Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 263: Yasmin e Victor conversam e se emocionam


   — Ainda bem que você me convidou pra almoçar — diz Anelise sentada ao lado de Luíza no carro da psicóloga —, eu ia passar o dia mofando em casa, apenas respondendo emails da MelPhia.
Luíza ri e estaciona em uma vaga em frente ao restaurante que elas pretendem comer com Nícolas.
   — E o Bernardo? 
   — Nem fala no Bê — pede Anelise. — A gente está bolado um com o outro.
   — Sério? — Luíza olha para trás e pergunta para o filho: — Consegue soltar o cinto do assento, Ni?
   — Consigo — responde o garotinho ainda uniformizado do colégio. 
   — Desce pelo lado da calçada. 
   — Tá. 
Luíza endireita-se e tira o cinto.
   — Me conta sobre o que aconteceu com você e o Bernardo.
   — Eu conto durante o almoço. 
Elas descem do carro e Luíza segura na mão do filho.
   — Vamos atravessar. 
O trio cruza a rua e antes de entrar no restaurante Luíza olha atentamente ao redor.
   — Por que isso? — questiona Anelise estranhando o comportamento dela.
   — Precaução. 
A irmã caçula de Chay franze a testa e escolhe uma mesa para eles sentarem.
   — Precaução do quê?
Luíza e Nícolas sentam junto com ela e a psicóloga abaixa o tom de voz para o filho, que olha com curiosidade o cardápio, não ouvir.
   — Eu e o Daniel estamos preocupados com o Augusto e a Marisa.
   — O pai e a madrasta dele? 
   — Sim.
   — Eu, hein! — exclama Anelise. — Vocês precisam dar um jeito nisso.
   — A gente está tentando, mas esses dois parecem pragas nas nossas vidas. 
   — Então extermina eles.
   — O quê? — Luíza arqueia as sobrancelhas.
   — Dá um jeito de prender ele, internar ela de novo, tira eles dá vida de vocês.
Luíza suspira.
   — Ah! Pensei que você estivesse falando de exterminar, literalmente.
   — Matar? — questiona Anelise espantada e a outra confirma com a cabeça. — Credo, Lu! Óbvio que não.
   — Isso já passou pela cabeça do Daniel — conta Luíza. — Confesso que até pela minha já passou.
   — Luíza, você está falando sério?
A irmã de Mel olha atentamente para a amiga e vê o susto em seus olhos. 
   — Vamos deixar isso pra lá — pede. — A gente saiu pra comer e se divertir. Vai, me põem a par do que está rolando entre você e o Bê.
Anelise suspira e conta para Luíza o que ocorreu no dia anterior. 

Em outro restaurante, Jonas e Maísa também almoçam. Sobre a mesa, o celular dela começa a vibrar e ao olhar para o visor Maísa fica apavorada, pois vê a foto de Samuel. Ela ergue os olhos para Jonas e fica aliviada ao constatar que ele analisa o menu. 
   — Pede alguma coisa saudável para mim, tá? — diz puxando o celular para baixo da mesa. — Já volto. — Ela levanta e caminha para longe da mesa. 

