Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 270: Yasmin dá desenho feito por Lorenzo para Victor

A cozinha do casarão dos pais de Jaqueline é bem ampla e arejada. Há dois balcões de pedra paralelos e Aline está sentada em um deles com as pernas cruzadas e uma ameixa na mão. Em sua frente, Iago come um sanduíche com suco.
   — Eu só vou comer eu vou embora — ele avisa mastigando com rapidez.
   — Por quê? — indaga Aline. — Pensei que a gente fosse lá pra casa, como a gente combinou.
   — Eu sei, desculpa, Aline — pede Iago sem olhar nos olhos dela. — Só que eu quero ver como o Lorenzo está.
Aline não consegue controlar a risada.
   — Desculpa — pede empurrando a vontade de rir garganta abaixo. — Mas por que você quer ver como o Lorenzo está? — questiona e uma risadinha escapa, a qual ela finge ser uma tosse. 
   — Ele foi embora dizendo que está tudo bem, mas eu não acredito que realmente esteja tudo bem.
   — Novamente, por quê?
   — Porque eu conheço o Lorenzo, ele deve estar cagado de medo do Victor.
   — Ele não precisa ter medo do Victor.
   — Eu teria — Iago dá um sorrisinho. Aline pula do balcão e passa os braços pelos ombros dele.
   — Não precisa temer — garante —, eu te defendo. — Ela começa a rir e solta ele, apoiando-se na pedra atrás de si.
   — Engraçadinha — ironiza o garoto e dá um selinho nela. Aline não deixa ele se afastar, segurando em sua camisa.
   — Você vai cumprir com o nosso combinado e vai pra casa comigo — fala com firmeza.
   — Mas eu...
   — Mas você nada. — Ela beija ele. — Eu não vou deixar você ir. Eu te proíbo!
Iago ri e abraça ela enquanto os seus lábios unem-se.

Ainda debaixo do Sol ardente, Vinícius e Marina conversam na beira da praia. Felipe e Isabela chegam correndo por trás dele e se jogam em suas costas. 
   — Ai! — reclama Marina sentindo o corpo de Isabela sobre o seu. Como é visivelmente mais magro que Felipe, Vinícius quase é jogado para dentro da piscina com o impacto.
   — Quer me afogar? — ele brinca olhando para o cunhado.
A frase faz Marina imaginar o que teria acontecido caso ela se desequilibrasse e caísse na água. O seu braço fica todo arrepiado e ela repete mentalmente: "Eu já superei. Eu já superei." As palavras não provocam o efeito esperado por ela e a morena busca o olhar de Vinícius. O rapaz está rindo e conversando com Felipe algo que ela não é capaz de ouvir por causa do repentino pavor. No entanto, apenas a visão dele faz toda a sua mente esvaziar, seus pensamentos escapando como ar um balão aberto. 
   — Está tudo bem, Marina? — questiona Isabela apoiando as mãos em seus ombros. Vinícius e Felipe interrompem seu assunto e olham para ela.
   — Está — responde a morena respirando fundo. Não apenas Vinícius que não acredita, mas ninguém fala mais nada a respeito.
   — A gente veio falar pra você que já vamos embora — conta Felipe ajoelhado atrás de Vinícius.
   — Nós vamos com vocês — responde Vinícius e olha novamente para a namorada. — Né, Mari?
   — Sim. Mas e o Brian?
Isabela responde:
   — A gente já foi falar com ele e ele disse que vai ficar mais um pouco com a Jaqueline.
Marina revira os olhos.
   — Esses dois me dão ânsia — resmunga tirando as pernas de dentro da piscina. Isabela e Felipe encaram Vinícius, mas o rapaz não demonstra nenhum irritação. Ao contrário, ele estica as mãos para ajudar Marina levantar. De mãos dadas com a namorada, indaga:
   — Então, vamos?
   — Vamos — responde Isabela puxando Felipe. O quarteto caminha até o corredor lateral para chegar ao portão, onde Evaldo os aguarda.

Sentados sobre os grãos de areia da praia, Yasmin e Victor trocam um beijo tranquilo, porém intenso. Ela para o afeto com selinhos e leva uma das mãos ao bolso da calça jeans.
   — Fica com você — pede colocando um papel dobrado nas mãos dele.
   — O que é isso? — questiona Victor.
   — Abre.
Os dedos ágeis dele abrem a folha e seu maxilar contrai-se automaticamente. Yasmin fica apreensiva e também fita o seu perfil desenhado pelas mãos habilidosas de Lorenzo. 
   — Eu não quero ficar com isso — fala Victor empurrando o desenho de volta para ela.
   — Fica — insiste Yasmin. — Eu quero que, no futuro, você encontre e veja esse desenho e ria. Ria sem acreditar que um dia chegou a ter ciúme do Lorenzo.
   — Eu já rio disso hoje em dia — sorri Victor.
   — Então aceita.
Ele suspira e dobra novamente o papel, enfiando no próprio bolso.
   — Tá bom. 
Yasmin rouba um beijo dele e eles ficam se beijando por um tempo indeterminado. Em seguida, a loirinha pede:
   — Vamos embora? Eu estou precisando de umas horinhas de sono.
   — Depende.
   — Depende do quê?
   — Se esse sono vai ser sozinho ou acompanhado.
Ela ri.
   — Como? Não entendi.
Victor coloca uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
   — Eu vou poder ir com você ou não — diz com clareza.
Yasmin abre um grande sorriso.
   — Agora que eu não estou mais de castigo, não vejo motivos para você não ir. 
Eles sorriem e se beijam.
   — Vem — chama a loirinha —, vamos!

