Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 262: Yasmin consegue autorização para sair do castigo

Olhando com seriedade para a melhor amiga, Isabela responde:

   — Não, não é verdade. Você está enganada! 

   — Tá bom então — Yasmin dá de ombros mais uma vez, indiferente. 

   — Não repete mais isso — pede Isabela.

   — Ok!

Victor está com a expressão tão relaxada quanto Yasmin ao sair em sua defesa:

   — Ela só estava brincando.

Isabela, que ainda está bastante irritada com o que foi dito por Yasmin, ri.

   — Sabe o que é curioso, Victor? Quando é com você a Yasmin está sendo infantil, mas com os outros é apenas brincadeira. 

O rapaz demora um tempo para responder, pois foi pego de surpresa pela observação da garota e Yasmin tem que se controlar para não rir. 

   — Eu só quis dizer...

   — Não queira dizer mais nada — Isabela interrompe implacável. 

Victor ri, recuperando o seu habitual ar de deboche.

   — Você está tão irritadinha assim por causa do comentário da Yasmin? — atiça. 

   — Eu estou irritada com a sua incoerência e abuso. 

   — Eu não vi abuso em momento algum.

   — Ah é? E quem você pensa que é para se meter nos meus sentimentos?

   — Eu não me lembro de ter me metido em seus sentimentos.

   — Falar que eu fiquei irritadinha é quase isso.

   — Apenas falei...

   — Para vocês dois! — Yasmin interrompe em português mesmo. — O que eu disse sobre o Iago foi apenas um comentário aleatório. Não precisa de todo esse escarcéu. 

Na tentativa de quebrar a tensão que ficou no ambiente desde que contou sobre a mãe de Jonas, Maísa volta-se para Aline e pede:

   — Fala aí sobre o seu lance com o Iago. 

   — Ah, o Iago é um garoto especial, né? — Aline sorri. — Eu gosto muito de ficar com ele. 

   — Ele é diferente dos outros que você já ficou, né? — indaga Laís e ela ri.

   — Sim! Eu estava acostumada a me envolver com Felipes da vida, não com Iagos. — O sorriso dela fraqueja. — Talvez seja por isso que o meu relacionamento com o Iago tem alguns obstáculos que os outros não tinham.

Maísa não compreende.

   — Como assim? 

   — É que o Iago é mais... Como posso dizer? Mais calmo, mais controlado. — Ela se atrapalha com as palavras e resume: — O que eu quero dizer é que sempre que o clima esquenta é por minha causa. Sempre sou eu que tenho que tomar a atitude!

   — Sério?

   — É, não é horrível, mas eu não sei até onde a gente pode ir. 

   — Você quer dizer quê? — pergunta Laís.

   — Que eu não sei se o Iago quer dar um passo além ou não. Eu até desconfio que ele seja virgem ainda.

   — Ei, ainda não — censura Laís. — Não existe tempo certo para dar um passo além, depende da pessoa. 

   — Ok, eu até desconfio que ele seja virgem — corrige Aline. — O problema é que eu não sei como agir, né? Vai que ele é igual a você, Laís, que resolveu esperar até o casamento?

   — Qual é o problema?

   — Nada contra, mas eu não resolvi esperar. 

   — O Iago não tem cara de quem resolveu esperar — opina Maísa. — Vai ver ele está apenas esperando a pessoa ideal.

   — E será que eu sou a pessoa ideal para ele? — reflete Aline.

   — Definitivamente não — brinca Maísa e elas riem. 

Um leve sorriso surge no rosto de Graziele enquanto ela conversa com alguém por mensagem. Thiago, ao seu lado, estica o pescoço para ver quem é.
   — Douglas — ele diz lendo o nome do contato. 
Graziele bloqueia a tela.
   — É, ele está no estúdio do Fabrício fazendo uma nova tatuagem. — Ela sorri. — Ele disse que estava escrevendo o meu nome no peito.
Thiago ri.
   — Isso é sério?
   — Espero que não, né? — Ela ri junto com ele. 
   — Vocês estão bem próximos, né? — comenta Thiago com sutileza. 
   — É, estou descobrindo que você tem amigos legais. 
O rapaz sorri.
   — Tenho, mas toma cuidado, tá? Se você se incomodava com o estilo de vida que eu levava, não vai querer se relacionar com caras como o Dodô. 
Graziele surpreende-se.
   — Eu não vou me relacionar com o Douglas! Não esse tipo de relacionamento que você está se referindo. Ficou maluco?
   — Calma! — Thiago sorri. — Apenas te alertei.
   — Eu não preciso desse tipo de alerta — encerra a ruiva. 