Mel não hesita ao responder a verdade aos filhos:
   — Sim. 
Vinícius fica surpreso e o queixo de Isabela cai.
   — Caramba! — exclama a garota. — Eles já namoraram! 
   — Eu nem a vi, mas é estranho pensar o pai com outra mulher.
   — A mãe também.
   — Até para mim é estranho me pensar com outra mulher — brinca Mel e eles riem.
   — Eu estava falando sobre a senhora com outro homem — explica Isabela.
Em meio à brincadeira, Mel engole em seco e toma um gole de suco. Vinícius estreita os olhos ao observar a mãe e volta a olhar para a irmã.
   — Como era o namoro deles, mãe?
   — Ah, Isa, eu não lembro muitos detalhes. Só que a Júlia era bem maluca. Bem maluca!
   — Como assim? — indaga Vinícius.
   — Ela fez várias coisas para separar eu e o seu pai — conta Mel. — Era louca, mas agora eu acho que ela mudou. Pelo menos foi o que eu senti ontem, parece mais madura, sabe? 
   — São os anos de experiência de vida — opina Vinícius. — Viu, Isa, o Jonas ainda tem jeito. 
Ele e a mãe riem, mas Isabela não acha graça.
   — Vocês gostam de implicar com o Jonas, né?
   — Ih, voltou a defender o Jonas? — surpreende-se Mel, ainda rindo.
   — Eu sou justa. 
   — Você pode ser, mas ele não é e nunca foi, né?
Isabela olha para a cicatriz no interior de seu braço.
   — Vamos mudar de assunto? 
   — Vamos! — concorda Mel com entusiasmo. — A MelPhia começou a produzir A Festa do ano! 
   — Sério? — questionam os dois adolescentes.
   — Sim, ainda está no comecinho da produção, mas o pontapé inicial já foi dado. 
Eles sorriem e passam a falar sobre o assunto.

Sophia respira fundo e repete com tranquilidade:
   — A Yasmin perdeu a virgindade com o Victor.
   — Você está querendo dizer que a minha menininha já transou com aquele marmanjo? 
   — O Victor é apenas um ano mais velho do que ela — observa Sophia.
   — Você já reparou no tamanho dele, Sophia? — questiona Micael transtornado andando de um lado para o outro no quarto. — A minha menininha, a minha garotinha com aquele... Ai meu Deus!
Sophia levanta da cama.
   — Micael, não surta! — pede pausadamente. — Isso é natural, eu passei por isso, você passou por isso.
   — A Yasmin é minha filha! Ela é tão jovem!
   — Você está sendo machista — censura Sophia.
   — Machista, eu? — ri Micael.
   — O Felipe era um ano mais novo do que ela quando perdeu a virgindade e você não reagiu assim.
   — É diferente, o Felipe...
   — É homem? — acrescenta Sophia. — Micael! Isso é machismo.
   — Não é, Sophia, não é. — Ele caminha até ela e coloca as mãos em seus ombros. — Olha, quando o Felipe deixou de virgem foi normal, mas com a Yasmin é diferente. Ela é a minha garotinha, ela sempre será a minha garotinha. Eu não consigo pensar nela... — Ele larga Sophia. — Ai, não gosto nem de falar!
   — Querendo ou não, isso é machismo. Olha, quando foi o Felipe você ficou até orgulhoso, agora com a Yasmin você está surtando. Ela pode ser a sua princesinha, o que você quiser, mas ela cresceu, Micael. Ela não é mais a garotinha que ficava brincando de pega-pega ou esconde-esconde por aí.
   — Ela ainda faz isso. 
   — Que seja, você entendeu o que eu quis dizer! A Yasmin gosta do Victor, ela confia nele e se sentiu preparada para dar esse passo. Se for parar para pensar, ela foi mais madura do que o Felipe, que perdeu a virgindade com qualquer uma. 
   — Mas...
   — Não, amor, não tem mas nem meio mas. Quando ela me contou, eu resolvi esperar um tempo para te contar, porque fiquei com medo da sua reação, mas pensando bem você é pai dela, é tão responsável pela Yasmin quanto eu. E deixar de te contar foi um ato machista da minha parte, porque eu pensei que fosse muito complicado pra você. Só que a gente tem que pensar que a virgindade da Yasmin não vale mais do que a do Felipe porque é ela mulher. Ambas são importantes para eles e também para nós, como responsáveis. 
   — Eu sei e te entendo! Só que não é fácil para mim pensar na Yasmin e no Victor fazendo sexo!
   — E você acha que foi fácil para o meu pai quando a gente começou a namorar? Você acha que é fácil para o Chay?
   — Como assim fácil para o Chay? Você quer dizer que a Isabela também...?
   — O Felipe nunca te contou?
   — Eu pensei que ele fosse apenas dormir. A Isabela... tão pequenininha!
   — Ai, Micael! — Ela caminha até a porta. — Fica aí pensando enquanto o almoço não fica pronto.

