Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 266: Começo de festa é marcado por conflitos e descobertas


   — Você ficou maluca? — questiona Yasmin quando Isabela retorna para perto dela e de Marina. 
   — Você ainda dá moral para esse moleque depois de tudo, Isa? — Marina não esconde o tom de decepção.
Isabela permanece com a expressão leve mesmo com as críticas das amigas.
   — Gente, eu fui apenas educada.
   — Não — retruca a loirinha imediatamente. — Educada você teria sido se tivesse cumprimentado ele, caso tivesse cruzado com ele. Agora ir falar com ele sendo que ele nem tinha te visto? Isso é trouxisse!
   — Ai, gente, vamos continuar nossas compras? 
   — Vamos — concorda Marina. — O que foi feito já foi feito mesmo.
   — Exatamente — diz Isabela. — Já foi. Vamos!
As três voltam a bater perna pelo shopping. 

No casarão de sua família, Jaqueline anda de um lado para o outro com uma prancheta sob o braço, assim como Luciana. Brian acompanha a loirinha e observa ela dar ordens em um dos quartos do segundo andar.
   — Eu quero esses colchões espalhados por toda a parte, mas tem que sobrar um espaço no meio para as mesinhas e, claro, espaço para as pessoas andarem. Ah — ela olha para uma das empregadas de sua casa que trouxe para ajudá-la —, faltam as plaquinhas que indicam os quartos masculinos e femininos e as de localização. A casa é muito grande e sem nenhum móvel fica complicado se localizar, eu não quero ninguém perdido por aí.
   — Sim, senhorita Jaqueline — responde a empregada saindo do quarto para acertar o que ela disse. 
   — É você mesmo que vai colocar as cascatas de luzinhas pelos quartos? — Jaqueline pergunta para o homem que organiza os colchões infláveis pelo chão.
   — Sim — ele responde. 
   — Ok, quero tudo muito iluminado hoje a noite. — Ela sorri e olha para Brian, que está com um sorriso abobalhado no rosto. — O que foi? — pergunta em inglês para ele entender.
   — É que eu acho que você fica ainda mais linda quando fala português — responde o americano passando os braços pela cintura dela.
O sorriso de Jaqueline aumenta e ela dá um beijo muito carinhoso nele.
   — Você sabe que eu posso falar em português o quanto você quiser, mas você não vai entender.
   — Só de ouvir sua voz já é bom. 
Eles sorriem e se beijam mais uma vez, dessa vez um beijo mais longo e quente, sem se importarem com a presença do homem que trabalha na festa.

Com o celular no ouvido, Maísa tenta mais uma vez falar com Jonas, mas ele permanece recusando a atender as ligações dela. Irritada, a loira atira o celular na cama.
   — Que raiva! — exclama e olha para o espelho em sua penteadeira. — Mas tudo bem, tudo bem. Mais tarde tem a festa da Jaqueline e lá o Jonas não me escapa — diz com determinação.