Com os rostos próximos, Malu e Samuel despedem-se um do outro. 
   — Amanhã eu não vou pro colégio, ok? — ele avisa e completa sorrindo: — Não precisa ficar me esperando. 
   — Como se eu fosse fazer isso — retruca Malu. — Por que você não vai?
   — Preciso de algum motivo especial para faltar? 
   — Querido, amanhã encerra o segundo bimestre. Apenas o segundo bimestre! O jogo ainda não está ganho, não.
Samuel ri.
   — Eu sei, é que amanhã é a audiência de separação da minha mãe e do Elias.
Malu fica mais séria.
   — É? 
   — É. Eu quero estar presente, sabe? É importante para a minha mãe.
   — Claro, é importante para a família toda, na verdade.
   — A minha família é apenas eu e minha mãe — Samuel retorque com a expressão endurecida.
   — Eu sei que você não considera o Elias seu pai, concordo com você, mas não tem como negar que o sangue dele corre em suas veias e, principalmente, o sobrenome dele que você assina. Se perguntarem quem é Samuel Alves ninguém vai saber, agora se disserem Samuel Hamid qualquer socialitezinha reconhece. 
Samuel permanece calado por alguns longos segundos, até que diz:
   — Você sabe o meu primeiro sobrenome. 
   — É o mesmo que o meu, então seria difícil não gravar — ela sorri. 
   — Será que as nossas mães são irmãs? — brinca ele.
   — Eu transei com um primo! Que sexy.
Eles riem e dão um beijo. 
   — Tenho que ir — diz Samuel afastando-se dela.
   — Tchau!
   — Tchau.
O casal dá um selinho e Samuel caminha para a saída.

Equilibrando sobre os seus saltos, Anelise anda até o irmão.
   — Será que você tem um tempinho para ouvir os meus elogios? — indaga às costas de Chay. O cantor sorri ao ouvir a voz da irmã e se vira para ela.
   — Tenho vários tempinhos. 
Eles sorriem e Anelise dá um abraço nele.
   — Ficou incrível o seu documentário — ela diz com o rosto no ombro dele. — Nunca senti tanto orgulho de você na vida — ri.
   — Aposto que você chorou — Chay fala olhando para ela.
   — Fiquei emocionada, o Bernardo é testemunha.
Chay ri e olha ao redor.
   — Eu poderia perguntar diretamente pra ele, mas — ele olha para a irmã — cadê o Bernardo?
Anelise suspira e Chay pressente que não vem coisa boa por aí.
   — Nós nos desentendemos. 
   — Por quê?
A jornalista conta o que se passou e Chay assente.
   — Entendi. Vocês ficam brigando por besteira.
   — Pelo menos nosso casamento não terminou porque a gente não tinha tempo de se ver — rebate Anelise sorrindo.
   — Nossa, morri de rir agora! — satiriza Chay.

Mel não tem dificuldades para encontrar os filhos visto que eles estão reunidos em um grupinho com os herdeiros de Sophia e Lua.
   — Oi, crianças! — Eles respondem sem muito entusiasmo. — Vamos embora? — ela chama Isabela e Vinícius. 
   — Vamos, amanhã a gente tem aula — fala Vinícius.
Mel sorri, orgulhosa da responsabilidade do filho. 
   — Eu vim chamar vocês para nos despedirmos do seu pai. 
   — Vamos lá — Isabela diz soltando a mão de Felipe.
   — O que está acontecendo? — Brian cochicha para Marina, pois não compreendeu nenhuma palavra exceto "Oi".
   — A Isabela e o Vinícius vão embora — Marina conta em inglês para ele.
Mel, Isabela e Vinícius estão se distanciando quando Brian pronuncia alto em português:
   — Tchau!
Os três olham por sobre o ombro para o americano. Ao redor dele, Marina cora até a raiz dos cabelos de vergonha, Felipe esconde um sorriso com a mão e Yasmin e Victor gargalham sem desfaçar. 
   Brian acena para eles, acreditando estar sendo apenas gentil. Mel observa ele com estranheza, Vinícius tenta não rir e Isabela sorri com complacência.
   — A gente ia voltar pra se despedir de vocês — ela diz —, mas Tchau, Brian. Até daqui a pouco!
Brian sorri enquanto os três desaparecem entre os outros convidados. Só então as gargalhadas do casal de loiros chama a sua atenção.
   — Eu fiz alguma coisa errada? — ele questiona para Felipe. 
   — Não, que isso? — responde o moreno ainda tentando se controlar. 

