Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 261: Retorno de Júlia surpreende a todos e sobra para Isabela

Micael está tão atônito quanto Sophia.

   — Não pode ser a Júlia ali — comenta. — Não pode, ela está tão diferente. 

   — Olha para aquele rosto — diz Sophia recuperando a calma. — Ela fez o nariz e preencheu a boca. 

   — Como você pode ter certeza? 

   — Querido, eu vivo no mundo da moda, estou acostumada com isso — ela ri. — Agora quem diria que após anos, a primeira namorada do Chay reapareceria? 

   — Que doideira de mundo! — concorda Micael. 

   — Mas vem cá, Júlia — diz Chay —, o que te trouxe aqui essa noite?
   — Eu sei que eu vou ter que falar muito sobre esse documentário ainda, então eu resolvi vir para poder falar com propriedade. — Ela sorri. — É praticamente a minha obrigação estar aqui. 
Mel está com a testa levemente franzida e Chay com a confusão estampada no rosto.
   — Desculpa, eu não entendi — ele fala.
   — Eu trabalho para o Netflix, Chay — conta Júlia. — Sou chefe da assessoria de imprensa. 
   — Ah! — exclama o cantor. — Agora tudo faz sentido.

Uma senhora idosa aparece perto de Chay, Mel e os outros. Embora já tenha idade para apresentar em seu rosto marcas da idade, sua pele permanece lisa e esticada, os lábios carnudos e as sobrancelhas bem desenhadas. Ela segura pela mão um garotinho que usa um terno sob medida.

   — Filho! — exclama Júlia abrindo um sorriso. 

Chay arregala os olhos.

   — Filho? 

Júlia pega o garotinho no colo e Felipe fica surpreso que mesmo com sua magreza, ela tenha força para carregá-lo.

   — Você tem filhos bem mais velhos que o meu, né? — brinca Júlia. 

   — É seu e do Rodrigo? — questiona Mel com interesse. — Eu lembro que quando nós perdemos o contato você namorava com ele.

Júlia dá um leve sorriso e afasta os cachos castanhos dos olhos de seu filho.

   — Não, o Antenor não é filho do Rodrigo, eu e ele terminamos logo que entramos na faculdade. 

   — Ah! — exclama Mel e olha ao redor. — O seu marido está aqui?

   — Não. — O tom de voz de Júlia fica mais fraco, mas ela respira fundo e volta a alegrar sua expressão, completando com a tristeza controlada: — O meu marido faleceu há dois anos. 

Iago olha para baixo e Isabela toca em seu pulso, indagando:

   — Você era próximo dele? 

   — Ele era meu tio de sangue — responde o garoto baixinho. Isabela assente e faz carinho na pele dele. 

   — Meus pêsames! — deseja Mel e abre um sorriso olhando para Antenor. — Pelo menos o seu marido deixou uma ótima recordação pra você. Quantos anos ele tem? 
   — Dois — responde Júlia olhando para o seu filho. — Ele é a única coisa que importa na minha vida. 
Isabela cutuca Felipe e cochicha:
   — Eu não estou entendendo nada, você está?
   — Nem um pouquinho. 

Bem longe deles, Samuel e Malu conversam enquanto degustam massas salgadas. 
   — E você e o Jonas, como vão? — indaga Malu de repente.
   — Vamos bem — responde Samuel —, bem brigados.
Os dois riem e Malu questiona:
   — Mas você não estava de papinho com a Maísa para se acertar com ele?
   — Estava não, estou! Eu vou combinar uma armadilha com ela. 
Malu ri.
   — Armadilha? O que é isso, uma novela? Ou um filme? 
   — Idiota! Eu vou combinar com a Maísa dela marcar um encontro com o Jonas e quem aparecer sou eu, assim ele não terá como não ir. Brilhante, né?
Malu pondera.
   — Razoável. 
   — Larga de ser idiota — pede o rapaz beliscando o queixo dela.
   — Foi mal, não consigo. 