   — Oi, Samuel — Maísa diz ao atender o celular. — Tudo bem?
   — Oi, Maísa. Tudo e com você?
   — Também. Eu estou almoçando com o Jonas, então tem que ser rápido — ela pede. 
   — O Jonas está aí com você? 
   — Relaxa, eu estou longe da mesa.
   — Ah, tá! — ele fica aliviado. — Então, é sobre o nosso combinado. 
   — Sei.
   — Pode ser amanhã à tarde?
   — Amanhã à tarde — repete Maísa pensando. — Ok, eu vou falar que estou afim de ir à praia. 
   — Beleza. Daí quando vocês marcarem o local certinho, me avisa. 
   — Tá, eu aviso. Agora eu preciso ir. 
   — Ok, tchau!
   — Tchau! Ah, Samuel?
   — Oi.
   — Você faltou hoje no colégio — ela lembra —, está tudo bem? 
Samuel sorri.
   — Sim, está.
   — Ah, tá, que bom! Tchau.
   — Tchau!
Os dois desligam e Maísa retorna para a mesa com Jonas.
   — Onde você foi? — ele pergunta quando ela se senta em sua frente.
   — Fui atender uma chamada da Laís. 
   — Não precisava ter levantado — ele sorri. 
   — Eu sei. É que você está tão... como eu posso dizer? Você está tão propenso à irritações que eu preferi conversar com ela longe pra não te incomodar. 
Jonas olha com tanta intensidade e tão demoradamente para Maísa que ela começa a se perguntar mentalmente se disse algo errado. Ele arrasta sua cadeira para o lado da dela e coloca um braço em seu encosto, ficando bem próximo da jovem.
   — Você se preocupa comigo — ele conclui com a voz séria.
   — Eu gosto de você, Jonas.
Ele sorri e faz um carinho no rosto dela.
   — Você é muito especial, Maísa. Muito mesmo!
Ela dá um sorriso e desvia o olhar, o que faz Jonas ficar ainda mais encantado. Sem pensar duas vezes, ele se inclina na direção dela e beija sua boca. 

No meio da tarde, Victor vai à casa de Yasmin como foi combinado com ela. 
   — Pontual — ela comenta encontrando com ele na escada. 
   — Aproveita que não é sempre. 
Eles dão um leve sorriso um para o outro e Yasmin segura no pulso dele.
   — Vem, vamos subir.
Quando eles chegam ao topo da escada, encontram com Micael.
   — Oi, Micael — cumprimenta Victor. O cantor olha duramente para ele e demora para responder.
   — Oi. 
   — Licença, pai — pede Yasmin.
Micael dá um sorriso amarelo sem desviar o olhar do genro e Yasmin passa, arrastando Victor com ela.
   — O que é que deu no seu pai? — questiona Victor fechando a porta do quarto ao passar. 
   — O quê? — Yasmin franze a testa.
   — Ele foi tão estranho comigo.
A loirinha nem reparou no comportamento do pai, visto que estava pensando na conversa que terá com o namorado. 
   — Sei lá, Victor, deve ser coisa da sua cabeça.
   — Hum. 
Os dois sentam na cama dela.
   — Deixa pra lá o que o meu pai falou ou deixou de falar. Nós precisamos ter uma conversa séria!
Victor assente.
   — Concordo.