   — A gente veio dizer tchau — anuncia Mel ao parar ao lado de Chay e Anelise.
   — Já? — Chay pergunta olhando para os filhos.
   — Amanhã a gente tem aula, pai — justifica Isabela.
Anelise estranha.
   — Vocês ainda não entraram de férias?
   — A gente entra sábado — sorri Vinícius.
   — Hum, temos que planejar agitos para essas férias, hein? — Chay brinca.
   — Com certeza — Isabela concorda e é abraçada pelo pai.
   — Adorei a presença de vocês aqui hoje — ele diz puxando Vinícius para perto.
Os três se abraçam enquanto Mel e Anelise sorriem.
   — Vamos nos abraçar também — Anelise brinca passando os braços em torno de Mel. 
Eles riem. 

Com Isabela e Vinícius distantes e o constrangimento provocado por Brian cessado, Marina volta-se para Felipe e pergunta:
   — Você está bravo? 
   — Bravo? — ele repete com a expressão séria.
   — É, por causa do que... — ela hesita, pois não queria usar o nome da cunhada para evitar desavenças —, por causa do que a Yasmin disse. 
Felipe não olha para ela ao responder, encara intensamente a irmã.
   — Eu não gostei nenhum um pouco.
Yasmin revira os olhos.
   — Eu já disse que foi apenas um comentário aleatório, mas se você está tão incomodado, siga o ditado e se mude. 
Felipe bufa e sai caminhando em passos pesados. Marina, Victor, Yasmin e Brian ficam sozinhos e em silêncio.

Chay segura no pulso de Mel para mantê-la perto.
   — A volta da Júlia foi surpreendente, né?
   — Foi mesmo — ela concorda. 
   — A mãe dela está tão diferente, eu quase não reconheci.
   — É, a causa disso se chama plástica. 
Chay ri.
   — Entendi. Obrigada pela presença, sei que pode ter sido complicado para você estar aqui. 
Mel sorri com leveza.
   — Por que você acha isso? Você já não mexe mais comigo, Chay — ela provoca apertando o queixo dele, que sorri e dá um tapa na mão dela. 
   — Eu estava me referindo à exposição e às fofocas que vão surgir dessa noite — devolve sorrindo.
   — Entendi. Eu já não me importo com isso, o que interessa são as pessoas que eu amo. O resto é besteira!
   — Bonita filosofia.
   — Bonito documentário.
Eles sorriem e se abraçam.
   — Você merece todo esse sucesso, Chay — diz ela no ouvido dele.
   — Obrigado. 
   — Não precisa agradecer. 
Chay afasta, mas mantêm as mãos unidas com Mel.
   — Eu sempre vou precisar agradecer a você — fala com os olhos fixos nela. — Ao Arthur, ao Micael, a Sophia e a Lua — acrescenta. — Sem vocês eu não teria chegado onde cheguei.
   — Nenhum de nós teríamos. A gente sempre vai dever um ao outro.
   — Sempre!
   — Mas é uma dívida muito gostosa.
   — Assim como o seu traseiro? — Chay gargalha e recebe um tapa de Mel. 