   — As férias estão chegando! — exclama Marina sorridente pegando duas taças de champanhe com um garçom e entregando uma delas para Vinícius. — Um brinde a elas!
Vinícius sorri e toca com sua taça a de Marina.
   — Só mais amanhã de aula e "Alô, curtição!". 
   — O que nós vamos fazer? 
   — Eu vou relaxar com o pessoal — responde Vinícius —, você eu não sei... O Brian está aqui para aproveitar as férias com você. 
Marina pensa em um argumento para rebater Vinícius, mas quando o seu olhar cruza com o dele percebe que Vinícius está apenas brincando.
   — Bobão!
Vinícius ri e dá um selinho nela.
   — Falando sério, a gente tem que pensar no que vai fazer nas férias. O lance do Brian não é tão brincadeira assim, ele vai estar aqui mesmo. 
Marina pega no pulso de Vinícius e o arrasta até uma mesinha prateada, em que ela coloca sua taça. 
   — Não fala do Brian como se ele fosse um obstáculo na nossa vida — pede passando os braços pelos ombros dele. 
   — Obstáculo é uma palavra forte para usar, eu diria uma mala mesmo. 
Eles riem e Vinícius dá um beijo nela.
   — Falando em Brian, cadê ele?
   — Está com saudades? — provoca Marina e o rapaz ri.
   — Vamos pular isso — diz e volta a beijá-la. 

No casarão em que mora com os pais, Laís dá gargalhadas e come pipoca com as amigas Maísa e Aline, na noite do pijama que organizou. 
   — Agora eu preciso saber de uma coisa — diz Aline olhando para os lados na espaçosa sala de estar. — Os seus pais sabem que você está com o Alê?
Laís ri entre as almofadas no tapete.
   — Sabem!
   — Ah tá, porque eu quero saber detalhes desse relacionamento pra ontem!
As três gargalham e Laís começa a contar:
   — Ah, está sendo muito gostoso ficar com o Alê, sabe? Eu nunca pensei que a gente fosse ficar, porque o Alexandre sempre foi muito bobão e tal e eu nunca tinha visto ele com outros olhos. Mas depois que a gente foi se aproximando, eu percebi que ele é mais legal do que eu imaginava. 
   — Oh, que fofo! — exclama Aline sorrindo. 
   — Nunca pensei que a minha prima fosse namorar um cabeludo — gargalha Maísa.
   — Ei, a gente não está namorando ainda.
   — Ainda! — exclama Maísa e Aline juntas e caem na gargalhada. 
   — E você pensa em... sabe, transar com ele? — indaga Aline mais séria. 
   — Não! — nega Laís de imediato, depois ri. — Quer dizer, eu penso, mas não agora. 
   — A Laís quer casar virgem — conta Maísa com o tom de voz monótono. 
   — Nem vem! — exclama Laís para a prima. — Cada um com o seu pensamento e aquilo que acredita.
Aline olha confusa para elas.
   — Não estou entendendo nada, gente — diz. — Você quer ou não casar virgem? 
Laís engole um punhado de pipoca e responde com os olhos brilhantes.
   — Quero e vou! Eu quero me guardar para um momento especial.
   — O momento especial não tem que ser necessariamente depois do casamento — retorque Maísa.
   — Maísa? A gente já conversou sobre isso! — Laís fecha a cara enquanto a loira revira os olhos e toma um gole de suco.
   — Gente, calma — pede Aline. — É só uma conversa.
   — É que eu e a Laís já tivemos essa conversa muitas vezes — Maísa explica.
   — Já era para você ter entendido a minha concepção e aceitado. 
   — Eu entendo e aceito, só acho que você deveria pensar mais sobre isso. Se você se casar com, sei lá, trinta anos, vai ficar virgem até lá?
   — Sim! — responde Laís. — Se você perdeu a virgindade com um garoto que você nem vê mais, a culpa não é minha. 
   — Ei, ei, ei! — protesta a loira. — Eu perdi a virgindade com o meu ex-namorado e não me arrependo nem um pouco. Na época ele era muito importante para mim!
   — E hoje ele não é nada!
   — Claro que é! Ele sempre será o primeiro homem da minha vida. Eu nunca vou esquecer dele!
   — Gente! — chama Aline. — Chega, né? O propósito da noite é a gente rir e se divertir! Vamos encerrar esse assunto? — Ela olha para Maísa. — Conta aí como vai você e o Jonas. 

