Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 291: Vinícius dá soco em Victor


Os adolescentes permanecem perplexos diante da chegada repentina de Anelise com Nícolas. Isabela é a primeira a falar.
    Tia, o que a senhora está fazendo aqui? 
    Nossa, pensei que a minha recepção fosse ser mais calorosa — ri a jornalista.
   — Desculpa, tia — Isabela pede rapidamente. — Eu só...
   — Tudo bem —  interrompe Anelise rindo. — Eu só estava brincando.
   — Então — Felipe fala tentando não soar grosseiro —, por que você veio?
Anelise dá de ombros tentando parecer despreocupada.
   — A Mel pediu para eu ficar de olho em vocês.
   — Hã? — Vinícius não esconde a surpresa, pois sabe que sua mãe jamais faria um pedido desses à ex-cunhada.
   — É — responde Anelise.
   — E ele veio por...? — indaga Victor lançando um olhar curioso para Nícolas.
   — Ah, o Nícolas — Anelise fala como se tivesse esquecido da presença do menino, mesmo estando segurando na mão dele —, ele veio pra passar uns dias aqui na fazenda, ele também está de férias, né? 
   — E a Luíza e o Daniel deixaram? — surpreende-se Marina. — Eu não conheço direito eles, mas sempre achei que eles são bem protetores.
   — Deixaram — Anelise responde brevemente. — Me ajudem aqui com as malas? — pede tentando mudar o foco da conversa. Vinícius e Felipe caminham até ela e pegam as malas dela e de Nícolas.
   Samuel, Brian e Jaqueline estão com expressões que misturam curiosidade, timidez e até chateação. Só então, Isabela percebe que eles não conhecem a recém-chegada.
   — Essa aqui é a minha tia — fala olhando para o trio. — Irmã do meu pai.
Anelise também olha para os jovens e sorri de maneira simpática.
   — Oi, Anelise, prazer!
   — Prazer, Samuel.
   — Oi, Jaqueline.
A jornalista olha para Brian, que está olhando para eles com curiosidade.
   — Ah! — exclama Isabela. — Ele é americano. — Ela começa a falar em inglês: — Ela é minha tia, irmã do meu pai, Anelise.
   — Oi, prazer! — diz o americano esticando a mão para ela. — Meu nome é Brian.
   — Oi, prazer! — responde Anelise retribuindo o aperto de mão. — Vocês se conhecem de onde? — pergunta com interesse. — É de alguma viagem?
   — Não, eu sou ex-namorado da Marina — conta Brian para o espanto da jornalista.
   — Sério? Que curioso!
Isabela ri e explica em português:
   — Agora ele está com a Jaqueline, tia.
   — Você? — Anelise olha para a loira ainda mais surpresa. — Gente, quanta modernidade!
Eles riem, exceto Brian. 

Felipe e Vinícius estão encaminhando-se para o corredor com as malas quando Victor interrompe a passagem deles.
   — Deixa que eu levo — diz para Vinícius. — Parece estar muito pesado pra você.
   — É de rodinha — comenta o rapaz de cabelo cacheado.
   — Mesmo assim, eu insisto.
Vinícius estranha, mas como quer conversar mais com a tia entrega a mala para o loiro. Felipe e Victor seguem para o corredor e entram no único quarto disponível no casarão, o antigo quarto de Chay e Mel.
   Assim que fecha a porta, Victor pergunta:
   — Quero saber como vai ficar a nossa história?
Felipe franze a testa.
   — E eu lá tenho alguma história com você? — ele ri.
   — O plano, seu babaca!
   — Ah! O que é que tem?
   — A gente vai continuar?
   — Ué, por que não?
Victor fica irritado.
   — Felipe!? Você bateu a cabeça? A Anelise chegou.
   — Ah, sobre isso! O que é que tem? Você quer recuar? — indaga em tom de desafio.
   — Não, mas você quer?
   — Também não.
   — Ok, então vamos seguir em frente — afirma Victor.

