Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 238: Victor e Yasmin têm primeira noite de amor

Ainda com o sorriso simpático no rosto, Mel responde à Ingrid:
   — Faz anos que eu não piso em um palco como cantora, então seria difícil para mim, e por agora eu tenho focado exclusivamente na grife e na minha família.
   — Falando em família — Ingrid pega o gancho —, os seus filhos, Vinícius e Isabela, estão aqui no show acompanhados por seus namorados. Como você encara o crescimento deles? 
   — Para mim, eles sempre serão os meus bebês — ri Mel. — É incrível para mim ver o crescimento e o amadurecimento deles. Ser mãe foi uma das coisas mais incríveis que aconteceram na minha vida! — Ela pega o seu drink e pula da banqueta. — Agora eu preciso ir. 
   — Tudo bem. — Ingrid para de gravar e estica a mão para apertar a mão de Mel. — Foi um prazer entrevistar você, Mel. Muito obrigada!
A empresária sorri e após cumprimentá-la, retorna para perto dos filhos para assistir ao show de Chay.

De volta à proa do iate, Yasmin e Victor conversam olhando para o mar. Eles tomaram banho e trocaram de roupa: Ela colocou uma calça jeans de lavagem clara com as barras dobradas juntamente com uma blusa frente única com estampa tropical e chinelos de dedo, já o loiro vestiu uma bermuda caqui com uma camisa branca e também chinelos. 
   Com o celular em uma das mãos, Yasmin diz:
   — Estou vendo as notícias do show do Chay. 
   — Como está? — Victor indaga olhando para o céu.
   — Parece que o Chay anunciou um filme ou um documentário — conta Yasmin com a testa franzida. — Não entendi muito bem, vou mandar um whats pra Isa. — Após enviar a mensagem para a melhor amiga, Yasmin volta para o Twitter, onde estava recebendo as informações do show. — Olha isso! — exclama virando a tela do celular para Victor. O loiro assiste a um vídeo de dez segundos de Marina e Vinícius dançando e conversando no camarote. 
   — Onde você achou isso?
   — Tá no Twitter — responde Yasmin rindo. — Alguém deve ter gravado e compartilhado.
   — Credo! Não se pode nem assistir a um show mais em paz.
   — Fazer o quê? 
   — Jantar — Victor diz.
   — O quê? — Yasmin olha para ele.
   — Vamos jantar!
Victor levanta e estica as mãos para ajudar a namorada a se levantar.
   — O que temos para janta? — Yasmin indaga.
   — Um jantar especial feito por um chef especialmente para nós.
   — É sério? — Yasmin indaga rindo.
   — É.
Diante da expressão séria dele, ela constata que realmente é verdade.
   — Nossa! — exclama Yasmin e ri ainda mais. — Estou me sentindo em um castelo flutuante.
Victor ri e passa um braço pelos ombros dela antes de beijar sua cabeça. Os dois entram no iate e sobem para o primeiro andar, caminhando em direção à sala de jantar. 
   Embora seja pequeno, o espaço é bastante requintado e bem decorado. As paredes são brancas com uma mesa de madeira branca ao centro com duas cadeiras acolchoadas da cor vermelha, o chão é coberto por um tapete preto e um lustre pende do teto. Como em todos os cômodos do iate, filetes dourados chamam a atenção em alguns pontos estratégicos. 
   — Quem arrumou tudo isso? — indaga Yasmin passando os dedos pela toalha da mesa. — Está tudo tão lindo! — Ela fica encantada com a sofisticação e delicadeza do posicionamento dos talhares juntamente com os pratos e taças. — Nem adianta dizer que foi você — brinca olhando para o namorado. Victor ri e responde:
   — Não, dessa vez não fui eu. Foi a camareira.
   — Tem uma camareira aqui?
   — Sim, tem mais uns três funcionários além do Marc.
   — Nossa! Eu não vi ninguém.
   — Essa é a função deles, ser o mais discreto possível.
   — Eles estão conseguindo!
O casal ri e Victor puxa a cadeira para Yasmin.
   — Madame?
A loirinha lança um olhar cheio de carinho para ele e senta. O rapaz dá a volta e senta na frente dela.
   — Posso chamar o jantar? 
   — Claro. 
A mão de Victor vai até um botão, que Yasmin não tinha notado a existência, e aperta. Segundos depois, um garçom entra com um carrinho de metal trazendo os pratos deles e um balde com champanhe.
   — Pode deixar aqui — diz Victor. — A gente se vira. Obrigada.
O homem assente e se retira do cômodo tão rápido quanto chegou. 
   — Antes de tudo — fala Victor pegando a garrafa de champanhe. — Eu quero fazer um brinde.
   — Ótima ideia! — incentiva Yasmin com animação. 
Depois de ter sua taça servida por ele, a loirinha ergue a mão segurando o objeto e ouve Victor falar:
   — Um brinde a nossa vinda até aqui. 
   — Um brinde a nossa noite especial! — acrescenta Yasmin e eles brindam, sem desviar em nenhum momento um do olhar do outro. 

Ao som de uma batida mais agitada, Isabela e Felipe dançam e namoram. O moreno está com as mãos na cintura dela e acompanha a garota dançar e jogar o longo cabelo de um lado para o outro. Eles riem e dão um abraço apertado. Isabela dá um beijo no ombro dele e Felipe afaga a bochecha dela.
   — Quero que esse show dure cinco horas — ri a adolescente.
   — Imagina, maratona Chay Suede?
Os dois gargalham e continuam curtindo o show do pai dela.