Após deixarem o carro na porta do edifício, Anelise, Luíza e Nícolas sobem para o apartamento da primeira. 
   — Ué — estranha Anelise ao fechar a porta.
   — O que foi, tia? — pergunta Nícolas sentando no sofá.
   — A chave do Bernardo está na porta.
   — Ele não estava de plantão? — Luíza indaga.
   — Estava. Isso é que é estranho.
Elas escutam um barulho vindo do banheiro do corredor.
   — Eu vou ver o que está acontecendo — informa Anelise indo até o cômodo. 
Ela caminha até o banheiro e empurra a porta, encontrando Bernardo diante do espelho.
   — Bernardo! — exclama assustada.
O rosto do médico está machucado: o canto da boca inchado, um dos olhos roxos e uma das sobrancelhas com pontos. A maneira como ele está curvado faz com que Anelise desconfie que seu tronco está ferido também.
   — Oi, amor — ele fala em um tom de voz baixo.
   — O que aconteceu com você? — Anelise segura o rosto do marido entre as mãos. — Você não ia passar vinte e quatro horas no hospital? Como isso foi acontecer? 
Bernardo respira fundo e franze a testa ao sentir uma pontada.
   — Foi um paciente.
Anelise arregala os olhos.
   O QUÊ?
Ele apoia nos azulejos e Anelise aproxima-se dele.
   — A emergência estava uma loucura hoje e só tinha eu e a Maristela atendendo. Um homem que já estava esperando a algumas horas se irritou e quando eu saí para chamar outro paciente ele partiu pra cima de mim. Demorou um tempo para conseguirem afastar ele de mim... O resultado está aqui. — Ele olha para o próprio corpo. 
   — Bernardo — pronuncia Anelise em choque. — Mas você nem reagiu?
O rapaz dá um leve sorriso.
   — Eu não posso agredir um paciente, Ane.
   — Ele bateu em você!
   — Mesmo assim.
   — E aí, o que aconteceu com ele?
   — Foi levado para a delegacia, o hospital fez um boletim de ocorrência. 
   — Você está todo machucado. — Anelise observa atentamente o rosto dele. — O que aconteceu com a sua sobrancelha?
   — O meu supercílio abriu, mas eu já levei pontos. Está tudo bem. 
   — Deixa eu ver isso. — Ela fica na ponta dos pés, mas Bernardo coloca as mãos em sua cintura e a afasta.
   — Não precisa, Ane, eu estou bem. A Maristela fez os pontos e já cuidou de tudo. 
Anelise nem consegue disfarçar ao revirar os olhos.
   — Ok. — Ela dá meia volta e sai do banheiro, caminhando em passos pesados até a sala.
   — Então, o que aconteceu? — pergunta Luíza sentada no sofá da sala.
   — Um paciente bateu no Bernardo e ele teve que voltar pra casa.
   — Como é que é?
A dona da casa conta toda a história para Luíza, focando principalmente no fato de Maristela ter ajudado Bernardo. 
   — Ai, Ane, é melhor eu ir pra casa — diz Luíza por fim. — Eu não quero ficar aqui atrapalhando vocês dois.
   — Não tem nada para atrapalhar — retruca Anelise e levanta. — A gente veio pra tomar um café, então vamos tomar café. 
   — Mas o clima não está dos melhores...
   — Luíza! Vamos-tomar-café — diz pausadamente.
Diante do olhar torto que recebe da amiga, Luíza assente e levanta.
   — Ok. Vamos comer uma sobremesa, Ni. 
   — Eba! — exclama o garoto ficando em pé.