Mais horas se passam e a fazenda é movimentada pelos jovens que se preparam para dormir. Samuel e Malu estão abraçados no fundo do corredor trocando beijos bem intensos e quentes. A porta mais próxima deles se abre e Anelise sai, surpreendendo-os. Com rapidez, Samuel afasta Malu e seu rosto ruboriza.
   — Desculpa atrapalhar vocês — pede Anelise sorrindo.
   — Tudo bem, Ane.
   — Quando eu tinha a idade de vocês também vivia junto com o Bernardo por aí. Hoje nós somos casados — acrescenta lançando um olhar sugestivo para eles, mas Malu logo corta seu barato:
   — Não vai acontecer o mesmo com a gente, nem me pedir em namoro ele me pediu ainda — ela ri, mas Samuel fica ainda mais vermelho.
Percebendo a timidez dele, Anelise sorri e diz apenas:
   — Ai, vocês! — Ela se afasta e Malu olha para Samuel.
   — Você ficou envergonhado! — comenta rindo. — Que bonitinho, Sam!
Ela tenta beijá-lo, mas ele desvia.
   — Sai.
Malu continua rindo.
   — Você ficou chateadinho, meu amorzinho?
   — Sai, garota! — Ele tenta afastar os braços dela, mas a morena insiste.
   — Para, Sam! — Os dois continuam lutando um contra o outro até que Samuel desiste e Malu dá um beijo nele. — Não precisa ficar com vergonha da Ane, ela me conhece desde pequena e é super de boa.
   — Vocês se conhecem, mas eu não conheço ela.
   — Agora você conhece! — Malu sorri e dá outro beijo nele.

Anelise chega na sala, onde a maioria está. Ela caminha até Isabela, Felipe e Nícolas.
   — Vamos dormir, Ni?
   — Já? — O garotinho ergue a cabeça para ela e embora queira ficar, seus olhos estão miúdos de sono.
   — Sim, já está na hora. A gente pegou estrada, eu estou cansada.
   — Eu não!
Felipe e Isabela riem e o rapaz diz:
   — Vai dormir, Nícolas, nós temos bastantes dias para aproveitar.
Enquanto o namorado fala, Isabela olha para a tia e abre a boca, mas Anelise fala antes dela:
   — Vem, Nícolas!
A criança levanta do sofá com desânimo. Anelise abraça Felipe e dá um beijinho rápido em Isabela, arrastando Nícolas consigo. Ela se despede dos outros e vai para o quarto.
   — Ela está me evitando — constata Isabela consigo mesma. 
   — Oi? — Felipe olha para ela.
   — Nada não. — A morena dá um sorrisinho e um selinho nele.
Logo após de Anelise sair com Nícolas, Yasmin também se despediu e se encaminhou para o seu quarto. Quando está prestes a girar a maçaneta, Victor abre a porta e dá de encontro com ela.
   — O que você está fazendo aqui? — questiona a loirinha.
   — Vim te dar boa noite — ele responde com obviedade, mas Yasmin não acredita.
   — Sei — fala com desconfiança e Victor ri.
   — O que mais eu faria aqui, Yas?
Ela dá de ombros.
   — Sei lá.
Victor coloca uma mão na cintura dela e beija os seus lábios.
   — Boa noite — ela sorri e passa por ele.
Victor também sorri a caminho do seu quarto. Assim que entra, bate a porta e pergunta para Felipe, o único no cômodo:
   — Cadê o Vinícius?
   — Está escovando os dentes. — O moreno aponta para o banheiro.
   — Olha o que eu peguei nas coisas da Yasmin. — Victor leva uma das mãos às costas e tira do short uma chapinha.
Felipe sorri.
   — Genial! — Ele caminha até a cama de Vinícius e se agacha, pegando um copo d'água no chão. — Olha isso!
Victor olha demoradamente para o copo e sua expressão continua vazia.
   — O que é que tem? Um copo de água.
   — Sim, mas a água tem um temperinho a mais.
Victor ri e repete:
   — Genial!
   — Não tem como ele morrer com isso, né? — pergunta Felipe com preocupação, causando gargalhadas em Victor.
   — Pelo amor do Deus que você acredita, né Felipe? É um sonífero, serve para dormir. Óbvio que ele não vai morrer, né?
   — Vocês falam alto, hein? 
Felipe e Victor olham sobressaltados para Vinícius.
   — O que você falou? — pergunta Felipe.
   — Que vocês falam alto. — O rapaz caminha até a sua cama, tirando a regata. — Dava pra ouvir lá do banheiro.
Victor indaga com a voz totalmente natural:
   — Você entendeu?
Deitado em sua cama, Vinícius olha para os dois com os olhos semicerrados.
   — Vocês estão preocupados?
   — Claro que não! — Victor também tira a camisa, os ombros mais largos e definidos do que os de Vinícius.
   — Hum, é o que parece. — Ele puxa o lençol. — Mas eu não entendi o que vocês estavam falando, podem ficar tranquilos.
Felipe bate com o travesseiro nele e começa a brincar, afastando o assunto e as desconfianças do cacheado.