Sozinhos, afastados de todo o burburinho e música da festa, Jonas e Maísa conversam sentados em um banco no jardim do casarão dos pais de Jaqueline. 
   — Você e o Samuel vão continuar mesmo sem se falar? — indaga Maísa mexendo o pé sobre o gramado. 
   — Estou muito bem assim.
   — Não é possível que você não sinta falta dele. Vocês eram melhores amigos!
   — Você disse tudo — fala Jonas —, nós eramos amigos, não somos mais.
   — Uma amizade como a de vocês não acaba assim.
   — Desde quando você é especialista nessa relação?
   — Não precisa ser muito inteligente para ver essas coisas. Sério, Jonas, se aproxima dele.
O rapaz olha para o outro lado, vendo um grupinho de garotas do primeiro ano rindo e conversando.
   — Não quero ficar falando sobre isso. 
   — Ok, mas eu acho...
   — Eu não quero saber o que você acha — corta Jonas e Maísa estreita os olhos.
   — Jonas!? Não venha com essa estupidez para cima de mim. 
Ele suspira e vira a cabeça novamente para fitá-la.
   — Foi mal. É que eu só não quero ficar falando sobre isso. 
   — Tudo bem, a vida é sua, faça o que quiser.
   — Quem está sendo estúpido agora? 
   — Foi mal — diz Maísa tentando imitar a voz dele e Jonas ri.
   — Você não é boa em imitações, eu não falo assim.
   — Não identificou o tom de babaquismo presente na minha voz? Porque é assim que você fala.
   — Em outras palavras, eu sou babaca? 
Maísa ri.
   — Exatamente. 
   — Mais babaca deve ser você, que está aqui comigo.
   — É verdade, ainda bem que você me lembrou disso. — Ela levanta. — É melhor eu sair para não me contaminar ainda mais.
A loira caminha até o largo corredor que leva até os fundos do casarão, que é onde está ocorrendo a grande festa julina. O espaço está bem iluminado por tochas com decoração junina e alguns casais trocam beijos por toda a extensão. Maísa evita olhar para eles e segue andando com suas sandálias de salto alto. Uma mão fecha-se em seu braço e puxa ela para o interior da mansão. Maísa só consegue raciocinar quando é empurrada contra uma porta, que se fecha com força. 
   Os olhos de Jonas estão fixos nos seus. 
   — O que a gente está fazendo aqui? — indaga a adolescente olhando ao redor e enxergando brinquedos infantis e acessórios de banho. O pequeno cômodo está com as luzes apagadas, sendo iluminado apenas pelas lâmpadas do corredor.
   — Eu quero ficar com você — Jonas fala sem fazer rodeios.
   — Jonas, vamos sair daqui — fala Maísa ignorando o comentário dele. Ela coloca as mãos às costas para girar a maçaneta. — E se alguém pegar a gente aqui? 
   — Ninguém vai pegar a gente aqui — garante Jonas. Ele tenta dar um beijo nela, mas não consegue pois Maísa vira o rosto. Mesmo assim, o rapaz beija o pescoço dela, descendo para o ombro. 
   — Jonas, sai — pede Maísa empurrando o peito dele. — Para. 
O garoto afasta-se para enxergar o rosto dela na penumbra.
   — Maísa, ninguém vai pegar a gente. 
   — Mesmo assim, eu não quero. 
   — Você não quer?
   — Não — responde Maísa, mas o seu queixo treme. 
Jonas coloca as mãos na cintura dela e Maísa tenta afastar-se achando que ele vai beijá-la novamente, porém o rapaz apenas apoia sua testa no ombro dela.
   — Por que a gente não pode agir como na festa junina? 
   — Porque nós não estamos na festa junina.
   — Mas estamos na julina. — Jonas vira a cabeça para olhar o rosto dela, o que faz com que seus narizes fiquem bem próximos.
Maísa dá um leve sorriso.
   — Você é tão idiota. 
   — Também acho. Que outro cara ficaria insistindo em uma garota que deixou de ficar com ele para ficar com o melhor amigo dele? 
   — Você. 
   — Pois é. Nem consigo entender o porquê de ser tão idiota. 
   — Algumas coisas apenas não tem explicação — brinca Maísa e pega na mão dele. — Vem, vamos sair daqui. 
Ela abre a porta e traz Jonas para fora, porém quando pisa no corredor, gira e empurra ele novamente para o quartinho.
   — Mudei de ideia! — exclama pressionando o corpo dele em uma boia que está pendurada na parede. 
   — Você ainda vai me deixar louco. — Jonas coloca uma mão na nuca dela.
   — Essa é a intenção. — A loira sorri e começa a beijá-lo. Eles se abraçam com força e se entregam ao momento. Uma das mão de Maísa está no pescoço dele e outra em suas costas. Ela aperta a pele dele por sobre a camisa e desce aos poucos até o cós da calça, trazendo o corpo dele para ainda mais perto do seu. Com o braço firme na cintura dela, Jonas também contribui para que os seus corpos não se afastem, a mão dele vai escorregando lentamente pelo corpo dela, afagando o seu ombro, seu braço e fixando-se no quadril. A intensidade do beijo aumenta e a temperatura do quartinho também. Maísa coloca um pé sobre uma caixa de brinquedos de montar, o que faz com que seu vestido erga alguns centímetros deixando sua coxa direita à mostra. Seu corpo molda-se ao de Jonas e seu coração acelera ainda mais quando ele passa a beijar o seu queixo, descendo para o pescoço. Ela joga a cabeça para trás, fitando o teto escurecido, e relaxa nos braços dele. Enquanto beija o pescoço dela, Jonas leva sua mão até a coxa dela, que aperta com firmeza. Maísa endireita a cabeça e busca pela boca dele. O casal volta a se beijar com volúpia e Jonas gira, colocando as costas de Maísa na boia. Ele permanece segurando a perna dela acima do chão e Maísa passa o pé por trás do joelho dele, entrelaçando suas pernas e colando ainda mais os seus corpos. 