Olhando intensamente para o namorado, Yasmin pede:
   — Fala primeiro.
   — Ok. — Victor olha para as próprias mãos antes de começar. — A única coisa que tem me deixado muito irritado com o nosso relacionamento, com você, são as atitudes infantis que você tem as vezes, sabe? Eu não sei se todas as vezes você foi assim e eu só fui perceber porque agora foi comigo ou outra coisa, mas eu não gostei. 
   — Então o grande X da questão é a infantilidade que você acha que eu tenho? 
   — Digamos que sim. É porque o nosso namoro não era assim, sabe? Antes a gente ficava com outros e nem se importava, agora porque você descobriu que eu fui pro quarto da Mayara a gente passou dias brigados. 
   — Isso se chama relacionamento, Victor. É claro que antes era tudo mais leve e descompromissado, a gente estava começando, os nossos sentimentos eram pequenos. E o que mais me chateou nessa história da Mayara é que você não me contou. Antes era tudo às claras, eu sabia que você tinha ficado com outras.
   — Mas você sabia que eu tinha ido pro quarto da Mayara — retorque Victor.
   — Mas não sabia que era ela! — A loirinha passa a mão na testa. — Não importa, a gente não está aqui para brigar por causa do passado, estamos para conversar sobre o futuro.
   — Isso! Então, a única coisa que me incomoda é isso, porque eu não me apaixonei por você desse jeito.
   — Essa sou eu também, Victor.
   — Eu sei, mas a gente tem que aceitar as nossas qualidades e tentar reparar nossos defeitos. 
Yasmin assente, compreendendo o que ele quer dizer.
   — Ok, eu vou tentar controlar esse meu jeito infantil. 
   — Eu também queria te pedir desculpas. 
   — São tantas coisas que você deveria me pedir desculpas, do que especificadamente você está falando?
Victor sorri.
   — Daquele dia da gravação da campanha, que a gente brigou no camarim. Eu sei que eu já me desculpei sobre aquilo, mas queria reforçar. Pra começo de conversa, nem deveria ter discutido com você na frente da grande anã, aquilo era algo só nosso. Ok que você ia contar pra ela depois, mas não tinha necessidade da Isabela presenciar uma briga nossa. 
   — É verdade — concorda Yasmin.
   — A outra coisa é que eu fui um grosso. Eu sei que eu sou grosso, mas eu deveria ter me controlado com você. É que as palavras vieram e eu falei sem pensar. Você, mais do que ninguém, sabe como é isso.
Yasmin ri.
   — Ah como eu sei.
   — Então, tudo o que eu tinha para falar é isso. 
Ela assente.
   — Tudo bem. Eu vou aceitar o que você disse como uma crítica construtiva, vou tentar melhorar não somente por causa do nosso namoro, mas para evoluir como pessoa.
   — Nossa, que emocionante — brinca Victor e eles riem.
   — Mas eu também tenho uma coisa para falar — diz Yasmin ficando repentinamente séria.
   — Ok, que coisa? 
Ela respira fundo, tentando ponderar em todas as palavras que usará para não dizer nada que não deva.
   — Eu ouvi uma conversa dos meus pais a seu respeito.
Victor franze a testa.
   — Uma conversa dos seus pais sobre mim? O que eles falaram?
   — O meu pai contou para a minha mãe algo que você não contou pra mim. 
   — Do que você está falando, Yasmin?
   — Eu estou falando da sua pretensão de voltar para os Estados Unidos.

Em frente ao mar, Malu pensa longe e não percebe quando Samuel chega segurando o capacete de sua bicicleta, que ficou presa no calçadão. 
   — Bu! — ele exclama do ouvido dela, que desperta de seus devaneios sorrindo.
   — Oi. 
Samuel senta ao lado dela e eles dão um beijo longo e caloroso.
   — Tudo bem? — pergunta o rapaz. 
   — Sim, me conta como foi a audiência.
Samuel sorri.
   — Melhor impossível! Como já era esperado, todos os bens foram divididos entre a minha mãe e o Elias. Só que a minha mãe me surpreendeu uma hora.
   — Por quê?
   — Houve a possibilidade dela receber uma pensão do meu... do Elias, mas ela recusou, disse que não queria depender nunca mais dele. — Ele sorri e Malu faz o mesmo.
   — Que bacana, Samuel! 
   — É. Ah, nós também vamos nos mudar, a nossa casa vai ser vendida e o dinheiro repartido entre eles.
   — Isso é bom ou ruim?
   — Pra mim é bom, eu gosto de ir para lugares novos.
Malu sorri.
   — Você está feliz, né?
   — Se eu estou feliz? Eu estou pulando de felicidade! Finalmente a minha mãe se livrou do babaca do Elias.
Ela sorri, contente por ele. 