Durante a madrugada Brian sai de seu quarto para beber água e ao chegar na sala leva um susto. Marina está sentada em uma poltrona, sozinha no escuro.
   — Mari?
   — Oi, Brian — ela olha para ele. — Acordado essa hora?
   — Você também está — ele sorri.
   — Perdi o sono. — Marina é bem econômica nas palavras, na realidade, ela perdeu o sono porque passou muito tempo pensando sobre os sonhos de Vinícius e também por causa das dores na costela e no braço.
   — Eu estou com sede.
   — Vai lá pegar água!
O americano retorna minutos depois com um copo de água nas mãos. Ele senta em um sofá perto dela e fala:
   — Eu tenho uma coisa para te contar.
A frase desperta a curiosidade de Marina.
   — Que coisa?
Mesmo estando sozinhos, Brian abaixa o tom de voz:
   — Eu e a Jaqueline transamos. 
Os olhos de Marina se arregalam.
   — Vocês o quê?
   — Eu a Jaqueline transamos — ele repete com um sorriso no rosto.
   — Quando? Como? Onde?
   — Calma! — Ele ri. — Foi hoje à tarde, na cachoeira. 
   Na cachoeira?
   — Sim!
   — Brian? Aquele lugar é praticamente sagrado pra mim e para o Vinícius — ela fala em tom de reclamação.
   — Agora é pra mim e para a Jaque também — ele ri e recebe um tapa dela no ombro.
   — Palhaço! Mas vem cá, vocês se protegeram?
   — Não — ele responde e o seu tom despreocupado deixa Marina intrigada e revoltada. 
   — Brian!?
   — Fica tranquila — ele pede ficando sério. — Nem eu nem a Jaqueline temos nenhuma doença e ela toma anticoncepcional, eu vi nas coisas dela.
   — Mesmo assim, preservativo é essen...
   — Marina — interrompe o americano —, já aconteceu, ok? Eu sei que você se preocupa comigo e tal, mas não precisa. Foi maravilhoso e é isso que importa!
A morena sacode a cabeça, ainda incrédula. 
   — Vamos voltar a dormir.
Brian percebe que ela realmente ficou chateada, mas prefere deixar a situação como está. Os dois seguem para o corredor e Marina para abruptamente metros depois.
   — Você está ouvindo? — pergunta olhando para o americano.
   — Ouvindo o quê?
   — Umas risadas.
   — Não.
   — Agora parou.
Ele dá um leve sorriso.
   — Deve ter sido imaginação sua, é o sono falando mais alto.
Ela assente, mas permanece com os ouvidos apurados no caminho para o seu quarto, já que tem certeza do que ouviu, mas não volta a escutar risadas novamente. Minutos depois, os dois já estão dormindo em seus respectivos quartos.

O Sol surge no horizonte e horas depois, os jovens começam a despertar na fazenda. Malu escova os dentes, lava o rosto e passa uma escova nos cabelos negros pois havia muitos nós e isso estava começando a incomodá-la. Ao sair do banheiro, ela é surpreendida pela presença de Graziele e Thiago. O casal de ex-namorados sorri para ela, cada um segurando um cupcake.
   — Feliz aniversário! — falam ao mesmo tempo.
Malu sorri e caminha até os dois.
   — Obrigada, horrorosos! — Eles dão um abraço triplo e os dois entregam os cupcakes a ela.
   — Feliz aniversário, amiga! Que venham muitos outros pela frente.
   — Tomara!
   — Feliz aniversário, coisa pálida! Que eu sempre esteja presente nos seus aniversário.
   — Deus me livre — ri Malu.
   — Tem alguém que está esperando a gente sair pra falar com você — conta Graziele com um sorriso no rosto. Sem pensar, ela segura no braço de Thiago. — Vamos indo.
Com suavidade, o rapaz se desvencilha da mão dela. Por um breve momento o clima do quarto fica pesado e Graziele troca um curto olhar com a melhor amiga antes de sair. Malu sacode a cabeça ao ficar sozinha e quando a porta se abre novamente é Samuel quem entra.
   — Bom dia!
Malu sorri ao olhar para ele.