As horas passam e no começo da noite, por volta das nove horas, Jaqueline e Brian estão conversando na varanda do casarão em que ela mora com os pais. 
   — Por que a gente não pode ir pra festa ainda? — ele pergunta com as mãos pousadas na cintura dela.
   — Porque a Luciana falou que preparou uma surpresa pra gente — conta Jaqueline passando a mão pela gola da camisa azul marinho com pequenas setas que ele usa. 
   — Entendi. — Ele sorri. — Enquanto ela não aparece, a gente pode aproveitar.
Jaqueline também sorri e dá um beijo nele. Os dois começam a ouvir o som de uma buzina, que vai crescendo conforme o veículo que a produz aproxima-se. 
   — Não acredito! — exclama Jaqueline com as mãos na boca quando olha além das grades do portão. Brian ri e pega na mão dela, juntos eles caminham até a saída.
   — E aí, gostaram? — questiona Luciana sorridente. 
O olhar de Brian desce automaticamente pelo corpo dela que está coberto por um vestido preto curto e justo, que deixa suas curvas bem acentuadas. No entanto, o que mais chama atenção não é o que ela está vestindo, e sim a limousine preta que está parada atrás dela.
   — Você arrasou, amiga! — diz Jaqueline entusiasmada. 
   — Vem — chama a morena —, vamos entrar.
Os três entram na limousine que tem o interior todo de luxo.
   — Uau, quero champanhe! — ri Jaqueline e Luciana estica uma taça para ela e depois para Brian.
   — A gente tem que falar inglês pro boy entender, amiga.
As duas riem e Jaqueline toca sua taça na de Brian, perguntando no idioma dele:
   — Gostou?
   — Adorei! — responde o americano bebericando o champanhe.
   — Vocês não viram nada ainda — fala Luciana e sua mão aperta um pequeno botão próximo a janela. Instantaneamente começa tocar uma batida eletrônica que faz os corações de Jaqueline e Brian pulsarem com mais agitação. Eles riem e Jaqueline ergue a taça, vibrando:
   — Uhu!
   — Ainda tem mais — promete Luciana e apertando mais um botão abre o teto solar do automóvel.
   — Car*lho! — exclama Jaqueline ficando em pé. Assim que sente a brisa da noite entrando em contato com o seu rosto, ela desce novamente e pega na mão de Brian. — Vem sentir essa maravilha!
Os dois levantam e colocam os rostos para fora do carro.
   — Isso é demais — comenta Brian.
   — É mesmo. — Eles se olham, brindam suas taças e dão um beijo. Em seguida, descem e voltam a se juntar à Luciana. O trio vai cantando e bebendo champanhe até o casarão em que ocorrerá a festa.

Os olhos de Lorenzo analisam criteriosamente sua roupa: os tênis cinzas, a calça jeans preta e a camiseta com estampa geek por baixo da blusa xadrez.
   Ele vira rapidamente para encarar Iago, que está amarrando os tênis sentado na própria cama.
   — Não acredito que eu estou indo nessa festa! — exclama. 
   — Qual é, cara? Vai ser legal — incentiva Iago. Ele levanta e pega uma jaqueta jeans no armário. 
   — Eu não gosto desse tipo de festa.
   — Você não gosta de festa nenhuma — ri o outro vestindo a peça. — Olha, nós sempre fomos os nerds que quase não tinham amigos, esse é o primeiro ano que temos amigos descolados que fazem festas, então temos que aproveitar. Sem contar que é o nosso último ano de colégio!
Lorenzo revira os olhos.
   — Você fala tudo isso, mas só vai por causa da Aline.
   — Claro que não. — Diante do olhar de descrença do amigo, acrescenta: — Ela teve um papel importante na minha decisão, mas eu não vou só por causa dela, senão não teria insistido pra você ir. Pensa que a Yasmin vai estar lá.
Lorenzo ri.
   — Ela e o Victor. Sem contar que mesmo que ela estivesse sem ele eu nunca chegaria nela. 
   — Porque você é idiota. 
   — Porque ela nunca olharia pra mim. 
   — Cara, você esqueceu que já deu um selinho nela? 
   — Roubado, no escuro — acrescenta Lorenzo.
   — As circunstâncias não importam. Olha, depois que eu fiquei com a Isabela, não duvido mais de nada. 
   — A Isabela é bem diferente da Yasmin.
   — Ela é tão linda quanto a Yasmin. 
   — Só que a Isabela é mais acessível. 
   — Você está falando que a Isabela é mais fácil?
   — Não! É que a Yasmin é a garota mais popular do colégio, pessoa mais inalcançável do que ela não existe. 
Iago revira os olhos.
   — Ela já brigou com o Victor por sua causa, eu não acho que ela seja não inalcançável assim por você. Mas enfim, vamos deixar ela pra lá e vamos logos. 
Os dois saem do quarto de Iago.
   — Você tem certeza que não precisa levar mesmo nada? — pergunta Lorenzo. — A gente vai dormir lá.
   — A Jaqueline disse no grupo que vai ter tudo o que a gente precisa.
   — Ok. — Eles se despedem dos pais de Iago e são levados pelo motorista da família até o casarão da festa.