   — Ah, isso — responde Victor baixinho.
   — Sim, isso. Por que você não me contou? 
Embora já estivessem conversando seriamente há minutos, o clima fica realmente denso nesse momento. 
   — Porque nem eu sei como vai ser.
   — Daí você resolveu me esconder? Deixou eu cair de cabeça nesse relacionamento sem saber que você pretende voltar para os Estados Unidos no final do ano? 
   — Ei, não fala assim! — pede Victor com seriedade. — Eu também caí de cabeça nesse relacionamento. Eu preferi não te falar porque não sei o que vai acontecer, não sei se vou ou não. O que eu sei são fatos e é fato que eu não sei o bastante para passar em nenhuma engenharia aqui no Brasil, é fato que se eu não consigo passar nem no ENEM não vou passar em uma prova do ITA pra cursar lá, é fato que são pouquíssimas faculdades que têm o curso de engenharia aeroespacial no país, é fato que eu seria aceito em quase todas universidades de Nova York, é fato que eu me sairia melhor cursando lá do que aqui...
   — Tá! — interrompe Yasmin com o coração batendo a mil no peito. — Tá bom. Já que você tem todos esses fatos, por que não resolve ir de uma vez por todas pra lá?
   — Não é óbvio? 
Yasmin não fala nada de imediato.
   — Isso é muito confuso pra mim.
   — Pra mim também. Se põem no meu lugar. 
   — Já me coloquei.
   — Então você sabe o quanto é angustiante estar desse lado, sem saber como vai ser o futuro e sem saber o que fazer. Eu praticamente não tenho escolhas, Yasmin. Só que eu não queria voltar para lá dessa forma. — Ele percebe que os olhos dela estão começando a ficar vermelhos. — Eu vim para o Brasil desejando viver o momento e é isso que eu tenho feito desde então. Por isso que eu me envolvi com você, por isso que eu não te contei também, porque eu só quero viver o agora.
   — Mas não tem como viver só pensando no presente, Victor! Não quando há sentimentos em jogo. 
   — Eu sei, isso que torna a minha situação difícil. Seria muito fácil voltar para os Estados Unidos, onde eu fui criado, onde todos falam a minha língua, onde eu não tenho dificuldades para aprender, onde eu me destaco no que eu sou bom: em exatas, porque não erro questões idiotas por não entender o enunciado. Só que não é fácil quando se tem pessoas que você gosta para deixar para trás. 
   — Seria muito mais fácil se nada disso tivesse começado. 
   — Se com "nada disso" você quer se referir ao nosso namoro, eu concordo. Mas começou e não tem como voltar atrás. Eu não quero voltar atrás. 
   — Como vai ser, Victor? Relacionamento a distância quando moram no mesmo país já é complicado, em outro é praticamente impossível! A Marina e o Brian estão aí para provar. 