No corredor, Thiago e Graziele andam ao lado a lado e não trocam uma só palavra sequer. Eles chegam na cozinha e se reúnem com todos os outros.
   — Cadê a aniversariante do dia? — indaga Yasmin aos dois.
   — Está recebendo o presente do Samuel — Graziele responde sentando na ponta da mesa, de frente para Victor.
   — Hum! — exclama o loiro com malícia e eles riem.
   — Hoje é aniversário da Malu? — pergunta Anelise.
   — É — confirma Isabela.
   — Que legal! — exclama Nícolas sentado ao lado de Anelise.
   — Se a Malu está com o Samuel, então o único que está faltando é o Vinícius — comenta a jornalista.
   — É verdade — Jaqueline concorda. — Estranho, ele sempre é um dos primeiros a acordar.
   — Será que aconteceu alguma coisa? — Isabela supõem.
   — Vou lá ver — responde Marina ficando em pé. — Aproveito pra acordar ele de maneira especial.
   — Você vai trocar de cara? — brinca Thiago e Marina revira os olhos.
Ninguém nota, mas Felipe e Victor trocam um olhar travesso.

   — O que é isso? — Malu pergunta para Samuel. O rapaz está com um buquê de flores diversas, umas delas murchas e escurecidas.
   — Meu presente para você — ele fala esticando os braços para ela.
Malu sorri e pega as flores.
   — Eu nunca ganhei flores.
   — Pra tudo há uma primeira vez. Aliás, eu tenho mais uma coisa.
   — Que coisa?
Samuel tira um papelzinho do bolso da bermuda jeans.
   — Tó — fala entregando-o para Malu. Ela pega e prende as flores embaixo da axila para desdobrar o papel. — Quanta delicadeza — ironiza Samuel e eles riem.
Malu lê o que está no papel e franze a testa.
   — O que é isso?
   — Você não entende?
   — É a data do seu aniversário e mais uns números.
   — É uma senha — explica Samuel sorrindo e Malu faz piada:
   — É a senha do seu coração?
Ele ri com sarcasmo.
   — Não, sua idiota. Essa é a senha da minha conta no Netflix.
Malu demora um tempo para responder.
   — E o que eu vou fazer com a sua senha do Netflix? Eu também tenho uma conta.
   — Eu não estou te dando pra você assistir simplesmente, tem um valor simbólico.
A garota não entende e isso fica estampado em sua cara.
   — Hã?
   — Eu estou te dando a senha do meu Netflix. Tem coisa mais importante? Eu quero dividir momentos com você, dividir meu tempo com você, dividir meu coração com você, dividir minha conta do Netflix com você.
Malu ri.
   — Isso... isso é um pedido de namoro?
   — Não! — Ele também ri e ela bate o pé.
   — Ai, Samuel, quando você vai me pedir em namoro? Eu nunca fui fã disso, mas você está demorando tanto pra me pedir que eu estou ficando ansiosa.
Ele ri.
   — E se eu não te pedir?
   — Uma hora você vai ter que pedir.
   — Será? — Ele a puxa para um abraço e as flores que ainda estavam inteiras também ficam amassadas. — Pensa pelo lado positivo. Imagina se eu te peço em namoro hoje, no dia do seu aniversário e a gente não dá certo e termina? Em todos os seus aniversários você se lembrará de mim!
   — Mas eu sempre vou me lembrar de você — responde a morena e Samuel joga ela na cama com flores e tudo.
   — Você está muito fofa hoje! Desse jeito eu não resisto e te peço em namoro.
   — Glória a Deus! — Ela empurra ele e fica de joelhos. — É pra glorificar de pé, irmãos!
Os dois gargalham.