Ainda com os olhos fechados, Victor afasta os seus lábios dos de Yasmin e ouve ela dizer:
   — A gente não deveria ficar de agarração antes de ter aquela conversa.
Ele assente.
   — Eu também acho, é que... — Seu olhar desce pelo corpo dela. — Você está tão linda hoje que eu não consigo me controlar. 
Yasmin ri e ele tem que se controlar para não a beijar novamente.
   — Eu sei, mas eu não quero ficar tão próxima e depois me magoar.
   — Se magoar? Do que você está falando?
A loirinha sacode a cabeça.
   — Nada demais, depois eu explico. — Ela sorri e dá um selinho nele. Victor morde a isca e começa a beijá-la, deixando totalmente de lado o comentário da namorada. 

Isabela puxa uma banqueta do bar e senta com Felipe.
   — Ainda estou tentando entender o que a gente presenciou — diz.
   — Eu também! Foi tudo tão confuso. O Iago aparecendo, dizendo que veio com a tia dele, levando a gente pra conversar com ela, que aliás estava conversando com o Chay e a Mel, que disseram que são conhecidos dela faz tempo. 
   — Sem contar o espanto do meu pai quando viu o filho dela — acrescenta Isabela.
   — E quem foi Rodrigo? 
   — Ah, isso eu entendi! — fala a jovem. — Esse Rodrigo era namorado da Júlia. 
   — Por isso a Mel perguntou se o filho era dele?
   — É. — Isabela tamborila os dedos no balcão. — Sabe uma coisa que eu estava pensando?
   — O quê?
   — Se eu não me engano, os meus pais já tinham falado de uma Júlia, que eles conheceram quando eram adolescentes. Ainda se eu não me engano, essa Júlia era namorada do meu pai quando ele conheceu a minha mãe.
Felipe arregala os olhos.
   — Peraí! Então o Chay deixou aquela mulher lá pra ficar com a Mel? 

Um jornalista pede para falar com Chay e Júlia diz:
   — Eu já vou indo. Vamos, mãe? 
   — Vamos — responde a senhora incrivelmente rejuvenescida. — Eu não sei para onde o Iago foi com o Antenor.
Júlia sorri.
   — Ótimo, vamos atrás deles. — Ela olha para Chay e Mel. — Foi um prazer reencontrá-los. Até mais ver!
   — Até mais! — respondem os dois. A primeira namorada de Chay sai caminhando com sua mãe e Mel fala:
   — Eu vou deixar vocês a sós. — Ela afaga o braço de Chay. — Depois a gente se fala.
   — Tudo bem. — O cantor pisca pra ela e se volta para o jornalista. 