   — Eu sei, Yas. Não sei o que fazer, só sei que tenho que pensar no que for melhor para mim.
   — Entendo isso, por isso não te julgo nem peço pra você ficar. — Os olhos dela se enchem de lágrimas. — É duro imaginar você voltando pra lá, mas ao mesmo tempo eu me preocupo com você, eu quero que você seja bem-sucedido na vida. Sei que suas melhores chances não estão aqui!
   — Não estão mesmo, só que aqui estão todas as pessoas que são importantes pra mim. Quando eu falei para o meu pai que eu ia fazer faculdade nos Estados Unidos foi tranquilo, na época eu estava apenas conhecendo gente nova e ficando com uma garota legal. Hoje eu tenho amigos fiéis e tenho você. 
   — Acho que a alternativa é torcer para o improvável, para você passar em uma boa faculdade aqui no Brasil. 
   — Sim e enquanto isso não ocorre, vamos vivendo o momento. 
Os olhos de Yasmin secaram antes de uma lágrima sequer escorrer, mas sua respiração permanece entrecortada.
   — Isso é tão doloroso.
   — É, mas é tudo o que nós temos. — Victor fica de joelhos, de modo que seu rosto fique bem próximo do de Yasmin. — Eu quero aproveitar cada dia que eu tenho com você, por isso é importante a gente não perder tempo com futilidades. 
Yasmin também fica de joelhos e abraça Victor com toda a sua força, querendo fundir seu corpo ao dele. Aos poucos libera as lágrimas que fazem sua garganta doer, molhando a camisa dele. Instantaneamente com seu choro, sente algo pingar em seu ombro e molhar sua pele.
   Eles permanecem dessa forma por alguns minutos e só se afastam quando os seus músculos reclamam da força que aplicam um no outro. Os dois pulam da cama, Yasmin virando-se para a janela e Victor para a porta. Eles enxugam rapidamente suas lágrimas, não querendo que o outro o veja chorar, principalmente, não querendo ver o outro chorar. 
   — Eu preciso ficar sozinha — diz Yasmin sem se virar para Victor. O loiro olha para ela.
   — Ok. — Ele caminha até a loirinha e beija sua nuca. — Te amo. — Sua voz sai tão baixa que Yasmin fica em dúvida se realmente ouviu ou apenas imaginou a frase. Mesmo assim ela não se vira e deixa com que Victor saia do quarto. 
   — Micael? — Victor assusta-se com o sogro no corredor. — Não esperava ver você aqui.
O cantor sorri sem reparar nos olhos vermelhos dele.
   — Eu moro aqui, lembra?
   — É. — Victor dá um leve sorriso. — Eu vou indo. Tchau!
   — Espera. — Micael segura no braço dele, impedindo que ele se afaste muito. — A gente precisa ter uma conversinha.
   — Desculpa, mas eu não estou não clima para conversas agora.
   — Ah, mas eu aposto que você estava no clima quando dormiu com a minha filha, né?