Quase todo mundo está reunido na cozinha, tomando café da manhã entre risadas e conversas. A aparição repentina de Vinícius choca a todos, não somente por seu estado transtornado, mas por sua aparência. Seus famosos cachos não existem mais, os fios foram alisados durante a noite e diante do olhar furioso que ele lança na direção de Felipe e Victor fica evidente que ele já sabe quem foi.
   — Que p*rra é essa? — questiona batendo com as mãos na mesa. Um bilhete escorrega dos seus dedos e Marina parece logo atrás, parecendo ofegante.
Todos estão surpresos e alguns riem da aparência do rapaz.
   — Gostou da mudança? — indaga Felipe sorrindo.
   — Por que vocês fizeram essa merda? — devolve Vinícius com fúria.
Graziele pega o bilhete e lê em voz alta:
   — Esperamos que você goste dessa mudança. Com carinho e chapinha, Felipe e Victor.
Victor não se controla e começa a gargalhar. Em um ato de raiva, Vinícius pega o primeiro copo que encontra e joga o seu conteúdo no rosto do loiro. Todos ofegam ao verem o achocolatado escorrer pelo rosto e pescoço do rapaz, sujando sua blusa.
   — Ficou maluco, Vinícius? — ele pergunta ficando em pé.
   — Maluco ficaram vocês quando resolveram fazer essa palhaçada comigo!
Victor passa a mão nos olhos, tirando o achocolatado das vistas.
   — A gente só achou que uma mudança seria bacana.
   — Eu não pedi nada disso, car*lho!
   — Mas a gente sentiu que você queria — brinca Victor.
   No segundo seguinte, ele está curvado com as mãos no olho esquerdo, exatamente no local onde Vinícius acertou um soco.
   Mesmo estando assustada, por nunca ter visto o namorado tão bravo, Marina toma coragem e segura no braço dele para impedir que ele parta para cima de seu irmão.
   — Faz alguma coisa — Jaqueline sussurra para Yasmin sem pensar. A loirinha acata o conselho da outra loira e levanta, aproximando-se do namorado.
   — Victor — chama pegando no pulso dele com receio de que ele queira devolver o soco.
Os outros permanecem imóveis, completamente perplexos com o que se passa. Anelise intervém:
   O que é isso? Tem uma criança aqui, caso vocês não tenham percebido! — Ela respira fundo. — Vinícius, sai daqui, por favor!
O garoto ergue a cabeça e fuzila Victor e Felipe com o olhar. Marina arrasta o namorado para fora do cômodo sob o olhar atônito da irmã dele. 
   — Felipe e Victor — chama Anelise parecendo fazer o maior esforço para falar com calma. — Vão para a sala.
O moreno levanta sem hesitar e empurra Victor sujo de achocolato até o corredor, onde eles desaparecem. Anelise levanta e segue o mesmo caminho que eles.
   Yasmin permanece parada onde está e todos parecem fazer o mesmo. Então, Nícolas pergunta:
   — Por que o Vini está tão bravo?
Passam alguns segundos e ninguém parece estar disposto a responder, então a voz de Isabela é ouvida:
   — O Victor e o Felipe fizeram uma coisa muito errada e o Vinícius não gostou.
Eles continuam sérios e em silêncio por mais alguns minutos, até que Yasmin diz:
   — Eles passaram mesmo do limite!
   — É — concorda Isabela e a risada de Thiago surpreende a todos.
   — Desculpa, é que o Vinícius ficou engraçado.
A frase dele desperta a imagem de Vinícius na cabeça deles e eles também riem, uns mais que os outros.
   — Eu não sei direito o que aconteceu — fala Brian, que não entendeu nenhum diálogo —, mas eu nunca esperei ver o Vinícius tão bravo assim.
   Eu nunca vi o Vinícius tão bravo assim — comenta Isabela.
   — Foi muito louco — Jaqueline opina.