Maísa toma fôlego para dizer:
   — Eu estou passando por um momento complicado com o Jonas.
   — Sério? — surpreende-se Aline. — Vocês têm estado tão próximos ultimamente. 
Laís, que ainda está um pouco chateada com a prima, apenas observa e come pipoca.
   — Estamos mais próximos do que nunca, mas... você reparou que ele está diferente nos últimos dias?
   — Se com diferente você quer dizer mais grosso, sim, eu reparei. 
   — Pois é, esse é o jeito dele de enfrentar as coisas que estão acontecendo. 
Aline olha de relance para Laís, que está atenta na conversa, e questiona:
   — Quais são as coisas que estão acontecendo? 
Maísa olha para Laís e Aline com apreensão e avisa:
   — Olha, o que eu vou dizer não pode sair daqui.
   — Tá, fica tranquila — Aline garante e olha para Laís, que dá de ombros.
   — Ok. 
Maísa respira fundo e diz:
   — A mãe do Jonas está com câncer de mama. 
Aline arregala os olhos e Laís engasga-se com a pipoca.
   — O quê? Você não tinha me contado isso! — diz, esquecendo-se completamente que estava irritada com Maísa.
   — Eu não contei pra ninguém, quer dizer, só pro Samuel. — Ela passa a mão no cabelo. — O Jonas está desesperado.
   — Também pudera! — exclama Aline em choque. — Caramba, que barra!
Laís deixa a pipoca de lado.
   — Isso é terrível! Eu não desejaria isso nem para o meu pior inimigo, nem pro Jonas! 
   — A família dele está desolada e ele muito mais. Mãe é mãe, né? — diz a loira.
   — É. Tadinho!
   — Gente, pelo amor de Deus, não fica olhando pra ele de forma diferente — alerta Maísa. — O Jonas não pode sonhar que vocês sabem, senão ele me mata! 
As duas assentem.
   — Tudo bem.
   — Pode deixar. 

As duas amigas e sócias encontram-se no meio do salão.
   — Você viu quem reapareceu? — indaga Mel.
   — Claro que vi! Fiquei chocada.
   — Eu também. Quem diria que a Júlia ia surgir em nossas vidas de novo depois de tantos anos?
   — Pois é — concorda Sophia. — E cheia de plástica.
Mel ri.
   — Você não perdoa nada, hein?
   — Não é verdade? — Elas riem e Sophia emenda com mais seriedade: — Como você reagiu? 
   — Ah, eu fiquei surpresa. 
   — E o Chay?
   — Também — responde Mel olhando ao redor.
   — Posso te perguntar uma coisa? 
Os olhos de Mel cravam nos de Sophia e ela ri.
   — Até sei o que você vai perguntar.
   — Sabe, é?
   — Se eu fiquei com ciúmes, não é? 
Sophia ri e confirma.
   — É, isso mesmo. 
Mel sorri.
   — Não, não fiquei. Assim, é claro que na hora passou um filme na minha cabeça, né? Mas ciúmes mesmo eu não fiquei, não. Nem um pouco!
   — É que pra mim foi bem estranho — confessa Sophia rindo. — Parecia que a gente era aqueles adolescentes de novo, sabe?
Mel gargalha.
   — Pra mim foi ao contrário. Eu vi o quanto a gente evoluiu e amadureceu. 
   — Mas a Júlia ficou cheia de plástica! — ri Sophia.
   — Você não viu a mãe dela — acrescenta Mel rindo também. 

   — Oi, Yasmin! — Nícolas fala muito alto para ser ouvido pela loirinha e Victor, que trocavam beijos e carícias. Ela leva um susto e se afasta de Victor com rapidez. 
   — Nícolas? — fala ofegante. — Oi. 
   — Oi! — diz Victor.
   — Tudo bem com vocês? — indaga o garotinho.
   — Sim — responde a jovem —, e com você?
   — Também. — Ele olha para uma coluna espelhada e caminha até ela. — É verdade que esse sou eu? — questiona olhando para o próprio reflexo.
   — Sim — Yasmin confirma parando atrás dele com Victor. 
   — É? Por quê?
A loirinha abre a boca para responder, mas Victor é mais rápido e começa a explicar:
   — A sua imagem vem do brilho de uma camada fina de prata que é colocada na parte de trás do vidro, assim a prata reflete grande parte dos raios de luz que entram em contato com o espelho. Acontece por causa de um processo físico chamado reflexão, que é diferente da refração, porque...
   — Ele é feito de um material diferente que é capaz de mostrar as coisas — interrompe Yasmin. 
Victor olha para ela com estranheza.
   — Ele é uma criança, a gente tem que ensinar as coisas certas. 
   — Você realmente acredita que ele vai entender o que é reflexão, refração e o car*lho a quatro?
   — Olha a boca! — censura Victor contendo uma risada. 
   — O que é reflexão, refração e o car*lho a quatro, Yas? — questiona Nícolas em tom curioso. 
Yasmin arregala os olhos e Victor começa a rir.
   — Não é nada — ela diz agindo as mãos em frente ao rosto dele. — Não é nada!
   — Por que você não pergunta aos seus pais? — sugere Victor. — Diz que a Yasmin não soube te responder.
A loirinha dá um soco no estômago dele.
   — Para de falar besteira! Esquece isso, Nícolas — pede Yasmin. — Vamos comer alguma coisa?
   — Não, estou cheio.
   — Não, você quer sim — ela discorda pegando na mão dele. — Vem!
   — Estou ficando com fome — comenta Victor indo atrás deles. Yasmin para abruptamente, quase derrubando Nícolas, e olha para trás.
   — Eu chamei o Nícolas, não você — provoca. 
Victor ri e retruca:
   — Eu não preciso de convite. 