Quando o show de Chay termina, Mel recebe uma mensagem de Chay: "Nos encontramos no nosso restaurante favorito daqui a pouco? Eu, você e as crianças." Ela chama os adolescentes e eles saem entre as diversas pessoas que estavam no espaço, tentando não chamar muito a atenção para eles. No entanto, Mel é reconhecida e abordada por algumas pessoas, que pedem fotos.
   — A gente vai esperar a senhora perto do carro, tá mãe? — fala Vinícius não querendo ficar por muito tempo ali.
   — Tudo bem, daqui a pouco eu chego lá.
   — Ou não — comenta Felipe olhando para as pessoas que rodeiam Mel. Isabela, que é pequena, encolhe-se ainda mais e passa por um grupo sendo seguida por Felipe. 
   — Vem, Mari — chama Vinícius colocando uma mão nas costas da namorada, que está visivelmente incomodada por estar rodeada de tantas pessoas. O quarteto desce do camarim e tenta acessar a saída quando são abordados por um homem.
   — Vocês podem dar uma palavrinha para mim? — indaga ele. Marina e Felipe ignoram ele e tentam continuar caminhando, porém Vinícius para quando ver a irmã fazer o mesmo. 
   — Só se for bem rapidinho — diz a morena não querendo ser mal educada. 
   — Como é para vocês serem filhos dos ex-rebeldes? — pergunta o homem e ela busca esconder o desânimo, pois já está farta de responder essa pergunta.
   — É uma honra — responde basicamente e dá um passo, porém é barrada pelo homem, que corre até sua frente. Marina e Felipe trocam olhares de reprovação e ela revira os olhos sem disfarçar. 
   — Vocês são um grupo que namoram entre si, como é isso? 
   — Normal — Isabela diz. — É como um namoro normal.
   — Mas vocês estão sempre juntos, não enjoa?
   — Quando a gente gosta, não. 
   — Vocês já pararam para pensar em como será caso algum desses namoros der errado? Porque vocês são amigos de uns, namorados de outros e irmãos de outros, tudo ao mesmo tempo. 
   — A gente não pensa que algo dará errado — responde Isabela com a voz sem emoção, procurando seguir em frente.
   — Você e o Felipe — ele olha de relance para o rapaz —, convivem juntos desde pequenos, não deveria haver um sentimento fraternal entre vocês? 
Felipe, que já está farto do homem, fala com rispidez:
   — O irmão dela é o Vinícius, não eu. 
O homem fica espantado com a resposta dele e Vinícius aproveita a oportunidade para dizer:
   — Nós temos que ir.
Os quatro contornam o homem e seguem rumo à saída do local, que está bem cheio de pessoas, mas bastante organizado também. Vendo que há uma grande fila para sair pelas grandes portas, Marina comenta com o namorado:
   — Vai ser demorado para a gente sair daqui. 
Vinícius assente e olha ao redor.
   — Tive uma ideia. — Ele cutuca o ombro de Felipe. — Vamos por ali. 
Vinícius, de mãos dadas com Marina, caminha até um homem que trabalha no local.
   — Boa noite! — cumprimenta educadamente. 
   — Boa noite — responde o homem sem nenhum indício de reconhecimento. 
   — Eu sou o Vinícius Rocha, ela — aponta para a irmã —, é a Isabela Rocha com o Felipe Borges e essa aqui é a Marina Aguiar. A gente queria saber se não tem outra saída para a gente chegar ao estacionamento. 
   — Não, não tem — o homem diz de má vontade. Uma ideia passa pela cabeça de Isabela.
   — Acho que ele não ligou os nossos sobrenomes aos nossos pais — sussurra para Felipe e se vira para o homem. — O senhor tem certeza? — indaga. — Porque o meu pai acabou o show e está esperando a minha mãe e a gente para jantar.
   — E a Mel já está no carro — acrescenta Felipe para garantir que o homem identifique quem eles são. A expressão do funcionário altera-se, dando sinais de que o casal estava certo. 
   — Vocês são filhos do Chay? — questiona olhando de Vinícius para Isabela.
   — Sim, somos — respondem os dois juntos. Marina olha para o outro lado, querendo o mais breve sair dali, e nota um grupo de meninas observando eles e comentam umas com as outras. Primeiramente ela acredita que é por causa de seu coque, que está ainda mais bagunçado do que quando ela chegou, porém depois se recorda que costuma ser reconhecida por pessoas mais jovens. Uma das meninas acena para ela e Marina sorri em resposta. Todas as outras também acenam e ficam animadas, deixando Marina sem saber como agir. Ela ergue a mão livre e também manda tchau para elas. Em seguida, olha para Vinícius, que fala algo para o homem:
   — Obrigada. A gente quer mesmo! 
   — Deu certo? — indaga sem entender o rumo da conversa.
   — Deu. — Vinícius dá um beijo na bochecha dela. — Vamos? 
   — Só se for agora. 
Os quatro seguem o funcionário e minutos depois caminham por um lado um pouco vazio do estacionamento. De repente, ouvem o chamado de uma voz masculina e Isabela torce:
   — De novo não!
   — Só mais umas palavrinhas — pede o mesmo homem que os abordaram dentro do espaço.
   — A gente está com pressa — fala Isabela olhando para trás.
   — Alguém dá um tiro na cabeça dele, por favor? — Marina diz com raiva. O homem corre e consegue alcançar o grupo.
   — Marina! Marina! — chama caminhando ao lado dela. 
   — Justamente com ela — fala Isabela para Felipe.
   — Nós estamos cansados — diz a garota para o homem, que permanece andando ao seu lado.
   — Só queria saber uma coisinha. Como foi para você mudar toda a sua vida ao vir para o Brasil?
Marina cerra os dentes, sentindo ódio por ele ter tocado em seu ponto mais vulnerável. 
   — Foi difícil, mas já me acostumei — responde secamente.
   — Você namorava com um americano e ao vir para cá, começou a se relacionar com o Vinícius e agora o seu ex-namorado está aqui. Como está sendo? 
   — Legal. 
   — Não ficou estranho, pois vocês eram namorados antes de você viajar?
Marina respira fundo e pragueja os céus pelo fato do carro de Mel estar tão longe.
   — Eu não quero falar sobre isso. 
   — Como é para você, Vinícius? 
   — Normal — responde o adolescente com a voz mais grave do que o habitual. 
   — Isabela — o homem muda de foco —, ouvi comentários de que você estaria com distúrbios alimentários, é verdade? 
Isabela ri com incredulidade.
   — Não, não é. 
   — Como você mantêm a boa forma, então?
   — Me alimentando bem. 
   — Não é por causa da separação dos seus pais? 
Vinícius fica tenso e começa a apertar com uma força excessiva a mão de Marina.
   — Não — responde Isabela. 
   — Como vocês estão lidando com isso? 
   — Da melhor forma possível.
Marina mexe um pouco a mão e Vinícius percebe que está apertando demais. Ele lança um olhar de desculpa para ela, que assente levemente. Os olhos de Felipe iluminam-se ao ver o carro de Mel, porém seus ombros caem ao ver que Mel não está lá. 
   — Como foi que vocês descobriram que eles iriam se separar? 
   — A gente não vai falar sobre isso — corta Vinícius. Eles finalmente chegam ao carro de Mel. 
   — Então vamos mudar um pouco de assunto — fala o homem. — Por que a Yasmin Abrahão e o Victor Aguiar não vieram?
Nenhum dos quatro toma o impulso de responder. 
   — Eles tiveram outros compromissos — responde Isabela segundos depois. 
   — Que compromissos? 
   — A gente não vai falar da nossa vida nem da dos outros — corta Marina sem paciência. Isabela relaxa ao ver Mel surgindo ao horizonte. 
   — Vocês pretendem seguir a carreira dos pais de vocês?
   — Não — responde Marina. — A gente não é acostumado a viver com todos os holofotes que eles têm e não queremos isso para a gente. 
Mesmo com a indireta, o homem permanece fazendo perguntas:
   — Então no quê vocês querem trabalhar?
   — Nós estamos cansados — fala Vinícius tentando ser o mais educado que consegue —, já respondemos a maioria das perguntas que você fez, então pode nos deixar em paz, por favor? 
   — Boa noite — fala Mel parando atrás dos adolescentes.
   — Mel! — exclama o homem virando-se para a empresária. — É um prazer falar com você. 
O carro é destrancado por Mel e os adolescentes pulam para dentro do veículo. Vinícius, Marina e Felipe acomodam-se no banco de trás e Isabela no do passageiro.
   — Me desculpa — fala Mel tentando alcançar a porta do motorista, mas o homem está no caminho —, mas eu já dei muitas entrevistas hoje e estou cansada do show, então só quero ir para casa. — Ela sorri. — Você entende, né? 
   — Entendo, mas o que fez você vir aqui hoje?
   — O Chay nos convidou — repete Mel empurrando de leve o homem para abrir a porta.
   — Vocês estão se reaproximando?
   — Nós nunca nos afastamos realmente.
   — Vocês podem voltar? 
   — Boa noite — deseja Mel entrando no carro.
   — Vocês podem voltar, Mel? 
   — Nós estamos muito felizes e é isso que importa. — A empresária bate a porta e solta um suspiro dentro do veículo. — Que cara insuportável!
   — Mel? Só mais uma perguntinha! — insiste o homem enquanto ela liga o motor do carro. — Só mais uma pergunta. 
Como já passou por situações como essa milhares de vezes, Mel começa a acelerar o automóvel aos poucos para não machucá-lo, mas deixando bem claro que não abrirá a janela para responder mais questionamentos seus. O homem dá um passo para trás, porém continua gritando perguntas e Mel pisa no acelerador, saindo o mais rápido que consegue da vaga. 