   — Onde vocês estavam com a cabeça? — esbraveja Anelise para Felipe e Victor, que estão sentados em um sofá. Vinícius está sozinho em uma poltrona, o cabelo liso preso em um coque feito por Marina, que deixou a sala a pedido de Anelise. A jornalista não sabe, mas ela, Malu e Samuel ouvem a conversa escondidos no corredor dos quartos.
   — Era só uma brincadeira — responde Felipe.
   — Brincadeira sem graça — Vinícius devolve ainda bravo.
   — Eu não acho — o moreno ri e Vinícius fecha os punhos.
   — Chega de provocação — fala Anelise com autoridade na voz. — Isso que vocês fizeram não tem a menor graça. — Ela cruza os braços. — Me falem, como foi que vocês armaram tudo isso?
Felipe fica em silêncio, então Victor começa a explicar:
   — Foi simples. A gente trouxe um sonífero, eu peguei a chapinha da Yasmin e o Felipe colocou o pozinho do comprimido na água do Vinícius. Ele bebeu, apagou e a gente pôde fazer a chapinha de madrugada. 
Anelise morde o lábio com força, controlando todas as palavras que vêm em sua mente, pois sabe que não pode brigar com Victor pois não é a responsável por ele. Por isso, ela diz:
   — Eu não te conheço direito, Victor, mas estou surpresa e desapontada com a sua atitude. — Seu olhar cai em Felipe. — E você, Felipe, eu jamais imaginei que você pudesse fazer uma coisa dessas com um dos seus melhores amigos. Além de imaturo, o comportamento de vocês foi cruel e covarde. Eu, sinceramente, espero que vocês se arrependam do que fizeram. 
   — Posso sair daqui? — indaga Vinícius para a tia. 
   — Não, eu ainda quero falar com você. — Ela se direciona para os outros dois ao falar: — Vocês podem ir, já disse o que queria.
Os dois levantam e seguem direções diferentes: Felipe sai para o jardim e Victor vai para os quartos. Ao entrar no corredor, ele se assusta ao ver o trio que lá está. Marina fuzila ele com o olhar enquanto Malu segura em seu pulso e o puxa para um quarto com Samuel. 
   Marina fica sozinha e ouve Anelise conversar com o sobrinho.
   — Eu entendo a sua chateação, Vinícius, realmente entendo. Posso imaginar o quão bravo você ficou, porque eu nunca te vi se comportando assim. Eu só queria te lembrar que o Nícolas viu e ouviu tudo o que você fez e disse, então seria bacana se você falasse com ele depois e explicasse que isso não é certo. Você pode ter seus motivos e tudo, mas ele é apenas uma criança e não entende isso e você é o primo dele, um exemplo para ele. Então, por favor, conversa com ele para que ele não reproduza esse seu comportamento.
O rapaz assente.
   — Tudo bem, tia, a senhora tem razão. Posso ir agora? Eu quero lavar o meu cabelo, a Marina disse que vai voltar ao normal.
Anelise sorri.
   — Vai voltar ao normal sim. — Ela dá um sorrisinho e completa: — Mas saiba que você também fica bonito assim. 
Vinícius sorri levemente e segue para o seu quarto. Ao ver o namorado entrar no corredor, Marina também sorri.
   — Sua tia tem razão, você também fica bonito assim.
Ele sorri novamente e pega no pulso dela.
   — Vem comigo — pede e os dois se dirigem ao quarto dele.
Quinze minutos depois, Vinícius está sob o chuveiro e Marina sentada na tampa do vaso. 
   — Eu não acredito que eles fizeram isso comigo — ele fala no seu estado normal.
   — Eu também não acredito. Mas sabe o que eu realmente não acredito?
   — Hum? — Ele esfrega bastante a cabeça com shampoo.
   — Na sua reação.
Vinícius dá um leve sorriso.
   — Eu te disse que fico bravo quando mexem com o meu cabelo.
   — Sim, mas eu não esperava por isso — confessa Marina. — Você deu um soco no Victor! Eu nunca te vi bater em ninguém, amor.
   — Eu sei, estou arrependido por isso. 
   — De uma coisa eu tenho certeza — Marina diz olhando para ele —, você surpreendeu a todos hoje.


Comentários

  1. Este capítulo está... sem palavras.
    Amei a reação do Vini! Estava na hora dos meninos aprenderem uma liçãozinha com toda essas “brincadeiras” deles.

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