Marina enxerga Brian na mesa com o banquete e sorri, indo em direção a ele.
   — Até que enfim te encontrei — ela diz parando ao seu lado.
   — Eu não fui para outro lugar — diz ele sorrindo.
   — O que você está comendo? 
   — Isso aqui. — Ele dá uma empadinha diretamente na boca de Marina. 
   — Gostoso. 
   — A comida daqui está muita gostosa! — exclama o americano pegando mais alguns salgados. 
   — Não tão gostosa quanto o meu ex-namorado — provoca Marina rindo. 
Brian olha para ela com descrença e sorri.
   — Bebeu muito champanhe, é?
   — Não, só disse a verdade.
O rapaz olha ao redor e volta a se fixar nela.
   — Deixa o seu namorado ouvir isso.
Marina dá de ombros.
   — Eu só disse a verdade, ué. Você é gostoso e o Vini também. 
Brian ri.
   — Mudou o discurso?
   — Só acrescentei. — Ela sorri. — O que eu posso fazer se tenho bom gosto para namorados? 
   — Gostaria de dizer o mesmo — retorque o americano colocando mais uma empadinha na boca. 
   — A Jaqueline é um horror, né? — ri Marina.
   — Ela nunca foi minha namorada.
   — Ah, então você está se referindo às suas ex-namoradas? Aquelas que você teve o azar de se relacionar antes de conhecer a diva aqui. 
Brian gargalha.
   — Não também. Estava falando de você mesmo!
Marina fuzila ele com o olhar.
   — Por que você não morre, hein?
   — Você morreria de chorar e eu não gosto de te ver chorar.
   — Apesar de você não ter tido bom gosto ao começar a namorar comigo? — indaga a morena controlando uma risada.
   — Exatamente! — confirma Brian e eles gargalham.

Bernardo coça um dos olhos com uma das mãos e com a outra segura uma taça de champanhe para Anelise, que conversa com uma amiga. Ele respira fundo e olha ao redor, tentando não transparecer cansaço nem estresse. 
   — Fazia tanto tempo que eu não falava com ela — comenta Anelise quando a mulher afasta-se. 
Bernardo esforça-se para sorrir.
   — Que bom, amor. 
Depois de anos juntos com ele, Anelise é capaz de ver em seus olhos que algo está equivocado.
   — Você está bem? — indaga passando a mão pelo rosto dele.
   — Estou cansado — Bernardo responde. — Quero dormir, amanhã eu tenho plantão no hospital.
   — A gente não pode esperar só mais um pouquinho? — Ela pergunta pegando de volta sua taça.
Bernardo troca o peso do corpo para a outra perna e suspira.
   — Você disse que ia embora depois do documentário.
   — Eu sei, mas é que eu ainda nem falei com o Chay.
   — Vamos lá falar com ele!
   — Ele está atendendo aos jornalistas. 
Bernardo volta coçar os olhos.
   — Eu quero dormir, Ane. 
   — Pode ir para casa então, Bê.
   — Mas e você?
   — Eu fico mais um pouco. 
   — Como você vai embora? — pergunta Bernardo.
   — Eu pego carona com alguém ou vou de táxi.
   — Eu não vou te deixar aqui sozinha, Ane. 
   — Mas você não quer ir embora? Pode ir, eu não quero te impedir.
   — Em momento algum eu disse que você estava me impedindo.
   — Tem coisas que não precisa dizer — retorque Anelise.
   — Eu só preciso dormir, Anelise. Eu vou passar vinte e quatro horas atendendo, não posso estar cansado. 
   — Por isso que eu estou falando para você ir!
O médico suspira e fala:
   — Tudo bem. — Ele tira as chaves do carro e estica o braço para ela. — Mas fica com o carro, eu vou te táxi. 
Anelise hesita, mas aceita. 
   — Ok. 
   — Tchau — despede-se Bernardo dando meia volta. Anelise caminha até ele e segura em seu braço.
   — Ei, tchau! — Ela o puxa e dá um beijo em seus lábios. Bernardo retribui, mas assim que Anelise para o beijo com um selinho ele gira e vai embora. 