De braços cruzados, Marina aguarda encostada em uma mureta perto do portão da mansão de Mel. Juntamente com ela estão Vinícius, Victor, Yasmin, Felipe e Isabela. 
   — Eu ainda não entendi por que a gente teve que se reunir aqui — fala Felipe. 
   — Ainda mais sem os motoristas — completa a irmã dele.
   — Calma, gente — pede Vinícius tranquilamente com as mãos nos bolsos de sua calça jeans de lavagem clara. — O nosso transporte para a festa já está chegando.
   — Quero só ver que tipo de transporte vai conseguir levar nós seis — comenta Victor. 
Marina escuta o ruído de um motor e gira a cabeça para a sua esquerda ao mesmo tempo que os outros. Todos eles observam uma Kombi com estampadas psicodélicas chegando próxima a eles. 
   — Isso é uma brincadeira? — ri Felipe.
   — Onde você arranjou isso? — Isabela questiona enquanto Yasmin sorri com incredulidade e Victor comenta:
   — Que irado! 
A Kombi para diante deles com um rapaz de dreadlocks no volante.
   — Boa noite — ele cumprimenta sorrindo.
   — Vamos? — convida Vinícius abrindo a porta do veículo. Um por um, os seis entram. Na sua vez, Marina para na frente do namorado e dá um selinho nele, dizendo:
   — Isso é genial.
Quando estão todos confortavelmente acomodados na Kombi, Vinícius chega mais perto da namorada.
   — Lembra que você comentou comigo que queria andar em uma Kombi? 
   — Lembro — responde Marina sorrindo. — Agora eu já sei que carro vou comprar quando tirar a minha carteira.
Os dois sorriem e se beijam. Contudo, o afeto dura pouco, pois Victor coloca a cabeça entre eles.
   — A gente está indo mesmo para festa da Jaqueline ou para Woodstock?

Duas horas depois todos já estão presentes na festa de Jaqueline, que bomba. Todos os espaços foram iluminados com tochas de ferro, exceto os quartos que são clareados por pisca-piscas. 
   Nos cômodos do térreo, o chão foi coberto por tapetes de pelo cinza e almofadas foram espalhadas juntamente com balões coloridos. A comida foi organizada somente na sala de jantar, mas suportes para balde de champanhe foram colocados em todos os espaços. 
   As únicas pessoas presentes na festa que não são estudantes do Otávio Mendes são o DJ e Brian. A maioria dos jovens dançam na sala principal, outros conversam espalhados pela casa e poucos comem na sala de jantar. 
   A idealizadora da festa, Jaqueline, caminha de grupinho em grupinho com Brian para cumprimentar os colegas. O americano não quis ir a princípio, pois ela fala em português com os colegas e ele fica apenas fazendo figuração ao lado dela. Contudo, Jaqueline conseguiu convencê-lo. 
   Após conversar com Gabriel, Fernando e mais duas garotas do terceiro ano B, Jaqueline visualiza o sexteto formado pelo filhos dos ex-rebeldes, ela respira fundo e diz baixinho:
   — Até aqueles que você não gosta. — Então pega na mão de Brian e caminha até os seis. — Oi, gente!
Eles olham para ela — Isabela, Marina e Vinícius com naturalidade, Yasmin torcendo o nariz e Felipe e Victor admirando o corpo dela — e respondem:
   — Oi!
   — Estão gostando da festa? 
   — Sim — responde Isabela com educação.
   — Por enquanto não teve nada de extraordinário, mas está bonzinho — provoca Yasmin.
   — Da próxima vez organiza uma festa com coisas extraordinárias então — Jaqueline rebate, Victor ri e Brian olha atentamente para as duas, pois mesmo sem compreender o que elas dizem nota que o clima está ficando pesado.
   — Pode deixar, daí eu te convido.
   — Beleza. Se você não estiver se sentindo confortável, pode ir embora. — Ela olha diretamente para a porta e Yasmin tenta manter a calma mudando o foco do rosto de Jaqueline. 
   É nesse momento que ela vê Lorenzo, Iago e Aline. Aline dá beijinhos em Iago enquanto ele tenta afastá-la por causa da presença de Lorenzo, que mexe no celular. 
   — Acho que encontrei uma coisa mais divertida pra fazer — diz Yasmin voltando a encarar Jaqueline. — Dá licença. — Ela se afasta sem nem olhar para Victor ou os amigos e caminha até o trio sob o olhar deles. 
Jaqueline olha para Victor e lança um sorriso, provocando:
   — Se você tivesse ficado comigo não teria sido trocado pelo nerd, mas você não ficou então... Dá licença — ela imita o tom de voz de Yasmin nas últimas palavras e sai arrastando Brian.
Marina fica revoltada.
   — Ela tem a capacidade de falar essas coisas na frente do Brian?
   — Ele não entende mesmo — ri Felipe.
Isabela chega mais perto de Victor.
   — Ri agora, Victor — provoca fazendo referência ao momento em que ele riu do corte que Jaqueline deu em Yasmin.