Em um canto mais reservado do enorme quintal do casarão, Malu e Samuel se beijam acaloradamente. A morena interrompe um dos beijos, ofegante.
   — Vamos pra lá? Eu quero comer alguma coisa.
Samuel assente.
   — Eu também quero comer alguma coisa — fala olhando intensamente para ela. Malu gargalha e dá um tapa no peito dele.
   — Idiota. Vamos logo.
Ele caminha à frente dela e Malu pula em suas costas.
   — Ficou maluca? — ele indaga rindo e segura as pernas dela ao lado de seu corpo.
   — Vamos pangaré — ri Malu e Samuel permanece caminhando.
   — Quer ver uma coisa? — questiona ele de repente. — Uma coisa engraçada e constrangedora.
   — Do que você está falando? — indaga a morena com as mãos nos ombros dele.
   — Você verá.
Ele desvia da mesa com o banquete e caminha para o guarda-sol em que Maísa e Jonas estão.
   — Samuel? — indaga Malu ao ver o que ele pretende e ele apenas ri.
   — E aí, gente? — cumprimenta quando se abriga na sombra. Ele solta as pernas de Malu e ela entende o sinal para descer de suas costas. Parada ao lado dele, diz sem emoção na voz:
   — E aí?
   — Oi — responde Maísa sem disfarçar a surpresa e Jonas faz cara de azia. Ela segura mais firme na mão dele.
   — Curtiram bastante a festa da Jaqueline? — pergunta Samuel.
   — Sim, curtimos — Maísa fala pelos dois. — A Malu que curtiu bastante.
   — Curti — concorda a morena enquanto Jonas permanece fingindo que os dois não estão ali.
   — Vocês já tomaram café da manhã? 
   — Ainda não, né Jonas? 
O rapaz assente de leve e tenta se soltar do aperto de Maísa, mas ela o prende firmemente.
   — Querem ir com a gente? — convida Samuel para a surpresa de Malu e Maísa.
   — Ah, pode... — começa Maísa, mas Jonas puxa a própria mão com força, reclamando:
   — Fala sério!
Ele sai caminhando em passos pesados para longe dos três e Maísa olha assustada para Samuel, mas ele apenas ri.
   — Sabia que ele ia fazer isso — diz.
   — Você gosta de provocar também, né? — devolve a loira, mas acaba sorrindo.
   — Ah, vai que ele aceita o convite, não custava tentar. — Os dois riem e Malu força uma risada.

Em seu carro, Luíza aguarda o fluxo na rua diminuir para poder sair da vaga em frente ao colégio de Nícolas. Ela olha para o filho pelo retrovisor central, mas ele não retribui o olhar pois está brincando com joguinho que ganhou da professora. A psicóloga apoia a cabeça na janela e fica olha distraidamente para a calçada do colégio, olhando sem realmente ver para os outros responsáveis que buscam seus filhos. Uma mulher entra em seu campo de visão e desperta o seu interesse.
   — Eu te conheço de algum lugar — sussurra consigo mesma. Ela acompanha a mulher atravessar a rua segurando na mão de um garotinho bem mais novo que Nícolas e entrar em um carro do outro lado. Sua mente trabalha a todo vapor para se recordar da tal mulher e quando ela está quase lá, a vozinha de Nícolas invade seus ouvidos:
   — Mãe, por que aquele homem está olhando pra gente? 
   — O quê? — ela pergunta ainda pensando na mulher.
   — Por que aquele homem está olhando pra gente? — repete Nícolas apontando para trás. Luíza segue a indicação dele e não enxerga ninguém além de pais e mãos caminhando com seus filhos.
   — Que homem, filho?
   — Ele se escondeu atrás da árvore — conta a criança ainda com o olhar fixo em um ponto.
   — Deve ter sido impressão — fala Luíza encarando a árvore. 
   — Não, mãe, eu vi — garante Nícolas.
   — Não foi nada demais filho — fala Luíza. Ela volta a olhar para frente, mas diante de todas as experiências nada agradáveis de perseguição, ajusta o retrovisor para poder visualizar a tal árvore.
   Com o comentário de Nícolas e o que se procedeu, ela esqueceu por completo da mulher que supostamente conhece. 
   Após acomodar o filho na cadeirinha, Júlia liga o carro e se prepara para sair da vaga.
   — Nós não vamos para casa, meu amor — diz para o garotinho. — Hoje a gente vai almoçar em outro lugar, com uma pessoa especial. 

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