Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 279 [Parte 2]: Primeira noite na fazenda é marcada por tensão


Luíza senta em um sofá próximo da janela e passa a mão pelo rosto antes de responder ao questionamento do marido.
   — Ele disse que viu novamente um homem observando a gente. 
   — Sério? — indaga Daniel.
   — Sim. Eu não sei mais o que fazer, Dan. No começo, eu realmente achava que tinha alguém, poderia ser a mando do Augusto. Acontece que... acontece que não tem ninguém! Aquele dia no supermercado eu corri atrás de um cara que só estava comprando bolachas para o filho.
   — Isso não deve ter passado de coisa de criança, Lu.
   — E se não for? — ela questiona olhando intensamente para ele.
   — O que você quer dizer isso?
Luíza esfrega as mãos nas coxas.
   — Eu tô pensando em levar o Nícolas na franquia infantil da minha clínica.
   — Como? — questiona Daniel com os olhos estreitos.
   — Talvez se ele começar a fazer terapia isso passe.
   — Luíza, ele não precisa de terapia — devolve Daniel. — Isso deve ser só coisa de criança.
   — Tudo bem, mas fazer terapia seria algo muito positivo pra vida dele.
   — Mas ele não precisa de terapia!
   — Daniel, se todo mundo pudesse fazer terapia, seria ótimo pra sociedade, sabia? Eu faço e isso ajuda muito na minha vida. Eu já te expliquei como isso funciona, não vou falar de novo.
   — Eu sei — concorda Daniel. — Mas você não acha que o Nícolas é muito novinho pra isso?
   — Quanto mais cedo melhor, vai crescendo um ser humano mais evoluído.
   — Eu não concordo com isso, Luíza.
   — Qual é o problema?
   — O meu filho não é louco! — exclama Daniel com fervor.
Luíza levanta lentamente do sofá, cravando o seu olhar mais venenoso no marido.
   — O que é que você disse?
Daniel passa a mão pelo cabelo, nervoso.
   — Desculpa, eu falei sem pensar. 
   — O que foi que você disse? — berra Luíza com raiva. — Você conhece muito bem a minha profissão, Daniel. Como você pode dizer uma coisa dessas?

No centro da sala da fazenda, espalhados por sofás, poltronas e pelo tapete, estão Vinícius, Thiago, Samuel, Brian e Jaqueline. Eles contam, em inglês, para Brian sobre as festas de aniversário que houveram no local no final do ano anterior. 
   — A mais legal foi a da Marina — opina Vinícius.
   — Eu concordo — Thiago fala. — Teve vários brinquedos.
   — Crianças são assim mesmo, basta ter um brinquedinho que se vende — ri Samuel.
   — Qual foi a melhor na sua opinião? — questiona Brian.
   — A que ele ficou com a Talita — provoca Jaqueline e eles caem na gargalhada, exceto o próprio Samuel. 
   — Vai se f*der, Jaque.
Thiago começa a falar sobre outros assuntos e Jaqueline acomoda-se mais no sofá com Brian enquanto Vinícius levanta do tapete e vai para o corredor.
   — Tô cansada e com fome — ela ri.
Brian dá um beijinho na testa dela.
   — Quer dormir um pouco?
   — Não, eu quero ficar mais um pouquinho com você.
Eles sorriem e se beijam. O afeto não dura muito, pois o som de um instrumento musical desperta o interesse deles. Os dois olham para Vinícius, que está encostado em uma parede tocando uma música do cantor Cícero. A maioria dos jovens também observam o rapaz e Yasmin afasta-se da janela e começa a dançar perto de Vinícius. A primeira vista, Marina fecha a cara por causa da loirinha.
   — Esse seu namoradinho é gostosinho e fofinho, hein? — brinca Malu no ouvido dela e Marina sorri. Ela então deixa de prestar atenção em Yasmin e fica apenas fitando Vinícius.
   — Eu não sou ninguém de mais e você também não é — canta baixinho junto com ele. — É só rodopiar em busca do que é belo e vulgar.