Seguindo as placas, Maísa tenta encontrar o banheiro dentre tantas portas e corredores iguais. Quando ela finalmente chega à porta em que está escrito "Banheiro" fica frustrada ao constatar que está trancada.
   — Droga! — reclama, mas logo que termina de pronunciar as palavras ouve o barulho da porta abrir.
   — Está livre — diz Jonas sem perceber que é ela. Maísa vira ao ouvir a voz dele e os dois ficam trocando olhares por alguns segundos até que ele desvia dela e diz: — Pode ir ao banheiro. 
   — Perdi a vontade — fala Maísa segurando ele pelo braço.
   — Não posso fazer nada — ele retorque puxando o membro. Jonas sai caminhando pelo corredor e Maísa corre atrás dele.
   — Jonas, para de fugir de mim.
   — Eu não estou fugindo de ninguém, estou apenas retornando para a festa — ele responde sem nem olhar para ela.
   — Seja homem e fala o que você tem que dizer na minha cara! — pede Maísa exaltando-se. 
Jonas para no corredor e olha para ela com frieza.
   — Eu tenho muitas coisas pra te dizer, mas que culpa eu tenho se não aguento nem olhar mais na sua cara? 
A loira engole em seco.
   — Por que você está agindo assim? Eu só quis te ajudar. 
   — Como diz o ditado, ajuda quem não atrapalha. Eu te contei acreditando que você seria capaz de guardar segredo, Maísa, e você foi logo contar para uma das pessoas que eu mais odeio. 
   — Ele é seu melhor amigo!
   — Ele era meu melhor amigo. Caramba, custava ficar de boca calada? Se eu quisesse falar com o Samuel, eu falaria. Não preciso de ajuda de ninguém pra isso!
   — Eu só queria fazer você enxergar o que está na sua cara, Jonas. Você sente falta do seu amigo e ele sente a sua falta. E agora... e agora é um momento que você está precisando de amigos ao seu redor.
   — Sim, mas eu acabei de perder mais um. Ou melhor, uma.
   — Jonas...
   — Me deixa em paz, Maísa, de verdade. Eu pensei que pudesse confiar em você, mas vi que estava enganado.
   — Você pode confiar em mim! Eu só quis o seu bem!
   — Ok! Então agora o meu bem é ficar longe de você, respeita isso.
Ela sacode a cabeça.
   — Você não pode estar falando sério.
   — Estou. Você me decepcionou pra caramba. — Ele dá uma risada azeda. — Também, o que eu poderia esperar de uma garota que estava de rolo comigo e ficou com o meu amigo?
   — Porque você beijou sua ex-namorada!
   — Isabela — Jonas sorri ao pronunciar o nome dela. — Acho que ela foi a única pessoa que realmente quis o meu bem.
   — Você não sabe o que está dizendo.
   — E você não sabe de nada. Agora larga do meu pé. — Ele olha com desprezo para Maísa e sai com rapidez.