Na pista da festa julina de Jaqueline, os jovens pulam e dançam ao som de uma música do Calvin Harris. Entre eles, estão Malu e Samuel.
   — Eu não conheço boa parte desse povo — diz Malu no ouvido dele.
Samuel ri e concorda.
   — Eu também não. Assim é bom, a gente pode fazer coisas esquisitas que eles nem saberão quem nós somos.
   — Boa ideia! — responde Malu rindo. — Eu posso até fazer isso. — Ela gira a cabeça, jogando o cabelo para todos os lados, e desce até o show, rebolando exageradamente. O rapaz ri e fala:
   — E eu posso fazer isso. — Ele projeta a pélvis para a esquerda e para a direita, totalmente fora do ritmo da música, o que provoca uma onda de risos em Malu.
   — Posso fazer isso. — Mesmo rindo, ela começa a pular imitando um canguru e rodar no mesmo lugar. 
Samuel inclina o tronco, apoiando as mãos nos joelhos enquanto gargalha. Malu também ri e só para de pular estranhamente quando sente o celular vibrar no bolso de sua jaqueta.
   — Oi, Ben — diz ao atender e Samuel endireita-se, estreitando os olhos. — Estou em uma festa, fala mais alto. Peraí, não tô te ouvindo. — Ela pega na mão de Samuel e sai da pista com ele, parando apenas quando está a uma distância considerável da pista de dança. — Oi, pode falar. Opa, é claro que eu aceito. Claro, ainda é cedo. — Ela ri. — Tá, passa o endereço. Ah, sim, conheço! Ok, daqui a pouco a gente chega aí. Claro, né? Você acha que eu vou sozinha? — Mais uma risada sai de seus lábios. — Ok. Um beijo, tchau! — Após guardar o celular novamente no bolso, olha para Samuel e informa com um sorriso de orelha a orelha: — Nós vamos em um show!
   — Como? — ele indaga com as mãos nos bolsos. 
   — A banda do Ben, aquela que tocou na festa junina do colégio, está fazendo um show agora e ele chamou a gente.
   — Eu ouvi a conversa, ele chamou você.
   — Me chamou, chamou você. — Ela sorri ao se aproximar dele, fazendo carinho em sua bochecha onde a barba começa a crescer.
   — Eu não vou — sentencia Samuel afastando a mão dela de seu corpo. 
   — Ah, vamos, vai ser legal!
   — Malu, eu sei que o que você está tentando fazer e eu já disse que não vou me aproximar desse cara.
   — Mas eu hoje eu estou com a bandeira branca levantada, vocês não precisam nem se olhar. Eu só quero ir, me divertir.
   — Ah, é? Daí você decide falar com ele e a gente se encontra. Você acha que eu vou cair nessa?
   — Eu estou falando sério, Samuel. Vocês não precisam se encontrar. Eu não vou falar com ele quando você estiver perto, prometo. 
   — Mesmo que você esteja falando a verdade, eu não quero ir.
   — Por que não? Você sabe que eles tocam bem, vai ser legal. 
   — Malu — a voz dele é como se fosse uma mão segurando no pulso dela, prende toda a sua atenção. — Eu não vou me sentir bem por estar no mesmo lugar que ele. Isso é algo que eu vou evitar sempre que tiver oportunidade. 
   — Só hoje. 
   — Acho que as bebidas que você já bebeu estão afetando o seu juízo, porque se você estivesse completamente sóbria, não estaria dizendo essas coisas. 
   — Eu tenho plena consciência do que estou dizendo.
   — Não parece. Eu não quero discutir, não vou e ponto. 
   — Samuel, eu vim na festa da Jaqueline, uma das garotas que eu mais odeio só por sua causa, custa você ir comigo?
Ele ri.
   — Você está comparando a festa da Jaqueline com um show da banda desse cara? Malu, a Jaqueline é apenas uma garota que você não gosta, ele é meu irmão, você tem consciência disso?
   — Tenho, eu não estou pedindo para você ir e falar com ele. Eu só quero curtir um pouco.
   — Vai, eu não estou te impedindo!
   — É sério isso? — Samuel não fala nada, mas também não desvia o olhar. — Você não vai mesmo comigo?
   — Pra esse show, não. Em hipótese alguma. 
Malu morde um lábio com força.
   — Ok, não quer ir, não vai. Mas não pense que eu vou deixar de ir. 
   — Em momento algum eu pensei isso. — Ele indica o caminho de saída do casarão com uma das mãos. — Não estou te segurando. 
A raiva ferve o sangue de Malu e assente.
   — Ok. Tenha uma boa noite. 
   — Espero ter. 
Malu vira as costas e força os seus pés para caminharem até os portões da casa de Jaqueline, deixando para trás a música alta, as comidas, as pessoas que ela não conhece, seus amigos e, principalmente, Samuel. 