Saboreando o café feito por Anelise, Luíza conversa com a amiga sobre o colégio de Nícolas, que come um bolo que Bernardo fez dias anteriores. 
   — Oi, Luíza — cumprimenta o médico aparecendo na cozinha. 
   — Ah! — Ela se surpreende. — Oi, Bê. Você está bem? 
Bernardo olha bem de relance para Anelise, o que não passa despercebido por ela, e responde:
   — Na medida do possível. — Ele para ao lado de Nícolas. — E aí, moço, tudo bem?
   — Tudo, o que foi com o seu rosto, tio Bernardo?
Bernardo faz um esforço e se agacha para ficar com o rosto mais perto do de Nícolas e começa a conversar com o garoto. Luíza, que não notou o olhar que ele deu para a esposa, sussurra para Anelise:
   — Vocês nem se olharam! É tão esquisito estar aqui com vocês assim, me sinto uma criança com os pais brigados.
Anelise ri e come uma torrada.
   — Cala a boca!

Victor franze a testa.
   — Eu não estou entendendo aonde você quer chegar.
   — Eu vou deixar bem claro aonde eu quero chegar. — Ele solta o braço do rapaz, sabendo que ele não irá a lugar algum. — Eu sei que a Yasmin perdeu a virgindade com você.
   — Que bom, significa que você é um pai responsável — Victor responde o primeiro pensamento que vem a sua mente e não repara no que disse.
   — Como é? Você ainda tira sarro? 
   — Eu realmente não estou para conversa, Micael. Desculpa. 
Victor tenta ir embora, mas o pai de Yasmin e Felipe se coloca em seu caminho.
   — Eu não gostei desse seu comportamento, Victor. Acho que a Yasmin foi imprudente ao compartilhar um momento tão especial com um moleque como você. 
A cabeça de Victor lateja e ele continua falando sem pensar a respeito:
   — Micael, eu não quero ser grosso, mas primeiro, você mal me conhece, segundo, eu não sou um moleque e terceiro, a Yasmin já é bem grandinha pra saber o que é prudente ou não para ela.
   — Você é muito petulante, Victor. A Sophia chegou a comentar desse seu lado, mas é bom eu ver com os meus próprios olhos.
   — Eu falei que não estou bom para conversar, só quero ir embora. Você pode sair do caminho? 
Micael dá um passo para perto de Victor, erguendo o dedo indicador.
   — Eu só vou te dar um recado: Fica bem atento com as suas atitudes com a minha filha, porque agora você está na minha mira. 
   — Você está me ameaçando?
   — Claro que não. Eu jamais ameaçaria alguém, ainda mais uma fedelho como você.
   — Eu... — começa Victor, mas Micael interrompe ele.
   — Eu sou, como você disse, um pai responsável, então se você der um passo fora da linha eu te proíbo de chegar perto da minha filha, entendeu? E não estou falando de um castinho besta como esse. Fui claro, Victor? 
   — Você pode me dar licença? 
Micael abre espaço e diz:
   — Sai da minha casa. 

Yasmin está encolhida em uma poltrona, refletindo sobre a conversa com Victor. A porta de seu quarto abre-se abruptamente e ela pula de susto.
   — O senhor quer me matar do coração? — pergunta para Micael, que para ofegante e visivelmente irritado no centro do quarto.
   — Eu não sei o que você viu no seu namoradinho, mas acharia muito sensato e sábio da sua parte se terminasse com ele o mais breve. 
Yasmin levanta da poltrona.
   — Oi? 


Comentários

  1. Continua, o Vitor pegou pesado mais o mika não pode separar eles

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    1. A conversa com a Yasmin abalou tanto o Victor que ele nem tomou consciência do que estava falando com o Micael... O que será que vai acontecer agora?

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  2. Sem palavras! A cada dia você me surpreende majs!
    O capítulo de hoje foi maravilhosamente perfeito (todos são).
    Ansiosa pelo próximo!

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    1. Awn, muito obrigada! O próximo capítulo terá muitos badalos kkkk

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  3. Caramba, o Mika pegou muito pesado com o Victor e com a Yasmin, tadinhos! Você arrasa nos capítulos, já quero maisss!

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  4. Já tô louca por um capitulo de crises de ciumes da mel com o chat e a Júlia, posta por favor😍😍😍😍

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  5. Paraaa com isso, esse capítulo foi do BABADO eu amei, super amei essas conversa do Victor e da Gás, eles se mostraram muito maduros, e não discordo do Micael, ele só está fazendo o papel de pai, só que ele tem que levar em conta que a Yasmin ama o Victor e mesmo ele não gostando eles vão continuar juntos! Continua logoooo ❤

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  6. Mais um capitulo incrivel. Seria maravilhoso um capitulo em que a Yasmin passe mal e o Micael desconfiasse que ela esta gravida ja que ela sabe que ela nao é mais virgem

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  7. Mais um capitulo incrivel. Seria maravilhoso um capitulo em que a Yasmin passe mal e o Micael desconfiasse que ela esta gravida ja que ela sabe que ela nao é mais virgem

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  8. Vc vai perder mas uma leitora nao dar pra ler mas o cjay e a mel precisam ficar juntos faça isso pelos fãs ki amam eles

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  9. Eu tô quase largando tbm mais vou continuar lendo, pq não postou ontem?

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  10. O seu Imagine está perfeito do jeitinho que está! Não ligue para as críticas, tenho certeza que os leitores fiéis irão continuar até o fim (que eu espero que demore muuuuuito pra chegar, porque você escreve muito bem).

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