   — Por que você estava brigando com a Yasmin? — Brian pergunta para Jaqueline parado perto da escada.
   — Porque essa garota me irrita de todas as formas que pode acontecer! — responde Jaqueline, mas acaba sorrindo. — Pelo menos eu provoquei o Victor.
   — O que você falou? 
   — Nada demais — ela responde não querendo provocar uma situação constrangedora com ele. — Não foi nada realmente importante, nem sincero foi, foi só para provocar ele mesmo.
   — Você não existe — ri Brian.
   — E você existe e está bem na minha frente. — Jaqueline abraça e beija Brian. 
Após o afeto, ele olha ao redor e avista Laís e Alexandre.
   — Você não cumprimentou aqueles dois — avisa à Jaqueline.
Ela olha na direção que ele apontou e dá de ombros.
   — Não são importantes.
   — Você falou que ia cumprimentar todo mundo.
Ela revira os olhos e pega na mão dele.
   — Vamos lá. — Os dois caminham até o casal e ao se aproximar, Jaqueline diz: — Oi, gente!
   — Oi, Jaqueline — responde Alexandre com animação.
   — Oi — Laís não é tão receptiva quanto ele.
Jaqueline ignora a reação dela e pergunta:
   — Estão gostando da festa?
   — Sim — responde Laís.
   — Eu gostei dessas tochas — comenta Alexandre olhando ao redor e Jaqueline sorri.
   — Foi ideia da Luciana, porque a princípio não teria luz, mas a gente teve que ligar novamente a energia por causa da comida e da bebida, também por causa do DJ.
   — Mas a primeira ideia ficou — conclui o rapaz.
   — Exatamente.
   — Laís, eu quero ir embora.
Os quatro olham para Maísa, que chega com os olhos vermelhos de choro. 
   — O que foi, amiga? — questiona Laís com preocupação.
   — É o Jonas — ela não entra em detalhes por causa de Jaqueline, que é amiga do rapaz. — Eu quero ir embora.
   — O que o Jonas fez dessa vez? — questiona Jaqueline com interesse.
   — Não é da sua conta — retruca Maísa com acidez.
   — Olha aqui, garota, eu sou amiga do Jonas e...
   — Eu não me importo de quem você é amiga ou não — corta Maísa.
   — Posso terminar? — Maísa fica quieta. — Então, eu sou amiga do Jonas e sei que ele está passando por um momento difícil. Já perguntei várias vezes, mas ele não quis me contar. Eu sei que você sabe, então concluo que o Jonas ache você importante. 
   — O Jonas é um babaca.
   — Sim — concorda Jaqueline para o espanto de Maísa, Laís e Alexandre. — Ele é mesmo um babaca e você sabe como agir com um babaca? Da mesma forma que ele age com você. — Vendo que Maísa não parece compreender o que ela diz, simplifica: — Se o Jonas foi um grosso com você, seja grossa com ele. Aposto que ele vai abaixar a bola com você.
Maísa reflete sobre o que Jaqueline falou, mas Laís abomina a ideia de imediato.
   — Isso é patético! Não é porque o Jonas é um trouxa que a Maísa tem que ser trouxa com ele também, eu...
   — Espera, amiga — pede Maísa. — Até que a lógica da Jaqueline faz sentido.
   — Maísa, você não está pensando...
   — Ah, eu estou — sorri a loira. — Eu tentei conversar com o Jonas por bem, agora vou ter que apelar para o mal.
Jaqueline sorri com satisfação.
   — É disso que eu estou falando.

Marina tenta manter o equilíbrio em sua sandália plataforma tratorada enquanto vira mais um copo de caipirinha com Vinícius na sala de jantar. Eles gargalham, trocam beijos e carícias e bebem. Em seguida fazem a mesma coisa e permanecem nesse ciclo por alguns minutos.
   — Ai, acho que a minha boca tá furada — ri Marina sentindo a caipirinha escorrer pelo seu queixo e pescoço. — Me passa o guardanapo ali — pede receando que a bebida chegue em seu blazer preto ou na blusa de alfaiataria amarela. 
   — Eu limpo pra você — fala Vinícius chegando ainda mais perto dela. Ele segura firmemente em sua cintura e lambe sua pele, provocando um arrepio em Marina.
   — Ai, que delícia! — ela exclama e eles riem. 
   — Mais uma? — ele oferece mais um copinho para ela.
   — Claro. 
Eles brindam e entornam outro copinho de caipirinha.