De pijamas, Yasmin e Victor escovam os dentes juntos. Ela ocupa a maior parte do espelho e ele ao seu lado. Após terminar de escovar os dentes, Victor senta na tampa do vaso sanitário e acompanha Yasmin passar vários produtos de cosmética em seu rosto. Mesmo com ela fazendo algo tão comum, ele fica impressionado com a beleza com que ela se move. Os seus olhos percorrem desde os pés dela, que estão escondidos em uma pantufa amarela, subindo lentamente pelas pernas finas e torneadas, o tronco coberto por uma camisola vermelha, os braços finos e firmes, a nuca exposta devido ao coque frouxo e o rosto delicado que tanto o encanta. Seus olhos azuis escuros estão compenetrados no que está fazendo e a boca entreaberta. 
   Sem se controlar, Victor levanta do vaso e passa os braços pela cintura dela, beijando sua nuca. Yasmin arrepia-se e sorri.
   — Ei, eu não terminei. 
   — Não precisa — ele responde. — Você já está maravilhosa. 
   — Eu sempre estou maravilhosa, quando você vai entender isso? — ri a loirinha. 
   — Não sei. — Victor desce suas mãos pelo corpo dela, parando na altura de seus quadris. Enquanto ela passa hidratante no rosto, ele beija sua nuca, seus ombros e suas costas. 
   — Você não consegue se manter na sua, né? 
Victor segura firmemente na cintura dela e gira seu corpo de frente para o seu. 
   — Como eu vou conseguir ficar na minha se estou completamente na sua? 
Yasmin sorri e mordisca o lábio dele. 
   — Essa noite tem sido perfeita. 
O loiro passa os dedos com leveza pelo rosto dela, fitando com profundidade os seus olhos.
   — Ela só está começando, meu amor — sussurra.
Yasmin sorri e pula no colo do namorado, cruzando suas pernas no quadril dele. Sem dizer mais nada, começa a beijá-lo com intensidade. Victor aperta o corpo dela contra o seu e começa a caminhar de volta para o quarto. Ele joga Yasmin contra o colchão e ela puxa ele pelo braço para si.
   Eles voltam a se beijar com volúpia, Yasmin apoia sua cabeça no travesseiro e uma ideia perpassa por sua cabeça. Ela ergue o braço e alcança o travesseiro com a mão, segurando com firmeza na fronha. Em uma fração de segundos, acerta a cabeça do namorado com o travesseiro e Victor para de beijá-la de imediato.
   — Yasmin?
A loirinha ri e bate com o travesseiro novamente nele. Victor balança a cabeça levemente, sorrindo.
   — Você quer guerra, é? 
   — Olha, eu sou mais frágil! — avisa Yasmin observando o namorado pegar um travesseiro.
   — Ah, é? Cadê os seus direitos iguais agora? 
   — Cala a boca! — Yasmin bate novamente nele com o travesseiro. 
   — Para, garota! — pede Victor e acerta o rosto de Yasmin com o travesseiro. — Vingança! — Sem dar tempo para Yasmin agir, ele dá mais uma travesseirada nela. A loirinha começa a gargalhar e rebate a travesseirada. Os dois começam a se acertar com os travesseiros, gargalhando e se provocando. 

Mel e os jovens ficam parados em uma fila do estacionamento, mas como os vidros são extremamente escuros, não são cercados por ninguém. 
   — Eu não acredito que aquele cara ficou cercando vocês — choca-se Mel quando ouve o relato de Isabela.
   — Ficou — garante Marina. — E foi horrível! Ele ficava perguntando coisas da nossa vida. Eu não quero que ninguém saiba do que acontece comigo!
   — Não deveria ser assim. — Mel olha para o horizonte. — Os famosos somos nós, vocês não deveriam passar por isso. 
   — O pior é que a gente passa — resmunga Felipe.
   — A gente tenta ser educado — Vinícius diz —, mas eles pressionam tanto a gente que se torna impossível.
   — É. — Mel avança alguns metros com o carro. — Eu acho que vou desmarcar com o Chay, já está tarde e eu só quero ir para casa, depois dessa. O que vocês acham? 
Os quatro nem hesitam:
   — Ótima ideia.
   — Acho excelente!
   — Perfeito.
   — Concordo. 
   — Sendo assim, manda uma mensagem para o seu pai, filha? 
   — Sim. — Isabela pega o seu celular e atende ao pedido de Mel. 