Daniel também fica em pé, o rosto vermelho de nervosismo e raiva.
   — Desculpa! — pede. — Eu falei sem pensar, não quis dizer aquilo.
Luíza respira fundo.
   — É muita falta de consideração e respeito pela profissão dos outros.
Ele rodeia a mesa e caminha até ela.
   — Luíza — diz com firmeza segurando nos braços dela. — Eu falei sem pensar. Eu respeito e admiro a sua profissão, eu não quis dizer aquilo. Saiu! — Ela não fala nada. — Me desculpa, por favor.
   — Ok, vou esquecer isso. Agora, com relação à terapia, eu vou levar o Nícolas.
   — Não — discorda Daniel e recebe um olhar raivoso da esposa, por isso emenda com suavidade: — Deixa eu conversar com ele primeiro, depois a gente vê isso de terapia.
   — Quer dizer que o Nícolas conversar com você pode, mas com um profissional que vai ajudá-lo, não?
   — Eu sou o pai dele.
   — E a pessoa é um profissional que tem muito conhecimento sobre o assunto.
   — Luíza, por favor, deixa eu conversar com ele primeiro, ver realmente o que eu acho sobre isso.
Como sabe que o esposo não vai ceder antes de conversar com o filho e que não pode tomar as decisões sobre a vida da criança sem a consulta dele, Luíza assente.
   — Tudo bem. 
Daniel dá um leve sorriso e a abraça com força.
   — Desculpa, de verdade. Você sabe que eu nunca quis ofender a sua profissão. 
   — Tá, deixa isso pra lá.
Ele segura o rosto dela entre suas mãos e eles se beijam.

Em um barzinho alternativo da cidade, Jonas e Maísa comem uma porção de batata frita. O casal passou alguns momentos juntos na pista de dança, mas a loira pediu para eles sentarem em uma mesa para comer algo. 
   Jonas fala calmamente sobre uma viagem de férias de anos atrás e Maísa assente, olhando ao redor. Seu olhar para em uma mesa de sinuca mais adiante, onde dois rapazes jogam animadamente. Ela observa cada detalhe do corpo de um e parte para o outro. Jonas continua falando, mas nota que ela não está mais com toda a atenção nele, por isso para com uma batata a caminho da boca e olha por sobre o ombro para o lugar em que está o olhar de Maísa. Seus olhos esfriam e ele volta a fitar a jovem.
   — Maísa?
   — O que foi? — ela olha para ele.
   — Você vai ficar secando esses dois na minha frente? — indaga.
   — Eu não estou secando ninguém, Jonas — mente ela. — Só estava olhando.
   — Olhar é uma coisa, comer a pessoa com os olhos é outra. 
   — E se eu tiver "comendo" eles com os olhos, qual é o problema? 
   — O problema é que você está aqui comigo, né? Tem que me respeitar.
Maísa ri.
   — Respeitar, Jonas? Você não é nada meu. 
   — Mas a gente está junto.
   — Sim, mas você não é meu namorado, não é nada meu.
   — Mesmo assim, eu não gosto de te ver olhando para outros caras. Eu posso sentir ciúmes pelo menos, ou só namorado pode? — questiona com raiva. 
A expressão de deboche de Maísa suaviza-se e ela dá um leve sorriso.
   — Então toda essa ceninha é por que você está com ciúmes de mim? 
Jonas desvia o olhar e coloca a batata que está em sua mão na boca, tomando mais tempo para responder.
   — Não foi isso que eu quis dizer — desconversa em seguida.
   — Mas foi exatamente isso o que você disse.
   — Ai, Maísa. — Ele revira os olhos e levanta da mesa, indo para a pista. A loira pega sua bolsa e vai atrás dele, segurando em seu braço antes que ele chegue até lá.
   — O que é que tem dizer que sente ciúmes? — indaga com o rosto bem próximo ao dele.
   — Eu não sinto ciúmes de ninguém.
   — Mas sentiu de mim — ela sorri. Jonas tenta sair de perto dela, mas Maísa não permite.
   — Larga de ser bobo.
   — Bobo eu fui minutos atrás.
   — Isso não é bobagem — retruca Maísa. — Significa que você gosta de mim. 
   — Um pouquinho — ele sorri.
   — Quando é pouco a gente não sente ciúmes.
   — Para de ficar repetindo essa palavra.
Maísa ri e balança a cabeça.
   — Eu não sei qual é o meu problema, porque só tendo um pra estar com você.
   — Concordo — ri Jonas. — Mas que bom que você tem esse problema.