Isabela e Vinícius retornam para perto dos amigos.
   — Eu falei que a gente ia voltar para se despedir — Isabela sorri para Brian.
   — Garota de palavra. — O americano dá uma piscadela para ela e eles riem.
Vinícius entrelaça os dedos com os de Marina.
   — Até amanhã, Mari.
Ela vira o rosto na direção do dele e dá um beijo curto em seus lábios.
   — Dorme bem.
O rapaz olha para Yasmin e se despede:
   — Tchau, Yas!
   — Tchau, Vini.
   — Tchau, Victor — diz Vinícius para a pessoa ao lado dela.
   — Até mais, cara. 
Vinícius dá um aceno de cabeça para Brian.
   — Tchau.
   — Tchau, Vinícius. 
Isabela segura no pulso de Yasmin e diz somente para ela.
   — Você ainda vai pagar por falar demais, moça. 
A loirinha sorri e dá um abraço na amiga.
   — Eu sou apenas sincera, Isabelinha. — Elas sorriem. — Boa noite!
   — Boa noite — responde Isabela e sorri para a cunhada: — Tchau, Marina!
   — Tchau, Isabela!
   — Se você vir a Grazi, a Malu e o Thiago, dá o meu tchau pra eles — pede a garota olhando para Yasmin novamente.
   — Tá.
   — Tchau, Brian! — Isabela tenta ser tão animada quanto ele foi quando se despediu dela anteriormente e eles riem. Ela olha para os lados, ficando séria. — Cadê o Felipe?
   — Tomou Doril — responde Yasmin.
   — Hã?
   — Sumiu. 
Isabela revira os olhos sorrindo e dá meia volta para procurar Felipe, mas é impedida por Victor que segura em seu braço.
   — Não vai se despedir de mim? — ele questiona somente para ela ouvir.
Isabela lança um olhar duro para ele.
   — Você é incoerente. 
   — Eu sou um texto agora para ter coerência ou não? — ele brinca.
   — Ainda é sem graça. 
   — Vai ficar de mimimi também?
   — Vai se ferrar! — Isabela puxa o braço e sai à procura de Felipe.
   Depois de buscar por alguns minutos, ela encontra o namorado encostado em uma mesinha prateada.
   — Eu já vou.
Felipe passa um braço pela cintura dela e beija sua testa.
   — Tchau, pequena.
Mesmo com o carinho Isabela percebe que Felipe está distante e tem em sua mente uma razão para isso.
   — Você ficou bolado com o lance do Iago e a tia dele?
   — Um pouco. 
Isabela suspira e apoia a testa no peito dele.
   — A gente sabe que a Yasmin vive falando besteira, aquilo foi mais uma dessas. Não liga para o que ela fala.
   — Eu não ligo quando não faz sentido. 
   — Oi? — A morena ergue a cabeça para olhar nos olhos dele. — Você acha mesmo que eu estou ligada com o Iago por forças maiores? 
   — A tia dele foi a primeira namorada do seu pai. 
   — Felipe!? — Ela se afasta dele para poder enxergar seus olhos sem erguer a cabeça. — Você nem acredita nessas coisas de forças maiores! Se fosse o Vinícius, que é mais espiritualizado, eu até entenderia, mas você? Você é uma das pessoas mais racionais que eu conheço e se for para falar em forças racionalmente maiores, o nosso namoro é mais forte do que tudo! Você foi a minha primeira paixão, lá quando a gente era criança, foi com quem eu dei o meu primeiro beijo e foi com quem eu perdi a minha virgindade. Sem contar que nós estamos ligados por laços familiares, os seus pais são meus padrinhos e os meus são os seus, eu sou amiga da sua irmã, você é amigo do meu irmão. — Ela para de falar e respira. — Quer força maior do que essa? 
Felipe não fala mais nada, apenas abraça e beija Isabela. 

Horas passam, por volta das quatro da manhã, Anelise chega ao condomínio de prédios onde mora com o esposo. Ela deixa o carro de Bernardo na garagem e sobe para o apartamento. Ao entrar na casa, busca não fazer nenhum barulho e tira os sapatos de salto para caminhar até o quarto. Ela deixa a bolsa e os casacos sobre uma poltrona e se dirige ao banheiro onde tira a maquiagem e escova os dentes. 
   Após trocar a roupa de festa por um pijama grosso e tirar os acessórios, senta em cima dos casacos na poltrona e fica admirando Bernardo dormir. O homem de trinta e um anos está coberto por um cobertor grosso com estampa de oncinha, que Anelise comprou em uma viagem ao exterior, e dorme tranquilamente. Embora não aparente ter a idade que tem, dormindo fica ainda mais novo. A jornalista observa cada traço do corpo dele e se recorda de vários momentos de cumplicidade que passou ao seu lado. 
   — Há mais de dez anos juntos — sussurra para si. Com ar reflexivo, ela levanta e se deita ao lado dele, puxando a coberta e virando de costas para o marido. 
   Os olhos de Bernardo abrem-se duas horas mais tarde. Ele joga o cobertor para um lado e levanta, indo sonolento para o banheiro. Depois de se despir, entra sob o chuveiro e toma um banho quente para espantar o sono e o frio. Após sair do banheiro, apenas de toalha, sente o corpo tremer com o choque térmico, mas algo atrapalha a sua ida até o closet. 
   Sua atenção está toda em Anelise. 
   Os braços dela estão em torno do travesseiro em que ele dormia e seu rosto está encaixado exatamente onde estava o pescoço do médico. Mesmo estando um pouco chateado com a esposa, ele não consegue controlar um sorriso abobalhado. Em seguida, ruma até o closet que Anelise divide com ele e veste seu uniforme branco de trabalho. 