Com uma taça de champanhe nas mãos, Isabela caminha com tranquilidade pelo casarão, observando e analisando cada cômodo do local. Ao passar por uma salinha de estar no segundo andar, vê Jonas sentado sozinho em um amontoado de almofadas. Ela pensa por um momento e resolve entrar no espaço.
   — Você veio — diz caminhando até ele. Jonas ergue a cabeça e sorri para ela.
   — Eu vim.
   — Você está bem? — questiona Isabela sentando ao lado dele.
   — Estou, estava apenas pensando em algumas coisas aqui.
Isabela beberica sua bebida e questiona:
   — Quer dividir?
O rapaz hesita por um instante até que diz:
   — Tem uma coisa que envolve você.
   — O quê? — Isabela surpreende-se.
Jonas prefere fitar a janela aberta aos olhos de Isabela quando começa a falar:
   — Quando eu estava vindo pra cá, tocou no rádio do carro uma música que eu acho que é do Justin Bieber, se chama Sorry.
   — Sim, é dele — confirma Isabela.
   — Então, eu tenho uma mania de ficar traduzindo letras e fiz isso com essa. Você já leu ou fez a tradução?
   — Não. Eu não costumo mais ouvir Justin como antes, então eu só ouço em festas ou quando dá vontade. Nunca parei pra reparar na letra. Por quê?
Jonas demora para responder.
   — Quando você tiver um tempo ou tiver vontade, leia a tradução. Eu... eu acho que tem a ver comigo e... e com você. 
   — O nome da música é desculpa, é algo relacionado a...
   — Leia a letra. Apenas isso. 
Eles ficam em silêncio por um tempo.
   — O seu namorado não deve estar atrás de você? — questiona Jonas quebrando a calmaria.
Isabela dá um leve sorriso.
   — O Felipe não é minha sombra ou vice e versa. 
   — Tudo bem. Entendi. — Jonas sorri. — Você está tão diferente, Isa. E agora eu vejo quem é a Isabela de verdade.
   — E daí?
Ele olha para ela.
   — E daí que você é uma pessoa linda. Por dentro e por fora. 
Isabela não responde, apenas retribui o olhar dele.
   — Com licença — diz Maísa passando pela porta.
Isabela levanta automaticamente e Jonas faz o mesmo.
   — Você não desiste mesmo, né? — ele questiona, mas Maísa não se abala.
   — Eu preciso falar com você.
   — Nós não temos nada para falar. 
Maísa respira fundo e olha para Isabela. A morena entende a deixa e fala:
   — Eu vou pegar mais champanhe. Com licença. 
Ela nem olha para Jonas ao se retirar da sala.
   — Agora você intimida as pessoas também? — indaga Jonas.
   — Eu não intimidei ninguém. A culpa não é minha se a Isabela percebe que a gente tem um assunto pendente e você não.
   — A gente não tem assunto pendente.
   — Cala a boca, Jonas! — pede Maísa elevando o tom de voz, o que deixa Jonas espantado. — Agora quem vai falar aqui sou eu e você vai ficar de boca fechada.