Com uma latinha de energético na mão, Jonas caminha até a barraquinha de pipoca, onde Lorenzo está. 
   — Comendo pipoca, nerd? — indaga. Lorenzo assente quase que imperceptivelmente. — Agora que o Iago está com a Aline, você ficou sozinho, né? Pobrezinho. 
   — Eu não estou ficando sozinho — discorda Lorenzo sem olhar para ele.
   — Não é o que parece. Eu até aconselharia você a arrumar uma namoradinha, mas — ele ri — acho que não é a sua. 
   — Jonas, eu quero ficar sozinho. 
   — Poxa, eu venho querendo conversar com você e você diz que quer ficar sozinho? — Lorenzo não fala nada e Jonas pega um saquinho de pipoca. — Então, você já namorou alguma vez na vida?
   — Não. 
   — Posso te perguntar uma coisa? — Diante do silêncio de Jonas, ele prossegue: — Você gosta de meninas ou de meninos? 
Lorenzo respira fundo antes de responder.
   — Meninas. — Ele tenta distanciar-se, porém Jonas segura em seu braço com força.
   — Eu ainda não acabei de falar com você. 
   — Me deixa ir, Jonas. 
   — Está com medo, Lorenzo? — ri Jonas. 
   — Eu pensei que com a Maísa...
   — Se você achou que por causa daquela conversinha que eu tive com vocês no começo da festa, as coisas iriam mudar, você está enganado. — Ele aperta o braço de Lorenzo. — Eu continuo não gostando de você.
   — Eu não te fiz nada. 
   — Não me venha com esse papinho de coitadinho. Eu odeio gente que faz esse tipinho.
   — Jonas. 
Os dois sobressaltam-se e olham para Maísa, que está parada ao lado deles com as mãos na cintura. 
   — Maísa — fala Jonas.
   — Solta o Lorenzo — ordena a loira puxando o braço dele. — O que você pensa que está fazendo?
   — A gente estava conversando. 
   — Não me parecia uma conversa. 
   — A gente não estava apenas conversando, Lorenzo? — Jonas olha duramente para o adolescente, que fica mudo. 
   — Para, Jonas! — pede Maísa com raiva. — Você não tem o direito de intimidar ninguém. 
   — Eu não estava intimidando ninguém!
   — Esse é o seu problema, Jonas. O Lorenzo nunca te fez nada e você fica implicando com ele. Pra que disso? 
   — Eu não sou obrigado a gostar de todo mundo.
   — Mas é obrigado a respeitar a todos. — Ela pega no braço de Lorenzo. — Esse tipo de Jonas não pode ser o mesmo daquele. 
Eles trocam um olhar intenso e Maísa afasta-se com Lorenzo.

