai contar pra ninguém, ouviu? Nem pro Vinícius, nem pro Felipe, nem pra Yasmin. Ninguém!
— Ok, ninguém — repete Isabela.
A jornalista respira fundo e conta os verdadeiros motivos que a levaram a viajar com Nícolas para a fazenda. A cada palavra dela, Isabela foi ficando mais assustada e preocupada, embora tentasse não demonstrar isso.
— Meu Deus! — exclama quando chega ao final. — Tia, isso é muito perigoso!
— Eu sei, mas a Luíza e o Daniel estão seguros da decisão deles.
— Caramba, eu não estou acreditando! O Nícolas chegou a reclamar comigo e com o Felipe que ninguém acreditava nele nessa história de ver homens e a gente também não deu muita bola. Ele estava certo!
— Sim — concorda Anelise.
— E o Augusto podia ter sequestrado ele, né?
— Com certeza, mas não era isso que ele queria. Ele quis mandar uma mensagem para o Daniel e a Luíza.
— Que mesmo com toda a proteção deles, ele chegou no Nícolas — deduz Isabela com esperteza.
— Exatamente!
Com perplexidade, a adolescente coloca a mão na boca e fica pensativa por alguns minutos. Então ela olha para a tia e diz:
— Amanhã vai ser um dia decisivo, né?
— É — confirma Anelise com a garganta apertada.
Outro capítulo por favor
ResponderExcluirSó isso consigo comentar
Que final tenso... Amei o capítulo!
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