Minutos depois de ter conversado com Luíza, Daniel esgueira-se para dentro do quarto do filho. O garotinho está assistindo um desenho na televisão.
   — Posso falar com o meu campeão um instantinho? — pergunta o engenheiro sorrindo.
   — Pode, pai.
Daniel silencia a televisão e senta ao lado do filho na cama dele.
   — A sua mãe me contou que você viu de novo um homem seguindo vocês, é verdade?
   — É — confirma Nícolas. — Mas a mamãe não acredita, ela acha que eu tô mentindo.
Daniel passa a mão pelo cabelo do filho, falando com calma e naturalidade:
   — Ela não acha isso, filho. É que ninguém consegue ver esse homem, só você.
   — É porque ele se esconde! — exclama Nícolas com seriedade e vendo o olhar de descrença de Daniel, acrescenta: — Eu não tô mentindo, papai. Não tô!
O homem olha intensamente para o filho e vê toda a irritação e a frustração que ele sente por ninguém estar levando a sério o que ele diz. Por causa do que analisa, Daniel sente que o filho realmente acredita no que diz.
   — Não fica nervoso — pede dando um abraço nele. 

Depois de ter dançado várias músicas indies que Vinícius tocou, Yasmin encaminhou-se para a cozinha, porém no corredor foi alcançada por Victor. O casal de namorados trocou várias carícias e afetos, até que ela finalmente chegou à cozinha. 
No espaço estão Vera, Sandra e uma senhora que é a responsável pelo gerenciamento da fazenda. Assim que seus olhos caem nela, Yasmin percebe as mãos calejadas de muito trabalho e as rugas nos olhos, os quais com toda a certeza já viram muita história para contar. 
   — Boa noite — cumprimenta a loirinha enquanto Victor faz um aceno de cabeça atrás dela.
   — Boa noite — responde a senhora.
   — Esses são Yasmin e Victor — apresenta Vera.
   — A senhorita é muito bonita — elogia a senhora e Yasmin sorri.
   — Obrigada — responde. Seu namorado dá um leve sorriso, concordo plenamente com a velhinha. — A gente veio saber se os quartos já estão prontos — conta Yasmin.
   — Estão — responde Sandra, anos mais jovem do que as outras duas.
   — Os lençóis estão limpos, né? — Vera confere com a senhora.
   — Sim, eu mesma lavei eles ontem. Eu ia lavar hoje, mas não pode lavar roupa na segunda-feira.
Yasmin estreita os olhos.
   — Não pode?
   — Não! — responde a senhora com convicção. — Se você lava roupa na segunda, nos outros dias sempre vai ter alguma peça pra você lavar. 
A loirinha nem precisa olhar para Victor para saber que ele está prestes a rir, por isso coloca um dos braços para trás, acertando uma cotovelada no estômago dele. O rapaz, que realmente estava quase gargalhando, passa os braços ao redor dela. Contudo, o abraço é forte demais para um simples carinho e Yasmin tem que se controlar para não reclamar com ele na hora. 
   — Entendi — responde para a senhora com um pouco de falta de ar.
Nenhuma das funcionárias repararam nas ações deles, tudo o que viram foi Victor abraçar a namorada.
   — A gente precisa fazer a separação de quem vai ficar em cada quarto — fala Sandra para Vera.
   — A gente pode fazer isso — Victor fala com tanta naturalidade que suas segundas intenções ficam muitíssimo disfarçadas. 
   — Não — discorda Vera. — Temos ordens para nós mesmas organizar isso.
Victor fica levemente desapontado, pois sabe que não dormirá com Yasmin. A loirinha sente isso e sorri, fazendo questão de virar o rosto para que ele veja, mas logo se arrepende, pois Victor aperta ainda mais o seu corpo.
   — Vamos lá para sala arrumar logo isso — chama Sandra. — Já está tarde.
A senhora despede-se deles e sai da casa pela porta da cozinha, Vera e Sandra passam pelo casal de loiros e vão para a sala.
   — A gente já tá indo — avisa Yasmin. Assim que fica sozinha com o namorado, pede: — Para, eu não tô conseguindo respirar!
   — Isso é pela cotovelada — ele diz no ouvido dela.
   — Victor, eu tô falando sério.
O rapaz vê que é verdade e solta a namorada, que puxa o ar para dentro dos pulmões e se vira para ele.
   — Quer me matar sufocada? 
Victor aproxima-se novamente dela e segura em seu pescoço.
   — Só se for de beijo. — Ele dá um selinho nela.
   — Só que não vai ser nessa noite. Você viu, nós com certeza vamos dormir em quartos diferentes.
   — Vi. 
   — Ctor — Yasmin ri. Ele também sorri e coloca as mãos na mesa que está atrás dela, deixando Yasmin cercada.
   — Só porque eu queria transar na segunda-feira — ele comenta —, vai que é igual lavar roupa, daí no resto da semana eu vou transando de novo. 
Eles gargalham e Yasmin dá um passo na direção dele. 
   — Relaxa, a gente ainda tem muito tempo pela frente.
   — Não tanto — retruca Victor e os dois ficam tensos.
   — Como será que elas vão organizar a separação de quartos? — questiona Yasmin, tentando disfarçar a tensão entre eles.
   — Não sei — ele responde pousando as mãos na cintura dela. A loirinha passa alguns segundos apenas olhando nos olhos dele. Em seguida, os dois se beijam com tranquilidade.
   — Vem — chama Yasmin após o afeto —, vamos lá ver como vai ficar isso.