Ofegantes, com os cabelos bagunçados e com a cama desarrumada, Victor e Yasmin deitam lado a lado sobre o cobertor. 
   — A gente nem fez nada, mas já estamos cansados — brinca o loiro. Yasmin vira de lado para fitá-lo e passa os dedos pelo seu abdômen. 
   — Eu ainda tenho fôlego para muitas coisas.
Eles se olham, riem e começam a se beijar. Yasmin fica por cima dele e beija seus lábios enquanto suas mãos percorrem os braços dele. Victor coloca as mãos nas coxas dela, que estão cada uma em um lado de seu corpo. O beijo tem o ritmo da maioria dos beijos deles, rápido e intenso, uma mistura de paixão e calor. As pernas de Yasmin fazem pressão nas laterais do corpo de Victor e ela sente um calor irradiar das mãos dele para a sua pele. Victor levanta o tronco lentamente, sem tirar os lábios dos dela, e senta Yasmin em seu colo. Ela passa a mão pelas costas dele, subindo até a nuca e fixando-se nos fios loiros, que ela puxa sem dó. O rapaz ri entre o beijo e mordisca o lábio dela. Durante alguns minutos, eles ficam apenas se beijando nessa mesma posição, alterando entre beijos lentos e outros mais demorados. 
   As mãos de Yasmin caem até a barra da camisa de Victor e ela começa a erguer a peça sem pressa. Eles afastam suas bocas para a camisa passar pela cabeça de Victor e Yasmin aproveita a oportunidade para analisar o peitoral do namorado. Os músculos bem definidos do peito e da barriga chamam a atenção dela e como que um instinto, arranha a pele dele com suas unhas grandes. Victor sorri e observa os vergões feitos em sua pele clara. 
   — O que você pensa que eu sou? 
Yasmin olha sem pudor para ele.
   — A personificação da beleza e da maldade. 
Victor morde o queixo dela. 
   — Maldade? 
   — Se vivêssemos em uma história, você não seria o bom moço. — Ela coloca as mãos nas costas dele por baixo de seus braços e arranha sua pele com força, provocando um suspiro e um arrepio nele. 
   — Os bonzinhos são sem graça — retruca Victor apertando a coxa dela.
   — Os malvados são cruéis. 
   — Crueldade não é um qualidade ruim. 
Yasmin ri e puxa o cabelo dele com força.
   — Desde quando ser cruel é bom? 
   — Depende contra quem você usa sua crueldade. Mas eu não quero ficar falando de questões de caráter. 
Yasmin ri e beija ele durante um bom tempo.
   — Sobre o que você quer conversar? — ela indaga sentindo as mãos do namorado firmes em suas costas.
   — Eu não quero conversar, quero fazer. 
Yasmin sorri e em um piscar de olhos vê-se deitada de bruços na cama. 
   — Fecha os olhos — pede Victor em um sussurro. 
   — Victor.
   — Confia em mim. — Ela sorri levemente e atende ao pedido dele, fechando os olhos. — Não se mexa, apenas sinta. 
Victor posiciona-se nos pés da cama e ergue o pé esquerdo de Yasmin, beijando o peito do pé dela. Ele faz a mesma coisa com o outro pé e começa a subir pela perna dela, dando beijinhos na batata da perna, atrás dos joelhos e nas coxas. Ao chegar nas nádegas, ele levanta um pouco a camisola, exibindo uma calcinha branca de renda. Suas mãos encaixam-se perfeitamente nos glúteos dela, como se houvessem sido feitos exatamente um para o outro. 
   A respiração de Yasmin fica irregular conforme as mãos de Victor vão subindo por seu corpo. Ele vai levantando a camisola dela até tirá-la por completo, deixando o tronco dela nu. Observando apenas as costas da loirinha, Victor atenta-se a cada detalhe da pele dela, desde os sinais idênticos aos de Sophia até a maciez de sua pele. Suas mãos percorrem as costas dela até os ombros que ele aperta, em uma massagem saborosa. Em seguida, passa a beijar a região da lombar dela, subindo sem pressa. 
   Os beijos do brasileiro criado americano provocam arrepios por todo corpo de Yasmin, calafrios e um calor que chega a ser febril. Conforme ele vai subindo por suas costas, a vontade de se virar de frente para ele cresce e a inibição por causa de sua nudez desaparece. Victor beija demoradamente sua nuca enquanto suas mãos acariciando sua cintura. Após a carícia, ele enlaça o cabelo dela e puxa sua cabeça para trás, dizendo em seu ouvido:
   — Revenge.
Yasmin ri, entendendo a referência ao fato dela ter puxado o cabelo dele diversas vezes durante a noite. Segundos depois, ela estica o braço até a mesinha de cabeceira, onde há preservativos, e apaga o abajur principalmente, deixando o quarto iluminado apenas pelas luzes do banheiro e a da Lua. Victor tira sua bermuda e fica somente com uma cueca box preta. Yasmin respira fundo e vira o seu corpo. Victor observa por poucos segundos o corpo dela e deita sobre seu tórax, colando suas peles e misturando suas energias. 
   — Você é tão linda — diz no ouvido dela.
   — Eu sei — ri Yasmin, ficando ainda mais relaxada. Ela coloca as mãos nos ombros dele e volta a beijá-lo, um beijo mais calmo e comedido, mas não menos apaixonado. Enquanto suas línguas entrelaçam-se com sincronia e maestria, as mãos de Yasmin descem lentamente pelo tronco de Victor, acariciando, apertando e arranhando toda a região. Quando seus dedos tocam o cós da cueca dele, uma onda de choque espalha-se por seu corpo e ela não hesita em começar a retirar a peça. 
   Os beijos e as carícias deles vão ficando cada vez mais ousados e provocantes. Eles trocam olhares intensos e cheios de mensagens silenciosas. Toda a vergonha, a timidez e o pudor ficam de lado, deixando espaço para o prazer, o desejo e o amor. 
   Yasmin apoia a cabeça no travesseiro e fecha os olhos, sentindo todas as partes de seu corpo em contato com o corpo de Victor. Ela abre os olhos e encontra o olhar divertido e provocante dele. Sua beleza deixa ela encantada, mas são suas características interiores que a deixa fascinada por quem ele é. Até mesmo os defeitos são aceitos e admirados por ela. Sem nenhuma dúvida ou receio, Yasmin entrega-se ao momento e aproveita todas as sensações que o corpo de Victor desperta no seu. 

Após conferir as horas em seu celular e ver que já passam das duas horas da madrugada, Malu deixa o táxi que a levou até o barzinho em que ocorre o show da banda de Ben. O local está bem cheio e diversas pessoas concentram-se tanto no interior do ambiente quanto nas mesas da calçada e na rua. A morena passa por diversas pessoas e após muitos esbarrões, chega ao mini palco em que a banda encontra-se. Mesmo tocando, Ben vê a chegada de Malu e sorri para ela. Depois que eles terminam de tocar, o baterista vai diretamente conversar com ela. 
   — Você veio — diz sorrindo.
   — Claro que eu vim. Se eu disse que viria, viria. 
Eles sorriem e dão um abraço apertado.
   — Você não falou que viria acompanhada? — indaga o rapaz olhando ao redor. — Cadê? 
   — A pessoa que eu chamei não quis vir — responde Malu com desânimo, mas logo dá de ombros. — Mas eu não quero falar sobre isso. Esse lugar é animado, né? — comenta olhando ao redor.
   — Sim, bastante. Por isso que eu queria que você viesse, para a gente curtir um pouco junto. As nossas últimas conversas têm sido tão sérias. 
Malu sorri.
   — Isso é verdade. — Ela ergue os braços. — Então, vamos curtir? Eu quero beber alguma coisa. 
   — Para você só água.
   — Ben!?
   — Você é menor de idade.
   — Larga de ser careta. 
Ben sorri e afaga a bochecha dela.
   — O que você quer beber? Me diz que eu compro. 
   — Agora estamos falando a mesma língua. — Eles sorriem um para o outro. 
Minutos depois, os dois estão sentados em uma mesa na calçada do barzinho, rindo e conversando. 
   — Você não vai beber? — indaga Malu. — Estou me sentindo solitária bebendo sozinha.
   — Estou dirigindo, lembra? — Ben ergue as chaves de seu carro para ela ver. — Tirei minha carteira esses dias, não quero ganhar nenhum pontinho.
   — Você passou no exame? 
   — Não, pedi para o meu papai rico pagar para mim, assim fico longe do filho dele.
Malu quase deixa o copo cair de sua mão.
   — Você está falando sério? 
Ben ri e cutuca o ombro dela com o seu.
   — Claro que não. Eu quero distância desse povo, foi apenas uma piada.
Mesmo sabendo que foi uma brincadeira, Malu não consegue rir.
   — Ah, entendi!
   — Ei, relaxa — pede Ben fazendo um carinho no joelho dela por debaixo da mesa. — Você leva esse assunto mais sério do que eu as vezes.
   — É que isso é algo muito sério para mim.
   — Você acha que não é para mim? — indaga Ben sorrindo. — Mas a gente tem que rir daquilo que nos assusta. 
   — Então eu tenho que rir de você tocando bateria?
   — Hã? Por quê? — Ben ri. — Eu tocando bateria te assusta? 
   — Confesso que um pouco. — Os dois gargalham. — Você extravasa muito quando toca, sabe? Dá um medinho.
Ben começa a rir.
   — Nunca tinha ouvido algo do gênero.
   — É porque eu sou única.
   — Tenho percebido. 
   — Fazer o quê? Você nunca encontrará outra igual a mim.
   — É. Infelizmente — acrescenta Ben para deixar a conversa tensa. Malu fica em silêncio, apenas observando os olhos maduros e relaxados dele. Sua mente está lenta devido à quantidade de álcool que ingeriu e ela não raciocina quando o seu corpo, intuitivamente, chega cada vez mais perto do de Ben, que permanece com uma mão no joelho dela. Seus rostos estão cada vez mais próximos e suas respirações misturadas quando Malu fecha os olhos, aguardando pelos lábios dele nos seus. 