A manhã passa velozmente.
   — Mãe? — chama Yasmin ao abrir a porta do quarto dos pais antes do almoço. — Ah, oi, pai! — cumprimenta vendo Micael sentado na cama. — Não vi o senhor quando cheguei do colégio.
   — Está vendo agora — sorri Micael.
Yasmin caminha até a enorme cama dos pais e se joga nela.
   — Ainda bem que o senhor está aqui, preciso falar com você e com a mãe. Cadê ela?
   — Cadela?
Yasmin dá uma risada irônica.
   — Que engraçado. 
   — Estou aqui — Sophia fala saindo do closet toda produzida.
   — Uau, mãe! — exclama Yasmin de queixo caído. — Isso tudo é pro almoço? — questiona rindo.
   — Que engraçada — Micael fala no mesmo tom de voz da filha, que mostra língua pra ele.
Sophia senta na cama entre a filha e o marido. 
   — Tenho uma entrevista lá na MelPhia após o almoço.
   — Ah! Então vou logo antecipando o meu assunto. — Yasmin senta na cama, adotando uma postura mais comedida. — Eu preciso ter uma conversa séria com o Victor hoje à tarde e preciso que vocês me liberem do castigo. 
   — Uma conversa séria? — Micael estreita os olhos.
   — Ai, eu vou ser sincera com vocês, eu ouvi uma conversa de vocês dois.
Sophia prende o ar.
   — Que conversa?
   — Aquela que o pai te contou que o Victor tem planos de voltar pros Estados Unidos.
Micael arqueia as sobrancelhas.
   — É?
   — É. — Ela olha duramente para o pai e retorque: — Aliás, isso que eu tenho com o Victor não é passageiro. — Os seus olhos vagam para longe dos pais. — Mas eu preciso conversar com o Victor sobre isso.
   — Yasmin...
   — Mãe — interrompe a loirinha —, é só uma conversa. O que é que custa? 
A empresária respira fundo.
   — Tudo bem. O que você acha, Micael?
O cantor assente.
   — Por mim também está tudo bem. 
Yasmin dá um leve sorriso e levanta.
   — Ok, vou marcar com o Victor. 
   — Yasmin! — chama Sophia.
   — O quê?
   — Pensa antes de falar, filha.
A loirinha sorri e assente antes de sair do quarto. 
   — Mesmo ela estando de castigo eu acho importante eles terem essa conversa — opina Sophia.
   — Não era você que era contra o romance dos dois? — pressiona Micael sorrindo.
   — Eles precisam se decidir! Ou ficam juntos de uma vez ou se separam. Mesmo tendo umas novas visões do Victor, eu...
   — Que novas visões? — interrompe o cantor.
   — Ah, antes eu achava que ele era apenas um adolescente imprudente e tudo mais, mas agora eu acho que ele é realmente assim. Talvez o Victor seja irresponsável por natureza. Sem contar que o Victor é um pouco frio e calculista. 
   — Nossa! Quantos elogios — ironiza Micael.
   — Eu realmente não tenho nada contra ele como pessoa. Acontece que... talvez ele não seja o melhor parceiro pra Yasmin. Só que ao mesmo tempo, eles têm tantas coisas parecidas! E... — ela para de falar inexplicavelmente.
   — E o quê? 
   — Olha, Mica, no começo eu não queria te contar, mas pensando bem eu vi o quanto machista eu estava sendo em permanecer calada.
Micael endireita-se na cama.
   — Do que você está falando, Sophia?
   — Eu estou querendo dizer que o Victor é muito importante pra Yasmin. Ela gosta dele, ela confia nele, ela... ela perdeu a virgindade com ele.
Os olhos de Micael saltam.
   — O que você está me contando?

Bem distantes do conflito dos Abrahão-Borges, Mel e os filhos almoçam com tranquilidade. 
   — Mãe — Isabela fala repentinamente.
   — O quê? — indaga Mel.
   — Ontem, na festa do pai, a gente foi apresentado aquela mulher, Júlia. 
   — Sei.
   — O meu pai teve uma namorada chamada Júlia, não teve? 
Mel dá um leve sorriso. 
   — Você é muito esperta.
Isabela prende o ar enquanto Vinícius responde:
   — Então a Isa está certa, mãe? Essa Júlia que ela conheceu ontem é a mesma que namorou o pai? 

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