Quando chegam na sala, Yasmin e Victor veem que todos estão reunidos olhando para Vera e Sandra que estão em pé na frente do armário. Em um sofá, Jaqueline e Brian estão juntamente com Thiago. Em outro, Malu, Graziele e Isabela acomodam-se enquanto Samuel e Felipe estão em poltronas. Vinícius e Marina estão juntos no tapete com os braços apoiados na mesinha de centro, onde o ukulele dele repousa. Yasmin e Victor param atrás do sofá de Isabela e ouvem Vera dizer:
   — Temos ordens de separar meninas e meninos. Como vocês são seis meninas e também seis meninos, pensamos em colocar três em cada quarto.
   — Por isso — continua Sandra —, tivemos a ideia de em um quarto ficarem a Isabela, a Marina e a Yasmin. Em...
   — Não — Isabela interrompe. — Eu não quero ficar num quarto com a Marina e a Yasmin juntas de novo não. — Mesmo sabendo que o relacionamento entre elas melhorou bastante desde a última vez em que estiveram ali, tem consciência de que há recaídas. — A Jaqueline pode ficar no lugar da Yasmin — sugere, pois compreende que as duas loiras não podem ficar no mesmo quarto.
Victor faz outra interpretação e brinca:
   — A Isabela está trocando a Yasmin pela Jaqueline.
Sua maneira de ver a situação é mais simples do que a de Isabela, por isso a maioria acredita no comentário dele e o clima fica pesado. Isabela olha para a amiga e vê que não precisa se explicar, porque Yasmin entendeu suas intenções.
   — Tá bom — concorda Sandra. — Então em um quarto ficarão Isabela, Marina e Jaqueline. Em outro, Yasmin, Graziele e Malu. 
   — Os meninos — Vera prossegue —, ficarão em um quarto Vinícius, Brian e Victor e em outro, Samuel, Thiago e Felipe.
O americano fica atento ao ouvir o seu nome, mas assim mesmo não entende nada, porém fica tranquilo porque sabe que depois alguém vai explicar a ele o que está se passando. 
   Felipe imagina que Vinícius não vá se sentir confortável de ficar no mesmo quarto que o ex de Marina, por isso fala:
   — Eu posso trocar de lugar com o Brian? 
Nem Vera nem Sandra entendem a razão para isso, mas não encontram motivos para negar.
   — Pode — responde Vera.
   — Ainda bem! — Victor comemora sussurrando para Yasmin. — Não queria ficar junto com o Brian. — A loirinha revira os olhos, sorrindo levemente.    — Ok — responde Felipe.
Ao contrário delas, os jovens entenderam muito bem o porquê de Felipe ter feito a troca, o que deixa o clima ainda mais denso.
   — Gente, hoje é só a primeira noite — lembra Malu rindo.


Comentários

  1. Estou amando!!!
    Jonas com ciúmes. Amei! Já li essa Parre duzentas vezes!
    A cada pequenina cena de Yasvic eu já fico: Meu Deus, eu amo eles!
    Meus Deus, e essa escolha de quem vai ficar com quem nos quartos, acho que pode dar muita confusão... Adooro

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  2. Postaaaaaaa
    Amei
    ChaMel
    Yasmin pela Jacqueline

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  3. Amei i capítulo quero mais dessa viagem logo.

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  4. Continuuua , super perfeito , amo seu imagine <3

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