   — Quem você...
   — Eu cansei de ser boazinha com você, Jonas! — interrompe Maísa gritando. — Eu tentei ficar do seu lado e te ajudar nesse momento difícil que você está passando, mas você estraga tudo.
   — Eu estrago tudo?
   — Sim! Todo mundo já percebeu que você e o Samuel sentem falta um do outro. Agora por causa desse seu orgulho idiota, você estragou tudo. 
   — Vocês que têm dificuldade de entender que eu não quero me aproximar dele! 
   — Para de mentir, Jonas! Sua mãe está com câncer, os amigos verdadeiros que você tinha eram o Samuel e o Pedro. Você nem contou para o Pedro, mas contou pra mim. Você sabe que pode confiar em mim e no fundo sabe que eu quero o seu bem, mas por causa desse orgulho e dessa babaquice você atrapalha tudo. Eu já estou farta disso!
   — Ah, é? Se você está farta, por que não me deixa de uma vez?
   — Porque eu gosto de você, seu idiota! E eu sei que você gosta de mim também. 
Jonas dá um sorriso debochado.
   — Nem eu sei se eu gosto.
   — Se você não gostasse, eu não teria sido a primeira pessoa que você ligou aquele dia pra desabafar. — Ele fica calado. — O seu problema é que você se fecha quando mais precisa dos outros. Só que eu vou te dizer uma coisa, você não vai conseguir me afastar de você. — Ela para diante dele. — Eu não vou te deixar sozinho nesse momento, então para de ser idiota comigo porque eu não vou aturar suas babaquices. 
   — Eu não te pedi nada. 
   — Para! — ela pede apertando o queixo dele. — Para de agir assim, eu sei que você não está sendo sincero. Para de querer afastar as pessoas que gostam de você. — Ela desliza sua mão pelo rosto dele. — O meu defeito é gostar de você e eu gosto porque vejo que no fundo você é um cara incrível.
Jonas não diz nada e eles ficam se encarando por um longo tempo, sendo a respiração ofegante de Maísa o único som no espaço. 
   — Seria muito mais fácil se você desistisse de mim — Jonas diz de repente.
   — Às vezes o que é fácil não é certo. 
Jonas olha duramente para ela e em um piscar de olhos puxa ela para os seus braços e a beija. 
   Estarrecida do lado de fora da salinha encontra-se Isabela. Seu coração martela em seu peito e ela tenta encontrar um ritmo estável para respirar. 
   — Perdida?
Isabela leva um susto e quase grita quando falam em seu ouvido, ao contrário disso ela se vira para olhar para Felipe, que sorri com tranquilidade. Contudo, o sorriso dele some assim que vê a expressão de terror no rosto dela.
   — O que houve, Isabela? — ele pergunta ainda baixinho.
   — A m-mãe do Jonas, ela... ela está com câncer, Felipe.