As luzes do quarto de Vinícius estão apagadas e o som de grilos embala o sono do rapaz e de Marina. A morena não está em um sono profundo, mas também não está acordada. Sem sua consciência, seus dedos começam a acariciar os cachos dele com leveza. Seu senso de percepção está abalado devido ao sono, porém sente quando o corpo de Vinícius aproxima-se mais do seu. Ela afunda o rosto no pescoço dele e funga o seu perfume amadeirado. Por alguns segundos, ela adormece e quando fica no meio da estrada do sono e da realidade mais uma vez, entrelaça os seus dedos nos de Vinícius e sente ele retribuir. Como sua mente está lenta, fica sem saber se ele está acordado ou na mesma sonolência que ela. No entanto, isso não importa para ela, pois o que interessa é a presença e o calor de Vinícius perto de si e é exatamente o que ela tem durante toda a noite. 

Como se tivesse levado um tapa no rosto, Malu vira o rosto e afasta-se de Ben. 
   — Acho que eu preciso ir para casa.
O baterista assente, tão confuso quanto ela.
   — É, acho que é o melhor. Eu te levo para casa.
   — Não, não precisa. — Malu levanta da cadeira. — Eu vou de táxi.
Ben ri e também se levanta.
   — Você acha mesmo que eu vou te deixar ir para casa assim? 
   — Eu estou bem, sério. 
   — Ok, te levo assim mesmo.
   — Ben, é melhor...
   — Malu — ele pega na mão dela. — Fica tranquila, eu sei que você está com o... com ele. Nada vai rolar entre a gente. 
   — Eu não quis dizer isso.
   — Eu sei. — Ele sorri e oferece a mão para ela. — Amigos? 
   — Claro. — Malu pega na mão dele e juntos, eles caminham até o carro do rapaz. 

Os raios de Sol já podem ser visto no horizonte e Victor acompanha esse momento, encostado na janela da suíte principal do iate. Em sua mente não cansa de reviver a noite que teve com Yasmin, os olhos dela nos seus, suas mãos deslizando pelas curvas do corpo dela, sua voz em seu ouvido, seus sussurros e gemidos abafados e seu sorriso aconchegante. Ele não cansa de relembrar cada detalhe e compreende o que Marina quis dizer sobre a diferença entre fazer sexo e fazer amor. 
   — Victor. — Ele ouve o sussurro baixo de Yasmin e olha para trás, vendo a namorada enrolada em um lençol sentada na cama com a cabeça baixa. 
   — Oi, minha coisa. 
   — Eu estou enjoada. 
Victor sorri ao sentar ao lado dela na cama.
   — Mal perdeu a virgindade e já está grávida? 
Yasmin dá um tapa na coxa dele.
   — Eu estou falando sério. Acho que é do movimento do iate. 
   — Entendo. — Ele dá um beijo na testa dela e levanta. — Já volto. 
Yasmin respira fundo e tenta não pensar em nada além do ritmo de suas respirações até a volta de Victor. Quando isso ocorre, ele vem trazendo uma cartela de remédios e um copo d'água.
   — Toma — diz entregando os objetos para ela. — É para enjoo. 
Yasmin tira um comprimido da cartela e engole com o auxílio da água. Após fazer isso, passa a mão pelo cabelo e olha para a sua camisola ao chão.
   — Pega para mim? — pede para o namorado, que atende ao seu pedido. — Obrigada. 
Ela se desfaz do lençol e veste a camisola. Os poucos segundos em que viu o corpo dela nu novamente, fez Victor sorri. 
   — Acho que vou voltar a dormir — diz Yasmin deitando sob o cobertor. — Você já estava acordado? 
   — Sim, mas acho que vou deitar de novo. 
Ele passa por cima dela e deita ao seu lado. 
   — Será que um abraço meu ajuda nesse enjoo? 
   — Não sei, esse seu perfume horrível deve piorar as coisas. — Mesmo se sentindo bastante mal, Yasmin ri. 
   — Palhaçona! Só por isso eu vou ficar grudado em você.
Eles sorriem um para o outro e Yasmin esconde o rosto no pescoço dele. Victor acaricia o rosto e o cabelo dela até a loirinha adormecer novamente e não para quando isso acontece. 

   — Mas que diabos! — exclama Chay ao ser despertado por sua campainha, que não para de tocar. — Já vai! — grita calçando os chinelos. — Já vai — repete caminhando em seu flat até a porta. — Quem é esse desesperado? — Com mau-humor e sono, ele abre a porta e fica em estado de choque ao ver quem é. — Mel? 
A empresária se joga nos braços dele e pede:
   — Não fala nada. 
Eles começam a se beijar com volúpia e Chay bate a porta. Mel pula no colo dele e é levada até o sofá. Eles deitam e continuam se beijando, suas mãos percorrem o corpo do outro, conhecendo cada curva, imperfeição e perfeição. A angústia e o anseio por mais do outro é tamanha, que os dois chegam a cair do sofá. Eles riem e voltam a se beijar no tapete. 

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