Isabela e Felipe conversam no centro do espaço. Yasmin e Victor, após deixarem Nícolas com os pais, surgem da direção norte quase instantaneamente com Marina e Brian, os quais aparecem pela direção Sul. Vinícius chega pela lateral e se junta ao grupo.
   — Nós temos uma coisa para contar pra vocês — diz Isabela olhando para os amigos. 
   — Falar em inglês ajuda — comenta Marina apontando para Brian com a cabeça.
   — Ah, é! — Ela troca o idioma e prossegue: — Aconteceu uma coisa que fez eu e o Felipe pensarmos, caso eu não esteja enganada, a primeira namorada do meu pai está aqui essa noite.
Yasmin arregala os olhos.
   — Sério? E teve uma namorada antes da Mel? Eles começaram a namorar tão jovens. 
   — Você teve outros peguetes antes de mim. 
   — Peguetes — repete a loirinha. — Sem contar que não é garantia que a gente continue juntos igual o Chay e a Mel.
   — Nossa! — exclama Victor.
   — Eu só estou seguindo o seu raciocínio — ela rebate fazendo referência à conversa que ouviu dos seus pais. 
   — Hã? — estranha Victor.
   — Vamos deixar para discutir mais tarde? — pede Vinícius. — Quero continuar ouvindo a Isabela.
   — Concordo com ele — diz Brian. — A história está interessante, vocês podem brigar depois. — Ele tosse. — Quer dizer, desculpa por me meter no seu relacionamento, Victor — provoca.
Victor cerra os dentes, mas Marina segura em seu braço e pede:
   — Deixa pra lá. Continua, Isabela!
A menor respira fundo e fala:
   — O meu pai namorou uma outra garota antes da minha mãe e ela apareceu aqui hoje. 
   — Eles sabem disso? — questiona Yasmin. — A Mel e o Chay?
   — Sabem! — confirma Felipe. — Eles estavam conversando com ela quando nós fomos apresentados.
   — Mas vocês não sabem o mais bizarro — acrescenta Isabela. 
   — O quê? — questiona Vinícius envolvido no relato.
   — A Júlia, ex do pai, é tia do Iago. 
   — Eita, Giovana! — espanta-se Victor em português. 
   — Caramba! — Marina está tão surpresa quanto o irmão. 
   — Parece até novela — Brian comenta.
   — Vocês perceberam uma coisa interessante? — questiona Yasmin.
   — Que coisa? — Vinícius pergunta.
   — A Isabela e o Iago parecem estar ligados por forças maiores!
Marina fica abismada com o comentário da loirinha, Vinícius coça a sobrancelha, Victor olha displicentemente para Isabela, Brian observa eles com curiosidade e Felipe massageia a nuca com a mão. 
   — Yasmin? — censura Isabela. — Isso é coisa para se dizer? 
A loirinha dá de ombros, ignorando as reações de surpresa da maioria.
   — O quê? Não é verdade?

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