Do outro lado do mesmo andar, Malu e Samuel riem e se beijam pelo corredor. Eles procuram às cegas um lugar para namorar e quando abrem a primeira porta que encontram tomam um susto.
   — Aqui já está sendo ocupado — ri Mayara com as mãos na cintura de uma garota do terceiro ano B. Malu fica espantada, pois para ela Mayara ainda estava namorando Vanessa, mesmo assim ri e puxa Samuel para fora. 
   — Credo! — exclama o rapaz, no corredor.
   — O que foi? — questiona Malu dando um selinho nele.
   — Eu achava que era fofoca esse lance da Mayara também ficar com meninas. 
Pelo tom de voz dele, Malu fica atenta e dá um passo para trás.
   — Por que o espanto? Você tem alguma coisa contra a isso?

Sentados em almofadas na sala principal, Yasmin e Victor conversam com rostos colados por causa da música alta.
   — Esse trabalho foi o único jeito de eu sair do castigo.
   — E agora você vai ter que passar um dia vendendo roupas — ele conclui bebendo champanhe.
   — Sim. Horrível, né?
   — Até que não, eu vou estar lá.
Yasmin sorri olhando atentamente para os olhos dele.
   — Sério?
   — Claro! Eu tenho que gravar isso. — Ele começa a gargalhar e Yasmin revira os olhos.
   — Você é tão babaca!
   — Oi, gente! — gritam Marina e Vinícius ao chegarem perto deles. Yasmin e Victor se assustam e erguem as cabeças para fitá-los.
   — Vamos dançar! — chama Marina.
   — Temos que curtir a festa — acrescenta Vinícius.
Victor fica em pé e Yasmin faz o mesmo, perguntando para o amigo:
   — Você bebeu?
   — Talvez sim, talvez não. 
   — Vini, você está bêbado.
Ele ri.
   — Claro que não. Eu bebi um pouco, mas estou ótimo!
Yasmin sacode a cabeça.
   — Eu te conheço, sei quando você bebeu.
   — Estamos em uma festa — diz Marina. — Temos que aproveitar! Vem, vamos dançar.
Nem Yasmin nem Victor conseguem dizer mais nada, pois são arrastados por Marina e Vinícius para a improvisada pista de dança no centro. O casal de morenos começa a dançar freneticamente ao passo que Yasmin aproxima-se de Victor, alertando:
   — Não seria melhor a gente ir embora? O Vinícius está bêbado.
   — Tem certeza que ele está bêbado? Não me parece muito.
   — Está sim — garante Yasmin. — Ele não perde o controle, mas fica todo empolgadinho.
   — Igual a Marina — ri Victor —, mas ela perde o controle. 
   — E agora os dois estão bêbados.
   — Relaxa — pede o loiro acariciando os braços dela. — Vamos curtir a festa também, eles vão ficar bem. Essa noite ainda vai render muito!


Comentários

  1. Maísa e Jonas, cada vez mais perfeito, essa cena deles foi maravilhosa, não tem palavras para descrever, a cada dia mais apaixonada por eles!
    O Lorenzo apareceu, estava com saudades dele!
    Aline r Iago😍😍
    Será que o Samu é homofóbico???
    Vini e Marina bêbados, perfeitos kkk...
    Adorei o conselho da Jaque para a Maísa!

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    1. Maísa seguiu o conselho da Jaqueline e se deu bem, conseguiu dobrar o Jonas kkkk Mas será que com o jeito dele essa relação vai para frente?
      Lorenzo deu o ar da graça kkkkk Aline e Iago também *-*
      O Samuel ficou bastante surpreso e Malu ficou desconfiada dele... Samuel homofóbico, sim ou não?
      Vinícius e Marina sempre juntos... até no porre kkkkk
      Pois é, não é que a Jaqueline ajudou alguém dessa vez. *-*

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  2. Espero que o Vine e a Mari apronte nessa festa, principalmente ele que é o certinho kkkkkkk
    Amo o Vinicius!
    Será que a Isa vai se aproximar do Jonas? E o Felipe qual será que foi a reação dele?
    Muito perfeito o seu imagine!

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    1. O Vinícius não costuma beber, vamos ver como ele se comportará kkkk
      A Isabela está ficando cada vez mais próxima do Jonas novamente, será que isso vai acabar bem?
      Muito obrigada :D

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  3. Kkkkk mano pela primeira vez o vini resolve dá uma renovada e nada melhor do que ao lado da namorada kkkk
    Bom tô com saudades dos capitulos com meu casal favorito (chamel) espero q poste logo...enfim rêh amo seus capitulos acompanho desde o começo e sou apaixonada por ele...
    Parabéns pela criatividade em cada capitulo, eu também escrevo e minha maior inspiração e seu imagine...
    Que venha mais um capitulo, ansiosa já kkkk qro q o vini e a marina estrapole dessa vez, aponto de deixar seus pais furiosos kkkkk bom e isso, bjss e continua....

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    Respostas
    1. Como disse ali em cima: Vinícius e Marina sempre juntos... até no porre! kkkkk
      Muito obrigada por continuar acompanhando o Imagine, fico muito feliz, ainda mais por servir de inspiração a sua própria história. Se quiser deixar o link aqui para eu e as outras leitoras lermos, fique à vontade :)
      Beijos!!

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    2. Eu que agradeço, só há um probleminha kkk eu escrevo mais tah tudo no meu what, pq comecei faz poucos dias e ainda n criei nenhuma conta para publicar minha história, mais assim que eu fizer aviso, ou pelo what, caso vx queira...bjss😘

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  4. Oi Rê estou apaixonada pelo seu Imagine,fiquei um tempo sem comentar por que perdi minha senha Rsrs ,mas estou amando
    #QueroVoltaChaMel

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